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WhatsApp Image 2023 12 11 at 20.34.29 2Fotos: Fernando SouzaAlexander W. A. Kellner
Diretor do Museu Nacional/UFRJ

Ingressei no Museu Nacional/UFRJ em 21 de agosto de 1997 e acabo de completar 26 anos nessa instituição bicentenária. Na realidade, como talvez alguns possam imaginar, pensei em escrever esse texto no ano passado, mas simplesmente fui atropelado pelo trabalho e pela vida...
Quando passei no concurso, não conseguia esconder minha felicidade! Como já disse diversas vezes, a instituição que mais me encantava para trabalhar no Brasil era justamente o primeiro museu fundado no país. Muitos eram os sonhos, mesmo consciente dos enormes desafios que a instituição enfrentava. Na minha avaliação, a solução para uma melhoria das condições do Museu estava diretamente relacionada a um trabalho intenso na sua marca, algo que não estava sendo feito de forma efetiva. A meu ver, não seria possível que a sociedade, sabendo da importância da instituição, não procurasse ajudar a resolver as questões prementes de infraestrutura. E era necessário mostrar as condições precárias juntamente com o enorme potencial deste que é o maior museu de história natural e antropologia da América do Sul.
Aqueles primeiros meses não foram tão fáceis. Eu tinha voltado dos Estados Unidos, tendo realizado o doutorado em Nova Iorque, na Columbia University que mantinha um programa de pós com o American Museum of Natural History. Havia passado cinco anos em um escritório destinado aos estudantes que tinha vista para o Central Park. Sei que parecerá difícil acreditar, mas eu tinha à minha disposição recursos para desenvolver qualquer pesquisa na minha área (paleontologia), desde que justificasse e produzisse resultados (em tempo, foi ali que, ainda aluno de doutorado, publiquei o meu primeiro paper na Nature).
A realidade no Museu Nacional me trouxe algum choque. Para começar, o meu escritório, compartilhado com outros, ficava em um ambiente “dominado” por gatos, com todos os ônus (e sem muitos bônus) que se pode imaginar... Importante frisar que, na época, fui muito bem acolhido pelos meus colegas de setor, talvez já acostumados e ambientados com aquela situação, que era estranha para mim. Depois de algum tempo, chegamos a um acordo, limpamos e reformamos o Setor de Paleovertebrados, com divisões minimamente decentes e um (micro!) espaço para alunos.
Ainda no início, houve a minha primeira experiência com o perigo de um incêndio. Estava em meu escritório e uma gritaria fez com que eu fosse para a área de coleção: fumaça saindo de uma daquelas lâmpadas fluorescentes! Felizmente, ela parou logo, sem nenhuma intervenção. No dia seguinte, o administrador da época explicou, para um “novato desconfiado”, que não havia risco real e que era normal que essas lâmpadas, quando queimavam, soltassem aquela fumaça...WhatsApp Image 2023 12 11 at 20.34.29 3
Não me perguntem o porquê, mas, mal havia chegado, fui convidado para me tornar chefe do departamento de Geologia e Paleontologia (DGP). Quem me incentivou — e fez a campanha — foi a minha querida amiga Beth Zucolotto. Nessa época também veio a oportunidade de fazer uma exposição — uma longa história... Depois de idas e vindas, No Tempo dos Dinossauros abriu na quinta-feira, 10 de junho de 1999, alguns dias depois do aniversário de 181 anos da instituição, se transformando em um sucesso instantâneo! Filas no parque da Quinta da Boa Vista! Foi a mostra de paleontologia de maior sucesso realizada até aquela data. Juntava a marca Museu Nacional/UFRJ com ações na mídia (não havia mídias sociais naqueles anos) graças ao assessor de imprensa, o querido Pedrosa. Ele foi levado para o Museu pela colega Simone Mesquita (uma lutadora, sempre procurando modernizar a instituição), que convenceu o melhor diretor do Museu das últimas décadas, Prof. Luiz Fernando Dias Duarte (que, entre outras conquistas, batalhou a verba para essa exposição e outras iniciativas com a PETROBRAS, e, também, foi quem trouxe a fundação VITAE de volta para o Museu), da necessidade de ter um canal mais direto com a sociedade através da mídia! Óbvio? Não para a instituição até aquele tempo. Essa exposição também possibilitou a montagem de uma réplica do primeiro dinossauro brasileiro — Staurikosaurus pricei — um trabalho de Helder de Paula Silva, um preparador de mão cheia que fez escola na preparação de fósseis a nível nacional. Outro destaque que veio com a exposição foi o talentoso Maurílio Oliveira — grande artista que, de certa forma, pode ser considerado uma espécie de “pai da paleoarte brasileira”! A arte de Maurílio foi fundamental para o sucesso da exposição. E tantos outros trabalharam muito para aquela iniciativa!
