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Embrião de projeto busca integrar atividades da universidade voltadas para a formação não tradicional

 

Professora do Instituto de Economia explica iniciativa

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.


Criar pontes de diálogo com conhecimentos não acadêmicos. Esse é o propósito da Universidade da Cidadania (UC), mais novo órgão suplementar do Fórum de Ciência e Cultura. “A UFRJ talvez seja o maior agregador de projetos dessa natureza. Principalmente na região do entorno da Cidade Universitária, no Fundão, onde existe uma infinidade de programas que realizam ações diretas e acessórias a entidades e a movimentos da região”, explica Maria Malta, professora do Instituto de Economia e diretora da UC.

A abertura da instituição “para sujeitos que não estarão na universidade de outra forma senão pela extensão” é um dos objetivos da iniciativa. Mas a professora deixa claro que não haverá concorrência com a Pró-reitoria de Extensão (PR-5): “Vamos atrair os programas da UFRJ que tenham foco no aspecto da formação”, diz. De acordo com Maria Malta, o modelo de ensino universitário é restritivo: “Muitos não conseguem acompanhar, não pelo conteúdo, mas pelo formato. O ensino tradicional é muito repartido, demora, leva tempo demais. Em nossos cursos, cada 15 horas correspondem a um crédito e eles podem ser agrupados em 30h, 60h”, afirma, sobre a segmentação curricular. “Dependendo do caso, a experiência intensiva pode ser mais interessante em termos de aproveitamento individual e coletivo”.

Para Maria, aliás, a noção de “turma” sai prejudicada em alguns cursos de graduação. “Também nesse aspecto, a educação popular tem a acrescentar à universidade. Há sempre uma preocupação com o conhecimento do conjunto”.

Estrutura 

A Universidade da Cidadania ainda não possui uma infraestrutura física compatível com as especificidades da educação popular. Porém, um espaço, que se chamará Escola Superior da Cidadania, já está reservado no Plano Diretor da UFRJ. Ele ficará nas imediações do posto do corpo de bombeiros, no Fundão: “O papel social da universidade não se esgota na formação de profissionais qualificados, de cientistas e pesquisadores; ela tem o compromisso igualmente de formar cidadãos, aptos a pensarem criticamente e a serem agentes de transformação de nossa sociedade, marcada por profundas desigualdades, pela injustiça social e ambiental”, justifica o plano.

Será um lugar com auditórios, salas de reunião, escritórios e outros equipamentos para atender às necessidades do dia a dia: “A educação popular tem uma dinâmica própria, por exemplo, com atividades culturais integradas à programação. Fazem uso de cozinha e outras práticas menos comum à universidade”, explica Maria Malta. Para ilustrar a necessidade da demanda, ela lembra a situação da turma de um curso itinerante, na UFRJ, que chegou a acampar de forma precária no campo de futebol da Educação Física, no campus da Praia Vermelha. 

Aperfeiçoamento para servidores

Além da Escola Superior da Cidadania, a UC é composta ainda pelo Centro de Formação Continuada para o Setor Público (CFCSP). “Essa é outra demanda forte por formação para a universidade”, aponta Maria. De acordo com a docente, o enxugamento neoliberal que quase levou à extinção órgãos públicos voltados para este fim, nos anos de 1990, faz com que a universidade seja frequentemente requisitada neste campo: “Dos servidores do município ao Judiciário”, observa. 

“Nossa avaliação é que a universidade dispõe de um conjunto de disciplinas, em especial, sobre a formação econômica do Brasil, que tem aplicações práticas distintas, mas são do interesse dos dois públicos atendidos pela Universidade da Cidadania”, esclarece.  

Cursos começam em 2014

Por ora, o órgão suplementar do Fórum de Ciência e Cultura (FCC) está na fase de planejamento dos cursos que começam em 2014. O formato vai depender do diálogo com os movimentos parceiros. 

A certificação dos cursos seguirá as regras da universidade para a extensão. Já as aulas, com 360 horas para graduados, vão certificar como especialização: “Quem sabe, no futuro, os cursos caminhem no sentido de até formar um currículo próprio para uma graduação”, afirma Maria Malta.

