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dinoUm acordo mínimo em relação às medidas de combate à pandemia da Covid-19 pode canalizar as insatisfações de diferentes matizes ideológicas contra o atual governo. É o que indica a troca de ideias entre o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B-MA) e o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, promovida pela Coppe, no domingo (7).
      No foco, a defesa do Sistema Único de Saúde, a renda mínima e o respeito ao pacto federativo. O debate virtual recebeu mais de 47 mil visualizações e 5,7 mil comentários do público. “A pandemia coloca acima de tudo a questão da saúde”, avaliou o mediador do debate, professor Luiz Pinguelli Rosa.
 “A pandemia deixa expostas as fraturas da nossa sociedade, as más condições sociais que aprendemos a tolerar, conviver e, de alguma forma, incentivar a existência”, considerou o Ministro do Supremo, Gilmar Mendes. Como exemplo, ele destacou as “péssimas condições sanitárias” da população mais pobre e a “insuficiência dos cadastros” do Executivo. “São os invisíveis que, de tão pobres, se perderam do cenário”, criticou.    
 O ministro do STF defendeu o Sistema Único de Saúde (SUS) e a renda básica, além da universalização dos sistemas de fornecimento de água e saneamento básico. “O quadro pós-pandemia tem toda essa carga de tragédia, mas a Covid também nos deu a oportunidade de nos reencontrar com o Brasil profundo”, disse. E frisou a atuação do Supremo para garantir aos estados o protagonismo nas ações contra a pandemia.
Para Flávio Dino, uma frente ampla em favor da democracia “não é uma opção, é um imperativo” e “o tema da saúde é premente”. Em sua visão, a defesa do SUS reforça a agenda federativa. “O que é o Sistema Único de Saúde senão um arranjo federativo que limita arbítrios do poder central?”, argumentou durante o debate. Mais à esquerda do Ministro do Supremo, ele acrescentou à lista de demandas democráticas uma reforma tributária distributiva e o socorro ao pequeno comércio.
Provocado por uma pergunta do público, o governador do Maranhão descartou um ensaio eleitoral para 2022. “Articulações políticas são sempre possíveis, mas a frente não é palanque eleitoral”, afirmou.  Flávio Dino pediu “mais leveza” no tema. “Uma frente ampla pela democracia não é cartorial, não tem um programa no TSE. Mas ela tem uma identidade comum”, advertiu. E enfatizou: “Temos legiões de brasileiros sofrendo muito”.
O presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, também advogou pelo foco na crise sanitária. “Não podemos reproduzir de forma incoerente um discurso político que não leve em conta o isolamento”, avaliou. Segundo ele, a Ordem aguarda o retorno às atividades presenciais do Congresso para encaminhar denúncias contra o presidente Jair Bolsonaro. “Verificamos denúncias graves de aparelhamento da Polícia Federal. Uma discussão que não pode ser feita por telepresença”, relatou.
Sobre o Brasil pós-pandemia, Santa Cruz acrescentou uma reflexão sobre comunicação e democracia, destacando a atuação de “milícias digitais” com capacidade de produzir “fatos próprios que não dizem respeito à realidade”. Informações falsas sobre os riscos da pandemia ou benefícios da cloroquina foram citadas.
O advogado sugeriu mais diálogo com as camadas mais desfavorecidas da sociedade, sobretudo, a juventude: “É fácil falar sobre as vantagens democráticas com as classes A e B. Mas é difícil trazer para essa luta setores que não conhecem isso”.

CRISE NA SAÚDE
A Coppe promove neste domingo, 14, mais um debate do fórum virtual “O Brasil após a pandemia”. Com o tema “A crise na Saúde e o SUS”, o evento terá a participação do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS); o professor Carlos Grabois Gadelha, da Fiocruz; o professor Antônio Carlos Campos de Carvalho, do Instituto de Biofísica; e o professor Roberto Medronho, da Faculdade de Medicina e do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, ambos da UFRJ. O evento será transmitido ao vivo na página da Coppe no Facebook, a partir das 18h.

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