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WhatsApp Image 2025 06 06 at 19.08.41Fotos: Fernando SouzaA UFRJ foi a anfitriã de dois fóruns que reuniram, nos dias 5 e 6 de junho, mais de 100 reitores dos países do Brics+ para discussão e assinaturas de acordos nas áreas de inteligência artificial, políticas linguísticas, transição energética, sustentabilidade e combate à pobreza. Ao abrir o Fórum de Reitores das Universidades do Brics+, na sexta-feira (6), no Museu do Amanhã, o ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou que a cooperação entre os países do bloco é um caminho sem volta: “Os Brics não estão no mundo para se opor a ninguém. Nosso espaço de cooperação não se faz em detrimento de ninguém, os Brics estão no mundo para somar. Em um mundo cada vez mais perigoso, identificar parcerias é um achado para reduzir nossa dependência. É por isso que estamos aqui”.
O titular do MEC lembrou que o Brasil ainda enfrenta muitas dificuldades de acesso da população às instituições de ensino, e que a parceria com os Brics+ se enquadra numa política do governo federal de valorização da educação pública. “O que nós queremos hoje é ampliar cada vez mais as oportunidades de acesso para que nossas crianças e nossos jovens transcendam as barreiras de desigualdade que ainda as mantêm longe das cadeiras das universidades. Nossas universidades têm sido exemplos na defesa da democracia, do progresso da ciência e do desenvolvimento social. Esse é um compromisso do governo do presidente Lula, o da luta por uma educação pública, gratuita e qualidade, comprometida com as grandes causas do país e da Humanidade”, disse Camilo.

AMPLIAÇÃO
Inicialmente formado por instituições brasileiras, russas e bielorussas, o Fórum de Reitores vem ampliando a adesão de universidades dos países do Brics+, como África do Sul, Indonésia, Índia, Irã, China, Etiópia, Egito, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
Em sua saudação aos reitores, a cônsul-geral da República Popular da China no Rio de Janeiro, Tian Min, garantiu que seu país está empenhado em fortalecer os laços entre os países do bloco. “Os países do Brics representam metade da população mundial e 30% da economia global. Os Brics estão remodelando a ordem global, e as universidades exercem um papel cada vez mais destacado nesse processo. A China está pronta para participar desse novo caminho, sobretudo no campo da educação digital”, afirmou.
Tian Min anunciou que a China vai montar dez centros de educação digital em países do Brics — um deles no Brasil —, e que as universidades devem se engajar nesse projeto. “Também queremos atuar em áreas como inteligência artificial, criando plataformas multilaterais, e ainda em mudanças climáticas e segurança alimentar”, adiantou ela. O reitor da UFRJ, professor Roberto Medronho, saudou a ampliação das parcerias: “A cooperação entre nossos países contribuirá para a construção de um mundo mais justo, saudável e sustentável”.

