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Antônio Santos, vice-diretor do Instituto de Física, é o mais novo professor titular da UFRJ e um dos raros docentes negros da universidade a alcançar o último posto da carreira. A aprovação aconteceu nesta quinta-feira, 3, por unanimidade, em banca com cinco professores, quatro deles de fora da UFRJ.  “Nas universidades que têm excelência em pesquisa, os docentes negros não passam de 20%, e nas Exatas esse índice é menor ainda. Na Física, eu conto nas mãos o número de docente negros em todo o Brasil. É um racismo institucional, mas é também resultado do racismo estrutural e estruturante, porque ele também dá forma à estrutura da sociedade”, afirma o pesquisador, militante do movimento negro. “A gente tem que tomar cuidado para que casos de exceção não sejam usados para legitimar o discurso de meritocracia. Não há como falar de mérito numa sociedade tão desigual como a nossa”, afirma. “A UFRJ está discutindo isso, aprovou recentemente a mudança nas cotas nos concursos docentes. É um passo importante, principalmente para os mais novos. Eu tenho que olhar para o estudante negro. O fato de ele ver um professor ou uma professora negra, traz representatividade pra esse estudante, sensação de pertencimento”.

Alexander Kellner
Diretor do Museu Nacional da UFRJ

Acaba de ser divulgado o resultado da licitação referente à concepção de arquitetura e restauro da sede do Museu Nacional/UFRJ e de seu anexo. A proposta vencedora foi de um consórcio liderado pela empresa H+F Arquitetos, que possui grande experiência na área e que está à frente da restauração e modernização de outro equipamento cultural muito importante, o Museu do Ipiranga, em São Paulo. Os conceitos ora apresentados são estudos que irão orientar o desenvolvimento do projeto arquitetônico final da parte interior do palácio.

Toda a atividade licitatória foi coordenada pela Unesco, envolvendo diversos arquitetos,museu nacional 1 2 restauradores e profissionais da área de conservação. Estavam representados o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), o International Council of Museums Brasil (ICOM BRASIL), o Instituto Cultura Vale, o Escritório Técnico  (ETU/UFRJ) e a Faculdade de Arquitetura da UFRJ, a reitora e o diretor do Museu Nacional, entre outros. Também esteve presente uma equipe de profissionais que fez análises técnicas do projeto, tais como viabilidade estrutural e econômica, além de lidar com questões envolvendo a qualificação técnica das empresas que se habilitaram. Houve todo o cuidado para que fossem levados em conta os princípios norteadores nacionais e internacionais de preservação, conservação e restauração de um patrimônio histórico e artístico, além dos critérios de intervenção apresentados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). No total, foram 12 participantes, com propostas bem diversas. Não foi fácil chegar a um vencedor.

A divulgação do resultado despertou grande interesse da sociedade — o que nos deixa animados. Sempre é bom frisar que essa participação é muito importante, já que o projeto final será elaborado em 18 meses e com a participação de diversos atores. O maior desafio será encontrar o equilíbrio entre a importante e rica história do palácio e a contemporaneidade necessária para um museu mais aberto e acessível à comunidade e que realize um constante diálogo com a sociedade. A ideia é a de divulgar os avanços do projeto definitivo à medida que esse vá sendo desenvolvido.

Um ponto de atenção é a história do palácio. Como sabemos, ali foi a casa dos dois imperadores brasileiros e de suas esposas e filhos. Posteriormente foi o local da primeira assembleia constituinte republicana. Não é de muito conhecimento, mas após a decretação da República, houve uma desfiguração total do palácio, antes mesmo de o Museu Nacional ter sido transferido para aquela edificação. O grande incêndio de 2 de setembro de 2018 acabou por destruir o que de histórico havia sobrado, com exceção do Jardim das Princesas. Mesmo assim, a instituição vai resgatar e reconstituir os espaços históricos de referência do palácio, como a antiga Sala do Trono de D. Pedro II e a Sala dos Embaixadores. Também está em pauta a recriação do antigo gabinete de D. Pedro II, como também uma sala destinada à Imperatriz Leopoldina, figura tão importante para a independência do Brasil. As intervenções contemporâneas serão concentradas particularmente no bloco IV, que forma a parte posterior do palácio. Vãos livres e salas com amplos espaços estão sendo pensadas.

fc2152a7 502f 4f29 bccd fee8db1212d4Mesmo que ainda estejamos no início do projeto, com praticamente tudo por fazer, já podemos ter duas certezas. A primeira é que as fachadas do palácio serão todas restauradas no estilo neoclássico, da forma mais fidedigna possível ao original. Essa obra, aliás, deverá se iniciar nos próximos meses. E a segunda, que teremos um equipamento museal de ponta. Finalmente queremos um museu de História Natural e Antropologia inovador, sustentável e acessível, que promova a valorização do patrimônio científico e cultural e que, pelo olhar da Ciência, convide à reflexão sobre o mundo que nos cerca, ao mesmo tempo que nos leve a sonhar.

Aproveitamos para agradecer a todos que estão transformando esse sonho em realidade, como os profissionais da UFRJ e do próprio Museu Nacional. Agradecemos ao Instituto Cultural Vale, Unesco, deputados federais do Rio de Janeiro, Alerj, Bradesco, BND
ES, SAMN, governo federal da Alemanha, Instituto Göethe e tantos outros pelo apoio e incentivo.

A UFRJ perdeu o professor Miguel Barbosa do Rosário, aposentado do Departamento de Letras Clássicas, da Faculdade de Letras, que faleceu no dia 22 de fevereiro. O docente ingressou na UFRJ em 1963, como aluno da antiga Faculdade Nacional de Filosofia, onde cursou Português-Latim. Em 1968, ingressou como docente do Departamento de Letras Clássicas da Faculdade de Letras. O Conselho Universitário aprovou uma moção de pesar pela sua morte.

