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WhatsApp Image 2021 05 14 at 22.45.48“A insensatez encontra seu projeto na destruição”, define o manifesto “Educação contra a Barbárie”, elaborado pela reitoria da Universidade Federal da Bahia (UFBA) contra os cortes no orçamento das instituições federais de ensino superior. No dia 18 de maio, um ato convocado pela UFBA tomará forma em todo o país, apoiado por entidades como a Academia Brasileira de Ciências (ABC), a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e o Andes. A principal pauta do ato é a recomposição orçamentária de 2021. “Com máxima urgência e toda força, temos que mobilizar nossa nação para a escolha pela Ciência, pela civilidade, pela democracia e, enfim, pela Educação, de sorte que a sombra da barbárie saia de nossas vidas, tornando-se apenas uma página infeliz de nossa história”, conclui o manifesto.
O reitor da UFBA, João Carlos Salles, lembra que o ato está sendo organizado desde a abertura do Congresso Virtual da universidade, em fevereiro. “A ameaça se tornou corte efetivo, as escolhas feitas pelas comunidades acadêmicas para reitores continuam sendo desrespeitadas. É um cenário de desmonte do investimento e do custeio da universidade, comprometendo um projeto de longo tempo”, afirma.
Diversas personalidades brasileiras estão engajadas na mobilização, como os cantores Daniela Mercury e Gilberto Gil, e as reitoras Denise Pires de Carvalho, da UFRJ, e Ana Beatriz de Oliveira, da UFSCAR. Foram elaborados quase 200 cards pra a divulgação do ato, incluindo imagens de ícones da Educação e da Cultura, como os falecidos Anísio Teixeira e Clarice Lispector. “Se esses personagens estivessem vivos, estariam conosco”, explica o reitor. “Tem o lado de valorizar estudantes, técnicos, docentes, personalidades e reitores porque dizem: Educação sim, barbárie não! O que orienta a campanha é a o dilema: educação ou barbárie”, completa.
WhatsApp Image 2021 05 14 at 22.45.483A reitoria da UFBA está organizando o ato com o apoio de toda a comunidade acadêmica. “Não é comum que a reitoria organize atos, só acontece quando a situação é de extrema gravidade. Isso quer dizer que é um ato institucional, e o manifesto foi submetido aos conselhos universitários. É um ato da instituição”, conta João Carlos Salles.
Emanuel Lins, presidente do Sindicato dos Professores das Instituições Federais do Ensino Superior da Bahia (APUB), acredita que a manifestação está diretamente ligada à sobrevivência da universidade. “Se a gente não fizer o ato, a universidade vai fechar as portas”, diz. A UFBA sofre com o corte de 18% do orçamento de 2021. “Dentro da APUB, é uma atividade prioritária e estratégica, denunciando a falta de investimento em Educação e na Ciência”, ressalta Emanuel. A orientação do sindicato é que, no dia 18, os professores que dariam aulas online convoquem os alunos para o ato, possibilitando a participação mais ampla possível.
A manifestação é endossada pela Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico (Proifes), à qual a APUB é associada. Nilton Brandão, presidente da entidade, acredita que o que está em andamento no Brasil é uma remodelação do Estado. “É o desmantelamento da Constituição de 1988, que está sendo desconstruída em relação aos direitos, que estão sendo paulatinamente sendo destruídos por uma visão neoliberal que age a favor das elites”, defende. “Um ato dessa natureza ganha importância porque a Educação tem uma permeabilidade muito importante na sociedade brasileira, já que atinge todas as classes sociais, inclusive a classe média, que é quem vem dando respaldo a esse tipo de polí tica, sem perceber que a retirada de direitos vai atingi-la fortemente”, acredita. WhatsApp Image 2021 05 14 at 22.45.482
Para Brandão, todos aqueles que não estão comprometidos com o governo Bolsonaro estarão no dia 18 transmitindo uma mensagem para a sociedade brasileira. “O envolvimento de artistas como Gilberto Gil me faz pensar que vale a pena a luta. Será um dia de glória para a Educação e para que a sociedade seja confrontada por esse processo de privatização do Serviço Público”, diz.
Presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Iago Montalvão também acredita na força do ato. “Artistas, intelectuais, cientistas, pessoas públicas renomadas. É um fato político importante porque reúne uma diversidade de entidades e personalidades em torno de uma causa, uma notícia que dá impacto para as pessoas se mobilizarem por uma pauta, que é a defesa da universidade e da Educação”, afirma. O estudante também constrói o ato desde o seu princípio, em fevereiro, e a UNE, por meio das redes sociais, mobilizará suas bases no movimento estudantil nacional para unir-se à causa.
WhatsApp Image 2021 05 14 at 22.45.481A presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller, acredita que a resposta institucional da UFBA foi muito importante como grito de alerta. “Um evento marcado com muita antecedência e que vem crescendo a cada dia com adesão dos professores e funcionários”, acredita. Para Eleonora, a novidade do contexto atual é que as universidades estão sendo atacadas, transformadas em adversárias do governo. “Isso nos coloca em posição inédita. Em 100 anos de história da universidade, ela nunca foi tão atacada como instituição, por discursos que desqualificam o professor e os estudantes. Uma novidade macabra para nossa luta”, diz. A presidente vê no ato um caráter histórico, por conta do alcance e da pluralidade que está tomando. “Ele expressa a necessidade de resposta que a sociedade está construindo, e é preciso um conjunto forte para enfrentar ataques desse tipo”, explica. “Como presidente da AdUFRJ, sinto felicidade em poder participar e ajudar a fortalecer e ampliar esse ato. É uma responsabilidade de todos nós nesse momento”, conclui.

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