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WhatsApp Image 2021 05 22 at 10.25.36Carlos Alexandre e Renato JaninePela primeira vez em dez anos, dois professores disputam a eleição para a presidência da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), entidade que desde 1948 luta pelo desenvolvimento científico e tecnológico do país. O pleito deste ano começa no dia 27 de maio e vai até 18 de junho.
São candidatos os professores Carlos Alexandre Netto, ex-reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul por dois mandatos, de 2008 a 2016; e Renato Janine Ribeiro, ministro da Educação de abril a outubro de 2015. Em entrevista ao Jornal da AdUFRJ, os dois prometem dar continuidade ao trabalho da SBPC contra as tesouradas do governo Bolsonaro no orçamento das universidades e centros de pesquisa.
“Orçamento é política de governo e a SBPC tem sido essencial na defesa dos recursos para as áreas de Ciência e Educação, especialmente junto ao Congresso Nacional”, diz Carlos Alexandre, professor Titular do Departamento de Bioquímica do Instituto de Ciências Básicas da Saúde, da UFRGS.
“A SBPC e seu atual Presidente têm sido extremamente ativos na defesa da Ciência, da Educação, da Cultura, da Tecnologia, da Saúde e do Meio ambiente”, avalia Renato Janine, professor Titular de Ética e Filosofia Política na Universidade de São Paulo.
As eleições da SBPC incluem a diretoria, secretarias regionais e o conselho da entidade. A professora Ligia Bahia, ex-vice presidente da AdUFRJ, disputa a reeleição para secretaria regional. Marta Barroso, também da UFRJ, pleiteia o cargo de secretária adjunta.
O professor Ildeu Moreira de Castro, atual presidente da SBPC, conclama todos os sócios à votação e alerta para as dificuldades da conjuntura: “Desejamos todo o sucesso à nova diretoria, secretários regionais e conselho, pois o momento é muito difícil. É fundamental que a comunidade científica esteja unida”, afirma.
A participação dos pesquisadores da UFRJ na SBPC é histórica e intensa. O atual presidente é docente do Instituto de Física. Na última vez em que dois candidatos concorreram à presidência, em 2011, o professor Luiz Pinguelli Rosa, da Coppe/UFRJ, entrou na disputa, mas perdeu para a biomédica Helena Nader (Unifesp).

VOTAÇÃO
A votação começa no dia 27 e se estende até o dia 18 de junho. Estão aptos a votar todos os sócios novos admitidos até 15 de março (que precisaram pagar a anuidade para completar a associação) e sócios antigos, que podem quitar a anuidade 2021 até 11 de junho. Por conta disso, o universo de eleitores ainda não está definido. Por enquanto, são aproximadamente três mil pessoas, sendo 450 do estado do Rio — não há divisão do eleitorado por universidade ou instituto de pesquisa.
O processo ocorrerá em meio eletrônico. O que não é uma novidade para a SBPC: desde 2007, os diretores e conselheiros são escolhidos desta forma.
No primeiro dia da votação, a comissão eleitoral enviará aos sócios ativos as instruções do pleito e as senhas para votação. No link indicado na mensagem, o sócio acessa o bloco “Diretoria” e escolhe entre os dois candidatos a presidente, vota em branco ou nulo. Em seguida, vota entre os nomes que concorrem a vice-presidente e assim sucessivamente, para os demais cargos. Na eleição da SBPC, não existem chapas. Ao final, ele confirma o voto pra todos os candidatos selecionados e passa para o “Conselho”.
Como o Conselho da área D (que engloba Espírito Santo e Rio de Janeiro) não apresenta vagas nessas eleições — uma parte do colegiado permanece a cada pleito —, o eleitor do Rio passa à votação da Secretaria Regional. No caso, são candidatas à reeleição as professoras Ligia Bahia e Marta Barroso. Ao final, o sócio da SBPC recebe a confirmação na tela da conclusão do processo de votação.
A apuração será no dia 22 de junho. A posse está marcada para 27 de julho em evento virtual da Reunião Anual da SBPC.

