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Quase uma centena de jovens lotaram o auditório da ESS para acompanhar o debate marxista sobre o tema

A crise do capitalismo recoloca socialismo na agenda de debates

Da Redação

O posto de observação de José Paulo Netto para analisar o mundo é o marxismo. É noite de sexta-feira e um auditório lotado de jovens da ESS na Praia Vermelha acompanha o professor emérito da UFRJ desconstruir os mecanismos que a sociedade burguesa lança mão para mascarar os antagonismos entre classes sociais. Os argumentos do professor parecem convincentes pela atenção que desperta na plateia, e ele está à vontade no tema “Luta de classes: um conceito superado?”

José Paulo Netto tem ao seu lado Gaudêncio Frigotto, professor, filósofo, vigoroso crítico do capitalismo. “Se o capitalismo não tem classe, o capitalismo acabou”, ironiza Frigotto. O evento fecha o instigante seminário “Criminalização da Pobreza”, organizado pelo CFCH. Falou-se de capitalismo, do drama dos trabalhadores do campo, do oligopólio da mídia, das manifestações que sacudiram o Brasil em junho.

Um olhar marxista sobre a realidade – presente durante o seminário – em debates no interior da universidade tem a sua relevância. Para esta semana está programado, também no campus da Praia Vermelha, um evento internacional que traz como tema “a Renovação do Marxismo”. Vai tratar do pensamento do intelectual comunista Carlos Nelson Coutinho (veja programação na página ao lado). Durante alguns anos o debate em boa parte das áreas das Ciências Sociais sofreu influência do discurso único, coincidindo com a força da ideologia neoliberal. O questionamento do neoliberalismo e o ingresso do capitalismo em nova crise internacional mudaram o cenário. 

O 18 Brumário

Na sexta-feira em questão, porém, como indica o título do debate, a conversa é sobre a sociedade constituída de classes e como elas se formam nas suas relações com os meios de produção. Em tom quase didático, José Paulo Netto provoca. “A questão agrária, a violência contra sem-terra, o massacre de índios, os jagunços dos fazendeiros não se explicam pela psicologia social”, ele diz. “Não é a antropologia social que me explica a obscena estrutura tributária dos EUA, a crise europeia, a sociedade de consumo”. É a luta de classes, ou melhor, “as lutas de classes” (segundo ele, a expressão usada por Karl Marx) é que explicam e põem a nu a dinâmica dos conflitos sociais.

Além de Karl Marx (1818- 1883), o professor cita dois outros autores –– “donos do pensamento fundante das Ciências Sociais” – que formularam teorias sobre as classes ainda no século XIX: Émile Durkheim (1858-1917) e Max Weber (1864-1920). “Todos eles apresentam uma análise da sociedade em que eles viviam. Reconheceram que a sociedade dispunha de um sistema de estratificação social”, diz. Netto observa que os primeiros a perceberem a estrutura de classes na sociedade burguesa nascente foram os românticos franceses. Ele mostra que Durkheim e Weber apresentam entendimentos diferentes de Marx sobre o tema. Durkheim usava a expressão “sociedade moderna” (e não “burguesa”) e sustentava que o sistema de estratificação social, “com origem em relações desiguais”, era insuprimível. Já Weber não tinha a visão “positivista, naturalista” de Durkheim, admitia o “conflito” entre classes, mas falava em uma “racionalidade para disciplinar esses conflitos”.

 Para formular suas teorias, José Paulo Netto diz que Karl Marx bebeu na fonte dos franceses do início do século XIX e de economistas ingleses, “especialmente (David) Ricardo (1772-1823)”. O conceito de luta de classes, segundo Netto, não está expresso na principal obra de Marx, o Capital, dividido em três volumes – o último foi editado depois da morte do autor. Mas em inúmeros textos elaborados por ele a partir de 1848. O professor cita, especificamente, “O 18 Brumário de Napoleão Bonaparte”, sobre a revolução de 1848 na França. “Vocês não vão encontrar muita coisa” nos livros didáticos “sobre esta revolução, porque ela trazia como protagonista um novo ator com projeto autônomo, que era o proletariado”.

José Paulo Netto é enfático: “Toda a experiência histórica até hoje é a comprovação cabal da existência da luta de classes”, diz.