 

 

A luta da extensão universitária

A diretora da UC, Maria Malta, avalia que a universidade ainda não superou a noção equivocada de Extensão como primo pobre da Academia. “Muitas vezes, a extensão é entendida como uma espécie de militância e não é contabilizada pelos dirigentes e gestores na carga horária”. 

Malta espera que uma recente resolução do Conselho de Ensino e Graduação pelo cumprimento de 10% de atividades na área de extensão, em todos os cursos, colabore para modificar esse quadro. E que a extensão seja valorizada, “inclusive em termos de progressão na carreira”, completa. 

Prazo alterado no CEG

Em sua sessão do último dia 4, o CEG prorrogou até março de 2015 o prazo de adaptação dos cursos da UFRJ aos termos da resolução.


Composição inicial da UC

Já fazem parte da Universidade da Cidadania, como programas e cursos associados: Laboratório de Informática para a Educação (LIpE/Poli/CT); Laboratório de Trabalho e Formação (LTF/Coppe/CT); Laboratório Núcleo de Solidariedade Técnica (Soltec/Poli/CT); Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP/Coppe/CT); Centro de Cidadania (ESS/CFCH); Laboratório Estado, Trabalho, Território e Natureza (Ettern/Ippur/CCJE); Laboratório de Estudos Marxista José Ricardo Tauille (Lema/IE/CCJE); e o Programa Itinerante de Legislação de Pessoal e Direito Administrativo, da PR-4.

Ex-estudantes do Colégio de Aplicação (CAp) que mantiveram vínculos com a universidade falam sobre a Unidade, melhor instituição federal do estado do Rio de Janeiro no último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)

Sucesso da escola guarda relação com a diversificação curricular, dizem elas

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

Mesmo com muitas dificuldades de infraestrutura e de pessoal causadas pela falta de investimento do Ministério da Educação, o Colégio de Aplicação da UFRJ fez bonito no último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) do próprio MEC. Foi a única instituição federal entre as vinte primeiras escolas do Rio (15º lugar) e garantiu a 57ª posição em todo o país. 

Esse desempenho positivo, para duas ex-alunas, de diferentes épocas, está fundamentado na diversificação curricular do colégio. “Desde os laboratórios de ciências até as disciplinas de artes”, conta Cecília Mello. Hoje professora do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur) da UFRJ, ela cursou o CAp de 1987 a 1995.

 As melhores lembranças de Isabela Peccini, 23, que frequentou o colégio de 1998 até 2008, também dizem respeito exatamente à pluralidade da grade: “Participei de tudo que pude, do grupo de teatro à organização das festas juninas e grêmio estudantil”, afirma a atual estudante da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ.

Qualidade do quadro de pessoal

Outra chave para o sucesso do projeto pedagógico do CAp é a qualidade do corpo docente e técnico-administrativo:  “A relação com essas pessoas foi o que mais me marcou. Quase todos os professores foram importantes”, conta Isabela.  

Orientação pedagógica fundamental

Para além dos professores de disciplinas, Cecília faz menção à totalidade da equipe pedagógica. De acordo com ela, a orientação educacional foi fundamental na escolha profissional: “Até pela proposta da escola, de oferecer muitas atividades diferentes, a gente acabava tendo facilidade para tudo: matemática, biologia, artes etc. A orientação vocacional foi fundamental. A pessoa disse que minhas características apontavam para as humanas e acertou em cheio. Todo o meu caminho foi pelas humanas”. Ela ingressou no IFCS, antes de seguir para o Ippur.

Grande número de substitutos preocupa

Embora “tetos desabando” e falta de espaço façam parte das memórias das duas ex-capianas, o que mais as preocupa, no presente, é o número excessivo de professores substitutos no quadro do colégio: “Essa rotatividade não acontecia. Contratar professores substitutos era bom porque garantia sempre uma certa renovação. Mas havia um equilíbrio. Foi importante ter professores que tiveram um tempo maior com a gente, pessoas como referências”, acrescenta Isabela. 

Cecília, que chegou a dar aulas na escola como professora substituta em Sociologia, antes de ingressar no Ippur, concorda. Embora a lembrança mais sofrida dela seja a destruição do palco do teatro para que fosse aberto um espaço de atendimento aos licenciandos da UFRJ no colégio, a maior “dorzinha no coração” reside na descaracterização da equipe da escola.

