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Fundamentais para o desenvolvimento do país, as universidades não recebem orçamento adequado para a manutenção de suas atividades. O diagnóstico, bastante conhecido dentro da comunidade acadêmica, ganhou uma nova tribuna desde o último dia 9.

A crise financeira das instituições federais de educação superior, com destaque para a maior delas, é o principal tema do artigo “Custos sistêmicos do subfinanciamento da UFRJ e propostas corretivas”, divulgado pelo site Consultor Jurídico. No texto, a procuradora federal Flávia Corrêa Azeredo de Freitas faz um cuidadoso levantamento das dificuldades enfrentadas pela universidade e apresenta algumas propostas de solução para o debate.

Confira a seguir alguns dos principais trechos do artigo, distribuídos em tópicos criados pelo Jornal da AdUFRJ.

 

PLANEJAMENTO PREJUDICADO
“A deficiência orçamentária para custeio de despesas correntes é um problema grave em qualquer circunstância. Seja no ambiente familiar, empresarial ou administrativo, orçamento é instrumento de planejamento e representa o fluxo previsto dos ingressos e das aplicações de recursos em determinado período. A insuficiência de recursos para garantir a manutenção de serviços e bens essenciais é um fator que precisa de atenção e atuação corretiva.”
 
UNIVERSIDADE NÃO É PRIORIDADE
“No Brasil, a Constituição de 1988 (artigo 212) estabelece a destinação de um percentual mínimo de 18% da Receita Líquida de Impostos (RL) para a educação. No que se refere aos estados e municípios, a parcela corresponde a 25%. Todavia, inexistem vinculações orçamentárias constitucionais ou legais que obriguem a administração pública a aplicar um percentual mínimo de suas receitas no ensino superior, como há para a educação básica.”

REDUÇÃO EXPRESSIVA
“Evolução do orçamento das IFES no período de 2011 a 2021 revela redução expressiva das despesas discricionárias, capaz de prejudicar a oferta e a expansão da educação profissional e tecnológica e do ensino superior público, assim como as atividades de pesquisa e extensão.”

TETO DE GASTOS
“Ações governamentais para se enquadrar no Teto de Gastos foram prejudiciais à educação superior e à educação profissional e tecnológica, diante da falta de priorização do setor.”
“Estudos sobre financiamento público do ensino superior apontam que, a partir de 2016, houve uma acentuada queda no orçamento discricionário, ou seja, aquele destinado ao custeio e investimento, excetuadas as despesas com pessoal.” 
“O financiamento das universidades públicas federais ocorre por meio do Tesouro Nacional. As suas despesas, excluindo pessoal, são classificadas como discricionárias ou não obrigatórias; portanto, o limite orçamentário para essas despesas depende do volume de recursos disponíveis, dentro dos parâmetros econômicos e da meta de resultado fiscal.”
“As universidades e institutos federais têm pouca influência na formulação dos orçamentos anuais.”

NOVO ARCABOUÇO FISCAL
“O advento do novo arcabouço fiscal, ainda que se admita encontrar-se em fase de ajustes, não foi capaz de restabelecer a dotação suficiente à UFRJ para a manutenção e desenvolvimento das suas finalidades institucionais. Os noticiários recentes são prova dessa realidade.”
“Recursos de emendas parlamentares não beneficiam todas as instituições federais de ensino e há grande variação nos valores recebidos.”
 
BÁSICO CUSTA 40% DO ORÇAMENTO
“As despesas com água/saneamento, energia elétrica, limpeza/conservação e vigilância representaram para a UFRJ, em 2023, cerca de 40% do seu orçamento para custeio. É a maior proporção em comparação às outras quatro universidades federais que integram o Top 5: 
 
UFRGS 
30,4%
 
UFMG 
26,45% 
 
UFPR 
24,46%
 
UFSC 
34,6%”.
 
