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Em sua edição nº 1.324, de 8 de julho passado, o Jornal da AdUFRJ publicou uma reportagem sobre o resultado preliminar do edital Pró-Infra Expansão 2023, da Finep, no qual o único subprojeto submetido pela UFRJ foi classificado como “não recomendado”. Denominada UFRJ Digital — Convergir o Físico e o Digital para Expandir a Pesquisa, Ensino e Extensão na UFRJ —, a proposta pleiteou recursos de R$ 25 milhões. Na análise de mérito, o parecerista da Finep deu nota média de 3,18 ao subprojeto (em um máximo de 5,00) e listou várias inconformidades. Nesta edição, o Jornal da AdUFRJ abre mais uma vez espaço para os argumentos da reitoria em defesa da proposta, incluindo o recurso submetido à Finep para reavaliação do subprojeto, cujo teor pode ser encontrado no link: https://is.gd/cMSlPb

DEPOIMENTO I ROBERTO MEDRONHO, REITOR DA UFRJ

WhatsApp Image 2024 07 15 at 15.36.37 2Foto: Fernando Souza/Arquivo AdUFRJEm depoimento ao Jornal da AdUFRJ, o reitor Roberto Medronho defende um novo paradigma nos mecanismos de fomento à pesquisa no país. Ele também mostrou confiança de que o recurso à não aprovação do projeto Transformação Digital da UFRJ que visa à modernização da rede de TI da UFRJ será acolhido pela Finep. A seguir, os principais trechos:

“Esse é um projeto institucional e se enquadra em um dos objetivos do edital Pró-Infra 2023 Expansão, que é ‘apoiar financeiramente a execução de projetos institucionais de expansão e desenvolvimento de infraestrutura de pesquisa e reforçar e consolidar a infraestrutura de pesquisa em todo o país’. Foi exatamente o que nós fizemos ao apresentar esse projeto”.
“Este projeto beneficiará todos os laboratórios da UFRJ. É um projeto verdadeiramente institucional, e não um projeto que vá beneficiar o laboratório A, B ou C. Como normalmente é feita a seleção de projetos aos editais da Finep como este? O reitor elege alguns laboratórios, usando uma determinada metodologia, para fazerem os subprojetos. Normalmente são os laboratórios que apresentam maior produtividade, aptos a conquistarem os editais. No meu modo de entender, embora a respeite, essa visão não se configura, na prática, em um projeto institucional, mas sim a reunião de cinco projetos de cinco laboratórios, que é o número de subprojetos permitido pelo edital no caso da UFRJ. Importante ressaltar também que nos editais da Finep mais específicos, a UFRJ foi plenamente contemplada”.

“Nós entendemos que a reitoria da UFRJ deve ter um olhar para todas as áreas do conhecimento. Temos sérios problemas em nossa rede de dados e em nossa rede elétrica. São problemas que impactam todos os laboratórios, dos mais sofisticados aos mais iniciantes em suas pesquisas. Nossa lógica foi tentar estruturar um projeto que contemplasse toda a UFRJ, para fortalecer todas as nossas pesquisas”.

“A tradição dos avaliadores das agências de fomento à pesquisa no Brasil é considerar projetos que solicitem um equipamento sofisticado, um microscópio, por exemplo, e mensurar a produção de artigos científicos que é feita a partir dele. Mas de que adianta comprar o mais sofisticado equipamento, se a nossa rede elétrica vive caindo? Ou adquirir um computador de alto desempenho, se nossa rede de dados está cheia de problemas?”.

“Esse tipo de visão que ainda predomina no fomento à pesquisa é uma visão que não dá escala para o país. Nós temos que pensar em projetos estruturantes para o país, não apenas para um laboratório específico. Só que a cultura dos editais acabou gerando uma fragmentação muito grande. Tenho muito orgulho de todas as pesquisas que fazemos, dos laboratórios de ponta que nós temos na UFRJ, e são muitos. Mas hoje o Brasil está precisando de muito mais do que isso. Está precisando de escala, de que todos os laboratórios funcionem com sua rede de dados perfeita, com instalações elétricas adequadas. Porque só assim nós teremos os saltos em ciência, tecnologia e inovação de que tanto precisamos para desenvolver nosso país”.

