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WEBIFCS 1Prédio do Largo de São Francisco é sede das Ciências Sociais desde 1969O curso de Ciências Sociais da UFRJ esta em festa. A licenciatura comemorou 10 anos e o bacharelado, 80 anos. No país, o bacharelado em Ciências Sociais é o segundo mais antigo do país. Criado em 1939, o curso reuniu importantes nomes do pensamento brasileiro como Darcy Ribeiro, Vitor Nunes Leal, José Américo Peçanha, Wanderley Guilherme dos Santos. “Muitas gerações diferentes passaram pelas Ciências Sociais e ocuparam locais de destaque. É difícil até de mensurar o tamanho da importância do curso na nossa sociedade”, defende a professora Glaucia Villas Bôas, do Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia.
O curso nasceu no contexto do Estado Novo e desde então voltou seu olhar a pensar e entender as estuturas de poder, as instituições brasileiras e se colocar ao lado do fortalecimento da democracia no país.
Sua primeira sede foi o centenário Colégio Amaro Cavalcanti, no Largo do Machado. Logo depois, foi transferido para a Avenida Antônio Carlos, no Centro, na quadra onde funcionam os consulados francês, alemão e italiano. A força da então Faculdade Nacional de Filosofia não passou despercebida pelos militares. Com o acirramento da repressão do regime militar, no fim dos anos 60, a faculdade foi desmembrada em diferentes unidades, que ficaram isoladas. “Física, Química e Letras foram para o Fundão. Ciência Política, Antropologia e Sociologia foram para Botafogo”, relembra a professora Glaucia.
Aluna da turma de 1966, ela participou desta mudança de local. “Ficávamos absolutamente isolados em galpões recém-construídos na rua Marquês de Olinda”, em Botafogo.
A partir de 1969, após o AI-5, o curso passa a ocupar o prédio histórico do Largo do São Francisco de Paula, no Centro. “Totalmente desmantelado, com a biblioteca destruída”, relata a docente. O novo Instituto de Filosofia e Ciências Sociais se tornou um símbolo de resistência ao regime militar e, por isto mesmo, foi uma das instituições mais reprimidas da universidade. A presença de policiais era constante nos corredores e salas de aula. “Foi um período que marcou muito, com professores cassados, estudantes perseguidos, presos, mortos”, relembra a docente.
Com as lutas pela redemocratização, novos ventos passaram a soprar no instituto: bibliotecas foram reabertas, cursos foram reestruturados. O corpo docente passou a pensar sobre o currículo. “Houve um foco de reeguer a graduação. E criamos, em seguida, uma pós-graduação totalmente em sintonia com o bacharelado. Algo muito raro para a época”, afirma.
Para o vice-diretor do IFCS, professor Ivo Coser, as últimas duas décadas foram marcadas por forte expansão das Ciências Sociais. Ele destaca três fatores: “A entrada da Sociologia no Ensino Médio, a expansão dos cursos de pós-graduação e a institucionalização da democracia, que abriu um campo específico para as áreas mais ligadas à política institucional”, avalia.
Ao mesmo tempo, segundo Coser, também aconteceu a estabilização das Ciências Sociais como campo acadêmico, com fortalecimento da atuação de associações e entidades da área. “São todas entidades que fortalecem não só os cursos, mas também o debate acadêmico das Ciências Sociais”.
Com a solidez da área, novos desafios se apresentam. O atual governo corta recursos da educação e da ciência e despreza as humanidades. “Há a leitura de que as Ciências Sociais são focos de ideologias que devem ser combatidas com outra ideologia. Aí começa um desafio que precisa ser enfrentado, mostrando nossa densidade acadêmica”.
O crescimento das Ciências Sociais, coincidente com a redemocratização e fortalecimento das instituições democráticas no país, aponta Ivo Coser, gerou uma natural vinculação entre a área e a própria democracia. “Quando se ataca as Ciências Sociais, também se ataca a democracia”, resume. “E aí ouvimos ‘universidade é balbúrdia’, ‘democracia é balbúrdia’, ‘saudades da ditadura’”.

Dez anos da licenciatura
2019 também marca os dez anos do curso noturno de licenciatura em Ciências Sociais. O curso foi implantado pela professora Glaucia em parceria com o professor André Botelho, também do Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia, em 2009. “É um dos frutos do Reuni e nos abriu muitas possibilidades de estudo, pesquisa e de área profissional para nossos estudantes”, afirma a professora Glaucia que assina, junto com Botelho, o artigo a seguir.

