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Supercomputador pode ser desligado por falta de recursos

Laboratório Nacional de Computação Científica aguarda repasse de verbas do governo federal para o pagamento da conta de luz

 

Silvana Sá
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O maior e mais rápido supercomputador da América Latina está com seu funcionamento prejudicado por conta do descaso do governo com a Ciência: “Estamos aguardando alguma sinalização de que os recursos para custear a energia elétrica serão repassados. Caso contrário, teremos que desligar o equipamento”, revelou Wagner Vieira Léo, diretor substituto do Laboratório Nacional de Computação Científica. O equipamento batizado de Santos Dumont pertence ao LNCC e está situado em Petrópolis. O supercomputador está vinculado a pesquisas sobre o zika vírus.

Por enquanto, o Santos Dumont ainda está em operação: “Ele está hibernando. Desligá-lo poderá trazer grandes prejuízos. Além do computador em si, temos todos os equipamentos de suporte, como as torres de refrigeração. Estes equipamentos, se não estão em funcionamento, sofrem uma deterioração”, explicou.

A conta de luz do LNCC para manter o equipamento ligado custa cerca de R$ 500 mil, o que equivale, segundo a direção do laboratório, a 80% dos recursos mensais. A solução encontrada (e provisória) foi fazer o supercomputador processar dados por menos tempo para gastar menos energia: “O equipamento continua em funcionamento, mas sem executar na maior parte do tempo. Estamos utilizando-o de três a quatro horas por dia”, disse Wagner Léo.

sp siteFoto: LNCC/Divulgação

No momento, duas pesquisas estão em andamento. São relacionadas à área de meteorologia e ao desenvolvimento de fármacos ligados a proteínas, conforme informou Wagner Léo, que também é coordenador de Sistemas e Redes do LNCC. “Essas pesquisas sofreram com a interrupção do equipamento. Além disso, existem 70 projetos de várias instituições no país aguardando a liberação para iniciarem seus processamentos”.

Pesquisa sobre o vírus zika está parada

A Fundação Oswaldo Cruz faz parte do projeto de estudos sobre o vírus zika em parceria com o LNCC. O projeto é um dos que estão na fila de espera para utilizar o Santos Dumont. Para Vanderlei Matos, pesquisador da Fiocruz, os prejuízos para a pesquisa brasileira são incalculáveis, no caso de haver o desligamento definitivo do equipamento. “É uma situação muito grave. Isto pode inviabilizar completamente as pesquisas sobre o zika. Há uma cadeia enorme de dados que depende do supercomputador para ser lida”.

 

Energia deveria ser subsidiada

A comunidade científica há tempos sinaliza que o alto custo da energia elétrica no Brasil prejudica o andamento das pesquisas, especialmente em instituições públicas. Uma alternativa apontada por muitos seria o subsídio desses custos. É o que defende também o dirigente do LNCC. “O custo com a energia deve ser subsidiado pelo governo, direta ou indiretamente. Seja no orçamento do LNCC ou através de repasses das agências financiadoras. No momento, este modelo não existe no Brasil, infelizmente. Em outros países, ele é bastante difundido”, disse Wagner Léo.

Já no governo Dilma, o instituto sofreu um contingenciamento de 10% do seu orçamento. “No novo governo, estamos aguardando quais serão as diretrizes. Houve sinalização de que o repasse vai acontecer, mas não somos só nós a pedir aporte de recursos. Outras instituições estão na mesma situação. Acreditamos que em até duas semanas tenhamos a resposta”.

Série condições de trabalho

Professores dividem sala com até nove colegas

Docentes da Praia Vermelha sofrem com a precariedade das instalações

Texto e fotos: Silvana Sá                    
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O cenário não combina com um centro de excelência acadêmica. Mezaninos improvisados, divisórias e mesas coladas, professores dividindo salas com até nove colegas — outros sem sala alguma. Esse é o cotidiano dos docentes da UFRJ do campus da Praia Vermelha, quase todos com elevados indicadores de produção acadêmica. Há cursos inteiros, como os de Administração e Ciências Contábeis, em que nenhum professor tem sala para trabalhar e nem mesmo espaço para orientar alunos.

