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WhatsApp Image 2022 06 24 at 21.02.21Foto: Alessandro CostaA AdUFRJ realizou sua primeira assembleia híbrida nesta semana. O encontro aconteceu na quarta-feira, dia 22, e reuniu 47 professores de forma remota e presencial. Preocupados com os cortes do orçamento e com as condições de trabalho, os professores decidiram fortalecer a participação em eventos que denunciem a crise imposta às universidades públicas. Nesta sexta-feira, 24, o vice-reitor da UFRJ, professor Carlos Frederico Leão Rocha, confirmou o corte integral de 7,2% no orçamento, conforme o Jornal da AdUFRJ já havia antecipado na semana passada.
Portarias do Ministério da Economia remanejaram o percentual que ainda restava (3,6%) do orçamento bloqueado para o Proagro (Programa de Garantia de Atividade Agropecuária). “Este corte é perverso porque inviabiliza o término do ano letivo”, afirmou a reitora Denise Pires de Carvalho. “Se não houver recomposição, estaremos com o funcionamento comprometido o mais tardar em setembro”, completou o pró-reitor de Finanças, professor Eduardo Raupp.
A primeira atividade de moblização em defesa da universidade é a UFRJ na Praça. Organizado pela diretoria da AdUFRJ, o evento será sábado no Parque Madureira. Mais de 20 professores farão exposições, experiências científicas, palestras, oficinas e mostras. O objetivo é dialogar com a sociedade, apresentar a produção acadêmica e denunciar os cortes no orçamento.WhatsApp Image 2022 06 24 at 21.00.44
Já no dia 27, próxima segunda-feira, será a vez de a Praia Vermelha receber uma atividade de ocupação das universidades federais. O comitê de docentes daquele campus é o responsável pelos materiais de divulgação do ato e pela programação da tarde. Proposto pelo Andes, o dia 27 também é indicado para deflagração da greve nacional dos professores federais, mas os docentes da UFRJ já decidiram, em 18 de março, que não concordavam com a greve por tempo indeterminado. Naquela ocasião, mais de mil participaram da votação e 883 disseram não ao movimento paredista.
A tríade de eventos contra os cortes será concluída em julho. Ainda sem data, a atividade deverá envolver todas as entidades representativas da universidade: AdUFRJ, Sintufrj, DCE, APG e Attufrj. A reitoria será convidada para expor a situação orçamentária da UFRJ. Os professores também propuseram que reitores de outras federais participem do ato.

ASSEMBLEIA
O grupo de oposição à atual diretoria da AdUFRJ quis colocar em pauta a discussão sobre o indicativo de greve do Andes. O presidente João Torres, no entanto, rechaçou a proposta. “Programaticamente a nossa diretoria não vota greve nem paralisação sem os temas serem chamados na convocação”, disse. Além disso, Torres lembrou que os professores da UFRJ já se pronunciaram sobre greve. “Entendemos que não há fatos novos”. O presidente acrescentou que a discussão de uma nova rodada de assembleias para discutir a greve envolveu poucas associações docentes e só ganhou com um placar apertado. “Venceu por 7 a 6 na reunião do Andes. Esse é o cenário”.
Foi consenso entre os professores que a sensibilização da sociedade em defesa da Educação passe necessariamente pelo debate orçamentário. “O PIB brasileiro de 2021 foi de R$ 8,77 trilhões. A Educação recebeu R$ 96 bilhões. Isso representa 1,11% do PIB”, disse a professora Sara Granemann, do Serviço Social. “Eu não vejo como defender a Educação se não falarmos de dinheiro”, afirmou a professora.
Ildeu Moreira, professor do Instituto de Física e presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, defendeu a atuação da WhatsApp Image 2022 06 24 at 21.03.00AdUFRJ tanto no campo da articulação nacional, em defesa da Ciência e Tecnologia, quanto na atuação local, especialmente no que se refere aos direitos dos professores universitários. E pediu que a reitoria fosse mais pressionada a agir contra os cortes orçamentários. “Acho importante cobrar dos reitores uma mobilização mais intensa. É preciso que a universidade, como um todo, pare e reflita sobre os impactos desses cortes”, disse Ildeu. “Se a UFRJ fizer isso, ela vai impulsionar que outras universidades federais façam o mesmo”.
O professor Rogério Lustosa, da Escola de Serviço Social, lembrou que o inimigo da universidade é o atual presidente do país. “Nosso inimigo é Bolsonaro, é o mercado que quer nos privatizar”, afirmou. “Não podemos agir como a orquestra do Titanic”, disse. “Não podemos desprezar o Andes, não podemos desprezar a Andifes. Não podemos desprezar os parlamentares. Vamos unir forças”, exortou.