Quadro efetivo muito reduzido é considerado principal obstáculo

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

A falta de concursos para o Colégio de Aplicação causa diversos problemas: um deles, menos óbvio, manifesta-se no período eleitoral para a diretoria da Unidade. Desde agosto, quando o primeiro prazo de inscrições foi aberto (o mais recente foi estendido até este dia 11 de novembro), não surgiu nenhuma candidatura. E o quadro de efetivos muito reduzido é o principal obstáculo para o processo deslanchar, na opinião da professora Alessandra Carvalho, integrante da comissão que organiza o pleito.

“É uma direção grande: além da direção geral e do vice, são mais seis nomes para Direção Adjunta de Ensino (DAE) e Direção Adjunta de Licenciatura e Pesquisa e Extensão (Dalpe). Como estamos há muito tempo sem concurso e sem reposição dos aposentados e das exonerações, acaba que ficamos com um quadro de efetivos muito reduzido (para as candidaturas)”, afirmou Alessandra. Vale lembrar que, diferentemente do que ocorre para a carreira de magistério superior, não existe  a reposição automática pelo dispositivo do banco de professores equivalentes para a carreira de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT).

Outras dificuldades

Além disso, houve outros percalços no processo de 2013. A Comissão Eleitoral propôs mudanças que, inicialmente, “restringiram as participações tanto dos docentes quanto dos técnicos-administrativos nas chapas”. “No caso dos professores, não poderiam estar nenhum membro que tivesse composto a direção por dois mandatos. No caso dos técnicos, nenhum que não estivesse em cargo de nível superior”, explicou Alessandra. 

Sem candidaturas (mais uma vez), a comissão flexibilizou as normas: agora é permitido que docentes já integrantes da direção anterior concorram ao pleito (em cargos distintos dos ocupados anteriormente). Também poderão candidatar-se técnicos-administrativos em função de nível médio na universidade, desde que diplomados pelo ensino superior em Pedagogia ou Licenciatura.

Na avaliação da integrante da comissão eleitoral, a revisão das regras permitirá a composição de chapas.  “Estamos na expectativa de que a escola supere as dificuldades e consiga realizar o processo”, observou Alessandra.

Campus de Macaé recebe o maior número de profissionais (24) desta entrada, seguido pela Farmácia (com sete)

Cerimônia ocorreu no auditório do CT 2

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

O quadro de professores da UFRJ foi reforçado, no último dia 5, com a posse de 58 profissionais. A cerimônia, organizada pela Pró-reitoria de Pessoal (PR-4), foi realizada em auditório do CT 2. A Adufrj-SSind deu as boas-vindas: “Para nós, é uma alegria recebê-los. E, ao mesmo tempo, uma responsabilidade, pois os desafios na universidade são muitos e as condições ainda mais duras para os que ingressam hoje”, disse Cláudio Ribeiro, presidente da seção sindical. “As regras previdenciárias de vocês não são as mesmas que as minhas. Nós realizaremos o mesmo trabalho, mas o tratamento será distinto. É preciso que, o quanto antes, vocês busquem se informar para compreender as mudanças em curso na universidade”, afirmou, sobre a nova carreira do magistério superior, imposta pelo governo federal ao fim da greve de 2012.

Cláudio ainda falou aos colegas sobre a privatização da previdência dos servidores federais (via Funpresp). E informou sobre a luta da comunidade universitária contra a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). O dirigente distribuiu kits com materiais informativos relacionados a esses temas e estimulou a participação dos novos em uma plena vida universitária: “Precisamos que o tripé ensino, pesquisa e extensão ganhe uma perna a mais, que é a luta em defesa da universidade”.

O superintendente da PR-4, Agnaldo Fernandes, destacou aspectos da saúde do trabalhador que atingem os docentes da universidade. E, convidada ao evento, a professora Libânia Nacif Xavier apresentou o programa de apoio à docência que, resultado de uma parceria entre decania do CFCH, Faculdade de Educação e a reitoria, busca “valorizar o trabalho de sala de aula”. O objetivo, exposto pela professora, é “promover reflexões sobre o ensino” e “romper com a cultura de que só o desempenho científico (de pesquisa) é importante”.

 

Entre os recém-consursados, o primeiro professor de cavaquinho

O campus de Macaé foi o lugar que recebeu o maior número de professores dessa entrada (24 dos 58), seguido pela Faculdade de Farmácia (7). Dentre os novos integrantes da carreira do magistério superior, está Henrique Cazes, o primeiro professor do bacharelado de cavaquinho, iniciativa aprovada pela Escola de Música em 2011. “O primeiro curso deste tipo, no mundo, não poderia ser em outro lugar”, observou, em referência à inovação da UFRJ. Músico há 37 anos, Cazes confessou a emoção: “É muito bom saber que toda essa experiência agora poderá ser passada adiante”. 