 

 

Greves significaram aprendizado

Outra experiência que marcou a trajetória das duas foi a participação política nos tempos de escola.  As greves estão entre as boas recordações de ambas. “Aprendi mais em algumas atividades (de greve) do que em muitas disciplinas”, observa Isabela, bem humorada. A futura arquiteta experimentou sua primeira passeata aos catorze anos, por meio do CAp: “No Centro (da cidade), puxada pelo Passe Livre (estudantil)”, recorda. O aprendizado, que, à época, pareceu pueril, foi determinante para que se engajasse mais tarde no Centro Acadêmico e na Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura e Urbanismo (Fenea). 

Já Cecília recorda bem da campanha “Fora Collor’ que tomou a escola: “Todo mundo se envolveu muito. Depois algumas pessoas questionaram esse movimento como manipulado pela TV Globo, mas acho isso bobagem. Foi um momento muito importante para o país’, esclarece a professora, formada em antropologia pelo IFCS.

O mais novo painel da Adufrj-SSind na lateral do ex-Canecão, na Zona Sul do Rio, destaca um ponto que precisa mobilizar toda a população brasileira em 2014, ano eleitoral: a defesa e ampliação da Educação Pública.

Completa o mural uma imagem de cartaz que reivindica a aplicação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) no setor, de forma imediata. O detalhe foi capturado pelas lentes do fotógrafo Samuel Tosta, durante as manifestações que sacudiram 2013. 

Coppe celebra seus 50 anos

Seminário sobre o instituto foi realizado nos últimos dias 2 e 3

Rodrigo Ricardo. Especial para o Jornal da Adufrj

Considerado um dos maiores centros de ensino e pesquisa da América Latina, o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa em Engenharia, a popular Coppe-UFRJ, vem celebrando, ao longo de 2013, meio século de existência. O mais recente evento comemorativo, o Seminário Coppe 50 anos – Presente e Futuro, ocorreu nos dias 2 e 3 de dezembro, no auditório do Bloco G do Centro de Tecnologia.   

“A Coppe não tem sentido sem a universidade”, frisou, na ocasião, o diretor Luiz Pinguelli Rosa. Ele recordou que o instituto, inicialmente abrigado em duas pequenas salas no campus da Praia Vermelha, nasceu de uma desobediência frente ao desinteresse pela ciência e contra a burocracia. 

Porém, segundo Pinguelli, a atuação dos órgãos de controle acaba por tolher as iniciativas acadêmicas. “Deixa todo mundo amedrontado. Em vez de construir um laboratório ou realizar qualquer outra atividade, o professor prefere ficar parado”. 

 

Mais um programa de pós-graduação

A Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) avalia com conceito máximo seis dos atuais cursos da Coppe, que acaba de criar a sua 13ª pós-graduação, o Programa de  Engenharia da Nanotecnologia.  E a professora Vera Salim, vice coordenadora da nova pós e também professora do Programa de Engenharia Química (PEQ), acrescenta a expressão “revisitar o passado”  a um dos lemas das comemorações do instituto (“Coppe, construindo presente e desenhando o futuro”).“Nesta trajetória, é preciso recordar que fomos um dos primeiros grupos, dentro da universidade, a praticar com rigor a atividade docente em tempo integral, o que acabou por gerar a dedicação exclusiva. É um diferencial que está sendo negligenciado e mesmo preterido nas propostas dos novos modelos para as universidades públicas brasileiras”, pontuou Vera, representante sindical da Coppe na Adufrj-SSind.  “Não podemos esquecer de todos aqueles que participaram desta jornada. São muitos, impossível citar todos, assim ela fica simbolizada na minha homenagem ao querido colega e saudoso professor Giulio Massarani (1937-2004, um dos fundadores da Coppe)”. 

Para a próxima edição, o Jornal da Adufrj prepara uma reportagem especial sobre os 50 anos da Coppe.

