A última reunião do Conselho Universitário, na quinta-feira, 28, foi a mais perfeita tradução de uma Universidade Federal do Rio de Janeiro que conjuga esperança com desalento.

Na primeira parte do encontro, estudantes, professores e técnicos listaram os dramáticos problemas de infraestrutura que castigam os campi nos últimos meses. Só na semana passada, tivemos falta de água cancelando aulas no IFCS, adiamento da entrada de calouros na Educação Física e a falta de pagamentos dos terceirizados da segurança.

“Isso é a cada minuto. A questão fundamental é a do orçamento. É difícil fazer planejamento quando você só tem que apagar incêndio”, lamentou o reitor Roberto Medronho. “Vamos precisar ampliar a luta por mais orçamento. Não há como manter nossas atividades”, completou Medronho diante de uma plateia já sem fôlego para tantos cortes.

Já a parte final do Consuni foi de suspirar. Combinou os relatos grandiosos das mais de 6.495 pesquisas apresentadas na Siac com a notícia de que a UFRJ abrigará o Centro de Inovação dos Brics.

“Nós precisamos que a UFRJ seja reconhecida pelo que ela tem de bom. Todos lá fora nos veem assim. E dentro do Brasil também”, conclamou o professor Romildo Toledo, ao fazer o balanço de recente viagem de trabalho da reitoria à Rússia e China, em que trouxe na bagagem a assinatura de mais de 12 acordos internacionais.

O sucesso da Siac, a esperança de Romildo e o desabafo do reitor foram resumidos na análise do conselheiro e diretor da AdUFRJ, Antonio Solé. “A UFRJ é uma Belíndia e não precisa ser assim. Fomos da Índia para a Bélgica em uma hora de reunião”, resumiu, citando o clássico conceito formulado em 1974 pelo economista Edmar Bacha para definir a desigualdade que nos une e nos pune no Brasil.

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