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cdc95b3a 0297 4aa4 a800 eda6ac3496acÉ hora de solidariedade! Hoje, a AdUFRJ entregou 30 cestas básicas para a Associação dos Trabalhadores Terceirizados da universidade (ATTUFRJ). A crise econômica do país, agravada pela pandemia do coronavírus, já impactou a vida dos funcionários das empresas prestadoras de serviço.

Um exemplo foi a demissão de 93 pessoas pela firma responsável pela produção e pelo fornecimento de refeições dos restaurantes universitários. O Centro Acadêmico de Engenharia da Escola Politécnica (Caeng) ajudou na entrega.

A associação docente prepara novas doações, que serão anunciadas em breve.

A ATTUFRJ também iniciou uma campanha de doação financeira para os trabalhadores da empresa de limpeza que atua no CCMN e no Ladetec. Os terceirizados estavam sofrendo atrasos no pagamento de auxílios e de salário.

Qualquer valor pode ser doado para a seguinte conta:

BANCO DO BRASIL
Ag.: 1517-2
Conta: 22.784-6
ROBSON DE CARVALHO

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WEB menor p.6Foto: Kathlen Barbosa/Arquivo AdUFRJA Capes patina na gestão e aumenta a intranquilidade da comunidade acadêmica, que tenta organizar a pesquisa e cuidar da saúde mental em tempos de pandemia. Para aliviar os efeitos da crise, a diretoria da AdUFRJ solicitou a prorrogação das bolsas a todas as agências de fomento, na sexta-feira (20).
A demanda da associação docente (veja nota abaixo) foi apresentada num contexto em que a pandemia do coronavírus prejudicou o trabalho dos pesquisadores no Brasil e no exterior. Situação agravada pela publicação de uma portaria da Capes na semana passada: a norma estabelece que todos os programas de pós-graduação, incluindo os de excelência, estão sujeitos a perdas de bolsas.
A solicitação da AdUFRJ observa que “as universidades têm hoje milhares de pós-graduandos que trabalham regularmente pressionados pelos prazos de suas bolsas”. E que as bolsas deveriam ser estendidas pelo mesmo período de duração da Covid-19. A Capes, por enquanto, recomenda aos programas a suspensão, por 60 dias, de defesas de teses e de dissertações presenciais. A orientação é para que as bancas de mestrado e doutorado sejam realizadas virtualmente.
Em relação à distribuição de bolsas, a agência de fomento ainda não cedeu. Pelos critérios apresentados na portaria, quanto maior a nota na avaliação da Capes, menor a possibilidade de corte do programa e maior a possibilidade de acréscimo. Quanto mais baixa a pontuação, o prejuízo é crescente. Cursos com as duas últimas notas três teriam redução de até 50% e não poderão receber nenhuma bolsa extra; os de conceito 7 podem perder até 20% das bolsas, sem limitação de teto para novas bolsas. Escapam da regra os cursos que ainda não foram avaliados — nesses casos, a mordida pode ser de 10%. E o acréscimo também é limitado a 10%. A decisão sobre a redistribuição dos benefícios passa a ser centralizada pela Diretoria Executiva da Capes e é condicionada “à existência de disponibilidade orçamentária”.
“No ano passado, ainda na gestão do presidente anterior, Anderson Correia, a Capes pactuou com as universidades que não haveria nem aumento nem corte superior a 10% para todos os programas. Estava dentro de uma margem de razoabilidade”, avalia o professor Jackson Menezes, diretor da Adufrj. “Este ano, já estamos na publicação da quarta portaria sobre o tema, alterando completamente os critérios, sem nenhum diálogo com as instituições”.
Em outra nota (abaixo), a direção da AdUFRJ criticou a confusa edição de tantas portarias sobre o tema. E condenou o resultado final, cobrando a imediata revogação da norma e a abertura de um canal de diálogo com as universidades para a discussão do modelo de distribuição das bolsas.  
A Capes respondeu às críticas, afirmando que o novo modelo “corrige um cenário de intensa distorção”. Segundo nota assinada pelo presidente da agência, Benedito Aguiar Neto, “os cursos de pós-graduação historicamente mal atendidos passam a receber mais bolsas. Por outro lado, aqueles que vinham recebendo, há anos, cotas em patamar muito fora da curva em relação aos padrões isonômicos, terão diminuição”. O dirigente garante que não há cortes, considerando o conjunto de bolsas, e que nenhum bolsista atual vai perder o benefício.
 
