Há três meses, programa “Cientista do Nosso Estado” não repassa recursos aos laboratórios Há três meses, programa “Cientista do Nosso Estado” não repassa recursos aos laboratórios. É mais um fator da crise da pesquisa no Rio A bolsa “Cientista do Nosso Estado”, importante fonte de apoio da pesquisa fluminense, também sofre com a crise econômica do Rio de Janeiro. Desde o segundo semestre do ano passado, os atrasos são constantes. E, há três meses, os laboratórios não recebem verba alguma da Faperj. Um edital de 2016 destinou R$ 12 milhões para o programa. Professor Associado da Faculdade de Farmácia, Luís Maurício Lima conta que já utilizou o dinheiro recebido do “Cientista do Nosso Estado”, em tempos de fartura, para custear a participação em seminários nacionais ou internacionais. Hoje, quando a verba chega, a prioridade zero é a aquisição de insumos para o Laboratório de Biotecnologia Farmacêutica (Pbiotech), coordenado pelo docente: “É uma pena, porque a divulgação científica não é apenas publicação, mas o contato com os pesquisadores”, lamenta. O edital, com três anos de duração, previa um aporte mensal no valor de R$ 2,8 mil. E seria possível acumular os valores mensais para despesas maiores, como a compra de aparelhos: “No Centro de Ciências da Saúde, muitos laboratórios estão com equipamentos parados por falta de manutenção”, exemplifica. “E se continuar assim até o fim do ano, talvez tenham que apagar as luzes definitivamente”, avalia Luís Maurício. De acordo com Luis Maurício, só no laboratório que coordena, há três máquinas importantes fora de combate: “É normal um equipamento dar problema”, argumenta. “Na verdade, R$ 10 mil não é muito para garantir o uso de um aparelho de mais de R$ 100 mil. Mas eu não posso arcar individualmente com o gasto; para mim, é muito dinheiro”. Apesar do nome “bolsa”, o fomento é uma rubrica livre para gastos, explica o professor Fernando Lucas Palhano, do Laboratório de Agregação de Proteínas e Amiloidoses (LAPA), do Instituto de Bioquímica Médica, bolsista na modalidade Jovem Cientista do Nosso Estado. “A flexibilidade é a principal vantagem desta bolsa. Porque os imprevistos sempre acontecem. E, graças a ela, o projeto não fica engessado”, afirma. “Tudo é feito com a devida comprovação fiscal, claro. Mas é um recurso flexível. E isso é ótimo”, reforça Luis Mauricio Lima, com experiência de mais de 10 anos com o edital. Os atrasos da Faperj estão minando a organização pessoal dos bolsistas. William de Andrade, mestrando bolsista do Laboratório de Biotecnologia Farmacêutica, por exemplo, mudou-se de Teresópolis para o Rio no início do ano. O objetivo era mais tempo disponível para o trabalho no laboratório. O preço é um aluguel a ser pago: “Não tenho outra fonte de renda. Dependo totalmente da bolsa”. “Não há previsão” De acordo com a assessoria da Faperj, todas as bolsas da Fundação estão atrasadas desde fevereiro, sem exceções, e “não há previsão de regularização”. Mas há um pequeno alívio a caminho: o pagamento de um mês será depositado até sexta. Exoneração sem explicação A crise também fez vítima a chefe do Departamento de Auxílios e Bolsas (DAB) da Faperj, Consuelo Câmara. As pró-reitorias de Pós-graduação e Pesquisa de universidades e institutos sediados no Rio divulgaram nota de solidariedade à funcionária exonerada. O texto também cobra a reversão da medida. Questionada sobre as razões do afastamento da chefe da DAB, a assessoria da Faperj respondeu apenas que “a exoneração de cargos comissionados fica a critério da Administração Pública".
