WhatsApp Image 2024 12 11 at 18.35.44 5Mesa do seminário que discutiu Ciência para o desenvolvimento de Macaé - Fotos: Kelvin Melo‘Queria agradecer muito à AdUFRJ. Que venham mais eventos lindos e excelentes como este para cá”. A fala de gratidão da diretora do Nupem, professora Cíntia Monteiro de Barros, resume o sucesso e a calorosa recepção das atividades realizadas pelo sindicato em Macaé, entre os dias 2 e 6 de dezembro.
A docente fez um destaque especial para a exposição fotográfica “Servidores da Sociedade” que ocupou um salão da unidade durante toda a semana passada. “Essa exposição me deixou muito deslumbrada. Eu adoro foto. Tenho prima fotógrafa e a gente revelava fotos juntas”, disse.
Além da mostra, a AdUFRJ mobilizou para a cidade do Norte Fluminense os setores administrativo e de comunicação, sua assessoria jurídica e de planos de saúde. E, para fechar a programação com “chave de ouro”, um seminário debateu o papel da ciência no desenvolvimento de Macaé. O evento final reuniu professores de diversas instituições de educação superior da região e agentes do poder público local.
Diretor do sindicato e também professor do Nupem, Rodrigo Nunes da Fonseca comemorou a iniciativa. “Esta foi a primeira vez que a AdUFRJ fez uma semana inteira de eventos aqui. A repercussão foi superpositiva, mostrando um sindicato ativo não só na capital. E nossa expectativa é fazer isso também em Caxias”, adiantou, sobre o campus da universidade na Baixada Fluminense.
O seminário sobre financiamento foi muito bem recebido por todos, de acordo com Rodrigo. “Várias pessoas que não eram filiadas foram ao evento e ressaltaram o papel diferenciado do sindicato de fazer essa discussão de interesse dos docentes”, disse.
Confira, a seguir, como foi esta semana tão especial em Macaé.

EXPOSIÇÃO ENCANTA NO NUPEM

A exposição “Servidores da Sociedade”, já elogiada em suas passagens no campus da Praia Vermelha e no Centro de Ciências da Saúde (CCS),WhatsApp Image 2024 12 11 at 18.48.41 também encantou os docentes de Macaé com 220 imagens retratando personagens e o cotidiano de todos os cantos da UFRJ.
“Penso ser muito importante nós termos consciência da grandiosidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com ensino, pesquisa e extensão de referência nacional e internacional”, disse a professora Gláucia Valente Valadares (foto à direita), do Instituto de Enfermagem do Centro Multidisciplinar. “Olhar as fotos da UFRJ, ainda mais numa sexta-feira, é um bálsamo para nossa alma”.
“Gostei muito de ver o CCS, especialmente a Escola de Enfermagem Anna Nery, o Centro Multidisciplinar de Macaé e o Nupem. Ainda assim, penso que a beleza da universidade está no que ela tem de complexo, nessa mistura e nessa potência. Ficou muito bonito o trabalho”, completou Gláucia, que sugeriu uma “esticadinha” da exposição no Centro Multidisciplinar, no início do próximo ano letivo.
O pesquisador pós-doc Lupis Ribeiro Gomes Neto destacou um lado da exposição também como registro histórico da atuação da universidade. Como as imagens que mostram as pessoas de máscaras durante a pandemia do coronavírus. “Foi um evento triste, mas um marco. Fizemos um esforço muito grande para salvar vidas aqui no município”, disse.
A mostra também trouxe momentos de alegria. Uma das imagens era de uma visita da turma de seu filho Pedro ao Nupem por conta do Dia dos Oceanos. “Ele pôde ver o trabalho dos meus colegas e gostou muito”, afirmou Lupis, que se reconheceu na foto.
WhatsApp Image 2024 12 11 at 18.37.10 2Com uma família inteira ligada à UFRJ, a técnica-administrativa Paula Marinho Pontes (foto à esquerda) também se emocionou com as imagens e se encontrou em uma delas. “Minha mãe, minha tia e meu tio são servidores do Fundão. Minha irmã é professora no CCMN. Desde pequenininha, tenho essa vivência de UFRJ. Vi muita gente aqui que me emocionou mesmo”, contou.
A técnica de laboratório fez estágio na Farmácia Universitária, um dos registros da exposição. “Assim que olhei aquela foto, lembrei da ótima experiência de servir à comunidade. Desde aluno, a gente já serve. Como servidor, servimos mais ainda”, disse. “A UFRJ é muito grande, muito diversa. Isso é o que mais me encanta”, concluiu Paula.