Pós-graduandos questionam orientações
O destino de 3,3 mil bolsistas da Capes que estão fora do país ficou em suspenso durante boa parte da semana passada. A agência só se comprometeu a manter as bolsas no exterior, na noite de quinta-feira (19). Por enquanto, somente os benefícios que se encerrariam em março de 2020 foram prorrogados por até 60 dias. O retorno ao Brasil também é uma das opções oferecidas pela Fundação, com a suspensão da bolsa.
A Associação de Pós-Graduandos da UFRJ questiona a imposição de despesas extras para quem decidir voltar ao Brasil antes do término do contrato. “A Capes custeará a passagem de volta. Contudo, se esta pessoa quiser retornar ao país estrangeiro depois da crise, terá de arcar com as despesas de deslocamento, bem como o seguro-saúde”, justifica Kemily Toledo.
Para a estudante, a “Capes encurrala o pós-graduando”. Se ele escolhe ficar no país estrangeiro, recebe a bolsa sem prorrogação (para quem não teria o benefício encerrado em março) e perde um tempo ainda indeterminado de pesquisa nas atuais condições. “Ou ele volta ao Brasil e, se não tiver como arcar com as despesas do retorno ao exterior, não completa sua pesquisa lá”, critica Kemily.
 
DA ADUFRJ PARA AS AGÊNCIAS
 
Diretoria da AdUFRJ 

As universidades têm hoje milhares de pós-graduandos que trabalham regularmente pressionados pelos prazos de suas bolsas.  Assim, a suspensão das atividades acadêmicas e o isolamento preconizado pelas medidas de contenção da pandemia representarão um custo muito alto. Como consequência, temos visto muitos casos nos quais os estudantes optam por dar continuidade aos seus trabalhos, o que implica em circulação de pessoas, exposição e aumento da transmissão. Dessa forma, apelamos a todas as agências de fomento (e sugerimos a todas as associações científicas e pró-reitorias que façam o mesmo) que garantam a extensão do prazo das bolsas de pós-graduação pelo mesmo período de duração da pandemia do COVID-19.

 
Faperj prorroga bolsas 
Na sexta-feira (20), a diretoria da AdUFRJ fez apelo às agências de fomento 
em favor dos bolsistas, diante da pandemia do coronavírus. Na mesma data, a 
Faperj respondeu sobre a alteração da vigência das bolsas, entre outras medidas.
As que seriam encerradas entre março a junho serão prorrogadas por 90 dias. 
As três parcelas adicionais terão valor equivalente ao último pagamento previsto anteriormente. 
As taxas de bancada associadas às bolsas também serão prorrogadas por igual período.
 
