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Por Alexandre Medeiros e Júlia Fernandes

 

Apoiado em uma mureta do VLT na esquina das avenidas Presidente Vargas e Rio Branco, seu Otávio tinha os olhos marejados. Calado, sozinho, vestido com calça de tergal e camisa social branca, ele destoava da multidão de jovens de camisetas, bermudas, sandálias, bandeiras, faixas, cartazes e estandartes que ia em direção à Candelária, gritando “Lula presidente!” e “Fora, Bol sonaro!”, no ato nacional unificado contra os cortes na Educação, na terça-feira (18). “No meio dessa garotada, eu consigo ter um pouco de esperança”, disse ele, apontando timidamente um adesivo de Lula 13 no bolso da camisa.

Esperança. Talvez seja essa a palavra que melhor resuma o ato do dia 18, que levou às ruas do Centro milhares de estudantes, professores e trabalhadores de universidades e escolas públicas, além de políticos e representantes de entidades da sociedade civil. A manifestação, majoritariamente formada por estudantes, denunciou à sociedade o projeto de destruição do governo Bolsonaro na área da Educação e renovou o espírito de mobilização em favor da candidatura de Lula, a menos de duas semanas do segundo turno. A AdUFRJ esteve presente ao ato e participou ativamente de sua construção, ao lado do Sintufrj, do DCE Mário Prata, da APG e da ATTUFRJ.

MOBILIZAÇÃO
No Fundão, os preparativos para o ato começaram cedo, com uma panfletagem no Centro de Tecnologia organizada pela AdUFRJ na hora do almoço. “Vocês querem conversar? Eu sou professora daqui, estou usando meu horário de almoço”, convidava a professora Leda Castilho, da Coppe, aos que passavam pelo corredor externo do CT, entre os blocos A e B. Mesmo com a agenda lotada, Leda tem usado todo o tempo fora das obrigações acadêmicas para fazer campanha em favor de Lula. “É o nosso trabalho de formiguinha que vai combater as fake news”, disse ela, para quem as pequenas atitudes farão diferença no resultado do segundo turno.

Agatha Passos, aluna do curso de Química Industrial, comentou sobre a importância de os professores estarem unidos nessa ação. “São as pessoas que mais têm influência sobre nós, alunos”, disse. Mas não são apenas os docentes que estão se mobilizando nessa luta. “Todos os segmentos da universidade precisam estar juntos. Não é hora de se dividir. Estamos todos no mesmo barco”, afirmou Marli Rodrigues, coordenadora da Comunicação Sindical do Sintufrj. Para ela, a situação é tão crítica que o futuro da UFRJ está em perigo. “Ou a gente elege o Lula, ou estamos condenados a não ter mais universidade”, acrescentou.

Para o professor Ricardo Medronho, emérito da Escola de Química e diretor da AdUFRJ, a panfletagem teve um impacto direto porque partiu de um diálogo com quem está sob o mesmo manto de destruição do governo Bolsonaro nas universidades. “É diferente de uma ação na Quinta da Boa Vista, onde as pessoas são desconhecidas e não pertencem ao mesmo ambiente. Aqui a gente está falando com alunos, funcionários e professores da universidade, que conhecem a situação pela qual passamos”, observou.

UNIDADE PARA ELEGER LULA
Delegações da UFRJ partiram do Fundão — a AdUFRJ forneceu transporte — e da Praia Vermelha para a concentração em frente ao IFCS, no Largo de São Francisco, onde houve um “esquenta” para o ato. A tradicional praça do Centro ficou lotada, em mobilização conjunta das entidades representativas da UFRJ e de centros acadêmicos como o Centro Acadêmico Manoel Mauricio de Albuquerque (História) e o Cafil (Filosofia).

Marinalva Oliveira, professora da Faculdade de Educação e ex-presidente do Andes, foi a primeira oradora do “esquenta”. “Bolsonaro é inimigo da Educação e quer acabar com as universidades porque elas são um espaço de conhecimento, produzem ciência, e isso é tudo o que um governo negacionista não quer”, disse ela. O professor Markos Klemz, diretor regional do Andes no Rio, falou da importância da vitória de Lula para desfazer intervenções do governo Bolsonaro na área de Educação: “Temos que revogar a reforma do Ensino Médio, que retirou Filosofia e Sociologia do currículo”, lembrou.

Um dos depoimentos mais emocionantes foi o de Natália Trindade, secretária-geral da APG. “Se estou neste momento no doutorado da UFRJ é porque tive a possibilidade de sonhar. Isso é fruto de uma luta coletiva em defesa da universidade pública que Bolsonaro quer destruir. É pelo futuro que estamos aqui hoje. Não quero ser a única da minha família a chegar à pós-graduação. Estamos aqui pelo direito de sonhar”, discursou Natália.

Presidente da AdUFRJ, o professor João Torres levantou a plateia ao fazer um apelo à unidade para eleger Lula, superando eventuais divergências ideológicas. “Estamos aqui em um ato unificado, ninguém vai nos dividir. Nossa questão central hoje é assegurar a democracia mínima no Estado brasileiro com a vitória de Lula. A história vai mostrar que nós escolhemos a opção correta. Vamos eleger Lula!”, convocou João. Logo em seguida, os estudantes entoaram na praça o coro: “A nossa luta unificou, é estudante junto com trabalhador!”.

Do Largo de São Francisco, a delegação da UFRJ seguiu em direção à Avenida Presidente Vargas e dali até a Candelária, onde encontrou comitivas de outras universidades e entidades. Muitos políticos do campo progressista se uniram ao ato, como os deputados federais reeleitos Benedita da Silva (PT-RJ) e Glauber Braga (PSOL-RJ), e os estaduais Flavio Serafini (PSOL-RJ) e Renata Souza (PT-RJ), estes reeleitos, e Marina do MST (PT-RJ). Nem a chuva, que começou a cair no início da noite, dispersou os manifestantes, que caminharam até a Cinelândia.

Àquela altura, seu Otávio já devia estar de volta ao conjunto habitacional em que mora, no Centro, tendo o cuidado de tirar o adesivo de Lula da camisa. Ele contou que no conjunto vivem muitos aposentados do INSS, como ele, que votam no candidato do PT, mas que não se sentem à vontade para declarar o voto. “Bolsonaro não nos deu nenhum real de aumento em quatro anos. Os aposentados lá são Lula, mas não falam abertamente, por medo de ignorância. Não me sinto bem lá. Mas essa moçada é corajosa, me fez sentir bem aqui. Vamos ganhar, né?”. Vamos sim, seu Otávio, vamos sim.

ATO EM MACAÉ MOBILIZOU FRENTE DEMOCRÁTICA

Em Macaé, no Norte Fluminense, o ato contra os ataques do governo Bolsonaro à área de Educação se transformou em um grito unificado pela eleição de Lula no segundo turno. A concentração foi na Praça Veríssimo de Melo, no Centro, onde a AdUFRJ marcou presença com uma banca para distribuição de panfletos e adesivos. O movimento foi organizado pela Frente de Lutas Macaé, que reúne entidades como Sindipetro-NF, Sindiservi, SEEB, Sindicato dos Jornalistas, Sinpro, ADIFF, ADUFF e DCE, além da AdUFRJ.

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Veja algumas imagens do ato no Rio, de Alessandro Costa
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