“Considerando apenas o custo de água/saneamento e energia elétrica no ano de 2023, a proporção na UFRJ (14,73%) se manteve a maior ante os 11% (UFRGS), 11,63% (UFMG), 8,31% (UFPR) e 9,55% (UFSC)”.
 
Gastos com luz e água
 
UFRJ - 14,73%
 
UFRGS - 11%
 
UFMG- 11,63%
 
UFPR - 8,31%
 
UFSC - 9,55%
 
“A proporção maior de gastos se justifica pois a UFRJ é, dentre elas, a maior universidade e a que mais possui laboratórios de pesquisa e hospitais, os grandes consumidores de água e energia elétrica.” 
 
E SE ATRASA O PAGAMENTO?
“Quando se paga uma fatura em atraso (e no caso da UFRJ, as faturas tomam proporção de milhões), paga-se juros e multa, em valores que não são desprezíveis. Quando a fatura de um serviço essencial não é paga, corre-se o sério risco de comprometimento das atividades – também essenciais – da instituição devedora. Além disso, e na maioria das vezes, a discussão é levada ao judiciário, efetivando-se o pagamento por precatório, com a inescapável incidência de correção monetária, juros de mora e honorários advocatícios, tudo a acrescer o valor original da dívida.”
“O recurso ao Poder Judiciário para remediar um quadro de crise orçamentária também eleva custos de outras ordens, tais como o tempo dispendido pelos atores envolvidos e custos administrativos para gerir o impasse.”
“Não nos esqueçamos, ainda, do abalo emocional que acomete as pessoas responsáveis por gerir uma crise dessa magnitude. Fazer parte da rede de atuação para manutenção de serviços essenciais, como água e luz, em uma universidade com mais de mil laboratórios, uma dezena de unidades de saúde e cerca de 70 mil estudantes não é algo trivial.”
 
DÍVIDAS
“Em 2024, a dívida da UFRJ com a concessionária de energia elétrica chegou a R$ 35 milhões, incluídas parcelas não quitadas de um acordo administrativo, e com a concessionária de água o débito gira em torno de R$ 18 milhões.”
 
Débitos com concessionárias
 (2024)
 
Energia elétrica
R$ 35 milhões
 
Água  
R$ 18 milhões
 
EXCELÊNCIA, APESAR DE TUDO
“Apesar das dificuldades decorrentes do subfinanciamento, a UFRJ ocupa posto nas Top 5 universidades federais do país, ao lado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), segundo o Academic Ranking of World Universities 2024.”
“Outro indicador da excelência da UFRJ é o Índice Geral de Cursos Avaliados da Instituição (IGC), desenvolvido pelo Inep e corresponde à média das notas dos cursos de graduação e dos conceitos Capes dos cursos de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado), ponderadas pelo número de matrículas de cada curso.”
“Tanto a UFRJ como as outras quatro universidades que integram o citado Top 5 receberam a nota máxima de IGC – 5 – no último levantamento realizado em 2023 que considerou o ciclo avaliativo do Enade (2019, 2021, 2022).”
 
GANHOS
“Os ganhos sociais e econômicos obtidos por uma nação que investe adequadamente em educação estão comprovados. Os três principais indicadores para avalição do índice de desenvolvimento humano da ONU são saúde, escolaridade e renda.”
 
EXEMPLO DA USP
“A USP é a universidade brasileira mais bem ranqueada entre as 2,5 mil avaliadas pelo Academic Ranking of World Universities 2024. Sua fonte de financiamento está legalmente atrelada à arrecadação do ICMS. Do montante repassado pelo Governo do Estado de São Paulo às instituições, 5,02% são destinados para a USP, 2,34% para a Unesp e 2,19% para a Unicamp.”
 
DEBATE NECESSÁRIO
“Ao lado dessas premissas, consideramos adequada uma atuação plurinstitucional em torno do tema. Há outros atores, além das Ifes, MEC, Ministério da Fazenda, Congresso Nacional e TCU, que podem contribuir para a elaboração de diagnóstico efetivo e plano de ação para a crise, que não é limitada à UFRJ. Quando agentes com diferentes expertises pensam em conjunto, ideias criativas surgem e o debate se qualifica.”
  
