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Pesquisadores brasileiros e chineses publicaram na revista científica Scientific Reports uma nova descoberta no campo da paleontologia. Trata-se de uma rara espécie de pterossauro, batizada de Meilifeilong youhao que, em português, significa “belo dragão voador da amizade”. Ele viveu no período Cretáceo. Assim como os outros membros do seu grupo Chaoyangopteridade, ele não tinha dentes e ultrapassava dois metros de envergadura.
Diretor do Museu Nacional da UFRJ, o professor Alexander Kellner fez parte da descoberta. “O trabalho coroa 20 anos de colaboração com a China. O nome dado à espécie é uma homenagem a essa parceria”, comemora o docente. “É um pterossauro de uma beleza muito rara e nos ajuda a entender esse grupo. É uma nova peça de uma área pouco conhecida”, explica o docente.
O fóssil foi encontrado em rochas de 125 milhões de anos, na região de Jianchang, localizada na cidade de Huludao, província de Liaoning. O estudo foi coordenado pelo pesquisador Xiaolin Wang, do Instituto de Paleontologia de Vertebrados e Paleoantropologia, de Pequim, pelo lado da China, e por Alexander Kellner, pelo Brasil. “O trabalho do Museu Nacional com outras universidades brasileiras e com a China demonstra o quão profícuas podem ser as colaborações internacionais”, diz o docente. “Além disso, ao longo desses 20 anos, abrimos espaço para novos brasileiros trabalharem. Agora há uma nova geração de pesquisa. A ciência aproxima povos”.
O trabalho publicado na Scientific Reports reuniu 14 pesquisadores de nove instituições: Instituto de Paleontologia e Paleontropologia de Vertebrados da Academia Chinesa de Ciências, Museu Nacional/UFRJ, Universidade Sun Yat-Sem, Universidade Federal do ABC, Universidade de Jilin, Universidade de Shenyang, Museu de Ciências da Terra do Rio de Janeiro, Universidade Federal do Espírito Santo e Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens (Universidade Regional do Cariri).
Kellner celebra também a criação do primeiro Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) ligado à pesquisa de paleontologia de vertebrados, o INCT Paleovert, cuja coordenação é do Museu Nacional. O grupo reúne 23 pesquisadores de 16 universidades. “É uma alegria dar mais esse passo no Brasil, com a liderança da UFRJ. É muito importante para a diversificação da pesquisa e mostra como a ciência brasileira é forte”, finaliza.


Imagens:
1 - Reconstrução em vida do réptil alado Meilifeilong youhao. A parte vermelha no crânio é uma extensão de tecido mole acima da parte óssea
Crédito: Maurílio Oliveira (Museu Nacional/UFRJ)
2 - Esqueleto do pterossauro Meilifeilong youhao, o mais completo do grupo dos chaoyangopterídeos descoberto até o momento.
Crédito: W. Gao (Instituto de Paleontologia de Vertebrados e Paleoantropologia/China)
Por Renan Fernandes
Dois meses após a primeira visita, a reitoria e a comunidade acadêmica dos Institutos de Filosofia e Ciências Sociais e de História marcaram nova reunião para tratar do andamento dos projetos de reformas no prédio histórico. Sem dinheiro disponível no orçamento da UFRJ, a vice-reitora Cássia Turci apresentou a proposta de utilizar recursos do Custo Indireto de Projetos (CIP), oriundos da Agência Nacional do Petróleo, via Fundação Coppetec, para financiar a reforma elétrica do edifício. O andamento dos trâmites legais para a realização das obras depende da liberação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A previsão de início dos trabalhos de recuperação da unidade é para o segundo semestre de 2024.
As verbas do CIP são de uso exclusivo para financiamento de infraestrutura de pesquisa. Para a aplicação desses recursos no IFCS, será necessário que docentes e pesquisadores da unidade elaborem um laudo provando que a situação da rede elétrica do prédio compromete a pesquisa. O professor Fernando Santoro, diretor da unidade, convocou os professores presentes na reunião a iniciarem a redação do parecer.
A reitoria trabalha com outras possibilidades de custeio. A professora Turci levantou alternativas criativas para captar os recursos necessários. “Não podemos estourar o teto do orçamento de 2023. A partir de abril, podemos usar parte do orçamento de 2024 para complementar a verba do CIP, caso seja necessário”, afirmou a vice-reitora. “Saiu um edital da FINEP que a UFRJ pode pedir R$ 25 milhões. Em geral, eles financiam a compra de equipamentos, mas existe um precedente. Como diretora, ganhei um projeto da FINEP para fazer a manta asfáltica do Bloco A do CT”, completou.
