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CONADA presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller (como delegada, com direito a voto), e os professores Herli de Menezes e Luis Acosta (como observadores) compõem a delegação da universidade ao 11º Conselho Extraordinário do Andes (Conad), uma das instâncias deliberativas do Sindicato Nacional dos docentes universitários. Os nomes foram eleitos em assembleia realizada no dia 19.

O encontro ocorre entre os dias 27 de março e 3 de abril, de forma virtual, e tem como tema central “Em defesa da vida, dos serviços públicos e da democracia e autonomia do Andes-SN”. Eleonora defendeu que o evento seja uma oportunidade para a união de todos os professores em torno de uma agenda clara. “Espero que a gente saia do Conad com orientações claras e unitárias, e que não haja a repetição de um discurso que só favorece disputas internas”, disse a professora.

Ainda na assembleia, alguns professores demandaram que a AdUFRJ atue em ações sociais, como as cozinhas solidárias do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). O diretor Josué Medeiros respondeu que o sindicato já fez uma doação de R$ 5 mil para a iniciativa. “Nossa ideia era não só apoiar financeiramente, mas visitar o local onde funciona a cozinha com uma comitiva de docentes da UFRJ”, explicou. Mas a visita ficou impossibilitada pelo recrudescimento da pandemia.

Na avaliação de Josué, a assembleia foi bastante positiva. “Já estamos fazendo ações de solidariedade desde o começo da pandemia. Ver a ideia pautada na assembleia reforça que esse caminho tem que continuar”, ponderou. Josué também considerou positiva a unidade em torno do discurso de enfrentamento às políticas do governo. “Estamos tendo unidade no movimento de enfrentar Bolsonaro e impedir que o genocídio continue”.

PLENÁRIA EM DEFESA DA VIDA

Unidade em defesa da vida, pela vacinação já, contra o governo genocida e em defesa do serviço público. Esses foram os principais temas que marcaram a Plenária de docentes das instituições de ensino superior do Rio de Janeiro, na quarta-feira (25). O evento virtual, organizado pela Regional Rio de Janeiro do Andes-SN, contou com o apoio da AdUFRJ, ADES Faetec, Asduerj, Adunirio e Aduff.

Cerca de 130 docentes, de todas as instituições de ensino superior do estado, participaram da plenária. “Apesar do momento muito triste que estamos vivendo, é uma alegria poder estar em uma plenária composta por docentes das diversas seções sindicais do Rio de Janeiro”, saudou a professora Elizabeth Barbosa, 1ª vice-presidente da Regional Rio do Andes-SN. “Queremos afirmar aqui a defesa da vida. Estamos aqui pela rejeição da reforma administrativa, que ataca os serviços públicos, pelo lockdown, para defender um auxílio-emergencial digno e pela vacinação urgente de toda a população”, justificou.

O professor Felipe Rosa, vice-presidente da AdUFRJ, fez uma avaliação positiva do encontro. “Foi demonstrada uma unidade muito grande, e que o objetivo dos docentes deve ser batalhar por vacina para todos, pelo fim desse governo destruidor e lutar contra as reformas que estão por vir”, disse. “A PEC emergencial passou, mas agora temos de batalhar para conseguir resistir à reforma administrativa e a outras investidas do governo, como o estrangulamento do orçamento das universidades e da pesquisa”, apontou. Para Felipe, a plenária mostrou que há muita vontade política de fazer uma luta unificada. “O clima construtivo da plenária estava muito bom”, afirmou.

 

cefetEleito em maio de 2019, o professor Maurício Saldanha Motta foi finalmente nomeado diretor-geral do Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro (Cefet-RJ), nesta quinta-feira (25). Durante o período de quase dois anos, o Cefet esteve sob o comando de interventores indicados pelo governo Bolsonaro.

A nomeação reflete o início de um julgamento no Supremo Tribunal Federal. A ministra Cármen Lúcia votou, semana passada, pela inconstitucionalidade do trecho do decreto presidencial que permite ao ministro da Educação indicar interventores para a direção de institutos federais de educação. A ministra é a relatora do caso.

WhatsApp Image 2021 03 19 at 17.25.574Alessandra Nascimento
Colégio de Aplicação (CAp)

 

Eu atuo com uma turma de primeira série do Ensino Fundamental, estamos em pleno período letivo, que vai até o dia 9 de abril. São 16 alunos de seis e sete anos que estão aprendendo a ler e a escrever. Gosto muito de trabalhar com essa série, me sinto confortável, tenho experiência de alguns anos com esse segmento de alfabetização. Começamos presencialmente, lá em março do ano passado, construindo nossos laços, conhecendo as crianças, fazendo o diagnóstico de cada aluno para construir nosso projeto. Mas, em três semanas de aula, tudo parou.