Tempo de Ciências Sociais

Glaucia Villas Bôas e André Botelho
Professores do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da UFRJ

O curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro acaba de completar 80 anos. É uma trajetória longa, tanto do ponto de vista da história da universidade quanto das ciências sociais no Brasil. Ela dá continuidade a uma importante tradição de ensino de qualidade, pesquisa de ponta e extensão inovadora que se iniciou na antiga Faculdade Nacional de Filosofia (FNFI) da então Universidade do Brasil. Quando a FNFI desmembrou-se em institutos e faculdades, as Ciências Sociais passaram a fazer parte do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, criado em 1967. Nos anos 70, o prédio histórico do Largo de São Francisco de Paula, no Centro da cidade, passou a sediar o curso juntamente com os de História e Filosofia. Atualmente, os departamentos de Sociologia, Antropologia Cultural e Ciência Política são os responsáveis pelo curso.
Desde a sua criação, o curso de Ciências Sociais registra importantes conquistas intelectuais, institucionais e sociais. Diferentes gerações integraram seus quadros docentes e muitos de seus ex-alunos se destacaram em suas áreas profissionais e atuaram na esfera pública. Alberto Guerreiro Ramos, Darcy Ribeiro, Josué de Castro, Evaristo de Moraes Filho, Luiz de Aguiar Costa Pinto e Victor Nunes Leal estão entre os nossos pioneiros.
A identidade disciplinar das Ciências Sociais, marcada pelo interesse na construção da ordem social, nas mudanças e nas ações sociais concorre para que o curso da UFRJ tenha tomado para si a tarefa de examinar questões relevantes como cultura e produções intelectuais e artísticas; desigualdades sociais e políticas públicas; transformações da esfera do trabalho e das organizações econômicas e empresariais; violência e vida urbana; direitos humanos e cidadania; relações entre o estado e a sociedade civil; partidos, instituições e cultura política; democracia e participação entre outros.
A produção acadêmica dos seus docentes e discentes tem recebido destaque no contexto das Ciências Sociais brasileiras e internacionalmente. O curso conta com um corpo docente altamente qualificado, parte significativa dele reconhecida como líder intelectual da sua respectiva área de pesquisa. Dois dos seus departamentos são responsáveis pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA), programa de excelência avaliado com a nota máxima (7) da Capes – atualmente o único da área em toda a Região Sudeste nessa posição.
Uma das iniciativas relevantes de professores do curso foi integrar efetivamente a graduação à pós-graduação, o que tem garantido a formação de excelência oferecida. É igualmente significativa a presença do curso de Ciências Sociais no contexto mais amplo da UFRJ, ministrando disciplinas em várias graduações, como Administração, Economia, Ciências Contábeis, Enfermagem, Odontologia e outros.
Entretanto, uma das maiores conquistas recentes foi a criação, há dez anos, de um novo curso de Licenciatura em Ciências Sociais. Oferecido no horário noturno, o curso tem ampliado ainda mais as oportunidades de acesso à universidade pública e de formação profissional de qualidade a parcelas significativas da juventude da região metropolitana do Rio de Janeiro e, por meio do Sistema de Seleção Unificada/Sisu, de todo o Brasil.
As Ciências Sociais da UFRJ vêm contribuindo para o desenvolvimento e a compreensão científica da sociedade, da cultura e do Estado de perspectiva local, nacional e mesmo global e, assim, consolidando sua presença e marca na história da disciplina. É essa trajetória acadêmica exitosa das Ciências Sociais feita por docentes, técnico-administrativos, estudantes e egressos da UFRJ que estamos comemorando. Que venham os próximos 80 anos de Ciências Sociais na UFRJ!

Artigo publicado em O Globo, 
na edição de 4/09/2019

 

Confira entrevistas concedidas pelos chefes dos departamentos das Ciências Sociais. Eles falam sobre desafios, perspectivas e importância da área.

THAÍS AGUIAR - CHEFE DO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA POLÍTICA

ANTONIO BRASIL JR. - CHEFE DO DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA

TATIANA BACAL - CHEFE SUBSTITUTA DA ANTROPOLOGIA CULTURAL

 

 

 

 

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