A falta de recursos no orçamento da universidade para a reformas estruturais foi ponto central no discurso da reitoria. O reitor Roberto Medronho destacou a crise financeira que a instituição atravessa desde 2017. “Temos uma situação de subfinanciamento crônica agravada nos últimos seis anos. A pandemia ajudou a deteriorar as instalações sem uso e o retorno ao presencial provocou uma sobrecarga em nossos serviços de edificações” alertou o reitor.
Os docentes da Comissão de Acompanhamento de Obras presentes no encontro cobraram mais transparência nas ações. O professor Guilherme Marcondes, do departamento de Sociologia, pediu medidas efetivas para solucionar problemas menores. “Foi estabelecido na última reunião que uma comissão de manutenção ficaria aqui por 15 dias e eles ficaram apenas um dia. Entendo a existência de processos que são maiores, com projetos, autorizações, liberação de verba, mas precisamos de obras básicas, como o conserto de paredes que estão descascando, durante o recesso”, disse Marcondes.
Santoro adiantou que há um acordo com o Escritório Técnico da Universidade (ETU) para que um engenheiro, atualmente lotado no posto avançado da Escola de Música, atue também no IFCS. “Precisamos de alguém aqui com competência técnica para dizer o que pode e o que não pode ser feito até a reforma geral. O engenheiro vai apontar intervenções pontuais que podemos fazer e vamos mobilizar recursos para a compra de material”, afirmou o diretor. A reitoria garantiu o retorno à unidade no mês de abril de 2024, a fim de rediscutir o cronograma de ações.
A professora Veronica Damasceno representou a AdUFRJ na reunião e mostrou solidariedade à comunidade acadêmica da unidade. "Sou muito solidária à causa porque a Escola de Belas Artes passou por um incêndio há sete anos e sofremos as consequências até hoje", disse a professora. "A AdUFRJ está na luta por novos recursos para a universidade ampliar o orçamento", completou
IPHAN
O prédio do Largo do São Francisco, construído no século XVIII, foi projetado para ser a Sé do Rio Janeiro, mas ao longo do tempo abrigou a Academia Militar e a Escola Politécnica. Desde 1960, sedia o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ. O processo de tombamento do edifício foi iniciado em 1983 e definido em 1989.
“O emergencial é conseguir as liberações do Iphan”, avisou o professor Fernando Santoro. Há duas reformas aguardando aprovação: as intervenções de combate a incêndio e a reforma elétrica. “É importante que todas as instâncias estejam trabalhando junto para acelerar as liberações”, completou o diretor.
O custo final da reforma ainda é desconhecido. Apenas a reforma elétrica é estimada em R$ 6 milhões. O engenheiro Roberto Machado Corrêa, diretor do ETU, destacou que a reforma só poderá ser orçada após a aprovação do projeto executivo. “Nosso projeto básico já foi aprovado, mas só com a autorização de execução do projeto executivo vamos poder levantar os custos de todos os detalhes exigidos pelo Iphan”, disse Corrêa.
Pró-reitor de Finanças - Foto: Fernando SouzaA UFRJ começará 2024 com R$ 152 milhões a menos do que precisaria para o funcionamento adequado das atividades, sem nenhuma expansão. Seriam necessários R$ 540 milhões, mas a proposta do governo, em tramitação no Congresso Nacional, reserva apenas R$ 388,3 milhões para a maior federal do país.
Como se não bastasse, a instituição levará para o próximo exercício todas as despesas não honradas em 2023. A reitoria já trabalha com a possibilidade de uma moratória parcial do atual déficit de R$ 230 milhões. “Não sabemos como, mas não pagaremos”, afirmou o pró-reitor de Finanças, professor Helios Malebranche, ao Consuni do dia 14.“Nós não cabemos neste orçamento. O ano de 2024 será um ano muito pior que 2023”, completou.
Tentando minimizar os prejuízos deste futuro muito próximo, o reitor Roberto Medronho solicitou uma emenda de R$ 50 milhões para a UFRJ, com apoio da AdUFRJ, junto à bancada federal do Rio. A proposta foi acatada, mas não como emenda impositiva, que seria obrigatória. “Ainda vai depender de negociação para ser liberada ou não”.
Toda ajuda será bem-vinda. Uma alternativa em estudo é a possível alienação dos 11 andares que a UFRJ possui no edifício Ventura, no Centro do Rio. Hoje, a instituição gasta R$ 5 milhões com o condomínio daquele espaço por ano. A estimativa do BNDES éque o negócio poderá render R$ 285 milhões. Mas, em vez do dinheiro, o comprador pagaria o valor equivalente em obras e reformas na universidade.
