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WhatsApp Image 2022 02 18 at 18.19.50Este é um editorial muito difícil de escrever e profundamente impactado pela tragédia de Petrópolis. Muitos professores, estudantes e técnicos da universidade vivem na região serrana e passaram os últimos dias atônitos com a multiplicação das mortes, das perdas, do desespero. Há colegas com alunos de mestrado que velaram quatro familiares. Há alunos sem casa e sem esperança. E há professores que, mesmo com a vida sitiada pelos escombros, se desdobram para montar redes de solidariedade. Essa, aliás, é uma das forças mais potentes de nossa comunidade acadêmica: a empatia entranhada em nosso cotidiano.  

Menos de 20 horas depois de as encostas desmoronarem, na última terça-feira, professores, técnicos e alunos montaram redes solidárias para arrecadar doações. Só no Fundão, há hoje quatro pontos de coleta. De nosso lado, na AdUFRJ, tentamos fortalecer esse amálgama de solidariedade e cuidado. Ligamos para professores que moram na região, integramos com o Sintufrj e o DCE a campanha por donativos e montamos uma modesta ação emergencial de amparo. Na quarta-feira, mandamos um caminhão com 10.782 garrafas de água mineral, o que corresponde a 16.128 litros. O material foi entregue ao sindicato municipal de professores. Mas queremos, podemos e devemos ajudar mais. Com doações, com reflexões e informações.

273771187 3626706357453826 2318157644341626519 nEstamos de portas, braços e páginas abertos para ideias de campanhas de solidariedade, de artigos e de movimentos que colaborem para reconstruir Petrópolis e interromper o ciclo macabro dessa tragédia que une fatalidades naturais, agravadas pelas mudanças climáticas, com o repetido descaso das autoridades públicas. O efeito concreto desse desmazelo fica evidente quando lemos os depoimentos das páginas 8 e 9 desta edição, em que professores e estudantes da UFRJ, todos moradores de Petrópolis, detalham as consequências concretas da irresponsabilidade política que já dura décadas na região serrana. Um único aluno, Deivid Ribeiro de Souza, estudante do mestrado em Caxias e professor do Ensino Fundamental, perdeu essa semana quatro familiares. Ele próprio é um sobrevivente da enchente de 1988, quando sua mãe viu a casa desmoronar. “Mesmo assim, jamais recebemos um auxílio do governo para sairmos das áreas de risco. Ninguém mora em área de risco porque quer. Mora porque não tem alternativa”, desabafa o Deivid na reportagem.

Seguiremos acompanhando os professores, técnicos e estudantes petropolitanos, e reiteramos que podem contar conosco. Temos certeza que a força da UFRJ não se resume às nossas aulas ou a nossas pesquisas. Tampouco está limitada aos muros invisíveis dos campi. Somos fortes porque somos uma comunidade enraizada e comprometida com o coletivo.
Boa leitura.

PS: O jornal dessa semana tem nove páginas, uma a mais do que o normal, para cobrir a tragédia de Petrópolis. Mas a edição está também repleta de outros a assuntos relevantes, como uma reflexão difícil, porém necessária, sobre a construção da greve dos servidores públicos federais, na página 3. Além de uma matéria forte sobre o exponencial crescimento de agrotóxicos no Brasil. Aliás, mais um recorde do governo Bolsonaro: em três anos, foram mais de 1.500 agrotóxicos liberados. A situação pode piorar se for aprovado no Senado — já passou pela Câmara — um projeto de lei que afrouxa ainda mais a liberação desses produtos no país. Leia na página 7.

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