Ou melhor, pararam as aulas presenciais, porque nosso trabalho continuou, e de forma intensa. Fizemos várias reuniões e mantivemos um princípio básico do CAp, que é o de não deixar nenhum aluno para trás. Decidimos que não começaríamos nenhuma atividade sem que tivéssemos a certeza de que todos os nossos alunos tivessem acesso ao ensino remoto. Fizemos um mapeamento para saber a situaçao de cada um: se tinha computador, celular, acesso à internet. E nisso o edital de inclusão digital da UFRJ foi fundamental, pois garantiu esse acesso.

Em paralelo, mesmo sem contar como carga horária, fizemos o que chamamos de encontros de acolhimento. Com tantas mortes diárias por covid-19, queríamos saber como estavam os alunos e suas famílias. Foram encontros semanais e virtuais, a partir de julho. Especificamente na minha série, a gente propôs um projeto, em vigor até hoje, de protagonismo infantil. Para que cada aluno pudesse expressar suas emoções diante da pandemia, as perdas na família, as necessidades em casa. A partir de setembro, retomamos o ano letivo de 2020, com encontros síncronos diários de uma hora e vinte minutos, e atividades assíncronas para cumprir em casa. Nesse momento de isolamento, esse tempo em que ficamos com eles ajuda muito para que não se sintam distantes, sozinhos e tristes.  

Muitas são as angústias, muitas são as fragilidades. Mas eu acredito que a gente fez o que deveria ter feito e estamos fazendo o melhor que podemos fazer. Tem dias que eu fico muito triste, choro, me sinto incapaz, impotente. Quando um aluno meu não consegue ler e chora, se eu estou ao lado, consigo lidar com isso, contornar a situação. Mas na distância, não. Mesmo assim, temos feito coisas muito bacanas nas aulas remotas. Construímos com eles uma rotina. Em termos pedagógicos, o maior ganho talvez tenha sido a possibilidade de trabalhar interdisciplinarmente. Eu atuo com as disciplinas de Portugûes, História e Geografia. E passei a dar aulas em conjunto com a professora de Educação Física. Planejamos juntas as abordagens, criando diálogos e contemplando os conteúdos que precisamos cumprir. Isso tem sido muito legal. Mas estou muito ansiosa pelo retorno. A esperança é que seja em breve e com segurança.

temporaoEx-ministro da Saúde (2007-2011) do segundo mandato do governo Lula, o médico José Gomes Temporão propôs uma articulação ampla com foco no combate à pandemia para atuar de forma alternativa às diretrizes federais. O shadow cabinet (termo em inglês que pode ser traduzido como gabinete sombra ou gabinete paralelo), segundo Temporão, funcionaria como uma autoridade sanitária de peso que “sinalizasse para a sociedade: o rei está nu, não é por ali, é por aqui”. O ex-ministro foi um dos convidados do debate virtual “Estratégias realistas para o enfrentamento da covid-19”, promovido pelo Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, na noite da segunda-feira (22). O encontro reuniu pesquisadores e movimentos sociais.

O gabinete informal sugerido por Temporão reuniria governadores, prefeitos, entidades da Saúde Pública, da Ciência e da Medicina, partidos políticos, parlamentares, Congresso Nacional e mídia para criar uma governança com foco no combate à pandemia. “Na prática, nós construímos uma governança paralela informal e ampliada do Sistema Único de Saúde, sem governo federal”, justificou o ex-ministro. Em sua visão, o consórcio Nordeste para vacinas é um exemplo positivo, “mas teríamos espaço para avançar um pouco mais”.

O ex-ministro da Saúde analisou a desarticulação progressiva do SUS no último ano, até a militarização final da pasta. E descartou a hipótese de “erros” ou “incompetência” de gestão: “Existe um método onde se faz um diagnóstico e a partir desse diagnóstico são tomadas medidas nas áreas sanitária, econômica, social e médica. O resultado: trezentos mil mortos”, afirmou.

Pesquisas de diferentes instituições apontaram para erros graves em  importantes frentes. Um mapeamento da Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) mostrou um discurso coeso, entre pronunciamentos e normas jurídicas, em resposta à covid-19. “Existe um momento, entre final de março e início de abril de 2020, em que prevalece dentro do governo federal a ideia de que a resposta deve ser a imunidade de rebanho por contágio”, disse Deisy Ventura (USP).

