facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

bolsonaroDiretoria da AdUFRJ

Na esteira de mais uma rodada de grandes manifestações contra o governo federal – que, ao que tudo indica, estava mais preocupado com o bem-estar do vírus Sars-Cov-2 do que com o da população brasileira –, tivemos mais uma semana atribulada para o presidente. Na segunda-feira, dia 5, tivemos a divulgação de áudios da ex-cunhada de Bolsonaro, Andrea Siqueira Valle, dizendo com todas as letras o que todos nós já sabíamos e que agora se tornou inegável: o “01” é o comandante do infame esquema de “rachadinhas” que permeia a família inteira. Além disso, tivemos na quarta-feira, dia 7, a primeira prisão de um depoente na CPI da Covid: Roberto Dias, ex-diretor de logística (sempre ela) do Ministério da Saúde, implicado pelo cabo da Polícia Militar Luiz Paulo Dominguetti em denúncia de propina no valor de R$ 2 bilhões. E agora?

Bom, primeiro convém uma hierarquização dos fatos. A prática de “rachadinhas”, tão desprezível quanto seja, está no banco de trás agora. Mesmo levando-se em conta que os milhões de reais amealhados pela família Bolsonaro demonstram cabalmente que essa Bratva à brasileira jamais se incomodou um iocto com a prática de corrupção; a negociação de propina na compra de vacinas, no meio de uma pandemia que já levou mais de 500 mil brasileiros, é algo tão repugnantemente desumano que toma absoluta precedência. Para que fique claro: estamos falando de pessoas que, enquanto morriam brasileiros aos milhares, se recusaram a adquirir vacinas de instituições com representação no Brasil para então serem “forçadas” a recorrer a intermediários com os quais pudessem conectar os propinodutos. Ou seja, não era “apenas” negacionismo, isso era só o molho. A refeição mesmo estava sendo preparada pelo chef Ricardo Barros, com aval do dono do restaurante.

Tais escândalos estão fazendo efeito: pesquisas recentes mostram um Bolsonaro mais impopular do que nunca, com sua rejeição chegando aos 50%. O patético bufão não deu um pio desde que apareceram as denúncias envolvendo superfaturamento na compra da vacina Covaxin, há quase duas semanas, e está claramente acuado. Ainda assim, a rota para a sua queda é tortuosa. Conforme ilustrou a ridícula nota assinada pelo ministro da Defesa, General Walter Braga Neto, e os comandantes das Forças Armadas contra o presidente da CPI, senador Omar Aziz, Bolsonaro ainda controla os militares na rédea curta. Some-se a isso o fato de que o governo “abriu a carteira” para o Centrão e, por isso, conta com o apoio dos pusilânimes chefes das duas casas, deputado Arthur Lira e senador Rodrigo Pacheco, e mais o apoio de setores que lucram com, por exemplo, a agressiva postura antiambientalista do Brasil, e temos uma conjunção de forças plenamente capaz de segurar um mandatário criminoso no poder. Por outro lado, se o impeachment parecia uma impossibilidade há menos de um mês, hoje ele já está acima da linha do horizonte. Jair Bolsonaro começou a balançar. Temos agora de fazer a nossa parte, e empurrar para o lado certo.

Topo