MÚLTIPLAS DEMANDAS
Hoje, as verbas são poucas e as necessidades são muitas. O diretor do IFCS, professor Fernando Santoro, apresentou ao Consuni um pleito de R$ 6 milhões para a reforma elétrica do histórico prédio do Largo de São Francisco. “O projeto está pronto. Precisamos de uma aprovação do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que deve ser resolvida este mês”.
Representante dos pós-graduandos, Natália Trindade criticou a ausência de recursos para apoio aos mestrandos e doutorandos. Neste ano, a UFRJ não conseguiu gastar, mas ao menos havia previsto R$ 1 milhão para a rubrica no orçamento. “Nós ainda não somos contemplados pelo PNAES”, lembrou. Hoje o programa nacional de assistência estudantil é restrito aos graduandos. A reitoria acatou a solicitação de incluir a mesma verba no orçamento de 2024, mas sem garantir a despesa.
Por falar em PNAES, o programa ganhou aumento de R$ 8,63 milhões (16,43%), de R$ 52,5 milhões para R$ 61,2 milhões. Mas tudo leva a crer que o montante continuará insuficiente para atender milhares de estudantes de baixa renda da UFRJ. “A nova lei de cotas implica em aumento de gastos do PNAES, porque ela abaixa a cota de renda de 1,5 salário mínimo para 1 (renda familiar per capita) e possibilita que alunos pré-inscritos para cota de renda ocupem vagas da ampla concorrência”, informou o pró-reitor de Politicas de Assistência Estudantil, professor Eduardo Mach. “Isso quer dizer que vai aumentar o número de alunos de zero a 0,5 salário mínimo que têm direito automático ao auxílio-permanência. A gente não consegue prever quanto. Isso preocupa muito”.
As dificuldades estão espalhadas por todos os espaços da universidade. “Gerir um Centro a 200 quilômetros da sede com cursos de complexidade da área da Saúde mais as Engenharias é muito difícil com o orçamento participativo que temos hoje”, disse o decano do Centro Multidisciplinar da UFRJ-Macaé, professor Irnak Barbosa, em referência aos recursos que as decanias e unidades dispõem para o pagamento de pequenos serviços e compra de materiais de consumo. O Centro de Macaé só recebeu R$ 358 mil em 2023.
ORÇAMENTO PARTICIPATIVO
Os conselheiros e a própria reitoria deixaram para o início do próximo ano a discussão do orçamento participativo de 2024. A reitoria estuda uma mudança dos critérios de divisão dos recursos, mas a primeira proposta apresentada não agradou ao colegiado.
“Como este orçamento só começa a chegar em março, teremos condições de discutir qual o melhor desenho em algumas sessões de fevereiro e março”, anunciou o reitor Roberto Medronho.
FALTAM SUBSTITUTOS
Além do orçamento reduzido, a falta de professores é outra preocupação para 2024. Algumas unidades solicitaram ao Consuni a contratação de substitutos para iniciar o próximo semestre letivo. “Na Faculdade Nacional de Direito, temos uma grande tensão pela falta de 16 professores substitutos, o que acarreta o impacto de aproximadamente 1,8 mil alunos sem aula”, afirmou o professor Carlos Bolonha, diretor da FND.
Os pedidos ao Consuni são recursos à distribuição já realizada pelo Conselho de Ensino de Graduação. O CEG recebeu 933 pedidos de professor substituto, mas a universidade só pode disponibilizar 757 vagas. O CEG deferiu 720 solicitações e foram reservadas 37 vagas para emergências— falecimentos, acidentes ou gravidez, por exemplo — ao longo do próximo ano.
Com a sessão do dia 14 encerrada por falta de quórum, o Consuni debaterá os recursos em reunião extraordinária, na próxima semana. A professora Georgia Atella, representante da pró-reitoria de Graduação, explicou à reportagem que a concessão de mais vagas diminuirá esta reserva técnica e poderá prejudicar o atendimento dos pleitos emergenciais em 2024.
GRADUAÇÃO
Primeiro período letivo
- Para os alunos dos Cursos da Faculdade de Medicina, do Curso de Medicina (ICM), e do Curso de Enfermagem (IEnf): de 19 de fevereiro a 13 de julho;
- Para os alunos dos Cursos de Graduação em geral: de 18 de março a 20 de julho;
- Para os ingressantes de todos os cursos: de 18 de março a 20 de julho.