Entre os resultados, tivemos verba para instalar um laboratório de preparação de vertebrados fósseis (a sala habitada por dois morcegos que eu havia batizado de Minnie e Mickey) e reformar a área de coleções. Saíram armários infestados de cupins e entraram os primeiros arquivos deslizantes modernos — hoje comuns. Acredito que essa iniciativa modificou a paleontologia no Brasil, uma vez que despertou o interesse da imprensa pela pesquisa de fósseis, que se expandiu para as pesquisas realizadas por paleontólogos em outros estados brasileiros. E para o Museu, uma dotação orçamentária mais expressiva. Uma verdadeira revolução em diferentes campos!
Logo depois da abertura dessa mostra, muitos colegas vieram conversar comigo se eu não queria me candidatar para a direção do Museu. Até mesmo o diretor Luiz Fernando havia comentado em uma ocasião que seria algo em que eu deveria pensar. No entanto, por mais que muitos imaginassem que eu nutria essa ambição, sempre me esquivei da ideia. Vim da experiência da iniciativa privada, havia passado pelos Estados Unidos, onde direitos e deveres são conceitos bem definidos, e estava iniciando no serviço público, um ambiente muito diferente. Não ia dar certo. Ademais, era muito jovem, e queria desenvolver a minha carreira.
Até que, na reunião magna da Academia Brasileira de Ciências (na qual ingressei em 1996 como Membro Correspondente e em 2003, como Membro Titular), realizada em 06 de maio de 2015, após uma palestra sobre o Museu, acadêmicos me perguntaram o que poderia ser resumido assim: o que você está fazendo pelo Museu Nacional? Por mais que me esquivasse e desse as já tradicionais explicações (ministrar aulas, orientar alunos, realizar pesquisa e proferir palestras críticas sobre a situação do Museu), eles me convenceram a pelo menos pensar no assunto da direção.
Depois de algum tempo (não sou muito impulsivo para uma tomada de decisões de grande impacto pessoal e costumo analisar prós e contras), resolvi me preparar para uma candidatura que ocorreu em 2017. Antes da primeira apresentação pública (uma longa história) que acabei fazendo para técnicos-administrativos em educação, um deles, que torcia pelo sucesso da candidatura, me aconselhou a não falar em mudanças, pois as pessoas são refratárias a transformações, mesmo ele sabendo que eu iria mudar muita coisa. Não pude seguir esse conselho: na minha apresentação, improvisada, deixei claro para todos que precisaríamos mudar a maneira com a qual nos relacionávamos com a sociedade! Isso teria que passar por questões internas, caso contrário, uma candidatura como a minha não valeria a pena para ninguém: nem para o eleitorado e nem para o candidato. Na época, eu previ que iria haver uma segunda chapa, com perfil mais ameno e que não iria mudar muita coisa. Houve. E o resultado da eleição: com 63,72% (contra 32,24% da outra chapa; 0,12% brancos; 3.92% nulos) a chapa “Para além dos 200 anos – revitalizando o Museu Nacional” venceu a consulta. A instituição ansiava por mudanças — isto bem antes da tragédia (ao contrário da afirmação de alguns)!
Logo no início, muitas transformações — demais para listar aqui (sim, estou escrevendo um livro a respeito): organização administrativa, incluindo a instituição de uma chefia de gabinete; início de um plano museológico; fortalecimento do setor de museologia com foco nas exposições — uma das maneiras de diálogo com a sociedade; funções gratificadas — mais raras na instituição do que os fósseis que pesquiso; cursos teóricos e práticos ministrados pela Defesa Civil para medidas preventivas e primeiras ações no caso de incêndio (mais de 90 foram treinados); abertura para segmentos da sociedade, mostrando o potencial de uma parceria com o Museu; contatos com o entorno; dedicação integral para a viabilização do projeto do BNDES — que já tramitava, morosamente, por alguns anos; e muito mais! Até mesmo o antigo gabinete do diretor foi reaberto, mostrando a realidade da instituição: grandeza, refletida pela imponência da sala e do mobiliário, com problemas, retratados pelas paredes descascadas por conta das infiltrações. Era necessário tratar dos problemas e havia a necessidade de envolver a sociedade.