DANÇA DAS CADEIRAS
 
Diretoria da AdUFRJ 

Parece que o presidente da CAPES tenta imitar a brincadeira da “Dança das Cadeiras” com portarias. Até fevereiro deste ano, a CAPES publicou três portarias tentando regulamentar a distribuição de bolsas de pós-graduação no país. Todas as três portarias com o nível de confusão típico do atual ministro da Educação. Apesar das confusões, elas estavam seguindo uma lógica discutida entre a CAPES e outras entidades durante o ano de 2019 (dentre elas o Fórum Nacional de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação). A comunidade acadêmica solicitou esclarecimentos sobre pontos das três portarias e eis que aparece a portaria 34, de 09 de março de 2020. Esta autoriza que PPGs nota 3 possam perder até 50% de suas bolsas.  Ao mesmo tempo, a portaria prevê o pagamento de bolsas para PPGs profissionais ou acadêmicos no formato EAD desde que julgados estratégicos pela Diretoria Executiva da CAPES. Nos parece que tem boi na linha. Instituições de Ensino Superior privadas adoram este formato EAD integral, de baixo custo e alto lucro, e o atual presidente da CAPES era reitor de uma IES privada antes de assumir o cargo no MEC.
Outra história mal contada nesta portaria é que os PPGs que optaram pela fusão terão bolsas relativas ao somatório dos programas individuais até a próxima rodada de regras de distribuição de bolsas. Se estamos em março e a regra do jogo já mudou duas vezes, quem garante que em 2021 os programas fundidos terão todas estas bolsas?
Um fato estranho surge nesta portaria. O artigo nono tem a seguinte redação: “Os casos omissos serão resolvidos pelo Presidente da CAPES.” Normalmente, os casos de omissão são delegados a um órgão colegiado superior e não ao CPF de uma pessoa.  Ou seja, fatos omissos complexos terão a decisão monocrática do Presidente.
O resumo de toda esta história é que não dá para planejar ações de médio e longo prazo, no contexto da pós-graduação stricto sensu, em um ambiente de tantas incertezas, de regras e orçamentárias.
Apoiamos integralmente a revogação imediata desta portaria e a abertura imediata de um canal de comunicação com as Universidades Federais, e as demais IES do Brasil, para que se discuta um modelo de distribuição de fomento aos PPGs stricto sensu que leve em conta as particularidades e necessidades do Sistema Nacional de Pós-Graduação como um todo.
A qualidade da produção acadêmico-científica brasileira depende do capacidade, integridade e respeito à autonomia universitária por parte dos órgãos responsáveis pela educação no país. No momento de uma crise sanitária sem precedentes na história recente, esta portaria da CAPES é uma atitude irresponsável e agrava a situação de saúde pública do país.

 
 
 
WEB menorcardhuHá uma UFRJ que não parou. São professores, técnicos e estudantes que não foram para casa e estão se arriscando em nome da ciência, do profissionalismo e da solidariedade. O núcleo dessa universidade que não dorme é o Hospital Clementino Fraga Filho.  “Criamos um Gabinete de Crise, composto por funcionários de todas as diversas áreas de atuação no HU, que realizam reuniões diárias para reavaliação e atualização das medidas tomadas”, explicou o diretor Marcos Freire. na tarde de terça-feira, 24. Na mesma tarde, o HU informou o primeiro caso de óbito sob suspeita de Covid-19.
Além do hospital, diferentes áreas do saber estão desenvolvendo pesquisas e materiais. A universidade criou uma força-tarefa que atua em variadas frentes: testagens para Covid-19; transporte para conduzir profissionais às unidades de saúde; confecção de máscaras, fabricação de álcool 70°, ampliação orçamentária e abertura de novos leitos de UTI para tratar contaminados pelo corona.  
E não para por aí. Parte da UFRJ também a iniciativa de produzir equipamentos que auxiliem as equipes de saúde a tratarem dos casos mais graves, como respiradores. O apelo foi feito pelo professor Jurandir Nadal, do Laboratório de Engenharia Pulmonar e Cardiovascular da Coppe. 
“Estamos estudando a viabilidade de desenvolver um modelo de ventilador mecânico de baixo custo e complexidade, que possa ser construído em massa, em pouco tempo e com os recursos disponíveis no mercado nacional, dadas as atuais dificuldades de importação”, explicou o professor em mensagem a um grupo de cientistas.
Outro enorme esforço é a abertura de novos leitos de CTI, voltados para o tratamento de doentes graves. O HU abriu seis leitos de CTI e 10 de internação, sendo três de isolamento total. E ainda depende de recursos do MEC e de outras frentes para abrir até cem novos leitos para coronavírus.
“Esta semana é decisiva. É quando a epidemia ganha velocidade. Ainda não há como saber quantas pessoas serão atingidas e nem o tamanho da nossa curva de contágio, então precisamos nos preparar para todos os cenários”, adverte o coodenador do Complexo Hospitalar, Leôncio Feitosa. Está em negociação a construção de 50 leitos com recursos doados por ex-alunos que hoje são gestores e empresários do ramo de saúde. 
A Fundação Coppetec abriu uma conta para que pessoas físicas e jurídicas realizem doações para o Complexo Hospitalar. A iniciativa pode ser a solução para a construção dos leitos doados pela iniciativa privada. Quem desejar mais informações sobre como colaborar pode enviar um e-mail para Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
Os profissionais de saúde estão sendo treinados para atuar na linha de frente.  Só na área assistencial do HU trabalham quase duas mil pessoas. A preocupação em mantê-los saudáveis é constante. Por isso, há projetos em execução de fabricação de máscaras com viseiras para os profissionais de saúde. Elas são criadas a partir de impressoras 3D em laboratórios da Coppe e da PUC-Rio.
O Laboratório de Virologia Molecular, no Centro de Ciências da Saúde, já realizou 260 testes nesses profissionais. Houve resultados positivos para coronavírus. As pessoas estão em isolamento domiciliar. “Por enquanto estamos fazendo a testagem molecular, de alta complexidade. Mas buscamos parceria com a Ficrouz para aquisição de testes rápidos também”, informa o professor Rodrigo Brindeiro, do GT Coronavírus da UFRJ e pesquisador do Laboratório.
Na corrida contra o tempo, pesquisadores do Instituto de Biologia e da Coppe estão desenvolvendo um novo teste, mais simples e barato, capaz de detectar anticorpos para o novo coronavírus. “Alguns tipos de anticorpos são detectáveis já uma semana após o contágio, enquanto outros levam quase duas semanas para serem produzidos e permanecem por muito tempo. A proposta é detectar os dois tipos”, explica a professora Leda Castilho, do Laboratório de Engenharia de Cultivos Celulares da Coppe, mostrando que, a despeito de todos os ataques sofridos ao longo dos últimos anos, a ciência nunca foi tão urgente, tão necessária, tão rápida e tão certeira. 
 
