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WhatsApp Image 2020 11 14 at 00.58.271Um acervo amplo e essencial para o desenvolvimento da ciência brasileira. Assim pode ser definido o Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que completou 20 anos no dia 11 de novembro. A plataforma reúne e disponibiliza para instituições de ensino e pesquisa no Brasil o melhor da produção científica nacional e internacional, e é considerada uma das maiores bibliotecas virtuais do mundo. Ao todo, são mais de 49 mil periódicos em texto completo, 135 bases referenciais, 12 bases de patentes, material audiovisual, relatórios, enciclopédias, dissertações e estatísticas, entre outros documentos. Em 2019, a plataforma recebeu mais de 512 mil acessos por dia.
“Antes, cada instituição comprava as revistas científicas que podia para compor as suas bibliotecas”, lembra Ildeu Moreira, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Na UFRJ, onde Ildeu se formou doutor em Física, o acesso às publicações ainda era muito superior do que em outras universidades. “As pessoas que trabalhavam em outras regiões do país tinham uma dificuldade imensa, às vezes por falta de recursos, ou mesmo pelo atraso de chegada das revistas”.
O surgimento do portal da Capes proporcionou uma distribuição mais igualitária das pesquisas científicas. “Agora, uma pessoa da pós-graduação de qualquer região do país consegue ter acesso a grande parte dos periódicos que ela necessita”, conta Ildeu. Além disso, o professor destaca o papel fundamental do portal no crescimento da produção científica brasileira. “Ele estimula e atualiza os pesquisadores, que conseguem passar rapidamente de uma referência para a outra, sem precisar mais esperar meses pela chegada de uma cópia”, explica.
Ildeu comenta as transformações provocadas pela plataforma. “As pessoas iam muito mais nas bibliotecas. Hoje, os pesquisadores ficam nas suas salas e entram no portal para ver o que precisam”, diz. Ainda assim, ele acredita que a mudança também traz riscos. “Se a Capes não assinar com as editoras dos periódicos, a gente fica sem essa informação. Além de que o conhecimento digitalizado também pode ser perdido”, acrescenta. Por isso, Ildeu pondera a importância de se manter uma base física desse acervo.
O conteúdo completo é livre aos estudantes, professores e funcionários vinculados oficialmente a uma das mais de 400 instituições com programas de pós-graduação reconhecidos pela Capes. O acesso é autorizado a partir do registro do IPs da instituição, sem cadastros pessoais. Usuários de outras instituições podem acessar, por meio de qualquer computador, o conteúdo aberto e gratuito disponível no Portal, ou também se dirigir a uma instituição participante para verificar as condições de uso dos periódicos assinados pela Capes.
“O Brasil tem periódicos das mais diversas áreas que estão em situação muito difícil de sobrevivência”, aponta Ildeu. O professor ressalta que muitos desses periódicos têm uma repercussão internacional significativa, mas necessitam de políticas de apoio para se manter. “Mesmo os que passaram a ser exclusivamente digitais, evitando gastos com impressão, precisam de recursos para secretaria, tradução, edição, e assim continuarem a existir”, alerta.
As ameaças de cortes na Educação preocupam os pesquisadores. “É muito importante que o financiamento do Portal de Periódicos da Capes se mantenha, para possibilitar à comunidade acadêmica o acesso gratuito a essas bases de dados”, afirma Ariane Roder, superintendente acadêmica de Pesquisa da PR-2 da UFRJ. “Sem ele, o acesso de muitas pessoas vai ser inviabilizado, pois as assinaturas desses periódicos são caríssimas”, completa.
A UFRJ tem um portal com os periódicos produzidos dentro da própria universidade, mas que também já estão indexados no portal da Capes. “Todos os nossos periódicos já foram aprovados no padrão de qualidade da Capes”, destaca Paula Abrantes, coordenadora do Sistema de Bibliotecas e Informação da UFRJ (SiBI). Segundo ela, a UFRJ é uma grande defensora e difusora do portal da Capes.
“Nós fomos uma das universidades que mais colaborou com a criação desse portal. No início, ainda faltavam muitos títulos que não existiam em modo eletrônico, mas com a sua expansão, o portal hoje abrange todas as áreas do conhecimento”, pontua. Paula considera o portal imprescindível para a comunidade acadêmica. “Ele se transformou na principal ferramenta de pesquisa no Brasil, pois substituiu com qualidade as aquisições descentralizadas”.
Há duas décadas, o portal da Capes foi criado com o intuito de unificar a organização do material de periódicos eletrônicos. “Na época, já havia um número considerável de editoras que ofereciam periódicos no meio digital”, conta Paula. “Com isso, as instituições de ensino e pesquisa pararam de gastar os seus orçamentos com as assinaturas, pois foi feita uma assinatura única em um portal acessível de forma democrática para as universidades”, conclui. O portal pode ser acessado pelo endereço https://www.periodicos.capes.gov.br/

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