PROPOSTAS
“Equacionamento das fontes de custeio público, aprimoramento da captação de receitas próprias, aperfeiçoamento da legislação do ensino superior com vinculação de repasse de percentuais mínimos e formação de uma rede plurinstitucional são exemplos de propostas corretivas que trazemos para o debate de soluções.”
 
REITOR ELOGIA DIAGNÓSTICO E PROPOSTAS APRESENTADOS NO ARTIGO
 
WhatsApp Image 2025 02 14 at 15.24.13 4Foto: Fernando SouzaO artigo da procuradora Flávia Corrêa foi bem recebido na UFRJ. Ganhou divulgação no site e nas redes sociais da instituição e, durante o Conselho Universitário do dia 13, o reitor Roberto Medronho solicitou a distribuição do link do texto a todos os representantes de docentes, técnicos e estudantes no colegiado.

“Fiquei gratamente surpreso ao ler o artigo da doutora Flávia. Retrata a nossa realidade. Mostra que foi feito por uma pessoa que conhece profundamente este sistema”, disse o dirigente ao Jornal da AdUFRJ.

Além do diagnóstico da crise, a procuradora aponta o modelo de financiamento da USP, Unicamp e Unesp — que recebem um percentual fixo sobre a arrecadação de ICMS do estado de São Paulo — como uma ideia a ser discutida para o aperfeiçoamento da legislação relativa às federais.

Medronho concorda com a proposta. “O modelo das estaduais paulistas é plenamente exitoso. Estão crescendo cada vez mais. Contribuindo para o desenvolvimento do estado de São Paulo e prestando serviços relevantes para a sociedade brasileira. Lá, houve sensibilidade para se investir na educação superior”, afirma. “Esta é uma discussão que o Congresso deve fazer. Mas nós, reitores, temos a obrigação de levar esse debate para a sociedade”.

Economista responsável pelos estudos do Observatório do Conhecimento — rede de associações docentes que defendem a universidade pública, hoje coordenada pela AdUFRJ —, Letícia Inácio também avalia a proposição de forma positiva. Com uma ressalva: “A minha única preocupação com essa proposta é que a arrecadação tributária depende, em grande parte, do nível de atividade econômica. Isto é, quando a economia vai bem, a arrecadação é alta. O contrário também é válido. Nesse caso, como assegurar que um período de crise econômica não vai acarretar uma crise orçamentária também às universidades?”, questiona.

Uma forma de evitar eventuais dificuldades em tempos de “vacas magras” seria a criação de fundos patrimoniais, também citados no texto da procuradora. “Essas são propostas que devem andar em consonância: receita a partir da arrecadação e fundos para casos excepcionais de restrição orçamentária”, afirma.

Letícia sugere que os recursos das universidades federais sejam vinculados à aplicação de percentual sobre a receita líquida total da União, “partindo da soma de todos os impostos arrecadados”. Ou pelo menos, sobre a arrecadação dos impostos de maior volume, como IRPF (da Pessoa Física) e IRPJ (de Pessoa Jurídica).

Diretor do Instituto de Economia, o professor Carlos Frederico Leão Rocha também expressa preocupação com um modelo de financiamento semelhante ao das instituições paulistas: “O problema é que o financiamento sofre flutuação de acordo com o nível de atividade econômica. O sistema precisa estar pronto para fazer os ajustes necessários, inclusive nos salários. Porque lá os salários também são pagos por este orçamento. Fazer este tipo de ajuste nunca é muito simples”, observa.

ORÇAMENTO INTERNO

Enquanto ainda não existe uma solução, a UFRJ precisa lidar com a dura realidade. Sem receitas aprovadas pelo Congresso Nacional — a previsão é que o orçamento da União seja votado apenas em março —, toda a administração pública está sobrevivendo com duodécimos mensais da PLOA (Proposta de Lei Orçamentária) encaminhada pelo governo para a discussão de deputados e senadores.