Conhecimento sem cortes Evento promovido pela Adufrj e Coppe traz Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e Academia Brasileira de Ciências para discutir desmonte da C&T Elisa MonteiroEste endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. “Um corte de 44% não é trivial”, destacou a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader durante o encontro Conhecimento sem cortes: o impacto da redução de recursos para a C&T e a universidade pública, organizado pela Adufrj e Coppe, na manhã de terça-feira, 25. Em março, o governo federal reduziu o orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) de R$ 5 bilhões para R$ 2,8 bilhões. Nader confrontou o estrangulamento da pasta com o crescimento do setor na última década. A chegada da pós-graduação a todos os estados do país foi um exemplo. Ela também explicou o sentido internacional da Marcha pela Ciência: “Vinte e dois de abril foi escolhido por ser o dia da Terra, depois das declarações de (Donald) Trump de que a mudança climática era besteira. Foi um ato a favor da evidência científica”. E completou: “No Brasil, também sentimos a pressão anticientífica”. Já o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich, deu ênfase ao papel da Ciência para o desenvolvimento nacional. O professor falou sobre países que, em situação próxima à do Brasil hoje, fortaleceram o setor. “Na crise, a Europa fez uma acordo de 3% do PIB para o desenvolvimento de pesquisas”, sublinhou. Davidovich projetou a relação entre orçamento e contingenciamento, mostrando que o problema se agrava a partir de 2010. “O orçamento atual é metade do de 2005 e um terço do de 2010. Esses são os números que explicam a crise”, resumiu. Para o professor, “um corte horizontal entre os ministérios indica que não há prioridades. Não há projeto de país”. Entidades avaliam situação do país A reunião contou com a mediação do diretor de Relações Institucionais da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa. “O problema da Ciência nos toca diretamente, mas a situação na sociedade é grave”, disse, em relação às ameaças à educação. “Essa história de ‘Escola sem Partido’, no fundo, representa uma escola sem política”, avaliou. “A universidade deve ser sempre o lugar da discussão livre de ideias”. A diretora da Adufrj, Silvana Allodi e o diretor da Coppe, Edson Watanabe, organizadores saudaram o debate. “Não há quem discorde que se trata de um problema grave, especialmente no Rio de Janeiro”, destacou Allodi. [embed]https://youtu.be/rsS5pnKCq8c[/embed] onfira abaixo como foi o debate sobre o impacto da redução de recursos para a C&T e a universidade pública.
Marcha Pela Ciência reuniu centenas no Rio Evento global teve sua edição carioca debaixo de chuva. Orquestra de tesouras protestou contra os cortes em C&T Silvana SáEste endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. Mais de 300 cientistas enfrentaram a chuva na manhã deste sábado para participar da edição carioca da Marcha Pela Ciência – Brasil. A atividade aconteceu em frente ao Museu Nacional da UFRJ, na Quinta da Boa Vista. Com máscaras do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e do presidente Michel Temer, os pesquisadores formaram uma orquestra de tesouras em protesto contra os cortes na área de ciência, tecnologia e inovação.
“Hoje, vivemos uma situação crítica. Com todas as perdas que temos vivenciado, a ciência estará desmontada para responder aos novos desafios que surgirem na nossa sociedade e no mundo”, avalia o diretor científico da Faperj, Jerson Lima Silva. Roberto Leher, reitor da UFRJ, destacou que hoje as universidades federais estão com aporte orçamentário 14% inferior ao do ano passado. “Além disso, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações amarga um orçamento que corresponde à metade do que era o do MCT em 2005”. Um dos organizadores do "tesouraço", Ildeu Moreira, vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) comemorou o resultado: "Apesar do mau tempo, conseguimos que um grande público participasse da atividade. O ato foi bastante significativo, com importantes instituições de pesquisa no Rio de Janeiro e renomados cientistas". A Marcha pela Ciência é um evento mundial com manifestações em mais de 500 cidades no globo. No Brasil, participam 25 municípios. A sede mundial da Marcha é Washington, nos Estados Unidos, onde o movimento se originou. No Rio, o ato foi promovido pela Adufrj, com o apoio da SBPC, da Fundação Oswaldo Cruz e do Sintufrj.
Nesta sexta (28), o Brasil vai parar contra as reformas da Previdência e Trabalhista. Atos estão sendo organizados pelas centrais sindicais e movimentos sociais em todo o país. Os professores da UFRJ também decidiram, em assembleia, paralisar as atividades na data e vão se somar à manifestação no centro do Rio de Janeiro. A concentração dos docentes está marcada para o IFCS, no Largo de São Francisco. Às 15h, na sala 106, será realizado o debate "Democracia e Estado de Exceção", com organização da Adufrj e do Programa de Pós-graduação em Filosofia. O palestrante convidado é Adriano Correia Silva, presidente da Associação Nacional de Pós-graduação em Filosofia. Depois, os docentes caminham até a Assembleia Legislativa do estado.
“Estamos no meio do período e a única coisa que temos são 10 macas compradas com dinheiro de professores e estudantes do curso”, queixou-se Leonardo Bussinger, presidente do Centro Acadêmico da Fisioterapia. Os alunos ocuparam o último Conselho Universitário, no dia 13, para demonstrar a insatisfação com as condições do curso. Leonardo reivindicou uma solução para instalações. “Estamos em duas salas cedidas gentilmente pelo Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG). Mas essa solução temporária é só até julho. Em agosto, precisarão do espaço de volta”, completou. Ele também cobrou a compra de equipamentos básicos para as aulas práticas. O reitor Roberto Leher reconheceu que a situação da Fisioterapia “é muito grave”. Mas considerou que o assunto “já tem encaminhamento objetivo satisfatório” com a instalação provisória no IPPMG e a previsão de desfecho permanente “com as obras do segundo andar do HUCFF”. “Já há previsão orçamentária aprovada pelo Consuni. Aguardamos apenas a liberação dos recursos”, disse. Quanto à compra de equipamentos, o reitor afirmou estar em negociação com o Ministério da Educação (MEC). E avaliou que “em função do valor pequeno, de cerca de R$20 mil, não deve encontrar impedimento”.