A posse festiva da nova diretoria ocorreu na sexta-feira, 13 de abril de 2018, ilustrando bem que a instituição navegava por novos rumos: mais de 300 (!) pessoas em um auditório e salas anexas lotados, com, além de membros de diversas unidades da UFRJ, representantes da sociedade civil: empresários, políticos e representantes de governos estrangeiros! E muitas pessoas de bem, entusiasmadas com as mudanças em curso.
Então houve a festa dos 200 anos do Museu. Foi grandiosa, apesar da marcada ausência de ministros de Estado, ilustrando o contínuo descaso com o primeiro museu do Brasil! Um dia antes, 5 de junho, houve, finalmente, a assinatura do contrato com o BNDES, que traria o financiamento para dias melhores. E a abertura de uma exposição patrocinada pela PETROBRAS!
Tudo ia bem, até o início da noite do domingo de 2 de setembro de 2018, quando o maior pesadelo da instituição se concretizou. Menos de sete meses da posse... Pessoalmente defendo que essa data entre para o calendário nacional como um dia para a reflexão sobre a necessidade de proteção do patrimônio científico e cultural.
Desde então, o mundo para o corpo social do Museu mudou. Momentos de muita frustração, aliadas a demonstrações de muita solidariedade! A imagem do abraço dado ao palácio no dia seguinte pelo corpo social que envolveu estudantes das escolas públicas do entorno jamais deixará de emocionar... Como também deve ser vista com muito respeito e admiração a resiliência dos servidores da instituição: muitos não se deixaram abater, transformaram o luto em luta e poucos dias depois da tragédia surgiu o mote: O Museu Nacional VIVE!
Este mote se tornou o Projeto Museu Nacional Vive (https://museunacionalvive.org.br/), que está a frente da reconstrução principalmente do palácio e da biblioteca central. Nestes cinco anos, houve avanços: temos um terreno de 43.400 m² onde se projeta o futuro e esperança da instituição, pois ali serão construídos os novos laboratórios e edificações para abrigar as coleções! Nunca é demais enfatizar a necessidade de apoiar a pesquisa que é o grande diferencial deste museu para muitos outros. Também estão planejadas edificações contendo as salas de aula em um parque no qual o público poderá passar algumas horas e se inteirar um pouco sobre a atividade de pesquisa do Museu.
Como pode ser imaginado, nem tudo são flores... As dificuldades ainda são muitas e o governo que passou não facilitou em nada a reconstrução. Até mesmo acusações de que a direção fazia parte de um partido político e que estava construindo no lugar do palácio um Shopping Center com apoio da UNESCO — uma verdadeira aberração — foi difundido. E o pior: esse absurdo “colou’, atrasando em muito o projeto.
Porém, com o início deste ano, no qual estou há um quarto de século na instituição, a esperança voltou! Recebemos um apoio fundamental do Excelentíssimo Sr. Camilo Santana, Ministro da Educação, que trouxe o Presidente Lula para o Museu! E com o novo governo veio a promessa em auxiliar o Museu para que este reabra as portas em abril de 2026! Não será fácil e ainda há muito que fazer. Nem sempre encontramos o apoio que poderia nos ser dado, inclusive por unidades da própria universidade, seguindo (infelizmente) à risca o provérbio: ‘Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão’. Não existe possibilidade em declinar do apoio da iniciativa privada para evitar o estado de sucateamento das universidades. Também há que se pensar em maneiras diferentes para financiamentos, particularmente na questão da reconstrução de Museu Nacional/UFRJ, que requer uma quantidade de fundos considerável, inclusive para a sua manutenção. Teremos que ter mais apoio tanto do governo federal e da sociedade, incluindo o empresariado. Mas, olhando para os últimos cinco anos, tenho a percepção de que estamos na direção certa! Isso graças à UFRJ e aos parceiros como BNDES, UNESCO, Instituto Cultural Vale, Bradesco, governo da Alemanha e o governo brasileiro que, sobretudo através do MEC, tem nos permitido sonhar!