No caso da maior federal do país, os dois primeiros duodécimos de 2025 foram consumidos quase integralmente por despesas ainda do ano passado, informou o pró-reitor de Finanças, professor Helios Malebranche, ao Consuni do dia 13.

A PLOA reserva para a UFRJ R$ 324 milhões para o funcionamento das atividades. “Isso é absolutamente insuficiente”, disse Medronho. Além disso, a reitoria já prevê a perda de R$ 18 milhões com a recente mudança da Desvinculação das Receitas da União (DRU), noticiada na edição anterior do Jornal da AdUFRJ. “E o que já era insuficiente ficou mais complicado ainda”, completou.

O reitor quer formar uma comissão do Conselho Universitário para discussão do orçamento interno de 2025. “E tentarmos construir uma proposta para 2025 que não traga tantos problemas como no ano anterior”, completou.

 

As aulas no Colégio de Aplicação começaram em 6 de fevereiro com um grande problema. Desde o fim de janeiro, a Defesa Civil interditou um muro do entorno da escola e parte da quadra interna por risco de desabamento. A situação repercutiu na primeira reunião do Conselho Universitário de 2025, nesta quinta-feira (13).

“É uma situação de prejuízo pedagógico imenso. Estamos falando de estudantes que não têm aula de Educação Física, de crianças que não podem brincar dentro da escola. A escola é um espaço para brincadeiras também. E não estamos podendo garantir isso para nossas crianças”, disse a representante dos professores do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico no colegiado, professora Sarah Menezes. “A gente precisa se mobilizar pela recomposição orçamentária e garantir investimentos em prédios essenciais para as atividades da nossa universidade”.

A universidade tenta resolver o problema há quase cinco anos, explicou o reitor Roberto Medronho. Mas, desde julho de 2020, já houve a desistência de duas empresas contratadas para o serviço de reforma do espaço. “Desde 2020, a UFRJ está comprometida em disponibilizar os recursos necessários, a partir da negociação de emendas parlamentares e com orçamento próprio, para a reforma da quadra poliesportiva do CAp. Entretanto, o subfinanciamento das universidades federais impacta diretamente na capacidade de recuperação estrutural da UFRJ”.

O dirigente informou ainda que a UFRJ monitora sistematicamente a situação do muro com a equipe do Escritório Técnico da Universidade (ETU), que também já havia recomendado o isolamento da área. “O que foi feito imediatamente”, afirmou Medronho.

A reunião do Consuni trouxe pelo menos uma boa notícia para a comunidade do CAp. A vice-reitora Cássia Turci divulgou que será aberta uma licitação no dia 24 para viabilizar um espaço adequado para o segmento da educação infantil do colégio, no polo de biotecnologia da Cidade Universitária — desde o início de 2023, o anexo ao IPPMG que abrigava servidores e crianças foi interditado com graves problemas estruturais e todos foram transferidos, de forma improvisada, para a sede do colégio na Lagoa. “Temos uma perspectiva de, no segundo semestre deste ano, estarmos com a escola funcionando. Não necessariamente em agosto, mas em algum momento do segundo semestre. O sorteio para as vagas do infantil já foi feito”, disse.

Insegurança no Fundão
Representante dos professores titulares do CCMN no Consuni, Roberto Faria leu uma carta aprovada na congregação do Instituto de Química, no dia 11, sobre a insegurança na Cidade Universitária, em especial nos meses de recesso acadêmico. O assunto foi destacado na edição anterior do Jornal da AdUFRJ. “Já está mais do que na hora de termos um planejamento de melhoria da segurança no nosso campus, principalmente nestes meses do ano, pela administração da UFRJ”, diz um trecho do documento.