 “O espaço é deficiente. Todas as salas são divididas por grupos grandes de pessoas. O ideal não é isto, mas é esta a realidade que temos”, disse o professor Rolando Garcia Otero, do Instituto de Economia. Mesmo com todos os problemas, ir para o Fundão não está nos planos dele: “Não tem a contrapartida quanto à segurança, acessibilidade, entre outras variáveis importantes, para que os professores considerassem a possibilidade de ir para lá”.

Margarita Olivera, também do IE, desabafa: “Nós dividimos esta sala entre pesquisadores e professores. Somos nove no total. Nós, professores novos, temos que nos arrumar, inventar espaços onde não há”, disse. A docente, que tem pouco mais de um ano de UFRJ, também não considera a hipótese de se deslocar para o Fundão: “Nem mesmo as Unidades de lá têm garantias de que seus projetos serão executados”.

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Contêineres para as aulas

A falta de espaço para salas de aula fez a reitoria da UFRJ, em 2012, apelar para uma solução atípica: instalou contêineres em parte do campo de futebol da Praia Vermelha (área “pertencente” à Escola de Educação Física e Desportos) para abrigar principalmente turmas dos cursos de Psicologia, Relações Internacionais e Pedagogia.

A estrutura, que não se converte em patrimônio para a universidade, começa a apresentar sinais de desgaste: o chão, nos corredores, começa a ceder. A água sempre falta e é comum que haja falhas nos ares-condicionados das salas. Por se tratar de estruturas modulares, é impossível a realização de atividades sem que o sistema de refrigeração esteja em funcionamento.

“Pior seria não ter nada, mas, certamente, os contêineres não correspondem às promessas de mais espaço. No início, o cheiro era ruim, de tinta fresca. A acústica não é boa, mas, ao menos, é um espaço para salas de aulas”, disse o professor Rolando Otero.

Educação não tem sala de professores

A Faculdade de Educação, realocada em outros espaços do campus por conta das obras de restauração do Palácio, não possui sala de professores. A orientação aos alunos, em geral, acontece no intervalo das aulas nos contêineres ou no café.

Uma parte da FE passou a ocupar uma ala do Palácio antes destinada ao Fórum de Ciência e Cultura, mas todas as salas de aula permanecem nos contêineres. “O segundo andar, que é a nossa casa, está inteiramente interditado. Apenas um dos corredores do segundo andar foi liberado e uma parte das atividades administrativas veio para este local. A outra parte continua funcionando improvisada em um espaço cedido pela Decania do Centro de Filosofia e Ciências Humanas”, disse a coordenadora do curso de Pedagogia, Ana Pires do Prado.

Ela revela que boa parte dos grupos de pesquisa está sem espaço para reuniões, assim como os docentes estão sem espaço para atendimento aos alunos. A Unidade aguarda a entrega do prédio no Fundão, prometida no Plano Diretor para 2012, mas cuja estrutura ainda não saiu do esqueleto. “É muito ruim para a Unidade estar espalhada pelo campus, sem possibilidade de convivência, de encontro”. O pior dos contêineres no campo de futebol, revela, não é a estrutura, mas a localização: “O acesso é muito ruim. Além da questão de não ter abrigo para a chuva, o caminho até lá é muito escuro. Falta iluminação para as turmas do noturno”.

Falta de estrutura afasta professores do campus

Alguns docentes e pesquisadores entrevistados entendem que a falta de espaço é um desestímulo à presença em dedicação exclusiva dos professores na Praia Vermelha. “Lugar de professor universitário é na universidade, mas se você tem que escrever um artigo, tem que receber alunos para orientação, grupo de pesquisa, a falta de espaço é um estímulo a ficar em casa”, disse Ronaldo Bicalho, técnico-administrativo e pesquisador da UFRJ.