Elisa Monteiro
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Olhos abertos para a internacionalização. O terceiro webinário promovido pelo Observatório do Conhecimento reuniu experiências universitárias da América Latina, Estados Unidos, China e Alemanha para expandir as fronteiras da reflexão sobre o futuro da educação superior brasileira. Entre prós e contras de modelos estrangeiros, os convidados destacam a flexibilidade curricular e mais integração com projetos de país.  O encontro foi realizado na noite de terça-feira (2). E a íntegra do conteúdo pode ser acessada pelo canal do Observatório no youtube (https://bit.ly/3bcmxpi).

Um dos principais players da economia global, os chineses abocanham a maior parte das matrículas universitárias no exterior hoje. De acordo com Janaina Silveira (Radar China), as instituições de ensino superior de língua inglesa (sobretudo as norte-americanas) são o destino preferencial da internacionalização chinesa, tanto em função da expectativa de emprego posterior, quanto pela dificuldade de acesso às vagas na própria China.

Dentro do país, a dedicação dos alunos aos estudos é integral. Todos os anos, são em média dez milhões de chineses ingressando nas universidades. Em geral, os estudantes moram nos campi, partilhando quartos coletivos que abrigam de quatro a seis pessoas. Etnias minoritárias contam com cotas. “Há apoio governamental à pesquisa e desenvolvimento dentro das universidades, elas são um dos pilares do sistema de inovação chinês. Desde 1993, a China permite que universidades privadas também atuem nesse sistema acadêmico. Embora as universidades de elite na China sejam todas públicas, mesmo elas têm uma taxa anual, que normalmente não é muito alta, mas todo mundo precisa pagar”, acrescenta.

A experiência de renovação universitária alemã foi compartilhada pelo professor da USP, Ricardo Terra. “Na universidade de Berlim, nós temos essa junção de ensino e pesquisa, a organização por cátedra, conhecimento desinteressado, a liberdade de ensinar e de aprender, além da introdução de seminários, que foi importantíssima”, resume o docente.

Terra relaciona o protagonismo alemão na agenda política de meio ambiente à mudança de foco acadêmico. “É meio equivocado pensar que a universidade de Frankfurt é apenas humanista”, diz.  E completa: “A universidade de pesquisa alemã é essa mistura de conhecimento desinteressado com conhecimento vinculado com a indústria. Não é só inventar a maneira de melhorar a agricultura, mas como difundi-la”.

O modelo norte-americano acerta ao oferecer uma maior flexibilidade curricular. Essa é a opinião do ex-reitor da Universidade Federal da Bahia, Naomar de Almeida Filho. “É um sistema que permite escolhas na progressão e não a pré-escolha. Isso contrasta muito com o sistema brasileiro, que obriga as pessoas a escolherem o curso, a faculdade, o lugar que vão estudar antes de proceder ao processo seletivo. Isso é irracional”, justifica.

Na visão do docente, a mais recente expansão universitária brasileira, o Reuni, avançou no acesso ao ensino superior. Porém, deixou uma lacuna em termos de renovação administrativa e acadêmica. “As universidades dobraram [de tamanho], mas não mudaram o foco”, avalia Naomar. Para ele, o modelo universitário do país precisa ser debatido: “Estamos aqui com o mico de sermos talvez o país com alguma importância geopolítica — enquanto temos importância geopolítica, porque infelizmente estamos perdendo isso rapidamente —  com um modelo do século XIX, que foi inclusive abandonado pela sua própria origem”.

A temperatura da América Latina é analisada pela integrante do Grupo de Cooperação Internacional de Universidades Brasileiras, Rossana de Souza e Silva. “De forma geral, os sistemas de ensino superior na América Latina são marcados tanto por tradições locais como por conflitos entre Igreja e Estado ou por mudanças de regimes políticos”, ela diz. Algumas diferenças também são frisadas: “As ditaduras militares tiveram forte impacto na Argentina, Chile e Brasil, enquanto no México houve uma laicização muito forte nessas instituições”, compara. Os contrastes, segundo ela, são marcantes: “Diversas análises mostram o potencial para o futuro da região — que deve ser construído desde já —, que é muito rica em termos de recursos naturais e de heranças culturais fortes para a humanidade. Mas que convive com grandes contrastes do ponto de vista do desenvolvimento econômico-social”.

Entre os desafios comuns e atuais são listados: a inovação, a inclusão e a preocupação com a qualidade, principalmente na preparação de doutores para atuar na solução de problemas locais e regionais. Rossana destaca ainda cooperação bilateral e multilateral.“Para superar os problemas regionais que nós encontramos na América Latina, é muito importante trabalharmos em cooperação por meio de programas que possam contribuir conjuntamente para superar esses problemas. Eles não serão superados com um passe mágico”, defende.

Em mais um momento de emoção no Consuni do dia 25, o colegiado concedeu a Medalha Minerva de Mérito Acadêmico à professora Angela Ancora da Luz, da Escola de Belas Artes. Crítica de arte, reconhecida nacional e internacionalmente, ela integra a Academia Brasileira de Artes e o Instituto Histórico e Geográfico do Brasil. Foi diretora da EBA por dois mandatos. Num deles, a docente conseguiu reabrir o Museu Dom João VI, depois de amplo trabalho de revitalização do espaço. A professora não conseguiu fazer concurso para titular em sua área, porque não houve vaga antes de sua aposentadoria. Por esta razão, Ângela não pode ser agraciada com a emerência.

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