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WhatsApp Image 2022 03 25 at 23.49.29Depois de mais de dois anos de atividades remotas, o Andes-SN terá seu primeiro evento deliberativo presencial desde o início da pandemia de covid-19. De 27 de março a 1º de abril, docentes de todo o país vão se reunir em Porto Alegre para debater e definir os rumos da entidade para este ano. O 40º Congresso do Andes terá como tema central “A vida acima dos lucros: Andes-SN 40 anos de luta!” e será realizado sob a organização da Seção Sindical do Andes na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A delegação da AdUFRJ ao congresso terá 13 delegados e seis observadores (veja abaixo).
Para Mayra Goulart, professora do IFCS, vice-presidente da AdUFRJ e delegada representante da diretoria no encontro, o congresso ocorre em um momento de reflexão sobre os rumos do sindicalismo na categoria. “Houve uma reunião do Setor de IFES do Andes no dia 21 agora, em que as ADs relataram como foram as assembleias que debateram a greve por tempo indeterminado. E me chamaram muito a atenção os relatos de desmobilização, de apatia da base, um cenário de pouco engajamento nas assembleias. Algumas nem conseguiram fazer assembleia por falta de quorum. Houve relatos até mesmo de desgaste com o sindicalismo, de professores desinteressados do movimento”, argumentou Mayra.
Segundo a professora, o congresso terá de se debruçar sobre essa realidade. “Acho importante marcar uma inflexão: não acredito que essa seja a realidade da AdUFRJ, pelo contrário. Tivemos um número grande de professores participando da votação sobre a greve. Acho que esses professores se engajaram e se sentem representados porque esse movimento que lidera a AdUFRJ desde 2015, e que representa um novo sindicalismo, quer ir além dos chavões e dos mecanismos tradicionais de luta, buscar novas formas de engajamento, tentando falar a linguagem dos professores. Acho que esse modelo tradicional de sindicalismo praticado pela diretoria atual do Andes está um pouco desgastado. Temos que refletir sobre isso”, ponderou.
A mesma posição é sustentada por Felipe Rosa, professor do Instituto de Física e ex-diretor da AdUFRJ. Ele destaca a importância de se fazer um encontro presencial neste momento e de se discutir novas formas de engajar os docentes. “Vamos discutir ali, olho no olho, quais são as prioridades da luta sindical para nos organizarmos contra o Bolsonaro, nosso principal adversário nas eleições deste ano. Sempre fui um crítico muito consistente da forma como o congresso do Andes se desenrola, a começar pelo caderno de textos, cujas teses são escritas naquele jargão quase caricato que afasta a maioria esmagadora dos professores não militantes. E isso se estende para a forma como o congresso é conduzido. Um professor, mesmo sindicalizado, não se vê ali, ou se vê como um alienígena. O desafio é que o sindicato fale para fora da bolha de uma certa vanguarda que existe na classe docente e que não conversa com a sua base”, observou Felipe.

CONTRAPONTO AO
AUTORITARISMO
Já para Markos Klemz Guerrero, professor do IFCS-UFRJ e diretor da Regional Rio de Janeiro do Andes, o congresso possibilita a ampla participação dos professores e seus resultados devem ser levados ao debate nas bases. “É um dos grandes momentos democráticos do nosso sindicato nacional. Todas e todos os filiados podem propor resoluções a serem debatidas e votadas pelos delegados, que são escolhidos em assembleias de cada seção sindical. Reformulações e sínteses de posicionamentos são elaboradas graças aos debates em grupos e nas plenárias. Só por isso, o Congresso do Andes já é um contraponto à política autoritária e obscurantista de Bolsonaro”, defendeu Klemz.
Segundo o dirigente, o encontro tem ainda a missão de planejar ações com vistas às eleições de outubro: “Ele tem peculiaridade de ocorrer em ano de eleições gerais, elemento que deve ser considerado na avaliação de conjuntura e planejamento de nossas ações, sem nunca perder de vista a autonomia do sindicato frente a partidos e governos, assim como dando continuidade ao enfrentamento persistente ao governo Bolsonaro, que permeou nossa luta nos últimos anos sem interrupção. Que possamos todas e todos fazer um debate político de alto nível e trazê-lo para assembleias de base presenciais na AdUFRJ, em que, assim como no Congresso, todos os filiados possam ter suas propostas debatidas e apreciadas”.
Ex-presidente da AdUFRJ e delegada ao congresso, a professora Eleonora Ziller, da Faculdade de Letras, acha que o Andes tem este ano a chance de retomar um papel de vanguarda na mobilização da sociedade civil. “O Andes deve voltar a ocupar o seu lugar de protagonismo no cenário nacional, no sentido de participar da luta pela democracia, pela reconstrução do Estado brasileiro, que está sendo arruinado. Que esse congresso seja um momento de reflexão. Principalmente depois do que ocorreu na assembleia da AdUFRJ que debateu a greve por tempo indeterminado. Havia 169 pessoas a favor da deflagração da greve. Em outros tempos, a greve seria aprovada em uma assembleia com cento e tantas pessoas. Mas agora tivemos mais de 800 professores que fizeram um esforço de se pronunciar, deixando evidente que não concordam com a condução pelo Andes da luta sindical. O movimento docente precisa mudar de forma profunda a sua organização para voltar a ocupar o lugar na sociedade que ele merece”, lembrou Eleonora.
Também ex-presidente da AdUFRJ e delegado ao congresso, o professor Luis Eduardo Acosta, da Escola de Serviço Social, considera que o foco contra o governo Bolsonaro será predominante no encontro. “Será um reencontro presencial, depois de dois anos de atividades virtuais, impregnado da emoção pelo reencontro, assim como pela tristeza pelas vidas perdidas neste período. Será um congresso de solidariedade anti-imperialista, prestigiado pela participação, como convidada, da Central de Trabalhadores Cubana. Definiremos a centralidade da luta neste ano de 2022, no sentido de continuar os esforços unitários pelo Fora Bolsonaro! E avançar na luta pela recuperação e ampliação de liberdades e direitos democráticos. O eixo deve ser a Educação e levar o sindicato para as ruas com a pautas da Educação Pública, Ciência e Tecnologia e universidade popular”, disse Acosta.