DELEGAÇÃO AO CONAD
A assembleia também definiu a delegação ao Conad, do Andes. A professora Mayra Goulart, vice-presidente da AdUFRJ, será a delegada. Luís Acosta, do Serviço Social, e Eleonora Ziller, da Letras, serão os observadores. Acosta será, ainda, o primeiro suplente.

WhatsApp Image 2022 06 15 at 20.31.07Foto: SintufrjEm sessão extraordinária nesta quarta-feira (15), o Conselho de Ensino para Graduados (CEPG) aprovou, por unanimidade, uma resolução que torna obrigatórias as políticas de ações afirmativas na pós-graduação da UFRJ. Hoje, a universidade tem em torno de 16 mil estudantes de pós. Na divulgação dos próximos editais de seleção, cada programa deverá ofertar pelo menos 20% das vagas para pessoas pretas, pardas e indígenas, e pelo menos 5% para pessoas com deficiência.

De acordo com a pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa, professora Denise Freire, trata-se de uma conquista fundamental para a democratização da pós-graduação da universidade. “Representa um avanço significativo. A nossa universidade é a maior e a melhor do país, então tudo o que se faz aqui é sempre muito esperado por outras instituições federais”, comemora. “É uma resolução que foi construída a muitas mãos. Foi um ganho para a UFRJ e ainda discutiremos muito para avançar ainda mais nas políticas de ações afirmativas na pós-graduação da UFRJ”.

A resolução prevê ainda que em situações específicas de parentalidade, no caso de candidatas mães que tiveram filhos por adoção e/ou gestação nos últimos cinco anos, a contar da data de divulgação do edital de seleção, será promovida uma ação compensatória. “Trata-se de um fator de correção que incide sobre a pontuação que o programa de pós-graduação assim definir, apenas para efeitos de colocação no processo seletivo”, esclarece a pró-reitora. A resolução define que o fator de correção seja fixo, entre 1,05 e 1,2, na nota final do currículo.

PASSO FUNDAMENTAL
Para Nedir do Espirito Santo, diretora da AdUFRJ e professora do Instituto de Matemática, a aprovação institucional das cotas nos programas de pós-graduação é um grande passo, mas ainda um primeiro movimento na transformação da universidade e da realidade brasileira. “Os negros desse país são a maioria da população, mas, por questões estruturais da nossa sociedade, não conseguem acessar espaços de ensino superior e de pesquisa, nem cargos de gestão”, reconhece a professora. Para ela, aprovar cotas na pós terá resultados somente em médio e longo prazos. “Os efeitos demoram a aparecer. Vide há quanto tempo temos nossa política de cotas para a graduação e o número sequer razoável de professores negros. Então, é uma política que demora a mostrar seus efeitos, mas, sem dúvidas, é um primeiro passo fundamental para que haja de fato uma profunda transformação da universidade”.

A Associação de Pós-Graduandos também comemorou a conquista. “A UFRJ impulsiona, com essa resolução, a necessidade de contemplarmos esses grupos também em legislação federal sobre o tema, e dá o exemplo a outras universidades que possam fazer o mesmo enquanto essa legislação não é formulada”, aponta o conselheiro Jorge Marçal, representante da APG no colegiado. “A formação no mestrado e no doutorado é responsável por mais de 90% da produção científica e acadêmica no país e é também a trajetória para a formação dos futuros docentes de nossas universidades, que ainda são majoritariamente brancos, cisgêneros e sem deficiência”, conclui.

Para Natália Trindade, também conselheira do CEPG e doutoranda em Direito da UFRJ, a aprovação contribui para que a lei federal de cotas na graduação seja revisada em uma perspectiva de ampliação, que compreenda as ações afirmativas para o ingresso e para a permanência. “Até porque os pós-graduandos querem o título ‘na mão’ para acessar o mercado de trabalho na academia, para colaborar na produção de conhecimento e na construção de um Brasil realmente independente”, disse.

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WhatsApp Image 2022 06 15 at 20.40.22Foto: Alessandro CostaEstela Magalhães

Uma postura proativa na defesa do meio ambiente e uma divulgação científica de qualidade foram as principais propostas no debate “Ciência e políticas públicas no atual cenário negacionista”. O encontro, realizado na última segunda-feira, no campus da Praia Vermelha, contou com a presença de Ricardo Galvão, professor da USP, e ex-presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e de Ana Toni, diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade.

