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WhatsApp Image 2022 04 26 at 17.28.04Como uma mulher enfrenta a estrutura machista da sociedade brasileira para desenvolver com sucesso uma carreira de pesquisadora científica? O filme “Ciência: luta de mulher”, produzido pelo Observatório do Conhecimento, tenta responder a essa pergunta contando as vivências de quatro pesquisadoras. O documentário, lançado em Brasília no dia 26, será exibido no Rio de Janeiro na sexta (29), no Fórum de Ciência e Cultura, e vai percorrer todas as associações docentes que integram o Observatório. Depois ficará disponível no YouTube.
A produção dá voz a quatro personagens: Helena Padilha, professora aposentada da UFPE, Maria da Glória Teixeira, professora de Medicina da UFBA, Isis Abel, professora da UFPA, e Nina da Hora, cientista da Computação e pesquisadora de temas ligados à segurança digital e hackativista. As quatro são de diferentes gerações, mas têm em comum uma carreira bem-sucedida desenvolvendo conhecimento.WhatsApp Image 2022 04 20 at 16.04.48
As personagens foram escolhidas no intuito de que suas histórias servissem de espelho e incentivo para outras mulheres. O que explica também a presença de duas mulheres pretas, Isis e Nina, entre as protagonistas. A professora Nedir do Espirito Santo, diretora da AdUFRJ, concorda que o perfil das personagens retratadas pode aumentar nas jovens o desejo de ingressar na carreira acadêmica, graças a uma forte identificação. “Existem diversas iniciativas contando a história de grandes cientistas, mas às vezes o sucesso da pessoa é tão grande que uma trajetória parecida parece utópica para quem assiste. Se você conta uma história real, atingível, a jovem vê ali uma oportunidade mais clara, uma perspectiva real de carreira, de sucesso”, ponderou a professora.
O documentário levou dois meses e meio de produção, com dez dias de filmagens na Bahia, Pernambuco, Pará e Rio de Janeiro. E estar na presença daquelas quatro mulheres e ouvir as suas histórias foi um processo enriquecedor para a diretora do filme, Rithyele Dantas. Ver que na Ciência as mulheres passam por desafios semelhantes aos impostos a elas em toda a sociedade provocou na diretora uma profunda reflexão. “Observei como existe de fato uma sensibilidade, uma garra na mulher que está na Ciência. Sem romantizar isso. Ela enfrenta os desafios particulares daquele espaço e da sociedade”, contou.
Jornalista de formação, Rithyele trabalha com Comunicação e Política. Para ela, ouvir aquelas histórias foi a oportunidade de registrar as memórias daquelas mulheres, e ainda transformou sua percepção sobre outros temas. “Fortaleceu a minha vontade de defender o que é público. As universidades públicas têm um papel fundamental no desenvolvimento humano, do país e do mundo. E nós temos visto o que elas têm passado aqui no Brasil”, explicou.
WhatsApp Image 2022 04 20 at 16.06.15Contar a própria história fez a professora Isis Abel refletir sobre a sua vida e sobre as dificuldades que ela enfrentou na trajetória acadêmica. Formada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, ela fez o mestrado na USP e voltou a sua alma mater para o doutorado. Há dez anos é professora da UFPA, onde coordena o Laboratório de Epidemiologia e Geoprocessamento do Instituto de Medicina Veterinária, no campus de Castanhal, a 70 quilômetros de Belém. “As entrevistas me fizeram revisitar a minha história, me fizeram refletir e me enxergar nesse processo, como se estivesse vendo de fora tudo que aconteceu”, contou. Essa perspectiva a fez perceber dificuldades que ela não tinha percebido até então, e a ausência de mulheres em cargos de referência nos espaços que frequentava.
Sua expectativa é de que sua história possa servir de inspiração e motivação para outras mulheres, especialmente as jovens. “Eu fico imaginando que outras mulheres podem olhar para a minha história e acreditar que podem”, contou. “Espero que as meninas que estão no processo de conhecer, ou que estejam se sentindo impotentes ou incapazes, vejam que é possível, porque as mulheres negras precisam dessa inspiração”.

 

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