PLANTÕES ESPECIAIS TIRARAM DÚVIDAS JURÍDICAS E DE SAÚDE

O professor Vinícius Albano, do Nupem, foi o primeiro sindicalizado atendido no plantão jurídico especial organizado pela AdUFRJ em Macaé, no dia 5. O docente buscou orientação para resolver um problema com sua progressão na carreira.
Vinícius elogiou a iniciativa da AdUFRJ de levar atendimentos jurídico e de saúde, exposição fotográfica e um seminário para a cidade. “Se o sindicato chega até mim, eu me sinto mais acolhido. Acho fundamental essa presença. Claro que hoje em dia o remoto nos ajuda, mas, ocasionalmente, ter essa possibilidade é muito importante”, disse.WhatsApp Image 2024 12 11 at 18.37.10 1
Questões relacionadas à progressão também motivaram os professores Rejane Valvano e Luiz Couceiro (ambos do Nupem) a procurar o serviço. “A AdUFRJ, com este atendimento, conseguiu reverter o quadro de insegurança jurídica que a gente tinha e nos deu a esperança de que teremos nossos direitos reconhecidos”, afirmou Luiz.
A professora Rejane torce por mais plantões presenciais, no futuro. “Se pudesse ter todo semestre seria ótimo. Facilita bastante”. Embora os atendimentos também possam acontecer por videoconferência desde o Rio, a docente avalia que não é a mesma coisa. “Tem a ver também com saúde mental. Já está muito estressante fazer tudo no celular, tudo no computador. É diferente um acolhimento presencial, olhar a pessoa”.
Já a professora Beatriz Gonçalves Pinheiro, do Instituto de Alimentação e Nutrição, buscou a assessoria jurídica para falar do processo dos 3,17%. “Achei excelente. Para mim, veio no momento certo. Estava precisando dessas informações. Às vezes, a gente pensa em ligar, mandar email e isso acaba se perdendo nas atribulações do dia a dia. A presença aqui é mais incentivadora”, disse, também ressaltando o presencial. “O contato pessoal, a gente aprendeu durante o ensino remoto na pandemia, faz grande diferença”.

SAÚDE EM PAUTA
A professora Laura Weber, do Nupem, procurou o plantão de saúde no dia 6. Sem plano no momento, a docente tirou dúvidas com o consultor Luiz Alberto sobre as melhores opções para ela e seu esposo e elogiou a iniciativa do sindicato. “Achei fantástica. A gente é muito ocupado. Ter essa oportunidade é muito bom”, afirmou.

SEMINÁRIO DISCUTIU CIÊNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO DA CIDADE

No ponto alto da programação organizada pela AdUFRJ em Macaé, professores e representantes do poder público local se reuniram no Nupem, dia 6, para discutir como a Ciência pode ajudar a desenvolver a cidade. A iniciativa, ao mesmo tempo, tenta prevenir um colapso econômico: hoje, o município de 260 mil habitantes do Norte Fluminense tem forte dependência das receitas da indústria do petróleo, um recurso natural não renovável.
“Estamos aqui pensando como esse polo universitário pode contribuir para criar formas alternativas de desenvolvimento, menos dependentes de um combustível fóssil e menos nocivas ao meio ambiente”, afirmou a presidenta da AdUFRJ, professora Mayra Goulart.
O ecossistema científico para esta missão já existe e deve ser fortalecido. Estão sediados em Macaé, além da UFRJ, a UFF, o IFRJ e uma faculdade municipal (Femass). “Temos aqui um município com a vocação de produção de ciência, de tecnologia, de capacitação de mão de obra”, disse Mayra, que também é coordenadora do Observatório do Conhecimento — rede de associações docentes que defendem a universidade pública.
Mayra apresentou um estudo do Observatório que mostra o compromisso de recentes gestões da prefeitura com as universidades. Entre 2018 e 2024, houve um aumento dos recursos aplicados no ensino superior: de R$ 8,72 milhões para R$ 35,36 milhões. Mas é preciso mais.
“Nós temos o desafio da interiorização da ciência. Aqui é simbólico. Não é do litoral para o interior. Mas precisamos diversificar os espaços de produção de conhecimento. Para que não haja concentração nas mesmas cidades que conhecemos, como Rio, São Paulo e Belo Horizonte”, concluiu Mayra.

