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Comparativo entre remunerações de certas profissões no serviço público federal mostra como os professores foram desprestigiados pelos governos ao longo dos últimos anos
Pesquisadores do MCT e do IPEA ganham mais
Sai governo, entra governo, mas o discurso a favor da Educação, com valorização de seus profissionais, não muda. Na prática, porém, não é isso o que se verifica em um levantamento feito junto às tabelas de remuneração dos servidores públicos federais, disponibilizadas pelo Ministério do Planejamento na página www.servidor.gov.br. A série existe desde 1998 (não existem os dados de 1999, ano para o qual foram repetidos os valores anteriores, para construção do gráfico).
Foram comparados dados de duas carreiras similares, no primeiro nível com exigência de doutorado, ativos: Professor Adjunto 1 com Doutorado em regime de Dedicação Exclusiva (hoje em dia, o salário é igual para o professor DIII 1 da carreira de EBTT); Pesquisador do Ministério de Ciência e Tecnologia, com doutorado. Os valores somam os vencimentos básicos com a máxima gratificação a que os servidores tinham/têm direito (algumas foram incorporadas, ao longo dos anos, como a GED dos professores). Para evidenciar a diferença de tratamento com os docentes, vale comparar os vencimentos do primeiro nível da carreira de Pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), para a qual não existe necessidade de doutoramento.
Em 1998, um professor, nessas condições, recebia um pouco mais que os colegas das outras carreiras: R$ 3.388,31, contra R$ 3.128,25 do pesquisador do IPEA e R$ 2.662,36 do pesquisador do MCT. Essa situação perdurou até 2003, quando os quadros do IPEA passaram a receber mais. Em 2009, os docentes federais foram ultrapassados também pelos pesquisadores do MCT. Desde então, apesar de apresentarem uma ligeira aproximação com os servidores do ministério de Ciência e Tecnologia, os professores continuaram desprestigiados.
Confira na tabela ao lado a série histórica das diferenças salariais entre essas carreiras.
Tendência preocupante
Esta tendência à desvalorização é preocupante, sobretudo por não haver nenhuma previsão de reajuste salarial para os professores federais a partir do ano que vem. O Andes-SN chama a atenção para este fato que, a médio prazo, compromete a dedicação exclusiva e o caráter público da universidade. Trata-se de uma importante pauta da greve nacional em curso, pois esta tendência precariza as condições de trabalho dos professores federais da mesma maneira que ocorreu com a carreira dos professores do estado e do município.

Leia mais: Salário docente perde de carreiras similares dentro do serviço público
Objetivo da decisão é pressionar o governo a negociar a pauta de reivindicações do movimento
Outras federais já decidiram o mesmo
Silvana Sá. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Poderão não ser realizadas na UFRJ as matrículas de segundo semestre do Sistema de Seleção Unificada (SiSU). O informe foi prestado por Luiz Pustiglione, um dos integrantes do Comando Local de Greve dos servidores técnico-administrativos, no último Consuni (dia 11). A medida — que está sendo utilizada em outras instituições — será discutida em assembleia geral com o objetivo de pressionar o governo a negociar a pauta de reivindicações da categoria.
O movimento também deliberou pela solicitação do cancelamento dos editais de transferência interna e externa que acontecem, normalmente, no meio do ano. Atualmente, os editais já foram suspensos pela reitoria para serem retomados após a greve dos servidores. Os técnico-administrativos entendem, porém, que o cancelamento é a melhor medida, pois possibilitará a realização de apenas um grande processo ao fim do ano.
O movimento elegeu os pagamentos e a manutenção da vida (seja nos hospitais universitários ou nos biotérios) como atividades essenciais e que, portanto, deverão ser continuadas. “Outros casos considerados como excepcionalidades serão avaliados pela Comissão de Ética do Comando Local de Greve”, explicou Luiz.
À reportagem do Jornal da Adufrj, o servidor também comentou a decisão recente do Consuni de não suspender o calendário acadêmico: “A suspensão do calendário era muito importante para que não houvesse pressão sobre os técnicos-administrativos quanto à realização de algumas atividades, como previsão de turmas, fechamento de semestre etc. Dois segmentos da universidade estão em greve. E o que foi decidido não garante a uniformidade do calendário acadêmico”.
