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Kim Queiroz
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A ciência chegou ao TikTok para combater as fake news. Criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), a Equipe Halo é uma iniciativa global que tem por objetivo popularizar pesquisas ligadas ao combate à covid-19 por meio da rede social de criação e compartilhamento de vídeos que virou febre mundial. Halo significa ‘auréola’ em português, e representa o anel da ciência que circunda o globo. Profissionais de diversos países e instituições, como UFRJ, Harvard, Imperial College London e Wits University, abordarão seus estudos na rede social que tem quase um bilhão de usuários ao redor do mundo para aproximar a população do debate científico.

“São informações de caráter técnico, mas a população pode e deve ter acesso a elas, pois ajudam a minimizar o estrago causado pelas fake news atualmente”, comenta Rômulo Neris, pesquisador brasileiro convidado a participar do projeto. Biofísico e doutorando em Imunologia e Infecção pela UFRJ, Rômulo interrompeu temporariamente a sua pesquisa de doutorado focada no chikungunya para concentrar esforços no enfrentamento da pandemia da covid-19.

O projeto de pesquisa do qual Rômulo faz parte busca compreender os mecanismos que geram sintomas tão diferentes entre os pacientes atingidos pelo coronavírus. “A gente sabe que existem pacientes com comprometimento severo do pulmão a longo prazo, enquanto outros se recuperam rapidamente”, explica. “Estamos tentando entender que parte do vírus, ou qual aspecto da infecção, pode causar exacerbação, ou seja, esse aumento na resposta do sistema imunológico que pode levar a esses danos”.

Assim que o primeiro caso foi confirmado no Brasil, o pesquisador fez uma publicação no Twitter com informações relevantes sobre o vírus, que chegou a quatro milhões de visualizações. “Desde então, comecei a atuar como consultor para uma série de veículos de imprensa, como G1, CNN, Estadão e Folha”, ele conta. A produtora representante da Equipe Halo no Brasil convidou Rômulo a integrar o time pela repercussão positiva da sua atuação na mídia.

“O que me chamou mais a atenção no projeto foi a chancela da ONU, que é uma organização prestigiada e que está atuando de maneira relevante nessa pandemia, através da OMS”, revela o cientista. Antes do convite, Rômulo não era usuário da plataforma. “O TikTok trabalha com vídeos entre 15 a 60 segundos, então o meu maior desafio tem sido sintetizar informação para poder trazê-la de maneira atraente para o público, mas ainda relevante, tendo algum grau de profundidade”.

A escolha da plataforma chinesa como base da ação está ligada à possibilidade de produzir conteúdos envolventes para públicos variados. “Estou achando muito divertido ver a interação com o público. As pessoas estão dando um retorno positivo, se sentindo curiosas, fazendo perguntas e compartilhando os vídeos”, diz Rômulo. O pesquisador já tem cinco vídeos publicados no seu perfil. “Vamos liberar mais informações nas próximas semanas, sobre quais são as diferenças das principais vacinas candidatas, e como elas vêm sendo testadas, entre outras”.

Os cientistas atuam de forma voluntária para o projeto. Além de Rômulo, a Equipe Halo conta com outros dois representantes do Brasil. Um deles é o Gustavo Cabral de Miranda, que lidera a pesquisa de desenvolvimento de vacinas contra o coronavírus, assim como vacinas para chikungunya e zika vírus, no Departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP). A outra é Natalia Pasternak, pesquisadora visitante do ICB-USP, no Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas (LDV).

Rômulo ressalta a natureza dinâmica do projeto. “A gente já deve ter a companhia de outros brasileiros na Equipe Halo em breve”, conta. O TikTok permite que cada voluntário explore sua criatividade para tornar a ciência didática e acessível a todos. “A ideia é que essa rede de conteúdo ao redor da vacina vá se diversificando cada vez mais, até que a gente tenha referências nacionais para debater de maneira simplificada com a população, e contribuir para que a vacina seja disseminada, quando a gente tiver uma segura e eficaz disponível”.

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