O Paço Imperial é o cenário da nona edição da Bienal da Escola de Belas Artes da UFRJ. O tema deste ano é “Kaleidoscópio”. Em cartaz até 24 de março, o evento na Praça XV reúne 76 lindas e intrigantes obras de 54 artistas. O público pode visitar de terça a sábado, das 12h às 18h, e no domingo, das 12h às 17h. A entrada é gratuita.

Fotos: Alessandro Costa

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WhatsApp Image 2023 12 11 at 20.34.29 1

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WhatsApp Image 2023 12 11 at 20.34.28 1A crise financeira fez os diretores do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG) e Maternidade Escola encaminharam à reitoria um pedido urgente de socorro, na semana passada. “Corremos o risco iminente de colapso com fechamento de nossas unidades com grave impacto na atenção à saúde de nossa população”, diz um trecho do documento, que é reproduzido nesta página.
Não há mais recursos suficientes para o pagamento de serviços terceirizados vitais ou para a compra de insumos indispensáveis, como medicamentos e materiais de laboratório. Seriam necessários R$ 36 milhões para zerar os déficits apresentados. O HU, maior unidade de saúde da UFRJ, precisa de R$ 23 milhões; o IPPMG, R$ 9 milhões; e a Maternidade, R$ 4,3 milhões.
Ao final do Consuni passado, no dia 7, o reitor Roberto Medronho afirmou já ter enviado a solicitação das unidades de saúde ao Ministério da Educação. “Os hospitais estão em uma situação muito dramática”, disse. “Fico me perguntando quantas pessoas deixaram de ser salvas pela redução continuada histórica do número de leitos. E quantas deixarão de ser salvas, se continuarmos com 160, 180 leitos no HU. Estou lutando por aqueles pacientes que não têm planos de saúde, que são exclusivamente Sistema Único de Saúde”, completou.

RECURSOS SÓ ATÉ JUNHO
A universidade não tem dinheiro para ajudar. Ainda no Consuni do dia 7, o pró-reitor de Finanças, professor Helios Malebranche, informou que a reitoria tem cortado gastos importantes para manter as despesas consideras essenciais, como auxílios estudantis.
Já o quadro para 2024 é mais grave ainda. “As necessidades mínimas da universidade, sem nenhuma expansão, são da ordem de R$ 540 milhões. Nosso orçamento é de R$ 388 milhões”. Se não houver nenhuma melhoria deste cenário e, mesmo que a UFRJ consiga equacionar algumas dívidas, o pró-reitor informou que os recursos só irão durar até junho do ano que vem.
A reitoria conta com a adesão à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) para aliviar a situação orçamentária. A instituição gasta R$ 80 milhões anuais com a manutenção dos hospitais universitários. Dinheiro que poderá ser transferido para outras despesas da UFRJ.

WhatsApp Image 2023 12 11 at 20.44.35 2

savings 2789112 640Falta pouco tempo para a comunidade acadêmica saber se 2024 será um ano feliz para as universidades federais. No dia 21, está prevista a votação do orçamento no plenário do Congresso. De acordo com proposta enviada pelo governo, ainda em discussão por deputados e senadores, as já insuficientes receitas discricionárias das instituições de educação superior são reduzidas em quase R$ 100 milhões em relação a este ano.
“Não voltamos aos patamares de Jair Bolsonaro, mas a previsão de 2024 é menor do que as receitas deste ano. Precisamos denunciar essa redução”, afirmou a presidenta da AdUFRJ, professora Mayra Goulart, durante debate realizado na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, dia 5. “Agora é o momento de pressionar o seu deputado, de pressionar o seu movimento social para ir a Brasília pedir mais recursos para a educação superior”, completou
A AdUFRJ exerce esta função na coordenação do Observatório do Conhecimento, rede de associações docentes que defende a universidade pública. “Nosso papel é pegar dados já disponíveis e transformá-los em peças de comunicação, mobilização e de advocacy para atuar na sociedade civil e junto aos tomadores de decisão com o propósito de sensibilizá-los para a defesa da universidade”, explicou Mayra. “A gente pede a ajuda de vocês para expandir essa pressão. Estamos diante de um governo social-democrata, que é mais suscetível a pressões populares”, disse a presidenta do sindicato aos colegas e estudantes da Rural.WhatsApp Image 2023 12 11 at 20.35.22
Uma pressão que deve ser feita para buscar orçamento discricionário — que custeia o funcionamento geral das universidades —, além de emendas parlamentares. “Não é para deixar de lutar por emendas, mas o dinheiro desembolsado sob a forma de emenda não só implica uma perda de autonomia por parte dos reitores como cria desigualdade dentro da universidade. Aqueles grupos que têm mais capacidade de obter renda vão ter mais acesso a recurso”, disse. “Isso gera concorrência dentro da própria universidade e entre universidades por um montante que deveria ser garantido pelo governo federal”, concluiu.

INFORMAÇÃO QUALIFICADA
Na disputa política por mais orçamento, a informação qualificada pode fazer a diferença para a mobilização das comunidades acadêmicas. Na Rural, a tarefa foi abraçada pelo Observatório de Política Macroeconômica, que lançou o Boletim Econômico das Universidades Federais, durante o debate do dia 5.
O documento — que poderá ser acessado AQUI — apresenta um conjunto de dados sobre o descompasso entre o financiamento reduzido e a necessidade de mais recursos para a manutenção da infraestrutura e assistência estudantil, nos últimos anos.
Um exemplo são as verbas para apoiar os alunos, que saltaram de quase zero em 2000 para R$ 1,41 bilhão em 2015, segundo o boletim. Em seis anos, caiu para R$ 940 milhões e somente em 2023, houve uma pequena recomposição do montante para R$ 1,09 bilhão. O orçamento não acompanha o percentual de matriculados com origem em famílias de baixa renda, que passou de 1% em 2009 para 15% em 2019, que é o dado mais recente.
Coordenadora do Observatório de Política Macroeconômica, a professora Luciana Ferreira destacou a importância do boletim, que será trimestral. “Não adianta argumentar sobre o que não conhecemos. O boletim é um produto do Observatório para tomarmos conhecimento da realidade orçamentária das universidades”, disse.