“Vou dar o exemplo da Rede Rio, que é um caso de sucesso. Hoje, um projeto que fosse pedir financiamento para agências de fomento propondo a criação de uma Rede Rio não seria aprovado, porque não tem o binômio equipamento/produtividade científica. Só que a Rede Rio foi fundamental para escalar a pesquisa no Rio de Janeiro. Outro exemplo é a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), que não seria aprovada na visão de muitos avaliadores. Nosso projeto tem essa visão de rede”.

“O que nós queremos, tão somente, é melhorar o ambiente de pesquisa em toda a UFRJ para que todos os laboratórios se beneficiem. Infelizmente isso não contou com a compreensão do avaliador, e nós agora temos muita esperança que nosso recurso seja acatado. Essa indicação para não aprovação na avaliação preliminar deixou estupefatos muitos pesquisadores de todo o país. Mas estamos animados de que vamos conseguir reverter o processo”.

“Acho que temos que mudar a visão que sempre prevaleceu no Brasil do ‘dê meu equipamento que eu farei produção de paper’. Nós precisamos pensar institucionalmente e integradamente com outras instituições de pesquisa do Brasil e do mundo. É assim que a Ciência tem evoluído. Temos que refletir sobre qual a melhor forma de fomento à ciência, tecnologia e inovação neste país. Este modelo precisa ser revisitado e reformatado integralmente pelo bem do desenvolvimento do Brasil”.

Carta do professor Guilherme Horta Travassos

WhatsApp Image 2024 07 15 at 15.36.37 3Arquivo PessoalProfessor do Programa de
Engenharia de Sistemas e
Computação (PESC) da Coppe/UFRJ

Com surpresa li a matéria na última edição do jornal da ADUFRJ de 8/7/2024 sobre resultados preliminares da avaliação de mérito no edital Pró-INFRA 2023 EXPANSÃO, onde meu nome foi citado como um dos responsáveis por preparar recurso. Interessante não ter sido em momento algum procurado pelos responsáveis pela publicação. Caso ocorresse, conforme sugerido no bom jornalismo, teriam tido acesso ao projeto submetido. Eu me questiono se os autores da matéria ou mesmo os críticos anônimos e explícitos leram o projeto, o qual eu estive também na linha de frente de sua preparação por solicitação da PR-2. Para isso, contamos com a colaboração de diferentes atores internos, incluindo com destaque nossos profissionais da SGTIC.
Em momento que os resultados do edital ainda estão em processamento, me chama atenção o título da reportagem e, mais ainda, a disponibilidade do parecer preliminar, acessível somente via sistema FINEP e colocado disponível de forma pública e destacada na matéria. Foram três editais FINEP, um deles voltado para projetos institucionais: Pró-Infra 2023 Expansão. Os outros dois receberam propostas de projetos de grupos de pesquisa específicos da UFRJ (por acaso participo da equipe de um deles), avaliados satisfatoriamente. Conforme objetivo do próprio edital Pró-Infra 2023 Expansão, este tem a intenção de “apoiar financeiramente a execução de projetos institucionais de expansão e desenvolvimento de infraestrutura de pesquisa e reforçar e consolidar a infraestrutura de pesquisa em todo o País”, propício a apoiar a evolução da nossa capacidade de pesquisa coletiva, talvez este um elemento inesperado nas inúmeras submissões que temos realizado até então, consequência de comportamento individualista de décadas. Nossa visão de organização se perdeu ao longo dos anos, talvez efeito dos formatos de editais naturalmente fragmentadores. Se fosse em outro cenário, me arriscaria a dizer que nos habituamos a trabalhar no varejo, porém isso não mais escala tendo em vista os problemas que enfrentamos!
Para a construção da proposta realizamos uma consulta no início do mês de março de 2024 com a comunidade de pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), cujas respostas retratam a realidade vivenciada em toda a universidade. Essa consulta evidenciou problemas recorrentes e frequentes de conexão com a Internet, dificuldade em realizar atividades remotas (reuniões, palestras, dentre outras), baixa velocidade e intermitência de acesso à internet e sistemas administrativos da UFRJ, deficiência de sinal de WiFi, falta de capacidade computacional e espaços de armazenamento, deficiência de sistemas de telefonia e queda frequente de energia. Esses problemas não contribuem para um ambiente favorável ao desenvolvimento científico e tecnológico da UFRJ.

NOTA DA REDAÇÃO: A reportagem ouviu o pró-reitor de Pós-graduação e Pesquisa, professor João Torres, coordenador do projeto encaminhado à Finep, que falou pela equipe.

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