“Há uma penalização das atividades de pesquisa. Existe uma geração de professores no Instituto de Economia que não tem grupo de pesquisa”, disse o professor Marcelo Colomer, do IE. Ele falou dos argumentos para a manutenção da Unidade no palácio: “Acredita-se que o melhor uso do palácio é o acadêmico e não o cultural. Há áreas na Praia Vermelha que não são bem aproveitadas hoje e poderiam ser utilizadas para a expansão”, defende.

Uma dessas áreas seria o campo de futebol, como alega o professor Helder Queiroz, do IE. “Eu acho que a Praia Vermelha é um local privilegiado do ponto de vista de localização na cidade. O campo de futebol é um dos exemplos de espaço subutilizado. Evidentemente, a construção de um prédio lá demandaria um custo grande. Neste sentido, poderia haver parcerias com o setor privado porque é uma maneira de conseguir condições adequadas de trabalho e ensino. É preciso juntar forças para ter um modelo de aproveitamento arquitetônico, urbano e acadêmico”.

A direção da Escola de Educação Física e Desportos, “dona” da área onde fica o campo de futebol, não se pronunciou sobre o assunto até o fechamento desta matéria. 

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“Educação não é gasto. É investimento”

Professores, estudantes e técnicos da UFRJ deram as mãos contra as medidas do governo interino

Fotos: Claudia Ferreira

Mostrar a universidade unida contra a extinção do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e contra a instituição de um teto de gastos para a educação, anunciado pelo governo interino. Esta foi a motivação de professores, alunos e funcionários técnico-administrativos e representantes dos terceirizados da UFRJ para alterar a rotina do Centro de Tecnologia nesta quarta-feira, 22.

A mobilização, organizada pela Adufrj, pelo Sintufrj, pelo Diretório Acadêmico da Escola de Química (DAEQ) e pelo Centro Acadêmico da Engenharia (CAEng), atraiu a participação de mais de 500 pessoas. Elas deram as mãos, ergueram faixas e cartazes e entoaram palavras de ordem contra a extinção do MCTI: “A nossa luta unificou. Agora é estudante, professor e funcionário”, celebraram os manifestantes.

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O formato da atividade realizada durante o horário de almoço, no corredor térreo do CT, agradou à comunidade universitária: “Gostei porque funciona sem parar trânsito ou coisas do tipo que acabam atrapalhando a população”, afirmou Bruno Costa, aluno da Ciência da Computação. Ele soube do ato por colegas, via internet. “Se o Ministério da Ciência e Tecnologia tivesse se transformado em uma pasta do Ministério da Educação, não digo que fosse o certo, mas faria mais sentido. Agora, no Ministério das Comunicações, parece um ato desesperado do governo para cortar gastos”.

Erica Polycarpo, professora do Instituto de Física, também aprovou: “Achei muito bom porque não precisamos parar de trabalhar para marcar nossa posição”, disse. Erica avalia que mobilizações para reverter a extinção do MCTI “são fundamentais e devem continuar”.


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Nadja Paraense, docente do Instituto de Química, compareceu com os colegas. “A UFRJ, sendo a maior universidade federal, não poderia se omitir neste momento”, disse.

Lavínia Borges, integrante do Conselho de Representantes da Adufrj e professora da Escola Politécnica, aposta na visibilidade da iniciativa, “Ficou muito legal! E tem tudo para criar impacto e uma boa repercussão na imprensa”. 

Professor do Instituto de Física e vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Ildeu de Castro Moreira considerou a manifestação um sucesso. Para ele, que foi um dos idealizadores da iniciativa, o “Vamos dar as mãos” pode inspirar a realização de atos semelhantes em outras instituições científicas e em outros pontos da própria UFRJ, que é muito grande. “Foi uma semente. Um ato feito de forma mais inovadora, sem muito discurso, que levou o protesto da universidade contra essas políticas lesivas à Ciência e Educação anunciadas pelo governo interino”, disse.