MACAÉ, UMA CIDADE
UNIVERSITÁRIA

Diretor da AdUFRJ e professor do Nupem, Rodrigo Nunes da Fonseca reforçou que a cidade reúne os recursos humanos necessários para fazer esta transformação. “Na década de 1980, o município iniciou uma sólida e bem-sucedida política para a instalação de universidades públicas em seu território. Como resultado, passou de uma cidade exportadora de universitários para uma cidade universitária onde vivem milhares de estudantes e cientistas de diferentes instituições e áreas do conhecimento”, disse.
“Somente a UFRJ possui mais de 400 docentes e técnicos-administrativos, muitos deles com doutorado, capazes de apoiar iniciativas do poder público local e contribuir com a sociedade de Macaé. Este modelo já é praticado há décadas por vários municípios brasileiros, como São Carlos, Campinas, Piracicaba, Petrolina e Campina Grande”, afirmou Rodrigo. “Esta é uma oportunidade ímpar de contribuir para que o crescimento de Macaé ocorra com equidade econômica, social e com preservação ambiental”.
Crescimento que deve acontecer com industrialização e igualdade de distribuição da renda, na opinião da professora Ligia Bahia, que representou a SBPC no encontro. “Somos uma sociedade que vem da escravidão e do extrativismo. Isso gera um modelo com imensa desigualdade. Como a gente sai disso? Com desenvolvimento, com modernidade”, avaliou. “E, para nós, desenvolvimento sempre foi indústria. Uma indústria que não polua, que gere modernidade. Porque, senão, a indústria pode concentrar riqueza, como aconteceu nos anos 50”, completou.
Industrializar, claro, significa investir em pesquisa. “A Ciência desenvolve. Quem produz é a indústria”, afirmou. “Precisamos ser capazes de desenvolver projetos de moradia que não existem, medicamentos que não existem ainda. A gente não chega a gastar 2% do PIB com ciência. Precisamos ampliar os investimentos para sair da escravidão e do extrativismo para uma modernidade igualitária”.

CIDADE DO CONHECIMENTO
É o que tem buscado fazer a atual gestão da prefeitura. Líder do governo na Câmara Municipal, o vereador Luciano Diniz (Cidadania) listou alguns investimentos — em fase de estudo de licitação — para a consolidação da UFRJ na cidade, como a construção de um novo prédio para os cursos de engenharia no Centro Multidisciplinar e um restaurante-escola do curso de Nutrição.
O parlamentar considera o atual prefeito, Welberth Rezende (também do Cidadania) — que se reelegeu —, um aliado da educação superior. “Foi um prefeito que nunca se negou a receber a universidade”.
Só que, para a Ciência avançar, é precisa juntar obras de infraestrutura com o financiamento de projetos e bolsas. “Ciência se faz muito com infraestrutura física, sim. É muito importante a construção de prédios, laboratórios. Mas não somente. Ciência se faz com pessoas, com cientistas, com estudantes de iniciação científica e de pós-graduação. Precisamos de financiamento para essas pessoas”, disse a diretora do Nupem, professora Cíntia Barros.
Já o vice-decano do Centro Multidisciplinar da UFRJ, professor Carlos Eduardo Lopes, cobrou mais empenho de todos para se alcançar a “Macaé do futuro”. Para ele, o município poderia se espelhar em experiências internacionais bem-sucedidas como a da Noruega: também forte no petróleo, mas que investe muito em ciência, tecnologia e inovação.
“Se você passeia por Macaé, você vê bandeirinha da Noruega para cima para baixo. São empresas norueguesas criadas com o know-how da tecnologia do petróleo e que hoje exportam tecnologias para o mundo inteiro. Já o inverso não acontece. Quando vamos em outras capitais do petróleo, onde estão as empresas macaenses?”, questionou. “E precisamos levar esse assunto não só para os dois vereadores que estão sempre com a gente, mas para todos os vereadores, para todo o governo”.
Vice-prefeito eleito, Fabiano Paschoal (MDB) aposta na cooperação com as universidades, mas expôs as limitações do governo. “Mal comparando, Juscelino Kubitschek dizia que ia desenvolver o Brasil 50 anos em 5 anos. A gente tenta recuperar Macaé 200 anos em 4 anos. Isso não é fácil”, disse.
Fabiano observou que a cidade possui 17 mil servidores. “Macaé tem mais servidor que qualquer município do estado e, proporcionalmente, mais que a capital. É difícil, ás vezes, fazer pesquisa e inovação, com uma folha de R$ 126 milhões mensais na rubrica de pessoal. Mas é preciso fazer”, disse. “Nosso prefeito está pensando Macaé 20 anos à frente. O petróleo vai acabar. Isso é verdade. Mas isso também não é uma coisa para amanhã”, ponderou.
O reitor Roberto Medronho fez um anúncio que animou a plateia, ansiosa pelo desenvolvimento científico da cidade. “Estamos estudando implantar uma subsidiária do Parque Tecnológico aqui em Macaé. Acreditamos que essa relação entre prefeitura, UFRJ e setor produtivo vai fazer grandes transformações”, disse.
O dirigente encerrou dizendo que a UFRJ deve ajudar a mudar a forma como a cidade do Norte Fluminense é mais conhecida: seja “capital do petróleo” ou, mais recentemente, “capital da energia”. “Temos o dever de também contribuir para que esta cidade seja também a Cidade do Conhecimento”.

TÍTULOS

Ao fim das apresentações do seminário, a vereadora Iza Vicente (Rede) entregou o título de Cidadania Macaense à professora Cíntia e o de Honra ao Mérito ao professor Rodrigo Nunes.

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