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A defesa da soberania nacional marcou a quinta-feira, 3, último dia da jornada de 48 horas pela Educação e pela Ciência. Além de professores, estudantes e técnicos, os petroleiros e servidores públicos foram às ruas para protestar contra o pacote de privatização de estatais, em especial aquelas ligadas ao setor de energia. O governo Bolsonaro anunciou a privatização de 17 empresas.
A manifestação ocorreu no centro do Rio no final da tarde e reuniu cerca de 20 mil pessoas, segundo os organizadores. O protesto terminou em frente à sede da Petrobras que, no mesmo dia 3, comemorava 66 anos.
“A entrada de novos protagonistas nas manifestações de rua contra a agenda neoliberal atual é fundamental. A Educação sozinha não será suficiente para mudar o rumo das coisas. Assim como na Previdência ou na Saúde. Qualquer luta isolada não dará certo”, avaliou o professor da Coppe, Fernando Duda, diretor da Adufrj. Para o docente, a dobradinha entre educação e soberania é óbvia. “Sem educação e ciência não há chance de desenvolvimento soberano. Se o Brasil é o que é hoje, em grande parte, se deve à interação entre a graduação e a pós-graduação da universidade e a Petrobrás. Em especial, com a UFRJ”, justificou.
Ainda na concentração do ato, no Largo de São Francisco de Paula, docentes da UFRJ debateram o cenário político. “Existe um sentimento geral de revolta sobre este momento político”, disse a presidente eleita da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller. “Há ataques à pós-graduação e à graduação. Mas também embates violentos em todas as áreas. Precisamos encontrar caminhos que, de fato, detenham a máquina destrutiva do governo”, completou.

EDUCAÇÃO NÃO É GASTO
Já na avenida Rio Branco, representantes do Andes criticaram a asfixia orçamentária do governo Bolsonaro contra universidades e institutos federais. “Se eles dizem que a universidade é cara, mostramos com números e com pesquisa que educação é investimento”, disse a professora Rosineide Freitas, diretora do Andes Regional. “Enquanto formos atacados e a educação pública de qualidade estiver ameaçada, estaremos nas ruas fazendo bastante balbúrdia”, acrescentou, ironizando as afirmações ofensivas do ministro da Educação, Abraham Weintraub, sobre as universidades.
Para o diretor da Adufrj, Felipe Rosa, as declarações “desastradas” do ministro mostram que o ensino público não tem a menor prioridade no atual governo: “Estamos aqui para reafirmar que a Educação é fundamental para que o país enriqueça e a sociedade se dinamize. E para um Brasil melhor”.
Em frente à Candelária, representantes dos petroleiros e trabalhadores da Eletrobrás e da Caixa Econômica defenderam o patrimônio e os serviços públicos. “A ideia de que a privatização barateia serviços é mentira. A telefonia é um exemplo”, advertiu Emanuel Torres, da Associação dos Empregados da Eletrobrás (Aeel). “O nosso desafio é mostrar às pessoas que só vão perder”,.
“O pré-sal brasileiro é a terceira maior reserva do mundo. Essa riqueza não pode ser entregue ao capital internacional”, argumentou o petroleiro Fernando Cerqueira, da Associação dos Engenheiros da Petrobras.
A parceria entre a maior empresa pública do país e a educação foi destacada pela União Nacional dos Estudantes (UNE). Iago Montalvão, presidente da entidade, ressaltou o papel do movimento estudantil na campanha “O Petróleo é Nosso”, lembrando que “a UNE está na fundação da Petrobrás”, “assim como na briga pelo investimento dos royalties para educação”. 
Vários políticos de partidos de oposição também participaram do protesto. “A soberania tem a ver com o povo, com a qualidade de vida. O potencial energético é instrumento da soberania”, disse a presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR).

DIREITO TIRA DÚVIDAS JURÍDICAS DA POPULAÇÃO

Professoras e estudantes da Faculdade Nacional de Direito escolheram a praça pública para dar assistência jurídica à população que circula no entorno da FND, no centro do Rio. A atividade integrou a greve nacional da educação, proposta pelo Andes para os mesmo dias 2 e 3.
O local escolhido foi o Campo de Santana, parque vizinho ao Direito. Com pranchetas e contatos de órgão de atendimento gratuito – como a defensoria – o grupo tirou dúvidas jurídicas de quem atravessava o parque. “Essa é uma das atividades do projeto de extensão do Núcleo de Assessoria Popular Luiza Mahin”, explicou a professora Julia Franzoni, da FND.
Para outra docente de direito penal, Cristiane Brandão, as manifestações em defesa da educação deveriam atrair um público maior. “Vejo os professores preocupados com as questões políticas gerais do país, mas não tão ligados às questões específicas da universidade”, criticou. “Sobre esse projeto Future-se, por exemplo, acho que falta debate na universidade”, disse.

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