A presidente da Adufrj, Tatiana Roque, criticou a proposta do governo interino para criar um limite de gastos para o setor da educação, por 20 anos: “Essa mobilização é também contra o teto de gastos enviado pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Isso pode prejudicar muito a universidade e significar um retrocesso no pacto da Constituição Federal de 1988 que implica na responsabilização do Estado pelo investimento em educação. Eu disse investimento, porque educação não é gasto”, destacou.

Estudantes em defesa do MCTI

Por meio de nota, após o ato do dia 22, a gestão do Diretório Acadêmico de Química disse que a fusão de ministérios promovida por Michel Temer afeta diretamente o funcionamento da pesquisa e a vida do estudante na universidade: “O MCTI trouxe conquistas imensuráveis desde sua criação para o nosso país. Nas Universidades, avançamos nas pesquisas de base e de ponta e vários cientistas brasileiros têm se destacado na área”. Para os estudantes, a fusão é um retrocesso enorme: “Pois teremos menos investimentos e, consequentemente, diminuição de projetos e bolsas de Iniciação Científica, bolsas essas que muitas vezes são o auxílio para a permanência de alunos na UFRJ”, respondeu a gestão do Daeq.

Os estudantes de química prosseguem com a mobilização: “Temos informado os alunos sobre a fusão do ministério e também fizemos uma campanha com textos e vídeos de professores pelo #FicaMCTI. Continuaremos mobilizando durante os próximos dias com todos os setores e não vamos desistir do MCTI.”

Já para a engenharia, a fusão também representa uma perda ainda maior para a sociedade civil: “Nós entendemos o MCTI como uma peça fundamental na construção e planejamento de políticas públicas para fortalecer as pesquisas científicas, a criação de tecnologia e a inovação que possam atender aos interesses nacionais, fortalecer a soberania nacional e melhorar a vida do povo”, observou o vice-presidente do Centro Acadêmico de Engenharia (Caeng), Eduardo Leal Ferreira.

Drone filmou a atividade

Imagens aéreas do protesto foram captadas por um drone e estão disponíveis no site e nos perfis da Adufrj nas redes sociais, nesta quinta (23). Veículos da imprensa tradicional acompanharam a manifestação. O jornal O Globo publicou reportagem com foto e texto sobre o dia em que a universidade deu as mãos.

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Veja as imagens captadas pelo drone durante a manifestação


 

 

 

Drone filma manifestação na UFRJ


Veja estas imagens inéditas, capturadas por um drone, da manifestação que mudou a rotina do Centro de Tecnologia da UFRJ.

Foram mais de 500 pessoas da comunidade universitária (professores, estudantes, funcionários), juntas por meio do gesto simbólico de dar as mãos. O protesto foi contra o projeto do governo interino enviado ao Congresso que determina teto para gastos públicos. O ato também foi contra a fusão do MCTI com o Ministério das Comunicações.


Veja a matéria aqui


  

 












 

 

 

 

Escritor angolano visitou a UFRJ e encantou plateia com sua paixão pela leitura. “É preciso manter a chama acesa, continuem a ler

Elisa Monteiro
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O premiado escritor Artur Carlos dos Santos, conhecido como Pepetela, fez o público se espremer no auditório da Faculdade de Letras nesta terça-feira, 21. Seus romances retratam com dureza as transformações de Angola nos últimos quarenta anos. “Não há como escrever de maneira branda quando a realidade é terrível”, afirmou a respeito de sua mais recente obra, Se o passado não tivesse asas. A publicação ainda não foi lançada no Brasil.

Provocado pela plateia, Pepetela expressou sua visão sobre a política, traçando paralelo com a literatura. “Fala-se tanto em democracia, mas mantém-se uma ditadura sobre a literatura. A literatura deve também chegar aos diferentes personagens, deve ter as palavras das várias escritas. O autor não pode ser um soberano absoluto”, cutucou.

