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WhatsApp Image 2022 09 05 at 15.53.07Fotos: Alessandro Costa“No dia do incêndio do Museu Nacional eu chorei. Na primeira vez em que estive aqui no museu, assim que tomei posse, em 2019, eu chorei. Hoje eu choro com uma emoção diferente, a emoção da realização. Entrei aqui e chorei quando vi pessoalmente essa fachada. E agora a gente tem certeza de que o Museu Nacional vive”. Foi com a voz embargada pela emoção que a reitora Denise Pires de Carvalho separou os quatro anos exatos entre o incêndio no museu e a reinauguração da fachada do principal bloco do prédio histórico, que aconteceu nesta sexta-feira (2), parte da celebração do bicentenário da Independência do Brasil.

A emoção não era só da professora, mas de centenas de convidados que participaram do evento. Para marcar o lançamento, o Museu Nacional realizou uma entrevista coletiva com a participação, além da reitora, do professor Alexander Kellner, diretor do museu, Mariângela Menezes, presidente da Associação Amigos do Museu Nacional, Marlova Noleto, diretora e representante da Unesco no Brasil, Flavia Constant, diretora-executiva do Instituto Cultural Vale, e Bruno Aranha, diretor de Crédito Produtivo e Socioambiental do BNDES.

“Quem diria que nós estaríamos aqui hoje, quatro anos depois da maior tragédia no cenário cultural e científico do nosso país, entregando um pequeno pedaço, que é a reconstrução da fachada do bloco histórico do primeiro museu fundado no país. E em um momento histórico, quando o país celebra 200 anos da Independência”, exaltou o professor Kelnner. O diretor lembrou que foi naquele prédio que Maria Leopoldina, então princesa regente do Brasil, assinou o decreto da Independência, em 2 de setembro de 1822. A entrega da fachada do bloco A é a primeira de um cronograma que vai até 2027, quando todo o museu será reaberto ao público. As obras de recuperação começaram somente em novembro de 2021, retardadas pela retirada de escombros do prédio, pela confecção dos projetos executivos e pela pandemia de covid-19.WhatsApp Image 2022 09 05 at 15.54.43 3Alexander Kellner e Denise Pires de Carvalho

Quem visitar o Museu Nacional vai poder chegar bem perto do hall principal do Bloco A, que recebe a exposição “Recompõe Mineralogia”, com 17 peças minerais e que poderá ser vista da porta do prédio. Vai ser a primeira vez desde 2018 que o público vai poder se aproximar do Paço de São Cristóvão. No jardim em frente ao edifício, oito estátuas de mármore de Carrara, cada uma delas representando uma entidade da mitologia grega, vão ficar disponíveis para a visitação do público. As peças fazem parte da coroa do prédio, e foram substituídas no telhado por réplicas. Ao lado do jardim, painéis apresentam momentos marcantes na história da instituição, e contam a reconstrução do Museu.

DESAFIOS NO HORIZONTE
A reinauguração da fachada é uma boa notícia, mas ainda há desafios importantes para a conclusão da reconstrução. O primeiro é financeiro. Até o momento, foram captados R$ 245 milhões, 64% do orçamento total da obra, que é de R$ 380 milhões, e o valor pode aumentar, dependendo do momento econômico brasileiro que é de alta da inflação.

A reitora Denise Pires de Carvalho relembrou que este é um desafio grande, mas que mesmo em um cenário de brutal corte de gastos no orçamento da UFRJ (e de toda a educação superior), os cortes não comprometem as obras. “A reforma não está sendo feita com recursos do orçamento discricionário da UFRJ, então não haverá esse risco, mas ainda temos que captar quase 40% do valor orçado para a obra”, ressaltou.

Outro obstáculo é a recomposição do acervo, que perdeu 85% de aproximadamente 20 milhões de exemplares no incêndio. Há um ano, a instituição começou a campanha “Recompõe”, para receber doações de itens. A campanha pretende receber 10 mil itens, em diversas áreas, e já conseguiu mil exemplares, segundo o diretor da instituição. “Se não tivermos a participação extensa internacional, essa etapa vai ficar prejudicada. Mas nós temos que merecer esse novo acervo, e só vamos merecer quando reconstruirmos o museu com as melhores normas de segurança para as pessoas e para as novas coleções. Hoje estamos provando que estamos no caminho certo”, disse o professor Alexander Kellner.

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