Carolina Mesquita deixou a família e o emprego na UFMG e na Católica de Minas (PUC-MG) para se dedicar “a fundo na carreira de ensino e pesquisa do Direito Coletivo do Trabalho”. “A expectativa é muito grande e a alegria também”, completou.

Estão desaparecidas atas com o registro de sessões do Conselho Universitário durante alguns anos do período da ditadura civil-militar (1964-1985). O sumiço dos documentos foi constatado pela Comissão da Memória e Verdade da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CVM-UFRJ). Estão faltando as atas dos anos 1967 (a partir de abril), 1968, 1969, 1972, 1975, 1976, 1978 e 1979. Em setembro de 1966 (portanto, seis meses antes do início do período sobre os quais os registros do Consuni não foram localizados) deu-se a invasão, pela polícia, da Faculdade de Medicina que funcionava num prédio na Praia Vermelha. Foi um dos episódios mais traumáticos da presença da ditadura no campus da UFRJ. E 1968, outro ano do qual não se encontrou os registros do conselho, terminou com a decretação do Ato Institucional nº 5, para muitos analistas “um golpe dentro do golpe”.

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A CVM-RJ diz que o sumiço desta documentação se constitui em desfalque importante para o registro da história da universidade no período. 
Em relação à questão, a comissão vai analisar “os contextos em que estes desfalques ocorreram”.
Anuncia, também, que vai iniciar uma campanha para tentar recuperar a documentação.
A CVM-UFRJ pretende ouvir pessoas que “possam esclarecer o destino de qualquer documentação referente à universidade no período”.

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O mapeamento da documentação da universidade disponível já está sendo feito. 
Acervos externos que possam conter documentação relacionada à universidade também estão sendo consultados.
Entre esses acervos, estão a base de dados do Arquivo Nacional e o Arquivo Público do Rio de Janeiro.
Um pedido de informações será encaminhado ao Ministério da Educação.
 
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Um dos arquivos de grande interesse da comissão é o que foi produzido pela Assessoria Especial de Segurança e Informação (AESI), excrescência que funcionou entre 1971 e 1985 na UFRJ, como em outras universidades.
A CVM-UFRJ já identificou um dos nomes responsáveis pelo setor. Trata-se de um agente que trabalhou durante 14 anos ocupando uma sala instalada no prédio da reitoria.

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A comissão – instalada em 10 de julho de 2013 – está organizando listagens com nomes de integrantes da comunidade da UFRJ atingidos por atos do regime militar.
Além de buscar ampliar informações relacionadas aos levantamentos já existentes sobre mortos e desaparecidos, a CVM-UFRJ trabalha em outra frente.
Ela elabora uma lista com os nomes atingidos por expulsões, cassações, aposentadorias forçadas nos diferentes períodos de duração dos governos militares.

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Segundo a comissão, esse procedimento já permitiu, segundo a comissão, obter informações sobre expulsões de alunos por medidas internas (expulsões de abril e julho de 1964, e suspensões de junho de 1966) baseadas no regimento da universidade, quanto às medidas que tiveram o arbítrio do Decreto nº 477 (de 1969) como fundamento.
A comissão informa que, no caso do decreto nº 477, estão sendo verificadas informações sobre professores cassados em abril de 1969.

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A CMV-UFRJ está preparando um calendário de testemunhos com professores, estudantes e servidores sobre o período do regime militar.
Esses testemunhos, que já estão agendados, serão intinerantes, percorrendo todos os Centros da UFRJ.
A Comissão da Memória e Verdade da UFRJ tem mantido contatos regulares com outras Comissões da Verdade em reuniões, atividades, trocas de experiência, grupos de trabalhos e eventos.
Além disso, está sendo construída uma articulação entre as Comissões da Verdade existentes em universidades brasileiras.
A CMV-UFRJ está propondo uma reunião dessas comissões para o primeiro semestre de 2014.

Estudantes foram impedidos de entrar na Unidade para realizar ato político. Os que entravam eram revistados por seguranças para não permitir o acesso de alto-falantes, caixas de som, microfones e instrumentos de percussão

Até a PM foi chamada pelo administrador da Escola

Silvana Sá. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

Na tarde do dia 8, estudantes da Escola de Educação Física e Desportos foram impedidos de entrar na Unidade para realizar um ato político-cultural contra o diretor Leandro Nogueira. Por ordens dele, o portão principal foi fechado com cadeado e, por um acesso lateral conhecido como “varanda”, as pessoas só passavam após uma revista dos seguranças. Quando a reportagem do Jornal da Adufrj chegou ao local, o administrador da EEFD, Luiz Henrique Drummond, barrava todos os estudantes que portavam instrumentos de percussão, caixas de som, alto-falantes ou microfones.

