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FSOU0339 01Foto: Fernando Souza/Arquivo AdUFRJDiretoria da AdUFRJ

Se fôssemos um filme, o roteiro da semana que se encerra seria inverossímil, exagerado e caricaturado ao extremo. A participação de Bolsonaro na ONU mais parecia um espetáculo bufônico mal interpretado, com diálogos de péssima qualidade, uma viagem à irrealidade, ou melhor, ao mundo da pós-verdade. Piada de mau gosto, vergonha internacional, vexame diplomático são avaliações dos críticos mais generosos. Mas o verdadeiro filme de horror se desenrolou no Congresso Nacional quando, após alguma dificuldade e adiamentos, a Comissão Especial aprovou o relatório da PEC 32, que destrói o Estado brasileiro. É o preço pago pelo passaporte e a manutenção de Bolsonaro no poder? Para alguns analistas, sim. É uma parte do custo das bravatas do 7 de Setembro. O que explica a manutenção desse celerado na cadeira presidencial? A implantação de medidas altamente antipopulares é o serviço mais importante que a familícia oferece àqueles que ainda se consideram proprietários das capitanias hereditárias. A aprovação de uma reforma constitucional dessa magnitude, com um poder destrutivo incomensurável, só pode ser viabilizada por quem já não tem nada a perder, ou está recebendo muito dinheiro para isso (no caso, os deputados). É quase o crime perfeito.
Mas, voltando à metáfora do filme, precisamos entrar em cena e escrever um novo desfecho. Vamos meter a mão nesse roteiro. É chegada a hora de uma grande mobilização nacional para pressionarmos o Congresso de todas as formas. Mais uma vez, o nosso jornal faz uma reportagem consistente sobre o significado das medidas contidas na propalada reforma administrativa. Não há nenhum ganho para a sociedade, não há qualquer proteção para quem já está no Serviço Público e, para a população mais vulnerável, ela representará mais desalento e abandono por parte do Estado. A agudeza da crise que enfrentamos não tem paralelo na nossa história. Por tudo isso, precisamos dizer não à PEC 32, integrar o calendário de mobilizações nacionais e gritar Fora Bolsonaro no ato unificado de 2 de outubro.
Estamos vivendo um momento de renovação, com uma nova diretoria eleita para a AdUFRJ, assim como o Conselho de Representantes, num processo histórico, com a mais ampla participação dos docentes. A posse será em outubro. Mas, até lá, trabalharemos juntos para garantir que todas essas questões não ficarão sem resposta. No balanço de perdas e danos, ao menos nesse quesito, temos saldo positivo. O nosso sindicato sobreviveu, cresceu e se renovou. Estamos publicando nessas últimas edições sob a nossa responsabilidade uma avaliação de nossas ações e sua repercussão na vida universitária. Pode ser um lugar comum, mas expressa bem o sentimento que nos domina nesse momento: não conseguimos fazer tudo que gostaríamos, mas fizemos tudo que nos foi possível. E a alegria de entregar uma AdUFRJ com mais sindicalizados, com uma vida cultural apesar das restrições, com as edições semanais ininterruptas do jornal, e também de nosso programa no rádio, enfim, com uma importante história de participação conjunta com as entidades da UFRJ no Formas, nosso Fórum de Mobilização e Ação Solidária, reforçam a esperança de que dias melhores estão por vir.
Sobrevivemos. E estamos prontos para honrar a memória daqueles que perdemos, que se foram precocemente nesses tempos sombrios. Nos próximos lances, estará em risco a universidade e toda a educação pública e o SUS, os órgãos de fomento, o sistema nacional de pesquisa, as instituições públicas que até aqui, ainda que timidamente, conseguiram frear a avalanche de destruição nacional que o atual governo vem promovendo. É verdade que sofremos grandes derrotas, perdemos direitos, a vida se tornou muito mais difícil. Mas o cenário teria sido ainda mais desolador se tivéssemos entregado os pontos. Não vamos parar nem voltar atrás! Foi o slogan que nos moveu quando fomos eleitos, e é ele que permanecerá em nosso horizonte até o último minuto!

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