“Temos uma comunidade científica ainda forte apesar dos ataques, temos competência e temos aliados”, ponderou Galvão. “Como cidadãos, precisamos trabalhar o máximo para conseguir a mudança que queremos no país, não só no meio ambiente, mas na Educação e na Ciência”, completou o docente. A mesa integrou a programação da semana do Meio Ambiente da UFRJ.

Outro tema recorrente no encontro foi o desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips. “Essas pessoas incomodavam demais, uma pessoa que lutava tanto pela causa indígena foi apagada. Isso é muito triste, lamento muito por todos os brasileiros”, lamentou Galvão. “A defesa da Amazônia passa por um momento trágico. É um momento simbólico de luta e resistência”, disse a professora Tatiana Roque, mediadora da conferência.

NEGACIONISMO
O negacionismo foi apontado pelo professor Ricardo Galvão como um importante problema que afeta a produção científica e a defesa do meio ambiente. Em 2019, o professor teve a credibilidade de uma pesquisa atacada pelo presidente. Jair Bolsonaro afirmou que os dados do INPE sobre o desmatamento da Amazônia eram falsos.

Galvão destacou que o negacionismo atual “é uma pseudociência intencional”, e para combatê-la, a melhor arma é a divulgação científica. “Temos que melhorar o diálogo da universidade com a sociedade”, indicou e lembrou que, durante a pandemia, a importância da Ciência ficou clara para a população. “Não podemos de maneira nenhuma votar em políticas negacionistas”, alertou.

AMAZÔNIA
No campo das políticas públicas, foram debatidos possíveis caminhos para a defesa da floresta Amazônica. Um exemplo foi o programa Amazônia 4.0, que tem o objetivo de criar “novas oportunidades de pesquisa, tecnologia e aprendizado para valorizar e proteger os ecossistemas amazônicos”.

“Falando da Amazônia temos que abraçar a complexidade e entender que não tem só um projeto e nem solução fácil”, ponderou Ana Toni, do Instituto Clima e Sociedade. “Toda a sociedade brasileira tem que abraçar a Amazônia, dando aos amazônicos o protagonismo. Precisamos fortalecer as universidades da região”, completou a ambientalista.

Ricardo Galvão acrescentou a importância de reflorestar, e não apenas preservar. “Vai ficar mais barato produzir sustentavelmente do que de outra maneira. Temos que tornar o reflorestamento atrativo economicamente. Só coibir nunca funciona”, observou o professor da Universidade de São Paulo.

Galvão finalizou o encontro com uma fala de esperança. “Que em janeiro de 2023 tenhamos um alvorecer em nosso país. Com a luz penetrando a escuridão negacionista com suavidade, mas pujantemente”, esperançou o ex-presidente do Inpe.

WhatsApp Image 2022 06 10 at 19.58.14Foto: Alessandro CostaO professor Eduardo Serra, da Escola Politécnica, fechou a primeira etapa do ciclo de debates “Ciência e Tecnologia para a reconstrução do Rio de Janeiro”, organizado pela AdUFRJ. Pré-candidato ao Governo do Estado pelo PCB, o docente apresentou as propostas de seu partido para solução de diferentes questões que afligem o dia a dia da população fluminense. Apesar de ter sido o último pré-candidato a participar da primeira rodada deste ciclo, o professor foi convidado antes mesmo do deputado federal Alessandro Molon, pré-candidato ao Senado pelo PSB-RJ, que se apresentou na semana passada.

João Torres, presidente da AdUFRJ, abriu o debate do dia 6 com elogios à postura política do colega. “Convivo com ele há 30 anos ou até mais, se considerarmos o período de movimento estudantil. Embora fique claro que temos posturas divergentes em diversos aspectos, eu o admiro muito por suas posturas firmes, contundentes e estritamente políticas”, disse João. “Eduardo jamais agiu com ataques pessoais ou se utilizou de ironias em debates ou discussões. Para mim, ele é um exemplo de convivência na universidade. É muito importante na vida política haver pessoas com essa postura. É fundamental para a convivência e para a democracia”, declarou o dirigente.

O presidente da AdUFRJ também aproveitou para explicar a razão que motivou o sindicato a realizar a sequência de debates. “Nosso papel é atuar junto às demais forças progressistas para derrotar Bolsonaro de forma pragmática e incisiva”, disse João. “Eu me candidatei à direção da AdUFRJ para fazer alguma coisa, ainda que seja uma gotinha no oceano, para derrotar este governo protofascista. Nossa pauta é o debate junto a todos os movimentos que defendem a democracia”, afirmou. O professor Eduardo Serra aproveitou para elogiar a iniciativa da AdUFRJ e agradeceu o convite feito “com bastante antecedência”.