WEB menor p.4 011. Testagens rápidas
O Laboratório de Virologia Molecular, do Instituto de Biologia da UFRJ, realiza testes moleculares, de alta complexidade, em profissionais e alunos dos hospitais universitários. Já foram realizados 260 testes, com alguns resultados positivos. Pesquisadores da universidade negociam com a Fiocruz o envio de testes rápidos para ampliar a capacidade do laboratório. A Marinha e o Laboratório Central de Saúde Pública Noel Nutels também pediram apoio da UFRJ para a realização de testes.
 
WEB menor p.4 022. Novos leitos de UTI
A previsão é abrir até cem leitos para tratamento da Covid-19. A universidade ainda depende de liberação de recursos do MEC. De forma imediata, tem condições de instalar seis leitos de CTI e 10 de internação – sendo três de isolamento total para pacientes mais graves. Outra linha de ação é a construção de 50 novos leitos com doações de ex-alunos (hoje empresários e gestores de saúde).

 
WEB menor p.4 033. Equipes e equipamentos
Equipamentos para profissionais e para pacientes estão sendo desenvolvidos na UFRJ. Em agradecimento à disponibilidade das equipes de enfermagem, a comunidade se mobiliza para fornecer os EPI. Já o professor Jurandir Nadal, do Laboratório de Engenharia Pulmonar e Cardiovascular da Coppe, desenvolve modelo de ventilador mecânico para pessoas com sintomas graves da Covid-19.
 

WEB menor p.4 044. Máscaras da Coppe
Projetadas pela UFRJ, as máscaras com viseira, para proteção dos profissionais que atuam na linha de frente do atendimento a casos de coronavírus, estão sendo confeccionadas em laboratórios da Coppe e da PUC-Rio. Impressoras 3D fazem o trabalho de literalmente tirar o projeto do papel. A primeira parte das máscaras foi finalizada na segunda-feira, 23.

 
WEB menor p.5 055. Mil litros de Álcool
Diferentes áreas do saber da UFRJ se uniram para a fabricação de álcool 70º para os hospitais da universidade. A iniciativa é do Instituto de Química, da Coppe e da Escola de Química. Em apenas três dias foram fabricados mil litros do produto. A meta é ampliar a produção para 3 mil litros por dia. Em breve, começa a fabricação de álcool em gel e glicerinado, com a cooperação da Faculdade de Farmácia.

 
WEB menor p.5 066. Ônibus para equipes da saúde
A UFRJ oferece transporte gratuito para os profissionais que atuam em cinco de seus hospitais: HU, Maternidade-Escola, e os institutos de Ginecologia, Psiquiatria e Neurologia. A ideia é minimizar a exposição desses trabalhadores ao coronavírus e manter os serviços de saúde funcionando. Veja a relação de horários e locais de embarque:https://bit.ly/2xg1tg6.
 

