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WhatsApp Image 2020 11 27 at 10.34.21 2Lucas Abreu e Liz Mota Almeida

As aulas do Período Letivo Excepcional (PLE) acabaram, oficialmente, no dia 16 de novembro. Na prática, os professores ainda correm contra o tempo para corrigir provas, lançar notas e organizar o próximo semestre letivo, que já começa na próxima segunda-feira, 30 de novembro. Mesmo exaustos, os docentes também também avaliaram a inédita experiência do ensino remoto para o Jornal da AdUFRJ, na terceira matéria da série sobre o PLE.
Coordenadora do curso de Nutrição, Ana Luisa Faller identificou dois perfis de alunos durante o PLE: alguns inseguros com o novo formato, e outros que precisavam adiantar o curso e aproveitaram o período excepcional para isso. “Uma reclamação frequente foi que nos dois primeiros períodos temos disciplinas focadas na área de Saúde, como Fisiologia. Dentro do instituto conseguimos uma boa oferta de disciplinas, mas nas outras unidades não tivemos um número suficiente de vagas”, disse Ana. A professora contou que muitos alunos da Nutrição não conseguiram se inscrever em nenhuma disciplina no PLE. “Agora em 2020.1, depois de fazer um questionário com nossa comunidade acadêmica em que perguntamos o número adequado de disciplinas a ser ofertado, vamos conseguir oferecer mais disciplinas, abrangendo todos os estudantes”.
Com o PLE, a coordenadora percebeu a necessidade de adaptação, seja de alunos ou de professores, em termos de organização da matéria e plano de aula. “O que eu vejo na Nutrição é que, como a gente não costumava mesclar os métodos educacionais, precisamos de mais ajustes. O nosso corpo docente diz que necessita mais treinamento para conseguir adaptar as aulas para o modo remoto”, contou. Para a professora, o recesso aconteceu de forma “atropelada”, com os atos acadêmicos acontecendo ao mesmo tempo. “É um período curto para fazer um encerramento, descansar o professor e o aluno. Teve professor que usou até o último dia para dar seu conteúdo”, lembrou. Para tentar amenizar a situação, a coordenação da Nutrição criou um GT acadêmico para dar suporte a quem já estava lecionando no PLE e a quem vai estar em 2020.1. “Tentamos fazer rodas de conversas para ver experiências exitosas ou não, para pensar os modelos que funcionaram mais”, contou.
Para Humberto Soares, diretor de Ensino de Graduação da Faculdade de Letras, o maior desafio do PLE foi a adaptação às aulas e avaliações virtuais, pois muitos professores não tinham qualquer experiência com isso. “A principal crítica foi a reinterpretação do que seria um período “excepcional”, extra, como parte de 2020.1, o que prejudicou principalmente os alunos”, afirmou. Para o professor, a organização do próximo período “é impossível”. “O intervalo de 15 dias, para os docentes, não é um intervalo, porque após o fim das aulas é necessário avaliar os alunos, corrigir, lançar notas e planejar a disciplina do período seguinte. É impossível gozar férias nesse calendário”, disse.
Embora ainda não tenha tido tempo de fazer uma avaliação mais profunda do PLE, a professora Erica Polycarpo, coordenadora do curso de bacharelado em Física, vê sinais positivos. “Os alunos se adaptaram bem, oferecemos todas as disciplinas em número normal de vagas”, contou. Para Erica, o pouco tempo entre o fim do PLE e o começo do próximo período dificulta essa avaliação. “Estamos fazendo inscrição de disciplinas sem os professores terem lançado as notas. Complica um pouco para fazer essa avaliação, vamos ter que esperar um pouco mais”.
Segundo a coordenadora, os professores estavam apreensivos com os desafios que o ensino remoto poderia trazer, mas o resultado foi positivo. “Foi muito melhor do ficar parado”, avalia. Erica Polycarpo ainda destacou que o cansaço no final do período foi uma constante entre professores e alunos, situação criada pela curta duração do PLE e agravada pelo período exíguo de férias.
Na Escola Politécnica, a professora Adriana Rocha, coordenadora dos cursos de Engenharia Metalúrgica e de Engenharia de Materiais, também viu pontos positivos. “Para minha surpresa, tenho recebido agora, no final do período, muitos testemunhos de professores que se adaptaram bem às aulas remotas”, contou.
Ela ressalta um movimento de solidariedade entre os professores no período: os que tinham mais familiaridade com a tecnologia ajudaram os que não tinham. Segundo ela, os alunos também se adaptaram rápido, embora alguns tenham passado por problemas técnicos, e houve a compreensão e a solidariedade dos professores nesses casos.
Adriana destaca que houve uma boa adesão dos seus cursos ao PLE, com todas as disciplinas sendo ofertadas com o máximo de vagas possível. Mas ao avaliar o PLE como um todo, sua opinião se assemelha à de parte da comunidade universitária. “A percepção é que talvez tivesse sido melhor começar logo 2020.1, ao invés de fazer um PLE. Mas acho que foi a maneira que encontramos de enfrentar o que estava acontecendo”, avaliou a professora. Agora seu curso vai aproveitar o período 2020.1 para ajudar os alunos a colocarem em dia suas disciplinas, e priorizando um novo grupo de alunos formandos, assim como foi feito no PLE.