 A discriminação com escritores de regiões periféricas também foi acusada. “Um livro da África só é reconhecido depois que é publicado na Europa. Há muitas Áfricas, muitas literaturas africanas. Mas quando você vai ver, ela ocupa uma estantezinha de livraria ou na biblioteca”, criticou.

O autor atingiu notoriedade a partir de Mayombe, romance que registra sua própria participação na luta armada contra os portugueses pela libertação nacional de Angola. Escrito nos anos de 1970, a obra só veio a público na década seguinte.

Escrita

O estilo original do escritor motivou grande parte das perguntas. Pepetela recusou-se a palestrar e transformou o encontro em uma grande sabatina: “Um escritor não pode contar com uma arma só. Ele deve andar ao menos com uma de reserva”, provocou o ex- combatente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). A brincadeira se referia a um dos truques do autor para despistar eventual falta de inspiração: “Sempre se pode recorrer às memórias de infância”, deu a dica aos aspirantes a literatos. 

Em outro momento, relatou que suas histórias em geral partem de uma frase ou evento banal. “A partir daí começo a puxar o fio e a perseguir os personagens até que a coisa vai ganhando complexidade. Nunca sei como vai terminar. Se sei como será o final, nem principio a escrever”.

Utopia

Desde sempre, o angolano de ascendência portuguesa deu protagonismo ao Sul, aos considerados periféricos, aos “de baixo”.  Ele explica que a referência geográfica corresponde em grande medida à relação entre metrópole e colônia. Mas também diz respeito à histórica rivalidade entre a capital Luanda e sua cidade natal, Benguela.

“O contexto é sempre determinante, queira o escritor ou não”, afirmou sobre a política na literatura. Dissidente há décadas do MPLA, o autor assegurou que a separação foi “um divórcio amigável”. “Fui me afastando aos poucos da política para escrever como eu queria. Primeiro do governo e, em seguida, do partido. Eles perceberam, mas deixaram. Não os queria nem eles a mim. Desisti quando percebi que minha consciência não fazia diferença.”

Conhecido por retratar afetivamente, mas sem maquiagem, o desfecho político de autoritarismo e de corrupção de Angola depois da revolução socialista, Pepetela explicou a autodefinição como “socialista utópico”. “É uma referência a (Pierre-Joseph) Proudhon (1809-1865) e à ideia de combinação entre igualdade social e liberdade individual, o que, ao menos nos séculos XX e XXI, se mostrou inconciliável”, resumiu.

Confira trechos da conferência abaixo.

Ainda há espaço para utopias?

É preciso sonhar o impossível para tornar o possível uma realidade. Nesse sentido, a utopia é positiva. Talvez as pessoas em 1914 ou 1939 ou 1941 pensassem com o mesmo pessimismo de agora. Há ciclos não só na vida, mas na própria humanidade. Temos de manter cabeça tranquila e dizer que este ciclo ruim vai ter fim para um ciclo melhor. Eu acredito que um ciclo melhor só se alcança com muita luta junto aos que mais sofrem.

Os livros vão continuar, mesmo com a concorrência da internet?

Os livros vão continuar. O ato de ler vai permanecer apesar de todos os concorrentes que existem, pois é uma necessidade absoluta do homem. Quando a civilização praticamente desaparecer e ninguém souber ler e escrever, alguém fará um desenho de pessoa que outros irão ler. Portanto, penso que a leitura não vai desaparecer. Continuem a ler. 

Viver muito ajuda a escrever? Ou escrever muito ajuda a viver?

Há um impulso, quando você começa escrever e realmente entra na historia, começa a desvendar personagens. Dá prazer, mesmo nas coisas duras. Nesse sentido, ajuda a viver. Mas posso passar dois anos sem escrever tranquilamente. As pessoas me perguntam: ‘Seus editores não te obrigam a escrever? Já faz dois anos que não publica nada?’ Eu respondo que, se ele me obrigar a qualquer coisa, eu mudo de editor.

 

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