ENTREVISTA I CANDIDATOS À  PRESIDÊNCIA DA SBPC

CARLOS ALEXANDRE NETTO
Ex-reitor da UFRGS e Professor Titular do Departamento de Bioquímica do Instituto de Ciências Básicas da Saúde

WhatsApp Image 2021 05 22 at 10.29.04Jornal da AdUFRJ - O que a SBPC ainda não fez e irá fazer, no seu mandato, contra os cortes na Ciência e na Educação?
Carlos Alexandre - Orçamento é política de governo e a SBPC tem sido essencial na defesa dos recursos para as áreas de Ciência e Educação, especialmente junto ao Congresso Nacional. Mais preocupado em honrar os compromissos da dívida pública, o atual governo asfixia as áreas sociais amparado na Lei do Teto. Pretendemos levar um amplo debate sobre: 1) o orçamento e a revisão/revogação da Lei do Teto; 2) um projeto de futuro, o Brasil que Queremos (título sugestivo), em articulação com outras entidades aproveitando as comemorações do Bicentenário da Independência, em 2022. Ciência e Educação para todos como pilares de desenvolvimento, esperança de futuro e de uma sociedade mais justa e menos desigual.

Como o senhor avalia a atuação do ministro Marcos Pontes?
O ministro Pontes demonstra abertura ao diálogo com as entidades de Ciência e Tecnologia. Ele tem sido sensível a demandas e conferido apoio às ações junto ao Congresso Nacional, especialmente da Inciativa de Ciência e Tecnologia do Parlamento, ICTP-BR, e demonstrado capacidade de articulação com outros Ministérios. Porém, como participa de um governo que não tem um plano de CT&I, revela pouca força frente ao Ministério da Economia; o resultado é um vetor de desinvestimento orçamentário que coloca em risco o presente e o futuro da Ciência brasileira. Ele foi omisso nos episódios de exonerações no Inpe causados pela produção e divulgação de dados da devastação da Amazônia. Ainda assim, é importante poder dialogar e contar com apoio em pautas centrais para a CT&I, como a recente extinção da reserva de contingência do FNDCT.

As duas candidaturas parecem afinadas no discurso contra o negacionismo e os cortes na Ciência e Educação. Por que não foi possível a formação de uma candidatura única?
As candidaturas aos cargos diretivos da SBPC são indicadas pelo Conselho da entidade, o que garante maior representatividade regional e de áreas de conhecimento. A diretoria eleita buscará convergência de projetos e ações para cumprir a missão da SBPC. Como não há composição de chapas, não há possibilidade de formação de candidatura única. O discurso contra o negacionismo e os cortes orçamentários, parte central das atuais políticas anti-ciência e anti-educação, é unanimidade na comunidade acadêmica e em parte da sociedade. A eleição renova o vigor da SBPC.

RENATO JANINE RIBEIRO
Ex-ministro da Educação e professor titular de Ética e Filosofia Política na Universidade de São Paulo

WhatsApp Image 2021 05 22 at 10.29.04 1Jornal da AdUFRJ - O que a SBPC ainda não fez e irá fazer, no seu mandato, contra os cortes na Ciência e na Educação?
Renato Janine - A SBPC e seu atual presidente têm sido extremamente ativos na defesa da Ciência, da Educação, da Cultura, da Tecnologia, da Saúde e do Meio ambiente. Cabe a quem for o futuro presidente dar continuidade a essa ação, mantendo e fortalecendo os laços construídos nestes anos pela SBPC com outras entidades e também com o Legislativo.

Como o senhor avalia a atuação do ministro Marcos Pontes?
A indicação do ministro é prerrogativa do presidente da República, no nosso ordenamento constitucional. A SBPC tem sempre levado aos órgãos de governo as necessidades da ciência, educação e demais áreas de sua atuação. Vejo com muita preocupação, no caso do MCTI, os cortes no orçamento do CNPq, assim como, nos demais ministérios com que a SBPC historicamente tem tratado, cortes na Educação, na Cultura, na Saúde e no Meio ambiente.

As duas candidaturas parecem afinadas no discurso contra o negacionismo e os cortes na Ciência e Educação. Por que não foi possível a formação de uma candidatura única?
Toda pessoa que milita na Ciência e na Educação é contra o negacionismo e contra os cortes nas verbas para essas áreas. Este consenso é fundamental, até mesmo para que a comunidade esteja unida na defesa das causas importantes para o Brasil. Ou seja, todos defendemos aquilo que a comunidade científica e a sociedade brasileira conquistaram com trabalho árduo e hoje se vê ameaçado. Talvez a novidade de minha candidatura seja que considero necessário a SBPC propor uma discussão bem forte sobre as mudanças no sentido da vida, correlatas a uma maior expectativa de vida e em sua melhor qualidade, que devemos em grande medida à área de Saúde. Os avanços no conhecimento estão permitindo mudarem, para melhor, tanto a vida pessoal quanto a social – o que envolve todas as áreas que mencionei na resposta anterior, com ênfase no papel que a educação, a cultura e a atividade física não competitiva podem cumprir como geradores de prazer e, mais que isso, de novos propósitos para as pessoas.

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