WEB menor p.5 077. Treinamento de residentes
Residentes do Hospital Universitário estão sendo treinados para atender os casos suspeitos de coronavírus que chegarem à unidade de saúde. Os protocolos são passados pela Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar, com treinamentos itinerantes. Eles são organizados em grupos pequenos - dentro da própria rotina - para não submetê-los a aglomerações. Os treinamentos são realizados em parceria com a Coordenação de Educação Permanente, da Divisão de Enfermagem.
 
WEB menor p.5 088. Plantão administrativo
Apenas serviços considerados essenciais – como setor de pagamentos de servidores e contas a pagar, limpeza e motoristas – estão com plantões presenciais. Os demais serviços são realizados no esquema de home office. A alimentação nos bandejões foi suspensa por determinação dos governos estadual e municipal de fechamento dos restaurantes do Rio de Janeiro.
WEB menor p.8Foto: Fernando Souza/Arquivo AdUFRJDiante da necessária quarentena para minimizar os possíveis efeitos de uma epidemia de coronavírus no Brasil, a AdUFRJ lançou as “Pílulas antimonotonia”. Trata-se de uma nova forma digital de comunicação entre professores da UFRJ e a sociedade.
São vídeos curtos, publicados nas redes sociais da AdUFRJ, sobre variados temas, em que os especialistas da universidade vão nos ajudar a superar o afastamento social oferecendo debate sobre temas atuais, com conteúdo qualificado à luz de suas áreas de especialização. Uma forma de colaborar com o debate sério e responsável. Ao mesmo tempo em que leva a ciência, a cultura e os conhecimentos produzidos pela universidade para a população. 
O primeiro programa foi ao ar no dia 18 de março, durante a Greve Nacional da Educação. A convidada é a professora Ligia Bahia. Integrante do grupo de trabalho de combate ao coronavírus na UFRJ, a docente faz um breve balanço sobre as políticas implementadas pelas autoridades sanitárias diante do avanço da Covid-19.
Especialista em saúde coletiva e ex-diretora da AdUFRJ, a professora defende que haja uma fila única no sistema de saúde, para entrada e intenação de pacientes com suspeita de coronavírus. A tentativa é que deixe de existir uma distinção  entre os que podem e os que não podem pagar planos de saúde. “É preciso que, pelo menos durante essa calamidade, haja solidariedade para que a gente não saia dela com um rastro que afirme a brutal iniquidade brasileira”, avalia a médica.
Abaixo, a íntegra de sua entrevista, que pode ser conferida também na TV Adufrj, no Youtube.

 ‘É preciso que haja solidariedade’

Estamos diante de uma epidemia que não é “nutella”, que pode flagelar especialmente a população mais pobre deste país, a população que vive e trabalha em condições extremamente precárias. Já temos casos fatais em decorrência da epidemia do novo coronavírus. 

As universidades brasileiras têm tido um papel muito importante no sentido de alertar a população sobre riscos e prevenção, mas, mais do que isso, têm tido papel de destaque na grande mobilização nacional para a produção de testes, para debates sobre diagnósticos, formas de tratamento. Estamos diante de uma luta pela vida, de uma luta pela ciência, de uma luta para que a humanidade sobreviva a este enorme desafio em melhores condições. Para que ela sobreviva como um todo. 

É possível que no Brasil venha a ocorrer uma distinção muito grande entre as pessoas que têm mais acesso a serviços de saúde. Por isso, nesse momento, a nossa batalha – e é uma batalha da qual nós não arredaremos pé – é pela existência de uma fila única para internação, tanto dos pacientes que não têm plano de saúde, quanto dos pacientes que habitualmente usam plano de saúde. É preciso que, pelo menos durante essa calamidade, haja solidariedade para que a gente não saia dela com um rastro que afirme a brutal iniquidade brasileira.

É preciso tomar medidas, tais como o aumento do Bolsa Família, a distribuição de alimentos, a proteção da população de rua e da população carcerária. Há medidas específicas para esses segmentos populacionais. 

Nós exigimos que o governo brasileiro, que as autoridades públicas, se apresentem neste momento. Temos um conjunto de medidas que ainda são genéricas. Não há, ainda, um plano explícito para o que vai ocorrer. É preciso então que nós, as universidades – como a UFRJ, que tem uma comissão de coronavírus – , nos apresentemos. Que estejamos juntos com a população brasileira nesta batalha. 

