Ação de protesto contra a extinção do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação supera expectativa dos organizadores
Silvana Sá
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Fotos: Claudia Ferreira
No sábado (4), professores e estudantes da UFRJ realizaram uma série
Experimentos com ciências básicas, aulas de como manusear o microscópio e atividades lúdicas atraíram crianças e adultos. Fabio Waltenberg, professor de Economia da UFF, levou sua filha, a pequena Manuela. “Viemos porque tem bastante coisa voltada para as crianças. É uma forma de nos divertirmos juntos e principalmente porque sou completamente contra a extinção do ministério”, disse.de experimentos e demonstrações no Largo do Machado, zona sul do Rio. O objetivo do ato era dialogar com a população carioca sobre a importância do trabalho de pesquisa das universidades e protestar contra o fim do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) ocasionado pela reforma ministerial do governo interino de Michel Temer. O “Ciência na Praça” foi organizado pela Frente da UFRJ contra a extinção do MCTI e pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), com o apoio da Adufrj-SSind.
Muitos dos que circulavam pela praça não sabiam da extinção do MCTI. Flora da Silveira, aposentada, era uma delas: “Achei que o Temer só tinha feito isso com a cultura. A ciência é muito importante. Não sabia que o governo tinha mexido nela também”. Eduardo de Moraes, morador da região, também ficou sabendo da extinção da pasta a partir da atividade dos professores. “Isso teve pouca publicidade. Eu, particularmente, não sabia disso. Acho que foi uma decisão muito grave para o país”, disse.
Ato também reuniu representantes de outras instituições de pesquisa
Trabalhadores da Fiocruz se somaram ao ato com palavras de ordem. Com gritos de “Fora, Temer”, eles chamaram atenção do público. Muitas pessoas aderiram ao protesto. O Espaço Ciência Viva, museu interativo de ciência que funciona na Tijuca, também se juntou ao ato dos professores. Houve, ainda, a participação de ativistas contra a extinção do Ministério do Desenvolvimento Agrário.
Tatiana Rappoport, professora do Instituto de Física da UFRJ e uma das organizadoras do evento, falou da necessidade de a universidade dialogar com a sociedade. “A UFRJ deveria estar semanalmente em praça pública, prestando conta de suas ações, mostrando sua importância”, avaliou. Ela considera que atividades de sensibilização são mais eficazes que outras ações que acabam interferindo negativamente no dia a dia da sociedade. “É importante levantar bandeiras, fechar ruas, mas nós estamos querendo trazer para nosso lado quem ainda não está sensibilizado ou quem ainda não sabia dos cortes nas áreas”, disse.
Solução da crise está na educação, ciência e cultura
Diretor da Adufrj, Fernando Santoro foi categórico: “A solução das crises está na educação, na ciência e na cultura. O déficit fiscal não se resolve com corte nessas áreas”. Para ele, a receptividade das pessoas que transitavam pelo Largo do Machado se deveu a um fator principal: “O tom de defesa do ministério foi veiculado a partir dos valores positivos da universidade. Conseguimos sensibilizar as pessoas para o que pode ser prejudicado ou deixar de existir se a ciência, tecnologia e inovação, se a educação e a saúde forem colocadas como objeto de ajuste fiscal”.
Santoro também comentou o envolvimento dos professores e estudantes de pós-graduação. “Foi muito boa a participação. Tivemos diferentes áreas do saber atuando juntas, comprometidas em passar a mensagem contra o fim do MCTI. A comunidade da UFRJ está de parabéns. E o que conseguimos fazer com a população superou nossas expectativas”, disse.