MINISTÉRIO SEM DINHEIRO
Uma realidade bem difícil nos dias atuais, como confirmou o reitor da Rural, professor Roberto Rodrigues. “Semana passada fui a Brasília. Você senta à mesa com o ministro, o ministro não tem recurso. Você senta à mesa com o parlamentar, ele tem o recurso”, informou. “Você tira o poder de quem faz as políticas de desenvolvimento do Estado, que é o Executivo, e coloca na mão do Legislativo. Há sete anos, os ministérios tinham recursos; hoje, o recurso é liberado pelo parlamentar”.
Somado a isso, é preciso considerar que a universidade pública é uma autarquia diferente das outras, o que dificulta o gerenciamento do escasso orçamento. “Uma autarquia federal tem poder de aquisição e execução em coisas muito centradas. Já a universidade é plural na aquisição. Hoje, uma universidade pública precisa comprar comida para laboratório de animais, medicamentos para animais. Faz obras para restaurante universitário, obra para hospital veterinário, obra de acessibilidade”.
O quadro é agravado pela crescente terceirização dos serviços na universidade. O reitor deu o exemplo da vigilância na Rural. “São 38 trabalhadores para proteger esses quatro campi da nossa universidade. Isso nos empurra obrigatoriamente para onde? Segurança privada. Esses que estão, em sua maioria, em condições de se aposentar, não serão recompostos por servidores públicos”, afirmou.
“Se não defendermos essa universidade pública, que hoje é da classe trabalhadora, ela pode se extinguir. Ela pode deixar de existir como a conhecemos hoje”, alertou o dirigente.

AdUFRJ entrega carta ao ministro

WhatsApp Image 2023 12 11 at 20.35.22 1A presidenta da AdUFRJ, professora Mayra Goulart, entregou um documento sobre a crise orçamentária das universidades– e da UFRJ, em especial – para a secretária de Educação Superior, Denise Pires de Carvalho, e para o ministro da Educação, Camilo Santana, na tarde da quarta-feira (6). Os representantes do MEC, ao lado do presidente Lula, estiveram no Rio para a cerimônia de credenciamento do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa) como Instituição de Educação Superior. O Impa está autorizado a oferecer o bacharelado em Matemática da Tecnologia e Inovação a partir de abril de 2024.

Além da carta dos conselheiros noticiada mais cedo pela AdUFRJ, outros dois documentos circulam na universidade neste 7 de dezembro. Ambos são assinados por docentes que apoiam o contrato entre a UFRJ e a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. O primeiro documento é assinado por 96 professores titulares e eméritos do Centro de Ciências da Saúde. O segundo conta com a assinatura de 137 docentes titulares, eméritos e decanos de outros centros e unidades não pertencentes ao CCS. Os textos, a exemplo da carta dos conselheiros do Consuni, também foram encaminhados ao reitor Roberto Medronho.
Veja abaixo (no título de cada carta há o link para a versão original do documento):

Carta dos Professores Titulares e Professores Eméritos do CCS ao CONSUNI

Nós, professores titulares e professores eméritos do Centro de Ciências da Saúde da UFRJ, nos dirigimos ao Conselho Universitário para expressar nossas expectativas quanto à decisão a ser tomada em breve - a autorização para que o Reitor assine contrato com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), com vistas à gestão de unidades de nosso Complexo Hospitalar.

Vivemos tempos de grande demanda social por vidas saudáveis e longas. Formam-se redes mundiais que associam e integram os campos da pesquisa básica, translacional e clínica. O progresso no conhecimento e nas intervenções em Saúde é impossível, se faltar vitalidade a um desses componentes. O papel dos hospitais universitários para os avanços na fronteira do conhecimento nas ciências da vida é imprescindível.

Os hospitais universitários têm sido, há mais de cem anos, o tronco forte da investigação científica que envolve humanos. No Brasil, muitos possuem importantes Unidades de Pesquisa Clínica, como o HUCFF, que se conectam com as missões de assistência, ensino e extensão.