Francisco de Assis, coordenador geral do Sintufrj e também integrante do CLG dos técnicos-administrativos, informou que já são mais de 50 universidades em greve da categoria. “A paralisação tem sido crescente. Estamos buscando envolver também o segmento docente. Para nós, seria muito importante que os professores se somassem à greve, pois a pauta que nos une é social, já que os cortes do orçamento interferem nas políticas de assistência estudantil, faz com que pessoas trabalhem em regime de semi-escravidão e pioram as nossas condições de trabalho”.
Greve dos técnicos já alcança 63 Ifes
Além da pauta geral dos servidores públicos federais e da pauta nacional dos TAE das federais (cuja greve já alcança 63 instituições), os trabalhadores reivindicam os seguintes pontos internamente:
- regulamentação das 30 horas na UFRJ;
- política concreta de combate ao assédio moral;
- paridade para todas as eleições institucionais;
- paridade de representação nos conselhos superiores e órgãos colegiados da UFRJ;
- garantia do espaço de convivência previsto no Plano Diretor UFRJ 2020 para o Sintufrj.
Leia mais: Técnicos apontam não fazer matrículos do SiSU na UFRJ
Política de genocídio dos jovens pobres é comum a toda a América Latina, concluem participantes de encontro que reuniu, no Rio de Janeiro, familiares de alguns dos alunos desaparecidos no México em 2014

Leia mais: Familiares de alunos desaparecidos no México fazem relato do genocídio
Após Consuni, novas mobilizações agitam a greve do segmento
Samantha Su. Estagiária e Redação
Após o Consuni que reconheceu a legitimidade da greve estudantil (leia mais na página 3 desta edição), mas não suspendeu o calendário acadêmico de 2015, o segmento realizou assembleia na tarde do dia 11, na Escola de Música. E o corpo discente da UFRJ deliberou por mais mobilização: “Nós não vamos nos submeter à decisão do Consuni. Todas as falas foram para indicar a intensificação da greve e voltar para as pautas primordiais: a assistência estudantil e o absurdo corte de verbas na educação”, declarou Gabryel Henrici, representante do DCE.
Alunos protestam durante a última reunião do Conselho Universitário. Foto: Samuel Tosta - 11/06/2015
Neste sentido, os alunos propuseram, para esta segunda, dia 15 (data do fechamento desta edição), uma assembleia comunitária junto de professores e técnicos-administrativos, às 14h, no hall da reitoria (assim que possível, seu resultado será divulgado no site e nos perfis da Adufrj-SSind nas redes sociais) e, logo depois, uma reunião do Comando Estadual de Greve, às 17h, no IFCS. Além disso, estão marcadas duas atividades: um para lembrar o descaso com os cursos novos, frutos do Reuni (“Quem Entrou Quer Ter Lugar”), para o prédio da reitoria, às 16h do dia 18; outro, um ato unificado no estado pela “Educação e Assistência Estudantil - Passe Livre Intermunicipal Já!”, com início na Candelária, dia 19 (ainda sem horário).
Uerj: alunos vão “enterrar” o reitor
Nesta terça-feira, dia 16, o reitor da Uerj, Ricardo Vieiralves, será simbolicamente enterrado pelo movimento estudantil. O evento pretende escancarar as críticas à gestão da universidade. A atividade foi deliberada em assembleia do corpo discente, em 11 de junho. Nova reunião, em 25 de junho, decide sobre possível deflagração de greve estudantil.
Está prevista uma ocupação cultural na Concha Acústica da universidade, logo após o “enterro” do reitor. E um ato no Hospital Universitário Pedro Ernesto, às 10h de quarta-feira, 17, em defesa da Saúde Pública. No fim da tarde da mesma data, ocorre o evento “Por que somos contra a redução (da maioridade penal)”, no campus Maracanã. (Samantha Su)
No último dia 11, moradores da Vila Autódromo foram à Prefeitura para entregar a Eduardo Paes um abaixo-assinado: o objetivo era solicitar audiência de diálogo sobre a situação da comunidade, ameaçada de remoção. No dia 3 de junho, a Guarda Municipal — acompanhada de funcionários da Prefeitura — promoveu uma tentativa ilegal de despejo. Durante a ação, oito moradores ficaram feridos.
Atendidos pelo subsecretário de governo, David Carlos Pereira Neto, os moradores apresentaram sua demanda por urbanização da comunidade e reconhecimento do seu direito à permanência. O subsecretário se comprometeu a marcar a audiência solicitada com o prefeito, mas não deu um prazo (com informações do Comitê Popular Rio Copa e Olimpíadas).