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Por 283 votos favoráveis, 182 contrários e 16 abstenções, a assembleia geral da AdUFRJ decidiu apoiar a possibilidade de construção de uma greve unificada dos WhatsApp Image 2022 02 11 at 22.33.412servidores públicos federais. Os principais argumentos em torno da decisão levaram em consideração as perdas salariais da categoria. Cerca de 80 professores participaram da discussão realizada em meio remoto nesta sexta-feira (11), pela plataforma de teleconferência Zoom. Ao final da assembleia, a diretoria informou que convocará uma reunião do Conselho de Representantes para o dia 22 de fevereiro.

Houve amplos consensos sobre a defasagem salarial dos servidores públicos federais e em defesa de uma agenda de mobilizações que se reverta em pressão sobre o Executivo nacional para melhorias nas condições de trabalho e no orçamento das universidades. Mas não houve consenso de que essa construção deva abrir possibilidade para uma greve nacional.

“A assembleia foi tranquila. Houve fortes falas contra uma greve geral, por tempo indeterminado, algo que também não concordamos. Mas conseguimos construir consensos”, avaliou o professor João Torres, presidente da AdUFRJ. “O que aprovamos aqui não foi um indicativo de greve, mas a construção de um movimento nacional”, afirmou. “Agora vamos aguardar os próximos encaminhamentos do Andes para discutir em futuras assembleias”, disse o dirigente.

Votação eletrônica
A votação aconteceu pelo Sistema Helios, da UFRJ, adaptado para a AdUFRJ. A urna eletrônica permaneceu aberta até as 18h. Como a assembleia não votou indicativo e nem deflagração de greve, apenas os filiados à seção sindical receberam o link da urna pelo e-mail de cadastro.

A pergunta era: “Você é a favor da construção de greve unificada dos servidores públicos federais com a pauta da reposição salarial (índice definido no Fonasefe); condições de trabalho; revogação da PEC 95; luta contra a aprovação da PEC 32; e a construção de uma pauta específica da educação com as demais entidades que atuam nas IFES?”. Os docentes puderam responder sim, não ou abstenção.

Debate
A diretoria encaminhou o “sim crítico” à consulta do Andes. Ou seja, favorável à mobilização nacional, desde que qualquer deliberação sobre indicativo ou deflagração de greve seja decidida em nova assembleia aberta a sindicalizados e não sindicalizados. “Estamos cientes da necessidade de fazermos um movimento contra o governo Bolsonaro, em várias frentes. E é nesse sentido que a diretoria está apontando uma adesão crítica à proposta do Andes”, afirmou o professor João Torres.

A professora Mayra Goulart, vice-presidente da AdUFRJ, falou no mesmo sentido. Para ela, o momento é o ideal para pressionar o governo. “Propomos atuar na construção coletiva, com os demais sindicatos dos servidores federais. Mais do que atuar, pretendemos liderar junto ao Andes um processo que visa buscar novas formas de mobilização e pressão”, afirmou. “Entendemos que a greve não seria o melhor instrumento no contexto atual. Isso não significa deixar de lutar. Significa a necessidade de se reinventar e construir novos caminhos”, defendeu.

Markos Klemz, professor do IFCS e vice-presidente da Regional Rio do Andes, explicou que o ponto de pauta da assembleia foi construído no Andes a partir da seletividade do governo federal, ao anunciar reajuste apenas para a segurança. “O estopim foi a declaração de Bolsonaro, de que daria aumento apenas para os policiais. Só neste governo, perdemos um quinto do nosso poder de compra”, pontuou. “Precisamos de um movimento unificado. De maneira geral, a construção da greve já foi aprovada nas seções sindicais do Rio”, disse, em referência às assembleias que aconteceram na UFF, na UniRio, na Rural e no Cefet nesta semana.

O professor Luis Acosta, da Escola de Serviço Social, também defendeu a greve nacional. “Além dos 19,9% de perdas no atual governo, muitos professores da UFRJ perderam os 26,05% (referentes ao Plano Verão, cortados em 2020). Também tivemos o aumento da contribuição previdenciária de 11% para 14%”, listou. “São muitas perdas salariais neste período”.

“Motivos para fazer greve não nos faltam, nunca nos faltaram”, completou a professora Marinalva Oliveira, da Faculdade de Educação. “Além da caracterização do governo genocida, precisamos refletir sobre como enfrentar um governo como esse. Um sim crítico é muito pouco. Uma greve ainda é muito pouco”, afirmou.

Ex-diretor da AdUFRJ, o professor Felipe Rosa, do Instituto de Física, apoiou a indicação da atual gestão. “A nossa imagem altamente qualificada, perante a sociedade, por nossa colaboração no combate à pandemia, fica sabotada porque a universidade está há muito tempo vazia. E uma greve agora pode piorar essa imagem”, alertou. “Por isso sou a favor desta postura crítica à pauta do Andes”.

Eleonora Ziller, professora da Faculdade de Letras e ex-presidente da AdUFRJ, fez um apelo pela construção da unidade. “A gente constrói unidade cedendo e compondo com o conjunto de servidores. Mas há uma força política na UFRJ muito significativa contra a forma que se conduz greve”, afirmou. “Como vamos dizer que a greve nos unifica? Vamos pensar o que é unificar sob um governo que tem feições neonazistas”.

Polêmica sobre método
Ao final da etapa de debate, alguns professores que fazem parte da oposição sindical apresentaram uma lista de encaminhamentos e pediram que houvesse votação dos pontos. Dentre as sugestões, estavam a criação de uma comissão de mobilização e de uma comissão de comunicação, que pudesse fazer denúncias à imprensa sobre problemas de infraestrutura dos prédios. A diretoria do sindicato, no entanto, esclareceu que é uma tradição das últimas quatro gestões o voto em urna, com pauta previamente publicizada. “Compomos um grupo que foi eleito com esta forma de organização, é um desejo expresso pela categoria. Os encaminhamentos apresentados poderão ser discutidos no próximo Conselho de Representantes”, afirmou o presidente João Torres.

Agenda
A agenda de mobilização dos servidores federais começou na semana passada, com a pauta de reivindicações protocolada na sede do Ministério da Economia, em Brasília. No próximo dia 15, às 10h, haverá um ato simbólico em frente ao prédio do IBGE, no centro do Rio (Av. Franklin Roosevelt, 166). Ao meio dia, outra manifestação está programada para acontecer em frente ao Ministério da Economia (Av. Presidente Antônio Carlos, 375).

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