Há muitas crises na história dos HUs no Brasil. Para os que integram as IFES, a Nação, por meio do Congresso, aprovou em 2011 a Lei 12.550, que autorizou a criação da EBSERH, cuja evolução revela as características de sólida política de Estado. Sua rede comporta todas as IFES que têm hospitais - exceto a UFRJ -, e neles trabalham mais de 41.000 servidores públicos.

Infelizmente, na UFRJ são dez anos sem alternativas, senão a realidade de centenas de leitos desativados em nossas unidades hospitalares, deterioração de instalações, precariedade na infraestrutura de ensino, pesquisa e assistência, carência de servidores e existência de trabalhadores sem nenhum vínculo empregatício.

Assim, conclamamos os conselheiros a autorizarem o Reitor a integrar a UFRJ à rede de hospitais universitários geridos pela EBSERH. Seremos, todos, parceiros em assegurar que a incorporação a essa política pública se faça no inarredável marco da autonomia universitária.

7 de dezembro de 2023

Adalberto Ramon Vieyra – IBqM
Afrânio Kritski – FM
Alane B. Vermelho – IMPG
Alberto Schanaider – FM
Alexandre Pyrrho – FF
Alice Violante – FM
Ana Paula Colombo – IMPG
André Santos – IMPG
Andrea T. Da Poian – IBqM
Anete Trajman – FM
Antonio Carlos Campos de Carvalho – IBCCF
Antonio Jorge Ribeiro da Silva – IPPN
Antonio Solé-Cava – IB
Arthur Octavio Kos – FM
Beatriz Meurer – IMPG
Bianca Gutfilen – FM
Carla Araujo – EEAN
Carlos A Manssour – FF
Carlos Rangel – FF
Celso Caruso Neves – IBCCF
Claudia Mermelstein – ICB
Claudia Russo – IB
Claudia Vargas – IBCCF
Cristiane Villela – FM
Débora Foguel - IBqM
Eleonora Kurtenbach – IBCCF
Elvira Saraiva – IMPG
Fabio Scarano – IB
Fernanda Carvalho de Queiroz Mello – FM
Fernando Garcia de Mello – IBCCF
Fernando Guimaraes – Fisioterapia
Flávia Gomes – ICB
Francisco Esteves – NUPEM
Gil Salles – FM
Gilda Guimaraes Leitao - IPPN
Haroldo Vieira – FM
Heitor de Sousa – FM
Helena Araújo – ICB
Henrique Murad – FM
Hilton Augusto Koch – FM
Jerson Lima Silva – IbqM
Jorge Almeida Guimarães – ICB
Jose Ângelo de Souza Pappi – FM
José Egídio Paulo de Oliveira - FM
José Garcia Ribeiro Abreu Jr – ICB
José Marcus Rado Eulalio – FM
José Roberto – IMPG
José Roberto Lapa e Silva – FM
Katia Bloch – IESC
Leila Pessoa – IB
Lidia M. Lima – ICB
Lucia Teixeira – IMPG
Lucio Mendes Cabral – FF
Luis Mauricio Trambaioli R. Lima – FF
Luiz Nasciuti – Decano CCS
Maite Vaslin de Freitas Silva – IMPG
Manoel Domingos – FM
Manoel Luis Costa – ICB
Marcello André Barcinski – IBCCF
Marcia Attias – IBCCF
Marcio Alves Ferreira – IB
Marcos Farina de Souza – ICB
Maria Tavares Cavalcanti – FM
Marilena Silva Laport – IMPG
Mário Vaisman – FM
Marta Helena Branquina – IMPG
Mauro Sola-Penna – FF
Narcisa Leal da Cunha E Silva – IBCCF
Nelson Spector – FM
Patricia Dias Fernandes – ICB
Paulo A.S. Mourao – IbqM
Paulo Paiva – IB
Pedro Lagerblagh – IBqM
Rafael Linden – IBCCF
Reinado Bozzeli – IB
Renata Mousinho – FM
Ricardo Cardoso Vieira – IB
Roberto Lent – ICB
Robson Coutinho-Silva – IBCCF
Rodrigo Brindeiro – IB
Rodrigo Moura Neto – IB
Ronir Raggio Luiz – IESC
Russolina B. Zingali – IbqM
Sandra M.F.O. Azevedo – IBCCF
Sérgio Ferreira – IBCCF/IBqM
Sérgio Fracalanzza – IMPG
Sérgio Potsch - IB
Silvana Allodi – IBCCF
Stevens Rehen – IB
Suzana Guimaraes Leitão – FF
Ulisses G. Lopes – IBCCF
Valéria Pereira de Sousa – FF
Vera Halfoun - FM
Vivaldo Moura Neto – ICB
Volney de Magalhães Câmara – IESC
Wanderley de Souza – IBCCF

 

Carta ao CONSUNI dos Professores Eméritos e Professores Titulares não pertencentes ao CCS, Decanos e Responsáveis pelos Demais Órgãos de Estrutura Média, em apoio à adesão da UFRJ à EBSERH

A Comissão Paritária, instituída pelo Magnífico Reitor, através da Portaria nº 9.069, de 23 de agosto de 2023, que teve por objetivo avaliar a evolução institucional dos 41 Hospitais Universitários Federais que estão sob a gestão da EBSERH - Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, analisou os dados destes 41 hospitais, de 2012 a 2022, e apresentou, no CONSUNI de 09/11/2023, o seu relatório.