O prefeito universitário Marcos Maldonado elencou uma série de medidas em estudo ou já em andamento para aperfeiçoar o sistema de segurança do campus, como o recente patrulhamento dos estacionamentos do CT e do CCS — o que não era atribuição da Prefeitura — e instalação de novas câmeras de monitoramento. “Não estamos parados. Eu costumo dizer que é uma briga de gato e rato. Eles (criminosos) estudam nossa ações e nós estudamos as ações deles”, disse.

SISU e PIBIAC
A primeira chamada do Sistema de Seleção Unificada (SiSU) apresentou um índice melhor para a universidade do que nos últimos anos. “Tivemos 65% de pré-matriculados dentro da nossa lista. Há cinco anos que não tínhamos uma performance semelhante no SiSU. Nós ficávamos por volta de 50% a 55% de procura. Já iniciamos a matrícula efetiva”, informou a pró-reitora de Graduação, professora Maria Fernanda Quintela, ao Consuni do dia 13.

A pró-reitora também anunciou que está disponível na página da PR-1 o edital do Programa de Bolsas de Iniciação Artística e Cultural (PIBIAC) . “Por favor, não deixem de se inscrever e divulgar para os colegas”, disse. São 220 bolsas no valor de R$ 700. As inscrições vão até o dia 17/02 (segunda).

WhatsApp Image 2025 01 31 at 19.08.16 2Fotos: Silvana SáDocentes que são pais ou mães de crianças até 12 anos contaram com uma estrutura oferecida pela organização do 43° Congresso do Andes para cuidados com os pequenos. Foram inscritas 13 crianças e 12 realizaram atividades diárias no Espaço Infantil.
As atividades incluíram banho, alimentação, hora da soneca, contação de histórias, ações lúdicas e passeios. O da tarde da terça-feira, 28, foi ao Planetário de Vitória. A instituição fica localizada dentro do campus da Federal do Espírito Santo e funciona em parceria entre a universidade e a Prefeitura da cidade.
Momentos antes de partir, uma pausa para conversar com as crianças. “Precisamos andar todos juntinhos, não pode ficar ninguém para trás. Vamos andar todos devagar”, explicou a vice-coordenadora do Espaço Infantil, a auxiliar de creche Lorrana Nobre, que atua no Colégio de Aplicação Criarte, da UFES. “Alguém tem medo de escuro? Lá é um pouquinho escurinho, mas não precisa ter medo, porque logo a luz vai acender de novo”, garantiu às crianças, que ouviam atentamente as orientações.
No Planetário, os pequenos se juntaram a famílias que aguardavam a sessão das 16h15. A cúpula do espaço se transformou num lindo céu estrelado que apresentou as principais constelações das quatro estações do ano.
“Nós atendemos durante todo o ano, principalmente as escolas do ensino fundamental, mas também muitas famílias. São seis sessões por dia”, explicou a coordenadora pedagógica Polyanna Silva Goronci, do Centro de Ciência, Educação e Cultura de Vitória. “Nossos estagiários são de diferentes áreas, todos estudantes da UFES, o que nos dá um diferencial na interação com os pequenos”.
Coordenadora do Espaço Infantil, a professora Elis Beatriz, do CAp da UFES, está orgulhosa do trabalho. “É um espaço imprescindível e a gente vê o quanto as mães se sentem seguras em deixar os filhos, sobretudo por saberem que podem vir vê-los e ficar com eles sempre que quiserem”, avalia. “É um espaço que respeita a liberdade das famílias. É um espaço acolhedor”, resumiu.
Elis contou que a proposta deste ano englobou um conjunto de ações focadas em apresentar às crianças a cultura capixaba. “Estamos apresentando um pouco do Espírito Santo a elas. Está sendo bem gratificante, como capixaba, poder mostrar nossa cultura para elas. As crianças têm respondido muito bem a todas as atividades. São alegres, participativas, estão integradas e muitas nem querem ir embora ao final do dia”.
A lista de atividades foi grande. “Tivemos momentos musicais; encontro com uma autora infantil capixaba, a escritora Eliana Zando; apresentamos a eles a moqueca capixaba e contamos sua história; falamos sobre as paneleiras; fomos ao Parque da Cebola e ao Projeto Tamar”, disse Elis. “Elas ouvem, aprendem, sentem os cheiros, os sabores, têm contato com a natureza. É uma experiência sensorial completa. Com isso, mostramos para as crianças que a cultura está em todos esses aspectos que elas podem experienciar”.
As mães aprovaram. “Eu estou amando tudo. O espaço é muito bom, a estrutura, a alimentação, as atividades. Eu me sinto muito segura”, elogiou a professora Morena Marques, da UniRio. “Hoje ela está aqui no plenário comigo porque fui eu que senti saudades. Mas ela não está gostando muito daqui. Com certeza prefere ficar lá”, brincou. “A existência desse ambiente é fundamental também para a minha participação política”.

