Após duas eleições virtuais com grande participação dos professores, a AdUFRJ voltará a realizar um pleito presencial neste ano para a escolha da diretoria e do Conselho de Representantes para o próximo biênio. A mudança no regimento, aprovada em Assembleia Geral esta semana, foi imposta pelo Andes. As eleições remotas estão proibidas pelo estatuto do Andes em todas as seções sindicais. Em 2023, professores da UFRJ escolheram por ampla maioria o sistema remoto.
Desde o anúncio da mudança, vários professores vêm manifestando à diretoria, em grupos de mensagens ou nas redes sociais a insatisfação com o retorno da votação em cédula de papel. “Essa é a forma como o Andes trata com autonomia suas filiais?”, “Impressionante retrocesso, que limita uma participação mais ampla e democrática” e “Renovar para retroceder... nenhuma novidade vindo do Andes. Até quando?” são alguns dos comentários postados nas redes sociais da AdUFRJ.
“Nós, da diretoria da AdUFRJ, lamentamos essa alteração. Infelizmente, continuar com o voto virtual poderia levar à judicialização de todo o processo”, afirma a presidenta da entidade, professora Mayra Goulart. “Entendemos que as eleições em formato virtual contribuem para ampliar a participação dos docentes. Em especial, dos aposentados sindicalizados, que são uma parte importante da nossa base e não costumam frequentar mais os campi”, completa.
O maior quórum eleitoral da história do sindicato aconteceu na primeira votação virtual, em setembro de 2021, durante a pandemia. Foram 1.643 votos computados (48,25% do total de associados). Nos três pleitos anteriores, presenciais, com disputa entre duas chapas, os quóruns foram de 1.501 (2015), 1.308 (2017) e 1.239 (2019) votantes. Em 2013, com chapa única do grupo de atual oposição ao sindicato, apenas 413 docentes votaram. Já em 2023, fora da pandemia e também em votação virtual, houve 1.499 eleitores.
A simplificação da logística era outro ponto favorável ao pleito virtual. Na votação física, é necessário mobilizar dezenas de pessoas para compor as mesas eleitorais e garantir o deslocamento das urnas para todos os campi. “A apuração do resultado também é mais ágil”, diz Mayra.
Desde o último Congresso do Andes, em janeiro deste ano, nada disso é mais possível (veja quadro). A AdUFRJ foi obrigada a mudar seu regimento. “O objetivo desta alteração é apenas retornar para o regimento como ele era em 2015, quando o voto era presencial. Todas as menções à virtualidade foram substituídas por menções à presencialidade”, afirmou Mayra, no início da assembleia do dia 9
OPOSIÇÃO
A volta ao pleito presencial foi comemorada por uma parte dos professores que compareceram à assembleia. “Pode parecer saudosismo, mas acho que esta é uma questão política séria. É a qualidade do voto, não apenas a quantidade”, disse o professor Jorge Ricardo, da Faculdade de Educação. “Vivemos em uma era em que tudo é superficial, tudo é feito correndo. O voto presencial exige uma vontade mais definida da pessoa do que simplesmente votar pelo computador ou pelo celular”.
Durante a assembleia, algumas sugestões foram acolhidas no novo regimento. Uma delas determina que a votação deverá acontecer em locais públicos da UFRJ, nos dias e horários de maior afluxo de eleitores, em turnos não inferiores a quatro horas consecutivas em cada dia da eleição. A legislação anterior previa duas horas consecutivas.
O documento com as mudanças nas regras (confira a íntegra AQUI) recebeu 26 votos favoráveis e dois contrários. Houve ainda duas abstenções e um voto em branco.
O cronograma do processo eleitoral será previsto em um edital, que ainda será apreciado em um Conselho de Representantes e, posteriormente, em outra Assembleia. O regimento geral da AdUFRJ determina que as eleições serão realizadas entre 5 e 15 de setembro dos anos ímpares e convocadas com pelo menos 60 dias de antecedência.
DELEGAÇÃO AO CONAD
Na assembleia do dia 9, também foi eleita a delegação para o 68º Conad do Andes, que acontece em Manaus (AM), entre os dias 11 e 13 de julho. Todos os 16 candidatos que se inscreveram serão observadores no evento. A presidenta da AdUFRJ, professora Mayra Goulart, será a delegada indicada pela diretoria, com direito a voto nas deliberações do encontro.
Serão observadores: Nedir do Espirito Santo (recebeu 29 votos); Ana Lúcia Fernandes (29); Eleonora Ziller (30); Veronica Damasceno (29); Carlos Zarro (30); Daniel Negreiros Conceição (29); Camila Azevedo (14); Renata Flores (14); Cristina Miranda (14); Mariana Trotta (14); Ana Cláudia Tavares (14); Luciana Boiteux (14); Claudia Piccinini (14); Luis Acosta (15); Leonardo D’Angelo (14); Sara Granemann (15).
Se alguém desistir da viagem, será substituído pela professora Alessandra Nicodemos.