O Complexo Hospitalar da UFRJ, que compreende nove hospitais, enfrenta no momento a
maior crise de sua história e, na apresentação que quatro de seus diretores fizeram na reunião do CONSUNI de 16/11/2023, deixaram claro que temem o fechamento de nossas unidades hospitalares. Por isso, defenderam a adesão da UFRJ à EBSERH.

Os Professores Titulares e Professores Eméritos do CCS assinaram uma carta de apoio à adesão da UFRJ à EBSERH. Nós, Professores Titulares e Professores Eméritos não pertencentes ao CCS, Decanos e Responsáveis pelos Demais Órgãos de Estrutura Média da UFRJ, confiamos na avaliação de nossos colegas do CCS, pois estes vivem de perto a realidade de nossos hospitais. Assim, também apoiamos a adesão da UFRJ à EBSERH.

7 de dezembro de 2023

Adelaide Maria de Souza Antunes (Escola de Química)
Afranio Gonçalves Barbosa (Decano do CLA)
Alexandre de Castro Leiras Gomes (Escola de Química)
Alexandre Salem Szklo (COPPE)
Alvaro LGA Coutinho (COPPE)
Ana Ivenicki (Faculdade de Educação)
Ana Maria Ferreira da Costa Monteiro (Faculdade de Educação)
Andrea Medeiros Salgado (Escola de Química)
Andrea Viana Daher (Instituto de História)
Antônio Carlos Fontes dos Santos (Instituto de Física)
Antônio Carlos Jucá (Instituto de História)
Antonio Carlos Secchin (Faculdade de Letras)
Antonio Jorge Gonçalves Soares (Faculdade de Educação)
Argimiro Resende Secchi (COPPE)
Bluma Guenther Soares (Instituto de Macromoléculas)
Caetano Moraes (Escola de Química)
Carlos Alberto Nunes Cosenza (COPPE)
Carlos Antonio Abanto Valle (Instituto de Matemática)
Carlos Eduardo Young (Instituto de Economia)
Carlos Frederico Leão Rocha (Instituto de Economia)
Carlos Kaiser (Instituto de Química)
Carlos Russo (Escola de Química)
Carmen Teresa Gabriel Le Ravallec (Faculdade de Educação)
Celio Albano da Costa Neto (COPPE)
Christine Ruta (Coordenadora do FCC)
Claudio Cerqueira Lopes (Instituto de Química)
Claudio José de Araujo Mota (Instituto de Química)
Claudio Luis de Amorim (COPPE)
Claudio Motta (Instituto de Química)
Consuelo da Luz Lins (ECO)
Dani Gamerman (Instituto de Matemática)
Debora de Almeida Azevedo (Instituto de Química)
Denise Maria Guimarães Freire (Instituto de Química)
Djalma Mosqueira Falcão (COPPE)
Edson Hirokazu Watanabe (COPPE)
Eduardo Antônio Barros da Silva (Escola Politécnica)
Eduardo Batista (Escola Politécnica)
Eduardo M. R. Fairbairn (COPPE)
Eduardo Souza Fraga (Instituto de Física)
Elba Pinto da Silva (Instituto de Química)
Elis Cristina Araujo Eleutherio (Instituto de Química)
Elizabeth Roditi Lachter (Instituto de Química)
Emilio Lebre La Rovere (COPPE)
Erasmo Madureira Ferreira (Instituto de Física)
Fábio Lessa (Instituto de História)
Fernando Alves Rochinha (COPPE)
Francisco Radler de Aquino Neto (Instituto de Química)
Frederico Wanderley Tavares (Escola de Química)
Gilberto Barbosa Domont (Instituto de Química)
Ginette Jalbert de Castro Faria (Instituto de Física)
Glauco Nery Taranto (COPPE)
Graciela Arbilla de Klachquin (Instituto de Química)
Gregorio Malajovich (Instituto de Matemática)
Guilherme Carlos Lassance dos Santos Abreu (FAU)
Guilherme H. Travassos (COPPE)
Helio dos Santos Migon (Instituto de Matemática)
Heloisa Helena Oliveira Buarque de Hollanda (ECO)
Henrique Boschi Filho (Instituto de Física)
Irnak Marcelo Barbosa (Decano CM UFRJ-Macaé)
