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WhatsApp Image 2021 05 14 at 22.29.56Foto: Alessandro CostaA assembleia de professores da UFRJ decidiu acatar o indicativo do Andes e vai paralisar as atividades remotas no próximo dia 19 de maio. A decisão teve adesão de 57 docentes (58,8% dos presentes). Outros 37 professores (38,4%) foram contrários e houve três abstenções. A reunião ocorreu na manhã da sexta (14).
 A data de 19 de maio  foi sugerida pelo Andes e marcará ações nacionais em defesa do serviço público, contra o PL 5595 (que torna a educação serviço essencial na pandemia) e contra a reforma administrativa. Assim, a AdUFRJ se une a outras seções sindicais e demais setores do Serviço Público Federal em mobilizações por todo o país. Os professores também foram favoráveis à realização de uma assembleia geral de todos os segmentos profissionais e estudantis da universidade, no mesmo dia 19. Foi quase unânime a posição de que a UFRJ precisa participar de todas as ações nacionais contra o governo Bolsonaro.
Os docentes aprovaram uma série de atividades de mobilização — projeções no Fundão e no paredão da Escola de Música, na Lapa; colocação de uma faixa nos Arcos da Lapa; circulação de carros de som pela cidade com mensagens sobre a situação orçamentária e contra a reforma administrativa e uma manifestação simbólica no Largo da Carioca, com panfletagem e distribuição de máscaras N95. Cerca de três mil cartazes também devem ser afixados pela cidade. Foi criada uma comissão permanente de mobilização para ajudar a diretoria da AdUFRJ a organizar as atividades da próxima semana e a participação no calendário nacional mais ampliado.
“Não existe solução individual para nenhum de nós”, afirmou a presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller, ao abrir o encontro. “A assembleia foi pensada inicialmente para cumprir o calendário nacional do dia 19. Sabemos que o PL 5595 não trata da essencialidade da Educação, mas visa tão somente obrigar os professores a retomarem arbitrariamente o trabalho presencial na pandemia”, analisou. Ela explicou que a este objeto inicial se somou a luta em defesa do orçamento, sobretudo pela repercussão da crise financeira da UFRJ, que encontrou eco em toda a sociedade. “Na semana passada, já tínhamos colocado no nosso jornal a necessidade de ocuparmos as ruas, para enfrentar o governo que nos atinge com ações demolidoras. Então, nossos estudantes tomaram a iniciativa de organizar o ato de hoje no IFCS e nós apoiamos com tudo o que pudemos. Essencial é a vida, é a educação”.

DEBATE
Selene Alves, professora do Instituto de Matemática, foi a favor da paralisação das atividades remotas. “Quando a gente fala das universidades públicas federais, a gente fala de país nação. As universidades públicas se constituem como o grande alicerce da cidadania”, disse. “Sem as universidades, não tem país. Foi a UFRJ quem elaborou a tridimensionalidade do ensino, pesquisa e extensão. A UFRJ sempre foi o farol das políticas públicas de Educação, de Ciência e Tecnologia. Eu não vejo como não paralisar”.
Markos Klemz, professor do IFCS e diretor da Regional Rio do Andes, argumentou que a paralisação ajudaria na participação de mais professores e estudantes nas atividades do dia 19. “Eu acredito que o ponto fundamental de uma paralisação é liberar nossa mão de obra para que nós possamos participar das mobilizações propostas. Eu, particularmente, não dou aula neste dia, mas é um dia em que há muitas aulas, o que impede a participação de muitos docentes e também de alunos”.
Professora do Direito, Luciana Boiteux argumentou que a paralisação daria uma mensagem mais clara ao governo. E que não paralisar poderia ter um efeito contrário na opinião pública. “Não existe luta isolada. A paralisação é uma mensagem de que a gente não vai aceitar calado o desmonte dos direitos. Se a UFRJ não paralisar e o país estiver mobilizado, vai parecer que a UFRJ estará a favor de Bolsonaro. Sei que esta não é a intenção de ninguém, mas essa leitura pode ser feita”, argumentou. A votação foi aberta em seguida.
Todos os professores que expuseram suas opiniões foram a favor de realizar atividades no próximo dia 19. Mas nem todos se convenceram de que paralisar as atividades remotas era uma boa forma de dar visibilidade à atuação da AdUFRJ.
“Essa semana tivemos uma vitória e a sociedade começou a acordar para o drama de não ter universidade pública no nosso país. O que eu acho é que não está havendo uma compreensão do que é a paralisação nesse momento emergencial da pandemia e atuação remota”, avaliou Felipe Rosa, vice-presidente da AdUFRJ.  “A paralisação, como está sendo construída, está caminhando para um grande ato endógeno em que a gente fala para nós mesmos. Mobilizar na mesma chave em que a gente mobilizaria numa situação normal não vai dar certo”, justificou.
O diretor Josué Medeiros também foi contrário à paralisação. “A gente não vê sentimento na nossa base de paralisar as atividades virtuais. E, até onde sei, o DCE não tirou paralisação virtual e o Sintufrj também não. A proposta tem um sentido inócuo no modo de trabalho remoto”, afirmou.
Também contrário à proposta de parar as atividades, o professor Hélio de Mattos, da Faculdade de Farmácia, disse ver dificuldades em aprovar uma paralisação sem o envolvimento de mais professores. “Eu não acredito que haja mobilização suficiente para convencer os professores a paralisarem suas atividades no dia 19. Eu acho que deve ser feito um webinário para discutir a situação das universidades”, ponderou.
Ao final da assembleia, a presidente da AdUFRJ afirmou que a diretoria está comprometida com a unidade dos professores em defesa da universidade e garantiu que o sindicato vai encaminhar todas as propostas para a organização da paralisação.

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