CULTURA

O 43° Congresso do Andes recebeu uma série de atividades culturais. Música e poesia marcaram todos os dias do encontro. Um dos grupos a se apresentar foi o Bloco Afro Kizomba, primeiro bloco carnavalesco de rua de Vitória formado integralmente por pessoas negras sobre a temática afro. Todas as músicas do grupo são autorais. Em seus 7 anos de vida, foi a primeira vez que eles se apresentaram em um teatro.

WhatsApp Image 2025 01 31 at 19.08.16 5

WhatsApp Image 2025 02 14 at 15.24.11 2O professor emérito Erasmo Ferreira ficou estarrecido ao abrir seu e-mail, no último dia 5. O titular aposentado do Instituto de Física estava sendo notificado pela pró-reitoria de Pessoal a devolver R$ 96 mil aos cofres públicos. E, a exemplo dele, aproximadamente mais cem colegas já receberam ou receberão em breve o duro comunicado.

A justificativa da administração central é que, de forma indevida, o grupo teria recebido valores mensais relativos à Unidade de Referência e Padrão (URP) de 26,05%, de 1989. Ainda na década de 90, diversos sindicatos — entre eles, a AdUFRJ — ingressaram com uma ação judicial e conseguiram recuperar o índice, que não havia sido aplicado aos salários da época. A parcela passou, então, a constar dos contracheques.

Porém, em 2020, uma determinação do Tribunal de Contas da União exigiu a suspensão do pagamento aos professores da UFRJ. O problema é que um pequeno grupo de docentes continuou recebendo a parcela.

“Eu não acompanho tão detalhadamente o meu contracheque. Não sabia que estava recebendo qualquer valor indevido”, defende-se Erasmo. O docente, de 95 anos, afirma que não houve qualquer tipo de má fé. “Eu não me apropriei desse valor de propósito. É um choque descobrir que devo essa quantia”, conta.

“A comunicação chegou no meu e-mail no dia 5. Depois, no dia 11, recebi o processo inteiro explicando as contas”, lembra. “São cobranças de lançamentos mensais no valor de R$ 1.388 retroativos a quase seis anos. Gasto todo o meu salário. Parte substantiva com saúde, como todo aposentado”.

Assim que recebeu o informe, o professor buscou orientação jurídica na AdUFRJ. “Estou recorrendo aos advogados do sindicato para me ajudarem a solucionar esta questão”, aponta. “O susto foi grande. Se não aceitarem minha contestação administrativa, vou ter que passar quatro anos pagando R$ 2.400 por mês”, conta.

A professora Glória Onelley, aposentada da Faculdade de Letras, também se indignou com a notícia de que teria que ressarcir R$ 49 mil. “Quando recebi o e-mail, achei que era fake. A comunicação chegou no meu e-mail pessoal e não no da UFRJ. Depois, entrei em contato com a PR-4 e entendi que se tratava de devolução ao erário”, explica a docente.

Ela buscou ajuda do setor Jurídico da AdUFRJ e do Sintufrj, que preparou sua defesa. Agora, a professora aguarda uma nova comunicação da PR-4 que deverá informar o valor que será descontado do seu contracheque. “Fui instruída a aguardar essa comunicação para só então partir para um processo judicial”, afirma. “Eu não recebi a maior de propósito. Estou me sentindo penalizada por um erro que eu não cometi”.