Para um setor no qual os atletas sempre estiveram distantes do nível de consciência que resultasse em algum tipo de confronto, Paulo André é uma novidade no futebol brasileiro. Ao lado de outros jogadores que passaram um tempo na Europa e voltaram ao Brasil, o zagueiro do Corinthians é um dos nomes do Bom Senso F.C. O movimento tem se apresentado aos torcedores nos últimos dois meses nos jogos do Campeonato Brasileiro exibindo faixas, cruzando os braços, dando chutões de um lado para o outro no minuto seguinte ao apito do árbitro para o início das partidas. As bandeiras mais imediatas do grupo é reduzir o números de jogos dos clubes da série A, tornando o calendário menos estressante para os jogadores, e obrigar os clubes a apresentar, a cada trimestre, suas contas em dia, inclusive o pagamento dos salários dos jogadores, sob pena de suspensão em caso de inadimplência. 

O jogador afirma que o medo de retaliação sempre enfraqueceu politicamente a sua categoria. Mas hoje os atletas têm acesso maior à informação, o que amplia a capacidade de discussão dos problemas comuns.  Segundo Paulo André, é ilusão imaginar que todo jogador de futebol é milionário: apenas 3% dos jogadores ganham o suficiente para se aposentarem aos 35 anos sem atribulações financeiras, diz. Ele reconhece a existência de corrupção no esporte, critica o financiamento da Copa com dinheiro público (“Seria melhor investir em educação de qualidade, saúde e transporte melhor”, disse a uma revista) e dispara críticas duras contra quem comanda a CBF, a quem responsabiliza pela “crise” do futebol brasileiro. Paulo André acena com a possibilidade de greve se as reivindicações do movimento não forem ouvidas.

 



Rebeldia pioneira

13120973Afonsinho. Levantou a Taça Brasil. Foto: InternetSão raras as histórias de insurgências no futebol brasileiro. Uma delas foi escrita por Afonsinho – um paulista do interior que migrou para o Rio e foi mostrar o seu futebol em General Severiano. Ele integrou o timaço do Botafogo entre 1965 e 1970, jogando ao lado de mitos como Garrincha, e de craques como Gérson. Em 1968, levantou a Taça Brasil pelo clube, o que não o impediu de viver dias de tensão e de deixar o Botafogo brigado. Foi afastado por Zagalo, entre outras coisas, por se recusar a tirar a barba e cortar os cabelos longos, comportamento mal visto na atmosfera de ditadura da época. Mas o que marcou a história do craque e que começou a mudar a relação dos jogadores com a imposição dos clubes foi o fato de Afonsinho conquistar, na justiça, o direito de ser dono do seu passe. Até aquele momento, o passe dos jogadores era propriedade inquestionável dos clubes. Afonsinho inspirou música de Gilberto Gil e sua história foi narrada pelo documentário Passe Livre, de Oswaldo Caldeira. O jogador ainda atuou no Vasco, Santos, Flamengo, Fluminense e América Mineiro. Na política, Afonsinho sempre esteve no campo das posições de esquerda. Como médico, hoje atua no programa Médico de Família, na Ilha de Paquetá.

 



O adversário da cartolagem

13120972Juca sem medo. Foto: Marco Fernandes - abril de 2010O jornalista Juca Kfouri sempre foi pedra no sapato da alta cartolagem do futebol e do esporte brasileiro. Em outros momentos, era quase voz solitária ao denunciar o ex-todo poderoso Ricardo Teixeira e famiglia (João Havelange e companhia), assim como o eterno presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, o controverso Carlos Nuzman. Corintiano roxo, foi incentivador da chamada Democracia Corintiana liderada por Sócrates, nos primeiros anos da década de 1980. Recentemente, pôs no seu blog um vídeo com o discurso do então deputado José Maria Marin, da Arena (o partido da ditadura) em 1975, na Assembleia de São Paulo, incitando os órgãos de segurança contra o jornalista Vladimir Herzog, que acabou assassinado pela repressão. Como se sabe, Marin é hoje presidente da CBF e estará nos holofotes da Copa de 2014. Juca Kfouri, numa entrevista à revista Versus da UFRJ, disse que a última instituição que vai mudar no país é o esporte. “Ela é profundamente reacionária, corrupta e corruptora”.

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