É uma batalha de vida e morte, mas é uma batalha da qual nós poderemos sair melhores se nós nos apresentarmos de modo solidário contra essa indiferença moral. Além da epidemia, que é um grave problema objetivo, nós temos um problema enorme de indiferença moral por parte de algumas autoridades brasileiras, especialmente do presidente da República, que insiste em afirmar que a epidemia é uma “histeria”. Esta postura tem provocado um desserviço.

Estamos também diante de autoridades religiosas que vêm dizendo que este é “um problema de satanás”, que é uma coisa da ordem do não biológico. Portanto, mais do que nunca, as universidades, nós pesquisadores, cientistas, profissionais de saúde temos que afirmar evidências científicas. Temos que ser capazes de ofertar para a população todo o conhecimento acumulado, nacional e internacional, sobre o tema.

Penso que temos realizado isso. E a partir deste dia 18 seremos capazes de duplicar este esforço que foi realizado até agora.

Minerva CT UFRJDiretoria da AdUFRJ
 
Hoje não falaremos dos governantes obtusos. Hoje não falaremos da mesquinhez de nosso ministro. Corremos o risco de termos os salários reduzidos e bolsas estão sendo cortadas, enquanto mentiras são distribuídas por eles. Hoje faremos uma pausa e falaremos de uma outra realidade: daquela UFRJ que não pode parar. Enquanto nos entediamos na rotina dolorosa de uma reclusão forçada, muitos de nossos colegas estão disputando cada milímetro de território com a epidemia do coronavírus. Da pesquisa de ponta até a limpeza do jardim, a iminência de um colapso do sistema de saúde coloca todos diante de um mesmo desafio: a defesa da vida em primeiro lugar. Essa estranha epidemia nos obriga a estar em casa não porque ela nos mate imediatamente, mas porque precisamos defender os mais frágeis. Sua letalidade está na velocidade com que atinge a todos e o único remédio eficaz até agora tem sido uma ação coletiva de reclusão e renúncia. Tempos estranhos. Aguardamos que venha do front uma boa notícia: uma vacina, um medicamento, a contenção do avanço do contágio. Mas nada disso virá sem muito esforço e sacrifício. E esta edição do jornal é inteiramente dedicada àqueles que enfrentam uma dura rotina, que se cansam, que se desgastam, que não querem ser heróis. Mas que possuem a firme consciência de seu papel na sociedade. Nada mais subversivo nos dias de hoje. Do poder central emanam leis que nos jogam à própria sorte, que pauperizam ainda mais aqueles que já carregam sobre seus ombros o trabalho duro, pesado e a baixa remuneração. A desfaçatez não tem limites ao fazer desabar sobre os assalariados – públicos ou privados – a conta maior a ser paga nesse momento. Ninguém está fugindo às suas responsabilidades, nenhum de nós está se recusando a dar sua cota de sacrifício para que possamos passar por tudo isso com o menor dano possível. Mas não é aceitável, não é justo, não é possível que isso aconteça sem uma decisão firme e generalizada para todos. São os servidores públicos das universidades e institutos de pesquisa em todo o país que serão a vanguarda desse embate. Que ao menos a conta seja cobrada também aos bilionários da nação. Hoje não pronunciaremos o nome de nossos governantes. Hoje faremos uma pausa para falar apenas daqueles que constroem efetivamente uma vida melhor para todos nós. Claro que não falamos de todos, nos perdoem, porque felizmente são muitos. Falaremos mais nas próximas edições do nosso jornal do que vem sendo feito pela nossa universidade. Felizmente também é muito. Nas redes sociais estamos com a boca no trombone, gritando contra esse estado de coisas. Não deixem de nos acompanhar pelo Facebook, Instagram, Twitter, não deixe de participar. Mas hoje fizemos uma pausa: uma homenagem àqueles que não podem parar. A eles, o nosso agradecimento. A todos nós, o desejo que dessa dolorosa experiência nasça uma sociedade renovada e mais solidária. Sonhemos alto, mas com o firme compromisso de que esse sonho se torne gesto, ato, realidade. 
 
NOTA DA REDAÇÃO
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