O ato “Fora, Leandro!” acabou sendo realizado do lado de fora da EEFD, junto ao portão lateral. O estudante Rian Ferreira Rodrigues informou que havia autorização da Prefeitura Universitária para realizar a atividade política, que ocorria desde a parte manhã, com calouros. “Está claro que essa atitude de fechar as portas da Unidade é para impedir a livre manifestação do movimento estudantil. Ele (Leandro) fechou a Escola minutos antes do horário em que estava marcada a concentração do nosso ato”.

Histórico complicado

Há quase um ano, o diretor e o movimento estudantil local vivem em conflito. O professor Leandro chegou a chamar a polícia militar para retirar o aluno Rian que, segundo ele, não estaria regularmente inscrito (mas estava) na Escola. E, ainda no primeiro semestre deste ano, decidiu não reconhecer a legitimidade do Centro Acadêmico local para a escolha de representantes discentes para a Congregação. Na tarde deste dia 8, a PM foi novamente chamada. Dessa vez, pelo administrador, que foi à delegacia prestar queixa contra um estudante por “crime de desobediência”, como ele mesmo afirmou ao Jornal da Adufrj.

Adufrj-SSind cobra respeito ao movimento estudantil

A Seção Sindical esteve representada na atividade pelos diretores Cláudio Ribeiro e Luciano Coutinho e pela conselheira Vera Salim. Cláudio afirmou que o movimento estudantil deve ser respeitado “para aprofundar a democracia na universidade”. E que atitudes antidemocráticas, como o fechamento da EEFD, não serão toleradas pela entidade.

Gregory Costa, pela Associação dos Pós-Graduandos da UFRJ (APG) reforçou o apoio aos estudantes da Educação Física. Ele informou que a APG levará ao Conselho Universitário um manifesto exigindo a saída do diretor da Unidade. Pelo DCE Mário Prata, falou Julio Anselmo. “O que assistimos é uma arbitrariedade sem tamanho”, declarou.

Prefeito universitário e decana estiveram no local

O prefeito da Cidade Universitária, Ivan Carmo, e a decana do Centro de Ciências da Saúde, Maria Fernanda Quintela, estiveram na EEFD durante a confusão e foram direto ao gabinete do diretor. A reportagem tentou contato com eles, mas, até o fechamento desta edição, não conseguiu declarações sobre o episódio.

Diretor tenta se justificar

Em nota, o diretor Leandro Nogueira informou que a Unidade fecharia suas portas porque os estudantes convidam “indivíduos e grupos estranhos à unidade para apoio ao referido ‘ato político’, o que abre, entre outras perigosas possibilidades, a invasão da EEFD por elementos ligados ao movimento bad block (sic) ou outros de mesma inspiração neofascista”.  

 
 
Cartas
Em atenção à matéria publicada na edição nº 824 do Jornal da Adufrj, esta Pró-reitoria gostaria de informar que a Faculdade de Farmácia conta, em seu quadro de servidores, com 75 (setenta e cinco) docentes e 95 (noventa e cinco) Técnicos-Administrativos.
Desde julho de 2011 (início da gestão do Professor Carlos Levi), a Faculdade de Farmácia aumentou seu quadro de servidores, tanto docentes como técnicos administrativos, só tendo diminuição do quadro em 5 (cinco) cargos: Almoxarife; Assistente em Administração; Técnico de Laboratório/Área; Técnico em Assuntos Educacionais e Técnico em Contabilidade, sendo que para os cargos de Almoxarife; Assistente em Administração e Técnico de Laboratório/Área a redução foi em consequência da movimentação de servidores, que foram colocados à disposição da Reitoria pela Direção da Faculdade de Farmácia.
A Pró-reitoria de Pessoal reconhece a necessidade de pessoal da Faculdade de Farmácia, assim como das demais unidades da UFRJ, e tem buscado prover, dentro dos limites de vagas do Quadro de Referência dos Servidores Técnicos-Administrativos (QRSTA), as demandas de todas.
Por fim, a Pró-reitoria de Pessoal informa que está à disposição para os esclarecimentos que se fizerem necessários.
Roberto Gambine
Pró-reitor de Pessoal
 
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