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7aWEB menor1137Como o racismo se manifesta na história da Ciência e o que pesquisadores negros fazem para combater esta realidade? As questões alimentaram o debate “Ciência e tecnologia em afroperspectiva”, o primeiro organizado pela AdUFRJ durante o Festival do Conhecimento, no dia 15. O diretor Felipe Rosa fez a mediação do encontro.
“Quando me percebi mulher, negra e cientista, fui buscar referências que se assemelhassem a mim”, contou Eliade Lima, professora da Unipampa e doutora em astrofísica. A busca, porém, revelou-se infrutífera. “Os meus referenciais estão voltados apenas para o continente europeu e para as descobertas europeias. Se me pedirem o nome de uma mulher negra na Astronomia antiga, não saberia dizer”, lamentou.
O racismo epistêmico, como Eliade explicou, fez com que a Astronomia surgisse como Ciência apenas quando os europeus decidiram observar o céu. “Quais são os referenciais de grandes astrofísicos e astrônomos? Rapidamente, lembro de Tycho Brahe (1546-1601), Newton (1642-1727), Galileu Galilei (1564-1642)… Estou falando de homens brancos europeus”, disse. “Como se o povo do continente africano não observasse o céu”, criticou.
Bernardo Oliveira, professor de Filosofia da Educação da UFRJ, apresentou as contribuições de Cheikh Anta Diop (1923-1986) para o tema. Diop foi um historiador, antropólogo, físico e político senegalês que estudou as origens da raça humana e cultura africana pré-colonial. Usou os conhecimentos ocidentais para reconfigurar o panorama histórico em que as conquistas civilizatórias são atribuídas apenas ao homem branco. “A Ciência não cansou de afirmar sua pretensa origem branca. O racismo científico é apenas uma expressão dessa crença”, disse Bernardo.
O professor Antônio Carlos, do Instituto de Física da UFRJ, levou para a mesa as teorias do psiquiatra e filósofo francês Frantz Fanon (1925-1961).“Fanon argumenta que a pessoa negra se submete a vestir ‘máscaras brancas’, como estratégia de convivência e sobrevivência de suas relações sociais”, disse. “A simulação dos padrões brancos de comportamento cria doenças psíquicas, como, por exemplo, o sentido de inferiorização”, completou.

AdUFRJ NO FESTIVAL
A AdUFRJ organiza mais duas mesas no festival: “A pandemia e a participação das mulheres na produção acadêmica e na vida política das universidades”, dia 20, às 9h; e “Aulas remotas em tempos de fakes e as inseguranças jurídicas para a prática docente, dia 23, às 17h.

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