CORRERIA PARA INSCRIÇÕES NO SIGA E NA JIC

O pequeno recesso entre o PLE e 2020.1 foi marcado pelas inscrições em disciplinas no Siga (Sistema Integrado de Gestão Acadêmica) e o prazo final para submissão de trabalhos à JIC, a Jornada de Iniciação Científica. “Acho que a UFRJ resolveu fazer muitas coisas ao mesmo tempo. A gente está batendo cabeça. Eu começo a trabalhar quando acordo e só paro na hora de dormir”, relatou o diretor de graduação da Escola de Comunicação, Sandro Torres. Para o professor, há uma sobrecarga que deveria ser melhor avaliada em termos de calendário. “Essa semana, tive que lançar as notas do PLE, acompanhar os problemas de matrícula da inscrição em 2020.1, todos os problemas inerentes à direção e me inscrever na JIC”, contou. Sandro acredita que essa simultaneidade não é produtiva. “Deveria haver uma sensibilidade em relação à conjuntura. Tudo na UFRJ é até dia 27”, disse.
Na Escola Politécnica, o calendário de inscrições também ficou apertado. “Essa semana, nas engenharias Metalúrgica, de Materiais, Ambiental e de Petróleo, estamos fazendo a nossa Jornada de Iniciação Científica interna. Então isso pesou ainda mais. Eu estou correndo atrás para mandar os resumos dos meus alunos para a JIC”, explicou Adriana Rocha, coordenadora dos cursos de Engenharia Metalúrgica e de Engenharia de Materiais da Escola Politécnica. A direção da escola está enviando e-mails diários para todos os professores, lembrando do prazo para o envio dos resumos para inscrição na JIC. “Acho que vamos tentar cumprir, mas é mais um fator extenuante. E pode ser que o número de trabalhos inscritos seja menor”, avaliou a professora.
Até a quarta-feira (25/11), terceiro dia da inscrição em disciplinas no Siga, a Faculdade de Letras ainda não tinha conseguido abrir todas as turmas no sistema. São cerca de mil turmas, para 36 cursos de graduação. “Não há reclamação sobre o sistema, só é impossível lançar tudo num calendário tão apertado, principalmente por conta da decisão de fechar todas as turmas abertas no início do ano e as unidades terem que abrir todas novamente”, explicou o diretor de ensino de graduação da Faculdade, Humberto Soares. O professor nem cogitou se inscrever na JIC. “Não há tempo nem para pensar sobre isso”, avaliou.
Antonia Pellegrino, membro do DCE e conselheira do CEG, levou ao conselho dessa semana uma pauta sobre o limite de inscrições até 32 créditos somando o PLE + 2020.1. “É uma coisa que está gerando bastante problema. Isso faz com que diversos cursos fiquem completamente parados durante quatro meses. Vários estudantes conseguiram mudar essa regra dentro das congregações, mas infelizmente isso tem prejudicado muitos alunos, que têm cobrado que a gente faca uma discussão mais profunda”, relatou.
Gisele Viana, pró-reitora de graduação, respondeu no CEG que a questão dos 32 créditos está sendo deliberada pelas COAA’s. “Esse número é o teto máximo e habitual curricular, mas nós entendemos que, na pandemia, nesse período excepcional, a COAA poderá autorizar um número maior”, afirmou. “Este colegiado vai colaborar com a autorização, caso seja aceita pela COOA”, disse.
Sandro Tôrres, da Escola de Comunicação afirmou que a partir da informação dada pela PR1 sobre o limite de créditos, o GT de volta às aulas da unidade deliberou que não houvesse limitação. “O GT indicou que nós não limitássemos. O Condep e a congregação aceitaram, e os alunos da Escola de Comunicação não vão precisar se preocupar. Inicialmente vai aparecer como situação pendente, mas no período de confirmação de disciplinas vamos aprovar todo mundo”, explicou.

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