Advogada da seção sindical, Mariana Lannes Lindenmeyer reforça a importância de os professores procurarem os advogados do sindicato tão logo recebam a comunicação. “Não reconheça qualquer suposto valor a devolver antes de receber a nossa orientação”, afirma.

A advogada explica que os casos precisam ser analisados um a um, pois há variação de tempo de recebimento e de valores cobrados. “Trabalhamos com várias teses de defesa dos docentes e estamos prontos para ingressar com ações administrativas e jurídicas, se necessário”.

WhatsApp Image 2025 02 07 at 19.17.12 6Foto: Silvana SáCinco dias de debates intensos marcaram o 43º Congresso do Andes, entre 27 e 31 de janeiro, em Vitória. Com a participação de 628 docentes de 89 seções sindicais, o encontro anual definiu as diretrizes que guiarão as ações do Andes em 2025. A AdUFRJ levou 22 professoras e professsores, uma das maiores delegações do evento, realizado na Universidade Federal do Espírito Santo.
Houve importantes decisões sobre gênero, combate ao assédio e a aprovação de uma política em defesa do piso salarial do magistério básico nacional para ser base para os professores 20h do magistério superior. A pauta é defendida pela AdUFRJ desde 2023.
Também no último dia foram apresentadas as quatro chapas que disputarão a direção do sindicato em maio.

Chapas inscritas no congresso expõem fissuras e limites do movimento sindical docente

Um dos momentos mais aguardados do Congresso de Vitória foi a inscrição para a disputa eleitoral do Andes em maio. Quatro chapas se candidataram.
A Chapa 1 é a da situação e é formada pelo mesmo grupo político que dirige o sindicato há quase 30 anos, o Andes de Luta e Pela Base (ALB) . Desta vez, o grupo não contará com o apoio do PCB, histórico aliado do coletivo. Em carta aberta, o PCB disse que não guarda “rancores”, mas afirmou que o Andes precisa construir “uma política classista de reconhecimento mútuo, de parceria entre sujeitos políticos, que passe longe de práticas de hegemonismo”.
Outro racha inédito ocorreu na oposição. Pela primeira vez, o principal grupo opisicionista estará dividido. O Renova Andes rachou e apresentou duas chapas.
Historicamente, o Renova é formado majoritariamente por integrantes de correntes do PT, PCdoB e PDT. Mas também há presença de militantes do PSOL e independentes. As diferentes visões sobre a greve docente do ano passado, a condução das assembleias que deflagraram a greve e a aproximação de setores do Renova com a direção nacional levaram a um rompimento na sua Executiva Nacional. O racha gerou as chapas 2 e 4.
Se há os que rompem laços políticos, há aqueles que se unem em torno de agendas comuns. É o caso da Chapa 3. Também em oposição à diretoria nacional, o grupo Rosa Luxemburgo, formado por integrantes mais próximos de correntes mais à esquerda principalmente do PSOL e PSTU, lançou uma chapa em aliança com dois movimentos minoritários: o Coletivo Andes em Luta (Cael) e o coletivo POR.
As chapas terão até o dia 13 de março para apresentar a composição completa com os 83 nomes necessários a todos os cargos nacionais e regionais.

Chapa 1
WhatsApp Image 2025 02 07 at 19.17.12 10Fotos: Eline Luz/AndesANDES pela base:
diversidade e lutas

Cláudio Mendonça (APRUMA)
•Presidente

Fernanda Vieira (UFRJ)
• Secretária Geral

Sérgio Barroso (UESB)
•1º tesoureiro

 

Chapa 2
WhatsApp Image 2025 02 07 at 19.17.12 11Renova
ANDES

Nicole Louise Pontes (UFRPE)
• Presidente

Edson Franco de Moraes (UFPB)
• Secretário Geral

Geverson Grzeszceszyn (Unicentro)
• 1º tesoureiro

 

