Não tem mais volta. Os protestos de rua que tomaram o país em 3 de julho mostraram que os verdadeiros brasileiros de bem estão dispostos a gritar “Fora, Bolsonaro” até que o pior presidente da história do Brasil saia do poder, seja por um processo de impeachment, seja pelo voto, nas eleições do ano que vem. Os atos vêm ganhando força mês a mês, e não só nas grandes capitais, mas também em cidades de médio e pequeno portes de todas as regiões. E o próximo encontro nas ruas em defesa da democracia, da vida e da ética já está marcado: 24 de julho.
“É um movimento crescente, assim como nossa indignação. E há um componente muito interessante. Os atos de 29 de maio e 19 de junho, como não poderia deixar de ser, tinham um tom de tristeza pelas mortes da covid-19. E esse ato de 3 de julho mostrou que essa tristeza continua, mas ela já vem acompanhada por uma afirmação mais visível de esperança, de luta, de acreditar que é possível mudar o país, sobretudo pela força da juventude, com seus batuques, sua criatividade. Isso é muito importante”, avalia a presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller. Ao lado de outros diretores e de associados da AdUFRJ, Eleonora marcou presença no ato do Rio, cujas fotos ilustram essa página, e que mais uma vez partiu do simbólico Monumento a Zumbi dos Palmares, no Centro.
Presente ao ato da Avenida Paulista, na capital paulistana, o cientista político Josué Medeiros, diretor da AdUFRJ, observa que as ruas têm papel fundamental na derrubada do governo Bolsonaro, responsável por ações e omissões no combate à pandemia de covid-19 que já levaram a vida de mais de 530 mil pessoas. Mas enxerga outros indícios de enfraquecimento do presidente. “Acho que a indignação vem crescendo e isso pode ser comprovado de diversas formas. Pelas pesquisas de opinião mostrando a reprovação do governo Bolsonaro, que bate recorde atrás de recorde. Por setores do Congresso que começam a aderir ao impeachment, como o Partido Novo, recentemente. E pelo termômetro das ruas, que é um indicativo importante”, diz Josué.
Além da CPI do Senado, que vem recolhendo indícios de corrupção do governo no enfrentamento à pandemia, as duas mais recentes pesquisas de opinião, ambas do Instituto Datafolha e divulgadas esta semana, mostram a desidratação da imagem presidencial. Na quinta-feira (8), a primeira delas revelou que a reprovação ao governo chegou a 51%, a pior marca registrada desde o início do mandato, em janeiro de 2019. Na pesquisa anterior, de maio, esse índice era de 45%.
Já nesta sexta-feira (9), o Datafolha divulgou mais uma pesquisa de intenção de voto para presidente em 2022. Nela, Lula (PT) ampliou sua vantagem sobre Bolsonaro. Na simulação de primeiro turno, Lula fica à frente de Bolsonaro por 46% a 25%, na pesquisa estimulada, e por 26% a 19%, na espontânea. No segundo turno, Lula bateria Bolsonaro por 58% contra 31%. Na pesquisa anterior, tinha 55% contra 32%.