RÚSSIA E BIELORRÚSSIA
Cooperação e colaboração foram as palavras mais usadas no encontro. “Temos grandes oportunidades de colaboração. Sou matemático e devo muito de minha formação a cooperações internacionais. Gostaria que nossas juventudes se conhecessem e se relacionassem mais, trocassem experiências. Temos 10.200 alunos em nossa universidade, sendo 1.200 estrangeiros. Infelizmente, ainda nenhum brasileiro, mas espero que seja por pouco tempo”. As palavras do professor Daud Mamiy, vice-presidente da União Russa de Reitores, resumem bem a essência do Fórum dos Reitores das Universidades da Rússia, Brasil e Bielorrússia, organizado pela UFRJ na quinta-feira (5), no auditório CT2, na Cidade Universitária.
Reitor da Adyghe State University, instituição de 85 anos na região do Cáucaso, no sul da Rússia, Mamiy está entusiasmado com os avanços da Liga das Universidades da Rússia, Brasil e Bielorrússia, criada no ano passado na Universidade Estatal de Moscou — Lomonosov, onde ocorreu o primeiro Fórum dos Reitores. “O modelo de criação da Liga, que partiu de cooperações temáticas entre pesquisadores dos três países, é muito promissor. As possibilidades de ampliação de colaborações são vastas”, observou Mamiy.
Ministro da Embaixada do Brasil em Moscou, Marcelo Bolke lembrou que o processo de criação da Liga começou há dois anos, por iniciativa da representação diplomática brasileira na capital russa. “O projeto que hoje celebramos nasceu de uma ideia simples, a de superar o desconhecimento mútuo e criar fontes diretas entre pesquisadores. Em 2023, quando iniciamos essa jornada, identificamos o potencial de colaboração entre as instituições de ensino superior de nossos países. Em vez de seguir o modelo tradicional de assinar acordos genéricos, invertemos essa lógica, e conectamos diretamente professores em grupos temáticos. Assim nasceu a Liga”, recordou Bolke.
O reitor da UFRJ, professor Roberto Medronho, destacou que as parcerias em vários áreas do conhecimento são cada vez mais sólidas no grupo. “A quantidade de acordos e de processos de intercâmbio entre as universidades dos três países cresce de forma exponencial. E essa é uma necessidade para a construção de um novo mundo”, disse Medronho.
Para Andrei Petrov, cônsul-geral da Rússia no Rio de Janeiro, a Liga tem um importante papel a exercer no xadrez global. “São três culturas diferentes, três diferentes formas de ver o mundo. Vamos juntar nossas visões. Não é melhor nos unirmos em prol dos três países? Deixar de ser escravos de inovações de terceiros e caminhar por nós mesmos?”, convocou.
De acordo com o professor Viktor Stempitsky, vice-reitor da Belarusian State University of Informatics and Radioeletronics, a terceira edição do Fórum será realizada no ano que vem em Minsk. “Nossa capital está de braços abertos para recebê-los. É muito importante, e muito urgente para nosso planeta, ampliar essa relação entre nossos países”.

“Temos tecnologias que podemos compartilhar com os parceiros brasileiros”

WhatsApp Image 2025 06 06 at 19.08.41 3Dmitry Savkin
vice-reitor da National Research Nuclear University (MEPHI), de Moscou

Jornal da AdUFRJ: O senhor acaba de assinar um acordo de cooperação técnica com a UFRJ. Qual a importância desse acordo e da parceria geral entre as instituições?
Dmitry Savkin: Este encontro é maravilhoso porque começa a primeira conexão entre as três universidades dos países no território do Brasil. Muitas universidades importantes da Rússia e a da Bielorrússia vieram aqui para ampliar a cooperação. Para nós, é o primeiro acordo com uma universidade no Brasil. Esse é na área de estudos de transição energética. O próximo será com a Universidade de São Paulo, com a qual começaremos o doutorado em Engenharia Nuclear.

Em que campos temáticos a parceria com a UFRJ pode avançar?
Eu acho que com a Universidade Federal do Rio de Janeiro nós podemos desenvolver a inteligência artificial, e trabalhar no desenvolvimento de energia sustentável dos dois países. Isso é o que nós pesquisamos e podemos compartilhar. Temos seis vencedores do Nobel entre nossos pesquisadores. As universidades russas têm algumas tecnologias que podemos compartilhar com os parceiros brasileiros.

Quantos alunos você tem em sua universidade?
No total, há quase 30.000. Cerca de 8.000 estão em Moscou, e o resto está em campi espalhados pelo país. E nós temos quase 80 alunos do Brasil.

E qual o orçamento de sua universidade para este ano?
O orçamento é de cerca de 300 milhões de dólares.

Os recursos são todos do governo russo ou há outras fontes?
Os recursos vêm do governo, somos uma universidade pública. Então as verbas vêm do orçamento da Educação e também de um fundo de desenvolvimento de pesquisa, para o qual contribuem diferentes empresas, algumas de fora da Rússia. Especificamente em Ciências de Computação, nós fazemos pesquisa em segurança cibernética para empresas internacionais. Temos também alguns investidores que contribuem em nossas pesquisas.

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