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WhatsApp Image 2021 10 02 at 10.25.08Um movimento coletivo de amor à vida e cuidado com a saúde. O Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio (10 de setembro) deu origem em 2014 ao Setembro Amarelo, uma campanha brasileira dedicada à conscientização da prevenção ao suicídio. Ao longo do mês, diversas ações são realizadas no sentido de dar visibilidade ao debate da saúde mental, para que a sociedade possa agir em prol do tratamento de pessoas que sofrem de depressão e transtornos mentais. “Ter um mês dedicado ao tema é uma oportunidade de discutir o suicídio para quebrar o tabu, acabar com o preconceito e a vergonha”, afirma  Angela Maria dos Santos, psicóloga do Instituto de Psicologia (IP/UFRJ). Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 12.895 suicídios foram registrados no Brasil em 2020, o que reforça a necessidade de atenção ao tema diante das dificuldades trazidas pela pandemia.

Na Divisão de Psicologia Aplicada (DPA), onde  Angela atua como supervisora de estágio na área da Saúde, houve um grande esforço para dar continuidade aos atendimentos de forma remota. “É importante lembrar que esses atendimentos são realizados por alunos do curso de Psicologia e supervisionados por psicólogos, docentes e técnicos do IP”, pontua. Para ela, as ações ligadas à saúde mental não podem se limitar ao mês de setembro e, por essa razão, a UFRJ tem implementado diversas iniciativas de suporte à comunidade acadêmica. “O mais importante é que estas campanhas possam servir como dispositivos para o desenvolvimento de projetos e políticas que promovam espaços de fala, de escuta e de fortalecimento, para que possam ser ressignificadas, reparadas, as dificuldades de viver”.

Uma dessas ações foi a criação da Central de Apoio à Saúde Mental dos Trabalhadores e Estudantes da UFRJ/covid-19 (Ceate), em 2020. O projeto nasceu a partir da participação do Núcleo de Bioética e Ética Aplicada (Nubea) no GT Coronavírus, e é realizado em parceria com diversas unidades da UFRJ, além de parceiros externos. “Trata-se de um canal de apoio psicossocial, com um grupo de profissionais de saúde mental, saúde do trabalhador e Bioética, sob a coordenação da professora Maria Cláudia Vater, do Nubea”, explica  Angela. Ela lembra que parte da inspiração da Ceate está no trabalho da médica psiquiatra Nise da Silveira (1905-1999), sobre a emoção de lidar. De abril de 2020 a setembro de 2021, já foram realizados 2.300 atendimentos pelos técnicos e docentes voluntários da Central.


RODAS DE CONVERSA

Já a pró-reitoria de Políticas Estudantis (PR-7), por meio da Divisão de Saúde do Estudante (Disae), tem buscado promover rodas de conversa, grupos de acolhimento, lives, orientações específicas de saúde e bem-estar, apoio aos docentes e coordenadores em discussões de caso, entre outras atividades. “Essas ações tomam por base a promoção e prevenção à saúde, em um conceito ampliado, focando na integralidade do cuidado”, comenta Roberto Vieira, pró-reitor de Políticas Estudantis. Todas essas atividades foram mantidas e ampliadas na pandemia. Além disso, Roberto ressalta que a Disae também acolhe e encaminha demandas dos estudantes para as unidades de saúde da UFRJ, como o Hospital Escola São Francisco de Assis, o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, o Instituto de Psiquiatria, a Maternidade Escola e o Instituto de Psicologia.
Nesse ano, a PR-7 realizou duas rodas de conversa para tratar do Setembro Amarelo. “A primeira foi sobre prevenção do suicídio, no dia 15, com a participação de duas psicólogas do Núcleo da PR-7 de Macaé. A segunda foi sobre saúde mental para além da Psicoterapia, e ocorreu no dia 29, com a equipe da Disae”, diz Roberto. O Diretório Central dos Estudantes (DCE-UFRJ) também tem procurado frisar a importância do acompanhamento profissional, através de ações que facilitam o acesso do corpo discente aos especialistas. “A pasta de Saúde do DCE fez um conglomerado de psiquiatras e psicólogos que atendem gratuitamente ou com um preço mais popular, para divulgar entre os estudantes”, destaca Antônia Velloso, diretora do DCE. Ela acredita que a quantidade de alunos que necessitam desse apoio ainda é maior do que aquilo que a universidade pode atender.


TABU E ACOLHIMENTO

Dentre os docentes, o tabu talvez seja ainda maior. “Eu acho que há uma peculiaridade no caso de como professores lidam com transtornos mentais, que é o fato da nossa profissão exigir o uso constante da mente”, aponta Felipe Rosa, professor do Instituto de Física e vice-presidente da AdUFRJ. Para ele, muitos docentes têm dificuldade de reconhecer o problema em si e a necessidade de buscar ajuda, pois é como se sua ferramenta de trabalho estivesse danificada, e eles mesmos fossem capazes de lidar com isso sozinhos. “Então, no caso de começar a se sentir mal, um pouco mais triste, agitado ou ansioso do que o normal, é muito importante procurar ajuda especializada de profissionais para cuidar da mente”, aconselha.

Para auxiliar os professores e funcionários, a UFRJ conta também com a Coordenação de Políticas de Saúde do Trabalhador (CPST), vinculada à pró-reitoria de Pessoal (PR-4). A CPST atua em duas frentes: a Seção de Promoção e Prevenção em Saúde do Trabalhador (SEPS); e a Seção de Atenção Psicossocial aos trabalhadores (SAPS). Segundo Catiuscia Munsberg, psicóloga da CPST, as duas seções permanecem atendendo, remotamente, os trabalhadores durante a pandemia. “Quando for avaliado que o servidor necessita de um acompanhamento continuado, ele poderá ser encaminhado para tratamento nos dispositivos da rede de saúde mental de seu território ou, em casos mais complexos, na assistência do Polo de Atenção à Saúde Mental do Trabalhador UFRJ (Polo-PRASMET)”, completa.

Nesse período, os atendimentos à distância possibilitaram um acompanhamento mais regular de servidores dos demais campi da UFRJ, como Macaé e Xerém, e também das pessoas acometidas pela covid-19. “Estabelecemos um caminho ao acolhimento via e-mail, e o atendimento com chamadas de voz e de vídeo. Como divulgamos para todos os servidores, mais pessoas também tomaram conhecimento de que o trabalho existia e puderam acessar”, conta a psicóloga. O serviço está disponível para todos os trabalhadores da UFRJ que buscam ajuda para si ou para colegas, através do e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. Em muitos casos que acompanhou, Catiuscia descobriu servidores que não estavam tendo acesso a direitos básicos, como a licença para tratamento de saúde. “É muito importante que as pessoas saibam que podem entrar em contato, e que serão bem recebidas”.

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