Eduardo Serra justificou sua candidatura ao cargo de governador a partir da conjuntura nacional e estadual. Em sua análise, o atual governador é um representante do bolsonarismo no Rio de Janeiro. “Existe uma ofensiva que criminaliza a pobreza e o governador Cláudio Castro não promove nenhuma ação para mudar esse estado de coisas. Ele se apresenta como uma linha mais moderada que Bolsonaro, mas defende os mesmos interesses”, afirmou. “O que a gente propõe é um debate sobre um outro tipo de desenvolvimento. Nosso programa político é anticapitalista e busca a superação das desigualdades”, sublinhou.

As tragédias provocadas pelas chuvas foram citadas pelo pré-candidato como consequências da desigualdade no acesso a políticas habitacionais. “Não existe planejamento urbano para a classe trabalhadora. Existe para as classes médias altas e para a classe alta. Essa desigualdade está ligada a outros elementos como, por exemplo, o transporte”, disse. O professor citou soluções usadas por outras cidades no mundo, como Paris, em que a tarifa do transporte público fica mais barata na medida em que o deslocamento se torna maior. “Isso permite que os trabalhadores possam morar mais longe dos seus empregos com segurança e infraestrutura”.

Sobre transporte, o professor defende a estatização da Supervia e do sistema de ônibus. “É preciso criar uma empresa pública de transporte, que tenha condição de ampliar a oferta, atender a horários noturnos, gratuidades, e fazer a ligação intermodal, que hoje não existe”, disse. “Uma empresa pública vai poder investir em transporte sobre trilhos, em transporte aquaviário, vai poder racionalizar mais o transporte rodoviário”.

No curto prazo, o professor pretende atacar a miséria. “Temos um desemprego muito grande, uma fome generalizada. Será preciso promover um programa de emprego emergencial, em que a população possa ter renda com contratos firmados. Esse programa ajudará a dinamizar a economia e vai contribuir para a retomada econômica do estado”.

Ainda no campo econômico, Serra sugere a criação de um banco estadual para financiar áreas sociais e infraestrutura. “Em muitos casos, fazendo investimento a fundo perdido. Essa é função de um banco público, é perfeitamente realizável, com exemplos em outras partes do mundo, e o Rio tem um potencial econômico muito grande”, afirmou. “A indústria naval do Rio de Janeiro já foi a segunda do mundo e nós temos condições de recuperar isso”.

Sobre o aspecto tributário, o docente sugere a desoneração do consumo e a taxação de lucros, dividendos e propriedades. Ele também propõe uma parceria com as prefeituras para mudar a forma de taxação do IPTU, para que seja progressivo, ou seja, aumente na medida em que o proprietário adquira mais imóveis. A ideia, além de aumentar a arrecadação, é minimizar o deficit habitacional.

“Os imóveis fechados hoje são capazes de abrigar toda a população que vive nas ruas”, destacou Serra. Associado ao IPTU, o pré-candidato propõe a criação de um programa habitacional. “A gente tem um número para isso: 150 mil unidades habitacionais atendendo a 600 mil pessoas reduziria em quatro anos o déficit habitacional em mais da metade”.

 

Perguntas da plateia

Ao final da apresentação, a plateia fez algumas perguntas ao convidado.

Qual a proposta para a segurança e para a PM fluminense?
Nossa proposta é dissolver as atuais polícias Militar e Civil e constituir uma polícia civil uniformizada, com viés investigativo, que sirva para apoiar a população. Essa polícia deve ser controlada por um conselho popular de segurança sem nenhuma concessão ao crime organizado, que é mantido por aqueles que fabricam armas. É preciso combater ao máximo a facilitação da aquisição de armas. Um outro aspecto é em relação às drogas: não defendemos a legalização de qualquer droga, mas acreditamos que a legalização de algumas drogas, cadastro de usuários, pagamento de impostos sobre essa comercialização, tratamento daqueles que queiram se livrar do vício, impacta negativamente no crime organizado, tira sua força.

O senhor diz que o inimigo nacional da democracia é Bolsonaro, mas seu partido lança candidatura própria à presidência da República, quando há outro candidato com maiores chances de vitória. Como essas duas questões se relacionam?
A eleição tem dois turnos. O primeiro turno existe para que todos se apresentem, para que exponham suas ideias e a população decida. Nós temos acordo de que é preciso combater Bolsonaro, mas não temos acordo com uma agenda liberal. A gente quer um governo que seja uma alternativa a Bolsonaro, que seja de esquerda, democrático, progressista e que não seja liberal. A gente tem que mudar o rumo do país, é preciso reverter o desmonte do Estado em várias instâncias. O Estado não pode deixar de atender às necessidades de sua população.

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