Ivana Bentes Oliveira (ECO)
João Carlos Ferraz (Instituto de Economia)
João Francisco Cajaíba da Silva (Instituto de Química)
João Luiz Maurity Saboia (ECO)
Joao Ramos Torres de Mello Neto (Instituto de Física)
João Torres de Mello Neto (Instituto de Física)
José Claudio de Faria Telles (COPPE)
Josefino Cabral Melo Lima (Decano do CCMN)
Juacyara Carbonelli Campos (Escola de Química)
Juliany Cola Fernandes Rodrigues (Diretora Geral do Campus de Duque de Caxias)
Júlio Carlos Afonso (Instituto de Química)
Krishnaswamy Rajagopal (Escola de Química)
Leandro Salazar de Paula (Instituto de Física)
Leda dos Reis Castilho (COPPE)
Leoncio Feitosa (Diretor do Complexo Hospitalar)
Libânia Nacif Xavier (Faculdade de Educação)
Liliam Fernandes de Oliveira (COPPE)
Luiz Antônio Cunha (Faculdade de Educação)
Luiz Antonio d'Avila (Escola de Química)
Luiz Bevilacqua (COPPE)
Luiz Eurico Nasciutti (Decano do CCS)
Luiz Landau (COPPE)
Marcelo Paleólogo França Santos (Instituto de Física)
Marcia Walquiria de Carvalho Dezotti (COPPE)
Márcio de Souza S. Almeida (COPPE)
Márcio Tavares d’Amaral (ECO)
Maria Alice Zarur Coelho (Escola de Química)
Maria Cascão Ferreira de Almeida (COPPE)
Maria Fernanda Ebert (Instituto de Matemática)
Maria José Pacífico (Instituto de Matemática)
Maria Luiza Rocco Duarte Pereira (Instituto de Química)
Maria Paula Nascimento Araújo (Instituto de História)
Mariana de Mattos Vieira Mello Souza (Escola de Química)
Marieta de Moraes Ferreira (Instituto de História)
Marina Silva Paez (Instituto de Matemática)
Mario Luiz Possas (Instituto de Economia)
Mauricio Bezerra de Souza Junior (Escola de Química)
Mauricio Ehrlich (COPPE)
Monica Ferreira Moreira Carvalho Cardoso (Instituto de Química)
Muniz Sodré Cabral (ECO)
Nei Pereira Júnior (Escola de Química)
Nelson Maculan Filho (COPPE)
Nelson Ricardo de Freitas Braga (Instituto de Física)
Ney Roitman (COPPE)
Paulo Alcantara Gomes (Escola Politécnica)
Paulo Americo Maia Neto (Instituto de Física)
Paulo Laranjeira da Cunha Lage (COPPE)
Paulo Sergio Ramirez Diniz (COPPE)
Pierre Ohayon (FACC)
Príamo Albuquerque Melo Jr. (COPPE)
Raimundo Rocha dos Santos (Instituto de Física)
Raquel Paiva de Araújo Soares (ECO)
Renan Moritz VR Almeida (COPPE)
Ricardo de Andrade Medronho (Escola de Química)
Ricardo Erthal Santelli (Instituto de Química)
Ricardo Martins da Silva Rosa (Instituto de Matemática)
Richard Magdalena Stephan (COPPE)
Roberto Schaeffer (COPPE)
Rodrigo José Correa (Instituto de Química)
Romildo Dias Toledo Filho (COPPE)
Rosane Aguiar da Silva San Gil (Instituto de Química)
Rosângela Sabbatini Capella Lopes (Instituto de Química)
Sandra Filippa Amato (Instituto de Física)
Segen Estefen (COPPE)
Selma Gomes Ferreira Leite (Escola de Química)
Sérgio de Paula Machado (Instituto de Química)
Sônia Gomes Pereira (EBA)
Suzana Borschiver (Escola de Química)
Takeshi Kodama (Instituto de Física)
Thereza Cristina de Lacerda Paiva (Instituto de Física)
Vania Margaret Flosi Paschoalin (Instituto de Química)
Verônica Maria A. Calado (Escola de Química)
Victor Prochnik (Instituto de Economia)
Walcy Santos (Instituto de Matemática)
Walter Issamu Suemitsu (Decano do CT)
Willy Alvarenga Lacerda (COPPE)
Susana de Castro Amaral Vieira (IFCS)
Wilson John Pessoa Mendonca (IFCS)

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