Segundo período letivo
- Para os alunos dos Cursos da Faculdade de Medicina, do Curso de Medicina (ICM), e do Curso de Enfermagem (IEnf): de 30 de julho a 21 de dezembro;
- Para os alunos dos Cursos de Graduação em geral: de 12 de agosto a 14 de dezembro;
- Para os ingressantes de todos os cursos: de 12 de agosto a 14 de dezembro.
Período Letivo Especial: de 06 de janeiro de 2025 a 22 de fevereiro de 2025.
COLÉGIO DE APLICAÇÃO
Primeiro período: de 06 de fevereiro a 13 de julho;
Segundo período: de 30 de julho a 20 de dezembro.
PÓS-GRADUAÇÃO
Regime semestral
Primeiro período: de 11 de março a 20 de julho;
Segundo período: de 12 de agosto a 14 de dezembro.
Regime bimestral
Primeiro período: de 11 de março a 18 de maio;
Segundo período: de 27 de maio a 27 de julho;
Terceiro período: de 12 de agosto a 11 de outubro;
Quarto período: de 21 de outubro a 14 de dezembro.
Regime trimestral
Primeiro período: de 11 de março a 15 de junho;
Segundo período: de 24 de junho a 14 de setembro;
Terceiro período: de 23 de setembro a 14 de dezembro;
Quarto período: de 02 de janeiro de 2025 a 28 de março de 2025.
Para Residências
Período letivo único: de 11 de março de 2024 a 28 de fevereiro de 2025
Foto: Arquivo AdUFRJA UFRJ recebeu 27 emendas parlamentares durante a tramitação do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) no Congresso Nacional. São duas emendas de bancada e 25 individuais. Se aprovadas, a universidade conquistará recursos extras da ordem de R$ 125,86 milhões. Esse valor corresponde a um terço de todo o orçamento da instituição para 2024 e representará um importante fôlego para a universidade.
A AdUFRJ, o Observatório do Conhecimento e a reitoria da UFRJ, com sua Coordenação de Relações Externas, foram atores fundamentais na conquista das emendas e diretamente responsáveis pelo aporte de R$ 50 milhões. “Em 28 de novembro tivemos uma audiência com o coordenador da bancada parlamentar do Rio de Janeiro no Congresso, deputado Áureo Ribeiro”, lembra a professora Mayra Goulart, presidenta da AdUFRJ e coordenadora do Observatório. “Apresentamos para ele a difícil situação da UFRJ em termos de infraestrutura. Nossa intenção era sensibilizar a bancada do Rio a fim de pressionarmos o governo por um plano de recuperação das instalações da nossa universidade”, explica a docente.
O valor já vinha sendo pleiteado pela reitoria da UFRJ, conta Mayra. “Recebemos a confirmação que a emenda consta no sistema da Comissão Mista de Orçamento”, comemora. “Essa conquista reforça que temos que agir juntos para garantir melhores condições para a nossa universidade”, afirma. “A aposta no trabalho de advocacy do Observatório tem se mostrado um acerto. Com ele, conquistamos confiança, credibilidade e reconhecimento no Congresso”, conclui Mayra.
Uma das emendas de maior vulto foi conseguida pela Coppe, no valor de R$ 61,27 milhões. A bancada do Rio de Janeiro direcionou esses recursos para os estudos para a implantação da Linha 3 do metrô, que ligará os municípios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí.
Educação fortalecida
Além dos recursos destinados individualmente à UFRJ e a outras instituições, as universidades federais do Rio receberão mais um aporte de R$ 205 milhões, encaminhados pela bancada do Rio de Janeiro ao Ministério da Educação para redistribuição.
Na quinta-feira (14), a Comissão Mista de Orçamento concluiu a votação dos 16 relatórios setoriais do Orçamento de 2024. Agora, a expectativa é que o plenário do Congresso vote o relatório final no dia 21, próxima quinta-feira.
Apesar das ótimas notícias, as emendas parlamentares não resolvem um gargalo: o orçamento de custeio das universidades. Isto porque boa parte dos recursos tem destinação específica e não pode ser remanejada. “É preciso frisar que a reitoria e todas as unidades estão de parabéns pela conquista das emendas. É um valor muito superior ao recebido nos anos anteriores”, afirma o professor Carlos Frederico Leão Rocha, diretor do Instituto de Economia. “A parte negativa é que muitos dos projetos apoiados preveem novas instalações, o que causa mais gasto de manutenção para a universidade. Outro ponto é que as emendas não resolvem o problema de custeio”, afirma. “De todo modo, é preciso celebrar. É um valor muito importante para a universidade”.