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WhatsApp Image 2024 05 16 at 22.04.55A Escola de Educação Física e Desportos decide em uma congregação do dia 24 o que fazer com as aulas suspensas após o segundo desabamento do telhado do prédio, em 1º de maio — o primeiro aconteceu em setembro do ano passado. O imóvel continua interditado e somente as disciplinas oferecidas em outras unidades estão mantidas.
No dia 14, a reitoria e a comunidade da EEFD se reuniram no auditório da Farmácia para discutir a situação da unidade. No encontro, a maioria se manifestou contra a possibilidade de ensino remoto.
Também foi rejeitada a proposta do reitor Roberto Medronho de levar atividades práticas dos cursos para o Centro de Educação Física da Marinha (Cefan), na Penha — as instalações chegaram a ser visitadas por representantes da reitoria, da direção da Escola e dos alunos, na semana passada. A comunidade não quer sair da UFRJ, além do desconforto com a utilização de um espaço militar.
A administração central tenta evitar que o semestre letivo seja suspenso. “A nossa preocupação é que os alunos não percam o semestre. Sabe qual meu medo numa suspensão do período? É a evasão. E, tendo evasão, será muito provavelmente dos setores mais vulneráveis”, avaliou o reitor Roberto Medronho para a reportagem. “Estamos fazendo o possível e o impossível para não suspender o semestre. Mas o corpo social da Escola é soberano para tomar sua própria decisão”.
Por enquanto, a proposta que sai na frente é manter as disciplinas de 2024/1 que já são oferecidas em outras unidades da UFRJ e transferir todas as demais para um período especial, que seria realizado entre dezembro deste ano e março do ano que vem.
Haveria um mês de recesso, em janeiro, por questão de segurança. “Janeiro é um momento que o campus fica bastante esvaziado. Principalmente para o horário noturno”, afirmou a diretora da Escola, professora Katya Gualter.
Entre um e outro, o segundo semestre letivo já voltaria a acontecer na sede, com a expectativa de que o escoramento do telhado seja concluído antes de agosto.
Agora, mesmo que houvesse espaços adequados em outras unidades da UFRJ para abrigar os cursos, falta tempo: “Hoje, 14 de maio, pelo calendário oficial, nos restam dez semanas para o término do período letivo. O que não é suficiente para cumprir os conteúdos”, afirmou a professora Francine Nogueira, coordenadora do curso de Licenciatura em Educação Física.
A docente explica que 2024/2 seria encurtado em três semanas para comportar o período especial. “A vantagem disso é que vamos conseguir dar conta da retenção que vamos causar agora”, completou. O aluno que se formaria no fim do ano adiaria a conclusão do curso por poucos meses.

LENTIDÃO PREOCUPA
A reitoria conseguiu R$ 300 mil junto ao MEC para fazer o escoramento emergencial do trecho recém-destruído, no bloco A da EEFD. Em paralelo, a administração central tenta obter a verba para sustentar todos os beirais da edificação. “Queremos fazer isso o mais depressa possível. Mas precisamos de R$ 1,85 milhão. Só podemos abrir a Escola de Educação Física após o escoramento de todo o beiral”, afirmou o reitor Roberto Medronho.
Já para a reforma completa da cobertura, eliminando a necessidade de escoramentos, são necessários R$ 8 milhões. “Estou correndo atrás. Não só por solicitação ao MEC, mas buscando a bancada parlamentar, pedindo emenda de orçamento, para que a gente resolva este problema definitivamente”, explicou o dirigente.
Cada dia conta nesta corrida por orçamento. Somente o escoramento representa um custo anual aproximado de R$ 2 milhões. Se, dentro de quatro anos, a universidade não conseguir reformar o telhado, terá gasto o equivalente apenas com a sustentação.
A principal preocupação da comunidade é com a lentidão das obras. O primeiro escoramento emergencial, somente no trecho atingido do primeiro desabamento, demorou três meses. A obra de sustentação daquele bloco (B), como um todo, só começou esta semana. E, para o trecho recém-destruído, no bloco A, ainda não há sequer a previsão de início da reforma.

MELHOR PREVENIR DO QUE REMEDIAR

O Conselho Superior de Coordenação Executiva (CSCE) — colegiado que congrega a reitoria e decanos — aprovou, no dia 7, uma metodologia que poderá ajudar os gestores da universidade a prevenir situações como a do desabamento na Escola de Educação Física e Desportos.
A ideia é substituir o tratamento subjetivo que cada um pode ter em relação aos problemas por critérios bem objetivos. Através do preenchimento de mapas de risco — que seguem orientações e categorias predefinidas pela Controladoria-Geral da União —, será possível ao gestor avaliar quais processos merecem mais atenção.
“Quando considerar que um risco tem alta probabilidade de ocorrência? Quando considerar que um risco tem alto impacto? Esse plano ajuda a ter mais critério”, explica a pró-reitora de Governança, professora Claudia Cruz. “Cada instância deve olhar suas atividades, seus processos, seus prédios. É um documento que vai servir para o trabalho da auditoria interna, do Escritório Técnico, da Prefeitura Universitária, das decanias, unidades acadêmicas, das pró-reitorias e reitoria”.
Mesmo diante da grave crise orçamentária — origem de muitos problemas da UFRJ — a pró-reitora defende que os gestores ou servidores encarregados abracem a iniciativa. “É frustrante identificar riscos sem ter, muitas vezes, condições efetivas de saná-los. Mas identificar e comunicar esse risco a tempo ao MEC é uma prova de que não estamos sendo negligentes. Não podemos ficar inertes, sem levantar essas informações”.
Além disso, nem todo risco vai depender de aporte de recursos para ser solucionado. Realização de vistorias periódicas em extintores de incêndio e treinamento interno de servidores para formação de brigada são alguns exemplos. “É um investimento de tempo necessário e bastante oportuno já que um dos principais benefícios que se pode ter é a própria redução de retrabalho e ineficiências dos processos”, afirma a pró-reitora.
Embora a aprovação no CSCE tenha ocorrido alguns dias após o sinistro na EEFD, os dois eventos não têm relação. A metodologia de agora é resultado de discussões que já aconteciam no Conselho Universitário desde 2019, atendendo a um decreto federal de dois anos antes. “O decreto federal de 2017 tornou obrigatória a gestão de riscos em toda a administração federal”, explica Claudia.
A pró-reitora não dá um prazo para a implantação completa da iniciativa. “Não há um prazo final. A ideia é fazer essa disseminação da cultura de gestão de riscos aos poucos, começando pela administração central. Inclusive, treinando servidores da UFRJ para pensar o risco de forma mais sistematizada. Na PR-6 (Governança), temos um corpo limitado de servidores, mas, por ser um projeto estratégico para a universidade, vamos priorizar”, afirma a dirigente.

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