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O semestre letivo online 2020.1 teve seu início, no último dia 30, marcado por problemas nas inscrições do Sistema Integrado de Gestão Acadêmica (Siga), o que atrasou o começo das aulas em muitas unidades da universidade. A Pró-Reitoria de Graduação (PR-1) tentou justificar. Afirmou que há dificuldades em todos os inícios de semestres, e que “a possibilidade de trancamento de disciplinas até o último dia do PLE e a priorização dos pedidos de inscrições em 2020.1 Remoto daqueles estudantes que tinham inscrições efetivadas em 2020.1 Presencial implicaram no atraso do processo”.
De acordo com a PR-1, a priorização desses pedidos de inscrições, inédita na interseção de dois semestres letivos, introduziu, também, a necessidade de concordância dos pedidos de inscrição em 2020.1 Remoto (por parte das coordenações) e a efetivação (por parte da Equipe Siga). “Isso fez com que as pautas não estivessem disponíveis até o início da noite do primeiro dia letivo de 2020.1”, explicou a PR-1. “Apesar da orientação sobre a dinâmica das inscrições, amplamente divulgada pela Equipe Siga nas vésperas do início das inscrições em disciplinas, algumas unidades acadêmicas não tiveram pleno entendimento da estratégia do uso de inscrições diretas”, completou.
No fechamento desta edição, todas as turmas de disciplinas já haviam sido normalizadas, mas ainda estavam sendo feitos ajustes de Requisito Curricular Suplementar (RCS), e algumas unidades solicitaram autonomia em relação à Equipe Siga, pois possuem especificidade de oferta, como os RCS ligados às licenciaturas.
Antônia Velloso, estudante do Instituto de História e diretora de Assistência Estudantil do DCE Mário Prata, apontou dois problemas neste início de semestre. “O principal foi em relação ao recesso de duas semanas. Não há tempo hábil para a realização dos atos acadêmicos. Estamos vivendo esse problema, já que as pautas não estavam prontas, as confirmações de inscrições não estavam feitas. O outro é o tamanho do período, de 12 semanas. Na média dos últimos anos, tivemos 14 semanas, e um período de 12 semanas significa uma perda qualitativa para nossa formação”. Ela citou as turmas de Cálculo, nas quais os assuntos que eram dados em um mês agora são abordados em duas semanas. “São disciplinas que já têm o índice de reprovação altíssimo e isso faz com que aumente ainda mais”, afirmou.
Para a estudante, toda a comunidade acadêmica está sofrendo. “Os técnicos têm sofrido com o excesso de trabalho, os alunos com a própria forma como está organizado o calendário, que faz com que todas as nossas disciplinas se acumulem. Os professores estão tendo uma maior dificuldade para o planejamento das aulas. São duas semanas para lançar nota, corrigir prova e planejar o próximo período. Fora que eles não conseguem descansar”, disse Antônia. Ela lembrou que o problema do curto tempo hábil para realizar os atos acadêmicos foi alertado pelas bancadas dos técnicos e dos estudantes. “Dissemos que não era viável. Infelizmente isso foi ignorado, tanto pela reitoria, quanto pelos representantes docentes nos conselhos”.
Na linha de frente das inscrições, Maria José, secretária acadêmica do Departamento de Engenharia Industrial da Escola Politécnica, afirmou que nenhum aluno ficará sem resposta. “Procuro responder todos os dias, todas as horas e todas as reivindicações. Até o momento estou trabalhando sem instabilidade”, explicou. “Nesse novo cenário complicado, em que fazemos tudo pelo computador, estamos tentando errar menos para não deixar os meninos desassistidos”, completou. Em contrapartida, Zezé, como é conhecida, acusa instabilidade na própria economia. “Estou trabalhando em casa, a parte instável está na minha economia, gastando luz e internet o dia inteiro”.
Adriana Rocha, coordenadora dos cursos de Engenharia Metalúrgica e de Engenharia de Materiais, reconheceu que os professores do seu departamento tiveram o início das aulas afetados pelo Siga. “A disciplina de Princípio da Ciência dos Materiais, por exemplo, em que o professor dá aula para duas turmas, uma delas começaria na segunda-feira. Nós estávamos esperando que o Siga fosse rodar as suas pautas, para que estivessem disponíveis no domingo mesmo. Isso não aconteceu”, afirmou. “Segunda de manhã, comecei a ficar de plantão no Siga, mas nada de pautas. Por volta das 10h, percebemos que o sistema não ia conseguir gerar as pautas para que a gente tivesse os nomes dos alunos e pudesse fornecer as informações de link e de sala de aula no Moodle, Google Classroom ou AVA”, explicou.
Diante desse quadro, a coordenadora resolveu mandar um e-mail geral para a Metalurgia explicando que muito provavelmente os alunos não teriam as aulas do departamento naquele dia. “A atualização tardia do Siga afetou bastante o início das aulas. Na verdade, a gente só conseguiu regularizar na quarta-feira, porque até a terça-feira algumas disciplinas não estavam com a pauta gerada”, disse.
Na segunda-feira (30), a Escola de Educação Física e Desportos (EEFD) divulgou um ofício confirmando o adiamento do início de 2020.1 Remoto para o dia 7 de dezembro. A diretora da unidade, Katya Gualter, afirmou que foi uma decisão coletiva. “As coordenações de cursos passaram os problemas sobre as inscrições. Apesar de a Comissão de Volta às Aulas da EEFD ter pensado em disponibilizar os links das disciplinas no site da escola, não daria certo porque os canais de comunicação não seriam tão ágeis, já que as aulas começariam na segunda-feira pela manha”, contou. “A maioria dos gestores entendeu que seria melhor para os alunos que adiássemos o semestre em uma semana”.
A EEFD pediu uma revisão do calendário acadêmico à PR-1 e solicitou ao CEG a revisão das datas que já haviam sido aprovadas. Para Katya, não pode haver medo em rever o que já foi aprovado. “Não tínhamos qualquer termômetro ou referência para lidar. Agora, em contato real e executando o planejamento, percebemos que ele não é tão eficiente assim”, opinou. Com o adiamento, os professores da EEFD irão se organizar para repor as aulas da primeira semana ao longo das outras 11 semanas do semestre.

