facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

WhatsApp Image 2021 06 24 at 19.57.05O Laboratório de Comunicação Publicitária Aplicada à Saúde e à Sociedade (Compasso) da Escola de Comunicação da UFRJ (ECO) iniciou em 24 de maio a campanha #ProntosPraEssaConversa, que aborda a prevenção da gravidez na adolescência e a importância do debate sobre educação sexual entre os jovens. Nas redes sociais, a ideia da campanha é promover o diálogo entre quatro personagens fictícios, Edu, Lia, Rafa e Nanda, adolescentes de diferentes realidades, que vivenciam suas primeiras experiências com a sexualidade. A campanha foi realizada exclusivamente pelos alunos do Compasso, e está sendo veiculada pelos canais oficiais da Prefeitura de Niterói, especialmente o @curtoniteroi no Instagram.
Em abril de 2020, o professor e coordenador de graduação da ECO, Sandro Tôrres, decidiu tomar a iniciativa de um projeto que há muito sonhava. “Dou aula de Publicidade faz tempo, e também trabalhei com campanhas governamentais. Algo que sempre me chamou atenção é que as campanhas dos governos são muito ruins no ponto de vista técnico, conceitual”, conta. O Compasso é uma iniciativa que se divide em duas etapas: uma em que os extensionistas analisam e criticam as campanhas governamentais, e a partir dos erros identificados, a segunda etapa é propor uma solução criativa para abordar o mesmo assunto. Em 2020, o tema escolhido pelos primeiros 24 alunos do projeto foi a prevenção sexual de jovens e adolescentes.
“Escolhemos democraticamente, em uma decisão coletiva, porque no ano passado o governo fez uma campanha de prevenção à gravidez na adolescência baseada em abstinência sexual. Nenhum país do mundo faz campanhas assim. Desde o século XIX se sabe que o adolescente faz tudo que você fala para fazer, só que ao contrário”, explica Sandro. O grupo ficou horrorizado com a qualidade das propagandas veiculadas tanto pelo Ministério da Saúde, quanto pelas secretarias dos estados e municípios. “O governo prega a ideia que a mulher é culpada, demonizando as meninas. Campanhas com o fundo preto, a cara escondida, segurando a barriga como quem estava grávida e pensando: acabou a minha vida”, conta.
Os extensionistas foram divididos em várias equipes e, de maio a outubro, se propuseram a diagnosticar o problema. “Fomos atrás de artigos, teses, dissertações, tudo o que foi publicado em várias áreas sobre a questão da gravidez precoce. Junto a isso começamos a entrevistar pessoas de diversas áreas, psicólogos, professores, saúde coletiva”, lembra o orientador. O Compasso também realizou uma pesquisa online com adolescentes, que obteve mais de duas mil respostas. “Mais de 90% dos adolescentes gostariam de ter mais educação sexual nas escolas, e mais de 80% têm como principal fonte de informação sobre sexualidade a internet e os amigos. Vimos que o problema é bem sério, não fica só na saúde biológica”, conta Sandro.
Em dados gerais, entre cada quatro adolescentes que são mães no Brasil, três são pretas, pobres e periféricas. No mundo, entre 1.000 adolescentes, 44 são mães. Segundo o IBGE, no Brasil, para cada 1.000 adolescentes, 59 são mães. “O problema é bem mais sério do que se possa imaginar, principalmente porque a gravidez precoce tem consequências futuras, deixando a mulher num ciclo vicioso de pobreza. Ao serem mães, elas não estudam e não conseguem trabalhos bem renumerados”, explica o professor.
Para o aluno Bernardo Yoneshigue, que integra o projeto desde o princípio, foi quando o grupo conversou com adolescentes, pais, mães e representantes da Educação que puderam entender como o problema da gravidez precoce é enraizado na sociedade. “Tínhamos noção da importância desse tema pelos altos números de gravidez na adolescência no Brasil”, explica. “Uma série de fatores leva a essa situação, como a falta de acesso à educação sexual, a falta de abertura para o assunto dentro de casa e nas escolas. Entendemos que tinha que ser uma campanha que oferecesse os elementos necessários para que o jovem pudesse entender por si só”, completa.
A principal abordagem do projeto é nas redes sociais, no Instagram, Twitter, Spotify e Blog. “Optamos pelas redes sociais pelo público-alvo, mas também pela mão de obra. Somos todos extensionistas, não recebemos nada. Tudo é feito no braço e no amor. Escolhemos ter um conteúdo gratuito em uma plataforma gratuita”, conta. Os estudantes decidiram usar personagens fictícios para facilitar o diálogo com os adolescentes. “Estávamos pensando em como a campanha poderia abordar esses assuntos e não ser tão desconectada do emocional. Queríamos criar situações com as quais os jovens pudessem se identificar, as que ouvimos de vários jovens, e que a gente pudesse mostrar como se prevenir”, disse Bernardo.
O Compasso não conta com apoio financeiro, e está em busca de parcerias para divulgar a campanha pelo Brasil. Atualmente, 32 alunos fazem parte da iniciativa, que é coordenada pelos professores Sandro Tôrres e Luciana Freire Murgel.

Topo