Chapa 3
WhatsApp Image 2025 02 07 at 19.17.12 12ANDES Classista
e de Luta

Gean Santana (UEFS)
• Presidente

Welbson Madeira (UFMA)
• Secretário Geral

Soraia de Carvalho (UFPE)
• 1º tesouraria

 

Chapa 4
WhatsApp Image 2025 02 07 at 19.17.12 13Oposição para Renovar
o ANDES-Sindicato Nacional

Jailton Souza Lira (UFAL)
• Presidente

Maria Carlotto (ADUFABC)
• Secretária Geral

Mariuza Guimarães (ADUFMS)
• 1º tesoureira

 

PRIMEIRA VEZ NO CONGRESSO

VERÔNICA
DAMASCENO
Professora da EBA e diretora da AdUFRJ

WhatsApp Image 2025 02 07 at 19.17.12 8Foto: Silvana SáÉ tudo muito novo para mim, mas estou começando a entender um pouco a organização e o funcionamento do congresso. Acredito que os grupos de trabalho são montados para permitir a participação de todos, mas é uma dinâmica complicada. Eu propus algumas coisas, que outros colegas também propuseram, mas acabaram não sendo acatadas. Percebo que majoritariamente há uma movimentação em favor das propostas da diretoria. Então, é um espaço democrático até certo ponto, na minha percepção.
Por outro lado, é um excelente espaço para termos contato com professores de outras universidades, de outros estados. A gente percebe a dimensão dos sindicatos, a atuação política dos colegas e os problemas comuns a muitas entidades, como a questão do baixo número de filiados, que gera problemas tanto para a luta política, quanto para a sua sobrevivência financeira. Falei da experiência da AdUFRJ para atrair novos sindicalizados, como a campanha de isenção para os jovens docentes e as ações de bem-estar e saúde promovidas pela nossa gestão.
Tivemos discussões importantes sobre a democratização da participação docente nas decisões do sindicato. Acredito que espaço democrático é aquele que permite que o colega possa acompanhar as discussões presencialmente, se puder, ou remotamente, se tiver qualquer impedimento. Isso amplia a atuação das pessoas e eu acho que faz com que elas se sintam mais acolhidas nas suas especificidades. Infelizmente, esse debate ainda não avançou o suficiente aqui.

 

CARLOS
ZARRO
Professor do Instituto de Física da UFRJ

WhatsApp Image 2025 02 07 at 19.17.12 9Foto: Silvana SáDe maneira geral, acho que as intervenções têm acontecido de modo a favorecer o modus operandi da diretoria nacional do Andes, no sentido de desqualificar perguntas honestas das pessoas, de ficar se arvorando em cima de burocracias. Se você faz um destaque, eles dizem que não se trata de um destaque e sua fala deixa de valer. Quem não sabe a diferença entre um destaque e um encaminhamento fica deslocado no debate, não há acolhimento.
Acho também que é uma intransigência a diretoria nacional do Andes sequer discutir meios de votação e participação por sistemas de internet. Muitos professores trabalham on-line, estão fora das sedes das universidades, em locais distantes. Ampliaria a participação se as pessoas tivessem diferentes formas de atuação e voto.
Talvez pelo clima de chapas, pela disputa política neste congresso, essas questões fiquem mais acirradas. De todo modo, senti uma animosidade contra a UFRJ. Ao pronunciar que eu era da AdUFRJ, já mudava a forma de algumas pessoas me responderem. No meu grupo de trabalho, eu me senti um pouco tolhido.
A melhor parte é a troca com os colegas. A gente consegue ter noção do que é a universidade. Quem é da Física acaba ficando na Física, há uma rara interação. Aqui, isso não acontece. Temos médicos, gente da Praia Vermelha, do IFCS, pessoas dos mais diferentes gostos. Aprendi sobre culinária, aprendi que Lacan sabia muito de Matemática. Tive uma aula sobre ele! Perceber a universidade como universitas, de fato, não tem preço.

 



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