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WhatsApp Image 2021 03 26 at 20.24.32“No Brasil, vivemos aquele célebre ditado que o ano só começa após o Carnaval. Mas nesse ano não teve Carnaval, e temos a sensação de que 2020 não acabou”, define a diretora do Campus Caxias, Juliany Rodrigues, para expressar a sensação de estranhamento e cansaço de muitos professores e alunos no início de mais um período letivo remoto, após um breve recesso. “A impressão que dá é que estamos em um barco e a vida vai levando. Tenho a sensação hoje, numa terça-feira, de que meu corpo já está na sexta-feira pelo cansaço que estou sentindo”, conta a professora.

Com a universidade funcionando inteiramente de modo remoto na graduação, algumas mudanças estruturais estão previstas para o Campus Caxias. “Estamos resolvendo problemas do passado, e avançando na construção da nossa subestação elétrica, que vai começar a ser construída na próxima semana”, afirma. Em relação ao ensino, a diretora priorizou para 2020.2 as medidas para amenizar as dificuldades que os estudantes relataram. “Estamos idealizando um projeto de gerenciamento de estresse para o corpo social do campus. Ainda são sementes que estamos começando a plantar, temos que regar em 2021”, conta. Na sua opinião, 2020.2 não é uma continuação de 2020. “Nossos estudantes precisam de ajuda. A universidade tem que ter um olhar atento e sensível aos alunos. A gente precisa resgatar o tema ‘ninguém fica para trás’. Agora o foco é como manter a motivação e o entusiasmo numa crise que está durando muito mais do que a gente imaginava”, explica.

Para Sandro Torres, diretor de graduação na Escola de Comunicação, um grande problema do período que se inicia é o calendário. “Ele tem tantos problemas que vários atos acadêmicos foram adiados. Duas semanas de recesso entre um semestre e outro é insuficiente para equacionar todos os problemas, o que está obrigando diretores e chefes de departamento a trabalharem em carga dobrada para dar conta de tudo”, acredita. O professor admite que a direção de graduação dos cursos, por receber demanda de todos os lados, deve ser quem está trabalhando mais no ensino remoto. “Estou doido para dar aula, porque acho que vai ser a hora que eu vou poder viver o que eu curto no meu trabalho. Porque na parte administrativa, tá tiro, porrada e bomba”, conclui. Sandro enxerga uma diminuição de alunos participando nas aulas. “Imagino que não esteja fácil para as pessoas, com muitos problemas emocionais e financeiros”, pondera. A ECO ofereceu 170 disciplinas em 2020.2, mesmo número que em 2020.1.

Para Júlia Vilhena, diretora do DCE Mário Prata, duas coisas estão sendo essenciais para encarar o ensino remoto: “Além da organização, ficou claro para mim o quanto é importante buscar maneiras de se manter mentalmente equilibrado. Não tem como lidar com o ensino remoto sem fortalecer o psíquico”, acredita. A estudante lembra que a PR-7 está orientando os alunos com dicas de como se organizar, para se adequar ao processo remoto. “Tudo está relacionado a cuidar da saúde, física e mental”, diz. Ela atrasou a formatura devido ao ensino remoto. “O PLE foi um período bastante reduzido do ponto de vista da oferta de vagas, e eu não consegui cursar disciplina nenhuma. Apesar de termos defendido que era um período opcional, achamos que ele foi mal estruturado na distribuição de vagas”, afirma. Em 2020.1 e 2020.2, Júlia conseguiu vaga em mais disciplinas, mas admite que essa realidade foi diferente em cada unidade.

Damires França, coordenadora do Sintufrj, enxerga como maior problema de um novo semestre o acúmulo de funções. “Vejo isso na pele porque há servidores sem acesso à internet, ou sem equipamentos tecnológicos em casa para fazer o trabalho remoto. Os que têm maior familiaridade com a vida digital estão sobrecarregados”, explica. Para ela, trabalhar em frente ao computador é estafante. “Tive que ir ao oftalmologista porque comecei a ter problemas de visão. Tive que gastar com óculos, colírio e estou com síndrome da visão cansada. Tudo isso com meu dinheiro. Uma coisa que poderia acontecer a longo prazo, aconteceu agora na pandemia”, conta. “Está muito complicado, porque ninguém se responsabiliza pela infraestrutura do trabalho remoto”, conclui.

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