JICTAC TEM PRAZO CURTO E RECORDE DE INSCRIÇÕES

Fechamento do PLE, correção de provas, lançamento de notas, recesso de duas semanas, problemas no Siga, preparação do semestre 2020.1 e, no meio de tudo isso, o curto prazo de inscrições para a Jornada de Iniciação Científica, Tecnológica, Artística e Cultural (JICTAC) 2020. Com tantas frentes simultâneas para cumprir, o prazo para a inscrição de trabalhos na jornada, de 13 a 30 de novembro, acabou sendo mais um fardo para quem já estava sobrecarregado nesta reta final do ano.
De acordo com o superintendente da PR-2, José Luis Lopes da Silveira, o prazo de inscrições foi pressionado pelo CNPq, que este ano concedeu uma quantidade histórica de bolsas para a UFRJ. “Esse processo da JICTAC 2020 tem sido bastante difícil. Temos uma obrigação institucional com o CNPq, o órgão concedeu uma grande quantidade de bolsas do Pibic (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica) para a UFRJ”, disse. “A gente teve um ganho que nunca houve na história. Perdíamos cerca de 20 bolsas por ano. Agora, saímos de 758 para 999 bolsas, um aumento de 32%. Não tenho notícia de isso ter acontecido num passado recente”, explicou.
Devido à pandemia, a PR-2 solicitou ao CNPq o adiamento da jornada para 2021. “Nossa intenção era fazer a jornada de 2020 junto com a de 2021, faríamos um relatório conjunto. Mas o CNPq nos deu até março de 2021 para fazer a JICTAC”, contou o superintendente. O edital da JICTAC 2020 foi apresentado e discutido pela PR-2 numa sessão conjunta de CEG e CEPG. “Temos a obrigação de cumprir essa missão e fazer a jornada, porque é quando o CNPq vem à UFRJ e faz a avaliação do processo. É algo necessário, que faz parte de todo o pacote relacionado à aquisição de bolsas do Pibic”, afirmou. Com relação ao prazo de inscrições coincidir com o recesso entre o PLE e 2020.1, o dirigente afirmou que foi necessário usar as datas pelo prazo curto para organização da jornada. “Realmente não havia como não utilizar esse período. Isso atrasaria o processo e impactaria nas outras etapas. É uma situação que não agrada nem à organização da jornada, nem à PR-1. Foi inevitável”, reconheceu.
Coordenador da JICTAC 2020, Leonardo Travassos revelou surpresa com o grande número de inscritos. “Tivemos mais do que o dobro das inscrições esperadas. Desse ponto de vista, o evento é um sucesso. Temos hoje 8.340 inscritos, mas esse não é o número final. Em submissões, temos 4.375. Isso é um pouco mais do que a gente esperava, em termos de média histórica”, comemorou. Na Semana de Integração Acadêmica (SIAc) de 2019, em que a Extensão estava incluída, foram submetidos 6.500 trabalhos.
“Essa jornada é obrigatória para um grupo de alunos, que tem que prestar contas das atividades realizadas ao longo do edital Pibic de 2018 a 2020. O número de inscrições seria equivalente, na nossa ideia, ao número de bolsistas, que são cerca de 2.000. Tivemos o dobro”, explicou Leonardo. Nessa fase da jornada, as submissões de trabalho já se encerraram e começou a avaliação dos projetos. No primeiro dia de avaliações, 593 trabalhos já haviam sido julgados. Conforme vão sendo avaliados, os projetos ficam disponíveis para a revisão dos autores. O evento está previsto para o período entre 22 e 26 de março, de forma virtual.
“Do ponto de vista científico, eu acho que todo mundo preferia um evento presencial”, opinou Leonardo. “A troca é muito maior. O objetivo desse evento, no final, é a troca de informação, de experiências, de conhecer o que é feito dentro da UFRJ”, completou. Para o coordenador, no contexto pandêmico, a JICTAC é uma oportunidade de se mostrar o quão importante é investir na pesquisa. “Eu digo Pesquisa Básica, não só a pesquisa relacionada à pandemia diretamente. Obviamente que assuntos relacionados à pandemia vão estar pesadamente contemplados nos trabalhos que serão apresentados”, explicou. “É o momento de a universidade mostrar o seu papel, sua importância e relevância dentro desse cenário”, concluiu.
O prazo apertado sobrecarregou a professora Danielle Perpetua, coordenadora da JICTAC no Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN). “Acredito que ficou um pouco sobrecarregado. É um evento de extrema importância para a iniciação científica da universidade, estamos fazendo um esforço grande para dar conta de todas as tarefas”, contou.

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