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O Jornal da Adufrj mantém uma seção para homenagear professores que foram grandes referências na universidade. Após Samira Mesquita, da Letras, é a vez de falar do professor Rodolpho Paulo Rocco, ex-diretor da Faculdade de Medicina e do Sindicato dos Médicos do Rio.

 

WEB menor1115 p8Foto: ACERVO COORDCOM/UFRJA movimentada avenida à frente do Hospital Universitário recebeu , em 2005, o nome do professor e médico Rodolpho Paulo Rocco. Hoje, muitos que passam pela via não conhecem a extensa biografia de pioneira dedicação à universidade pública, gratuita e autônoma por trás da placa da esquina.
Rocco, que também batiza o maior auditório do Centro de Ciências da Saúde, representou os ideais da democracia dentro da UFRJ após os duros anos da ditadura e ainda difundiu o ensino humanitário dentro da Medicina.
“Devo ao professor Rocco a oportunidade de escolher ser cientista. Ele era sensível à modernidade e à pesquisa”, lembra a reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho, ex-aluna de Rocco na Faculdade de Medicina. “Eu já tinha passado no mestrado e dependia da liberação dele para cursar as disciplinas do mestrado, antes de formada na graduação. Ele entendeu meu encanto pela ciência e liberou. Foi em 1987. Era um visionário”, elogia.
A homenagem no campus do Fundão apresenta uma grande dimensão simbólica para seus ex-colegas. “Ele conseguia unir os saberes da ciência cultivados nas unidades do prédio principal do CCS com a prática médica que se desenvolve no Hospital Universitário”, afirmou o professor Adalberto Vieyra, diretor do Centro Nacional de Biologia Estrutural e Bioimagem.
Professor Titular, Rodolpho Rocco dirigiu a Faculdade de Medicina em 1984, e se candidatou, em 1994, ao posto de reitor da universidade. Não venceu a disputa, mas conseguiu mobilizar a comunidade acadêmica em torno de propostas para além de seu tempo. “Ele propôs uma política de apoio à permanência de estudantes de nível socioeconômico menos favorecido e a reformulação constante dos conteúdos e práticas de ensino”, declarou Vieyra.
Fora das salas de aula, Rocco também contribuiu para o movimento sindical. Em 1977, foi eleito presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro e exerceu papel importante na denúncia da mercantilização da Medicina no país. “Ele se elegeu em uma época de grande renovação nos sindicatos, associações de classes e conselhos da área médica. De 1978 a 1981, houve greves e reivindicações da categoria em todo o país e o sindicato que Rocco presidia teve enorme participação”, contou o professor Hélio de Mattos Alves, da Faculdade de Farmácia.

SIMPLES E GENEROSO
Além da liderança dentro e fora da universidade, o professor é constantemente lembrado por seus ex-alunos como uma pessoa simples, generosa e com um olhar atencioso para as demandas estudantis. “Amigo de todos, foi um grande mestre e clínico. Rocco era uma pessoa muito conciliadora e agregadora, ouvia muitas pessoas, dava importância aos alunos, docentes e tentava de qualquer maneira fazer com que as pessoas estivessem bem”, observou a professora Ana Borralho, do Departamento de Clínica Médica, ex-aluna do homenageado desta edição.
No livro “Rodolpho Rocco, médico da pessoa e coração de estudante”, Emílio Mira y Lopez, também ex-aluno de Rocco na Faculdade de Medicina, reuniu relatos de quem manteve algum contato com o professor. São comuns as mensagens de admiração pela forma aberta e amistosa com que Rocco tratava, sem distinção, alunos, colegas e pacientes. “Ele era uma pessoa muito aberta. Era bem-humorado, brincalhão. Ele nos ensinava, além da Medicina, a viver as coisas de uma maneira mais simples. O Rocco quebrava barreiras”, afirmou Emílio, que conviveu com o professor no então Hospital Escola (hoje Instituto de Atenção à Saúde) São Francisco de Assis, onde Rocco também lecionava.

MORTE TRÁGICA
O médico foi assassinado em 1999 em seu próprio consultório por um paciente com transtorno mental. O velório aconteceu no campus da Praia Vermelha e contou com a presença de diversos políticos e dirigentes da universidade.
Para Ana Borralho, a partida do professor gerou uma enorme comoção para a comunidade acadêmica. “Rocco era um homem seguro de sua opiniões e deixou um exemplo de liderança e de compromisso com a universidade entre a juventude e um legado importante para que trabalhemos com vigor para conquistar nossos direitos e os daqueles que mais precisam”.

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