A convergência de indicadores alarmantes, como a alta de transmissões, superlotação em hospitais e de mortalidade em diversos estados, hoje, foi explorada pelo pesquisador da plataforma Monitora covid-19 da Fiocruz, Christovam Barcellos. “Em fevereiro e março, o Brasil todo ficou vermelho”, alertou.

Já a fragmentação das ações junto à população para evitar aglomeração, como isolamento social, fechamento de escolas, lockdown no comércio e afins foi abordada por Guilherme Werneck, da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e pela liderança comunitária do Dona Marta, Itamar Silva. “Isoladamente, essas medidas têm efeito pequeno. Na forma combinada é que você consegue superar o patamar de transmissão para ter um respiro na mortalidade e também no serviço de saúde”, criticou Guilherme. Já Itamar deu ênfase aos gargalos do transporte urbano e da realidade habitacional de “seis a oito pessoas em moradias de dois cômodos”.

A reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho, participou da discussão sobre o cenário. “Daria para o Brasil não estar passando por essa situação. Isso tem que ficar claro para a população: que essas quase trezentas mil mortes poderiam sim ter sido evitadas. Elas foram evitadas em outros países, inclusive em alguns com uma população maior que a do Brasil”, lamentou.

José Gomes Temporão

“Estamos diante de uma situação de naturalização da pandemia onde, paradoxalmente, ela atinge a situação mais crítica. O governo federal aposta na apatia, na insensibilidade, na indiferença”.

Deisy Ventura

“A tese da imunidade de rebanho por contágio ofereceu a diversos atores do governo federal uma solução eleitoral, como forma de angariar apoio de setores econômicos importantes”.

Christovam Barcellos

“Ao mesmo tempo em que se percebe essa ocupação grande dos hospitais, há uma alta na mortalidade e na incidência de casos”.

Guilherme Werneck

“Não existe no Brasil uma ação que tenha sido colocada em prática, nacionalmente ou regionalmente, para contenção da transmissão de forma efetiva”.


Itamar Silva

“A comunicação efetiva está se dando de novas formas. Como a gente faz para se contrapor e disputar essa comunicação da maneira como ela está acontecendo hoje?”.

WhatsApp Image 2021 03 19 at 17.25.573Bruno Clarkson Mattos
Instituto de Biologia

 

No dia 9 de março de 2020, assinei o contrato para o que seria a minha primeira experiência como docente e, na semana seguinte, as atividades foram paralisadas. Com o avanço da pandemia e a sensação de impotência diante do crescente número de vítimas, assim que a UFRJ anunciou um programa de voluntários para o combate à covid-19, eu aproveitei o vínculo recentemente estabelecido e me cadastrei. Entre abril e julho, trabalhei na força-tarefa de combate à doença, parte no Centro de Triagem e Diagnóstico montado no CCS, parte no Laboratório de Virologia Molecular, fazendo extrações de RNA viral das amostras de swab para os rt-PCRs diagnósticos de Sars-CoV-2.

As atividades foram intensas e me deixaram psicologicamente estafado para estudar e preparar as aulas para o Período Letivo Excepcional, que foi anunciado para começar em agosto. Com o início das aulas remotas se aproximando, seria impossível conciliar as duas atividades e eu me despedi do voluntariado.

Retomei então os estudos para a construção das aulas e o aperfeiçoamento do uso das ferramentas que viabilizaram o ensino e a comunicação com os alunos. Mesmo contando com a ajuda dos colegas que dividem disciplinas comigo, essa retomada foi um período intenso, com a elaboração e a gravação das aulas e com o desenvolvimento das atividades e avaliações que seriam passadas aos alunos nos meses seguintes. Em novembro, a minha participação no PLE se encerrou com a aplicação das avaliações.

Esse primeiro período de ensino a distância foi difícil para todos, mas sinto que foi especialmente desafiador para os alunos. A impressão que  tenho é que muitos ainda não haviam se adequado a essa nova realidade. A maioria não conseguiu acompanhar o cronograma de aulas assíncronas e, de maneira geral, a frequência deles nas aulas síncronas foi muito baixa. Menos de 10% dos inscritos compareciam. Algumas vezes, nenhum aluno apareceu para a aula.

Não vou esconder que fiquei frustrado de ter a minha primeira experiência como professor na UFRJ em um cenário que exige distanciamento dos alunos e ensino remoto. Mesmo assim, para mim é gratificante, em um momento como esse, ter participado de alguma forma do combate à pandemia e da manutenção do ensino em uma das melhores universidades do país.

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