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WhatsApp Image 2022 12 16 at 20.43.26 5Fotos: Igor VieiraPor Kelvin Melo e Silvana Sá

Após 15 dias de sufoco financeiro, a UFRJ começou a respirar nesta sexta-feira. O governo repassou todos os recursos que estavam bloqueados: R$ 16 milhões de despesas empenhadas de meses anteriores. A pró-reitoria de Finanças iniciou os pagamentos, que devem cair na conta das empresas, funcionários extraquadros dos hospitais e estudantes que ficaram sem as bolsas a partir da próxima segunda (19). Mas, até os burocratas do Ministério da Economia se movimentarem, a comunidade acadêmica experimentou duas semanas de agonia.

“Foi um período que trouxe muitos danos, em alguns casos irreversíveis, com atividades sendo afetadas em todas esferas, instabilidades de todas ordens, fornecedores se inviabilizando”, afirmou o pró-reitor de Finanças, professor Eduardo Raupp. “Teremos agora um alívio, mas certamente foi um erro grave do governo federal, com muitas repercussões na gestão e para as pessoas, sobretudo para estudantes e trabalhadores terceirizados e extraquadros”.

Com terceirizados há mais de dez dias sem receber salários e benefícios, a crise estourou no bandejão. Em solidariedade aos profissionais do sistema de alimentação, estudantes bloquearam os acessos às unidades do restaurante universitário. A reitoria decidiu manter apenas o restaurante central em funcionamento. No final da manhã do dia 15, no entanto, um novo piquete impediu que mais de 1,5 mil pessoas se alimentassem.

Com o risco iminente de desperdício das 1.500 refeições e prejuízo maior para os alunos mais vulneráveis da universidade, a AdUFRJ se reuniu com outras entidades que compõem o Formas – Fórum de Mobilização e Ação Solidária da UFRJ, composto também pelo Sintufrj, DCE, APG e Attufrj – e com integrantes da administração central em busca de uma solução. Depois de três horas de debate, a saída encontrada foi a distribuição das quentinhas aos estudantes moradores do alojamento pela própria reitoria.WhatsApp Image 2022 12 16 at 20.43.26 6Bloqueio no bandejão central

Outro encaminhamento da reunião foi que o RU Central será mantido em funcionamento mínimo, exclusivamente para atender os estudantes mais vulneráveis. A listagem de quem terá direito à alimentação será disponibilizada pela pró-reitoria de Assistência Estudantil. O acordo é uma tentativa de reduzir o impacto sobre os trabalhadores que estão sem salários e não prejudicar os estudantes em maior vulnerabilidade.

A crise nos restaurantes não foi o único desdobramento da falta de recursos. Nas áreas de limpeza e segurança, parte dos terceirizados também ficou sem salários e benefícios.

Já a empresa responsável pelo transporte interno e intercampi, que iria deixar o serviço esta semana, vai continuar operando até o fim do ano, com redução da frota. Houve aumento do intervalo de viagens dos ônibus que circulam na Cidade Universitária.

“A empresa já assinou termo aditivo”, informou o pró-reitor de Governança, André Esteves, em reunião do Conselho Superior de Coordenação Executiva (CSCE), na terça (13). A maior preocupação passa a ser com a substituição, a partir de janeiro. “A licitação ocorrerá no dia 20. Teremos 11 dias para substituir do contrato emergencialmente”, completou.

Nas unidades de saúde da UFRJ, 884 funcionários extraquadros — sem vinculo efetivo, os profissionais complementam a mão de obra hospitalar — ficaram sem receber. Destes, 592 trabalham no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. O repasse aos funcionários deveria ter ocorrido até o dia 10.

Segundo nota divulgada pela assessoria de imprensa do HUCFF, “os prestadores de serviço têm feito revezamento para não comprometer a nossa assistência”. “Pedir paciência para esta situação delicada é inadequado. Mas temos pedido que haja tolerância quanto à situação, uma vez que os maiores prejudicados são nossos pacientes”, diz Marcos Freire, diretor geral do hospital.

E AGORA?
O repasse dos recursos não quer dizer que a UFRJ vai terminar o ano com tranquilidade. Longe disso. “Voltamos à situação de antes do bloqueio. Aguardando a suplementação para pagamento dos extraquadros referente a dezembro e carregando nosso déficit para 2023, fruto do orçamento insuficiente e, sobretudo, do corte de 7,2% realizado no meio do ano”, explicou Raupp.
(colaborou Estela Magalhães)

Sindicatos foram ao MPF contra os cortes

AdUFRJ e Sintufrj ingressaram com uma representação junto ao Ministério Público Federal para desbloquear o orçamento da universidade, no dia 8. No documento, as assessorias jurídicas dos dois sindicatos afirmaram que a medida do governo violava a autonomia universitária, “uma vez que inexistem condições do exercício dessa prerrogativa quando dissociadas das necessidades financeiras de custeio, conforme assegura a Constituição da República”.

“Estamos muito preocupados com a questão dos cortes. Não só pela questão organizacional da universidade, mas principalmente pelo drama humano. São centenas de pessoas sem pagamento às vésperas do Natal. Isso é uma crueldade extrema”, disse o presidente da AdUFRJ, professor João Torres. “Estamos fazendo o que for possível para resolver essa situação”.

No dia 15, AdUFRJ e Sintufrj, além da Associação de Pós-graduandos e a associação de terceirizados da universidade (ATTUFRJ), reuniram-se com o procurador Alexandre Chaves, que recebeu a representação na véspera. “Como primeira providência, o que eu fiz foi oficiar tanto Ministério da Educação quanto a própria UFRJ para se pronunciarem em até 72 horas sobre os cortes e apresentem documentos, no caso da universidade, formalizando estes cortes; e, no caso do ministério, apontando alguma medida em andamento”, informou Chaves.

 

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