DEFESA DE TESES
De acordo com Mayra Goulart, a diretoria da AdUFRJ irá ao congresso assinando cinco textos que serão debatidos pelos docentes. O primeiro deles é o Texto 26 (Campanha salarial nas IFES: reposição das perdas inflacionárias, já!). “Esse texto propõe a construção de uma pauta unificada de reivindicações para os servidores públicos federais, buscando um índice de reajuste unitário. Também apoia o esforço de articulação com outras entidades do funcionalismo público, e isso é muito bem-vindo porque aumenta nosso respaldo junto à sociedade civil”, disse Mayra.
O segundo é o Texto 43 (A defesa do ensino público e a participação no Fórum Nacional Popular de Educação), que prevê a reconstrução de uma instância de participação ignorada pelos dois últimos governos. “É positiva a iniciativa de reconstruir esse fórum, ele pode suprir a lacuna daquele que foi destituído depois do golpe de 2016, o Fórum Nacional de Educação. Esses fóruns participativos são muito importantes para a construção de pactos, de consensos. O governo Bolsonaro segue nesse fechamento das instâncias participativas, a ideia de participação não faz parte desse governo”.
Para Mayra, o terceiro texto assinado pela AdUFRJ trata de uma questão nevrálgica para o movimento docente. Trata-se do Texto 46 (A luta por políticas públicas para C&T no Brasil). “Essa tese é muito importante porque trata de uma das razões do afastamento dos docentes do sindicalismo, que é a postura do Andes de não encampar pautas relativas à Ciência e Tecnologia, tendo o entendimento da carreira docente muito binário, como se aqueles que se dedicassem à sala de aula não se dedicassem à pesquisa. E nós colocamos nessa tese a importância de o Andes contribuir para o Observatório do Conhecimento, onde a AdUFRJ tem protagonismo, e que visa a aumentar a interação com a sociedade civil e com o Congresso em prol de mais verbas para a área de C&T”.
Os outros dois textos assinados pela diretoria da AdUFRJ são o 56 (Pela refiliação do Andes-SN ao Dieese) e o 57 (Método dos Congressos e Conads). Segundo Mayra, este último “é uma crítica à atual metodologia do Andes e uma proposta para que ela seja mais ágil, para que o congresso não seja tão demorado e as sessões, tão longas”.

DELEGAÇÃO DA ADUFRJ

Mayra Goulart
(delegada representante da diretoria)

Ricardo Medronho
(suplente da delegada)

Karine Verdoorn
Felipe Rosa
Eleonora Ziller
Cláudio Resende Ribeiro
Luciano Coutinho
Cristina Miranda
Luis Acosta
Eduardo Serra
Mathias Luce
Thais Motta
Maria Daniela Macedo

Observadores

Jacqueline Girão
(1ª suplente)

Claudia Piccinini
(2ª suplente)

Cleusa Santos
(3ª suplente)

Alessandra Nicodemos
(4ª suplente)

Simone Alencastre
(5ª suplente)

Jorge Ricardo Gonçalves

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