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Os levantes de junho de 2013 quebraram o refluxo das grandes mobilizações e, agora, os protestos começam a retornar às ruas.
Mas o alcance do vigor das manifestações e o seu desdobramento político ainda não estão claros.
Estamos diante de um novo período de ascensão do movimento de massas no Brasil?
Essa onda de greves e protestos nas ruas, agudizando o conflito capital versus trabalho será suficiente para recolocar os trabalhadores organizados no centro da tensão política no país?
Se ainda não é possível descortinar com precisão o que virá por aí, alguns pontos alvissareiros para a perspectiva popular já podem ser observados.
A Copa do Mundo está logo ali e as manifestações críticas ao torneio se multiplicam. Para o dia 12 de junho está sendo organizado um ato nacional.
Diferentemente do que se propaga, há uma ligação evidente entre as lutas específicas e a indignação mais geral.
Apesar da bruta repressão do Estado, cresce a disposição para condenar o caos instalado em setores como Educação, Saúde e Transporte. Como destaca texto no site do Andes-SN.
Na área da Educação, as greves se multiplicam, como no Rio de Janeiro: são milhares de professores e profissionais do setor brigando contra o descaso do governo estadual e do município do Rio.
Professores, funcionários e alunos da USP, da Unicamp e da Unesp estão em greve.
No setor de transportes, rodoviários do Rio, São Paulo, Salvador e São Luís do Maranhão se mobilizam contra a superexploração dos patrões do setor (com a conivência de governos) e têm cruzado os braços.
Em São Paulo, os metroviários têm greve marcada para quinta-feira 5, se não houver acordo com o governo estadual.
O professor da Universidade Federal da Bahia, Carlos Zacarias, chama atenção para o fato de algumas dessas lutas serem tocadas atropelando a direção pelega de sindicatos de rodoviários. Assim como aconteceu com a greve dos garis do Rio, em março deste ano.
Marcelo Badaró, do Departamento da História da UFF, considera a possibilidade do nascimento de “um novo ciclo” de mobilizações que tragam de volta os trabalhadores à cena política.
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil - 27/05/2014
Repressão
Em Brasília, a polícia reprimiu violentamente (foto) a manifestação realizada na última terça-feira (27) contra as injustiças promovidas em nome da Copa do Mundo, a violência policial, pela demarcação das terras indígenas e pelo direito à moradia. O protesto foi organizado pelo Comitê Popular da Copa do Distrito Federal, MTST, representantes de movimentos sociais e sindicais, e contou com a participação de indígenas de mais de 100 etnias.
Curtas
A higiene (ou falta de) no preparo das refeições do bandejão tem assustado os comensais do bandejão do CT
A professora Maria Fernanda Quintela foi reeleita para a decania do CCS com mais de 70% dos votos.
Há mais de um mês, o ar-condicionado do auditório do CPM (Central de Produção Multimídia) está quebrado. Qualquer atividade tem quer ser realizada com as portas abertas.
Reitor da UniRio recebeu o Comando Local de Greve dos Técnicos-Administrativos. Se disse a favor da reabertura de negociações com o governo.
Sob patrocínio oficial, o Proifes age no Maranhão e tenta golpear a Apruma.
Aspas
“O que tinha pra ser roubado já foi”
Joana Havelange, filha de Ricardo Teixeira, diretora do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo (COL) e neta de João Havelange.
Felicidade por Mauricio A.C Aghina: 1º lugar (Vida no Campus)
Serpente Mecânica por Ricardo Alves Ferreira: 1º lugar (Ciência e Tecnologia).
Entre Tempos por Frederico Augusto Ribeiro d’Arêde: 3º lugar (Voto Popular).
Construção na Ilha do Fundão por Tchello d’Barros: 1º lugar (Natureza e Arquitetura)
Amanhecer no Fundão por Milton César Martins Maurente: 2º lugar (Natureza e Construção)
Leia mais: Confira algumas fotos premiadas do concurso “Viva a Ilha do Fundão”
Todas as classes precisam ser regulamentadas na UFRJ
Rogéria de Ipanema/Professora da EBA e integrante da CPPD
Foto: Silvana Sá - 19/03/2014Da Escola de Belas Artes (EBA), Rogéria de Ipanema, que integra a Comissão Permanente de Pessoal Docente (CPPD), dá seu ponto de vista acerca do debate que envolve toda a universidade sobre a carreira. Ela explica as razões que fragilizam a proposta da Coppe de regulamentação apenas para os Titulares.Leia mais: Batepronto: todas as classes precisam ser regulamentadas na UFRJ
Palestrante em seminário da PR-4 ressalta importância dos protestos
Guilherme Karakida. Estagiário e Redação
Se o Estado existe para preservar interesses político-econômicos das classes dominantes, cabe à maior parte da população lutar para modificar esta postura. Assim definiu Ricardo Antunes, professor de Sociologia do Trabalho na Unicamp, durante o seminário “Identidade e Classe”, organizado pela pró-reitoria de Pessoal entre os dias 20 e 22 de maio, no auditório Roxinho (CCMN).
A poucos dias da Copa do Mundo, a declaração do palestrante vai ao encontro das paralisações e greves em curso. Essa mobilização prévia já demonstra o potencial de crescimento dos protestos durante o megaevento.
Leitura histórica
“Até 1930, por exemplo, o Estado que vigorou no Brasil representava os proprietários do café, sobretudo de São Paulo, e os aristocráticos criadores de gado e leite de Minas Gerais”, afirmou. “Por isso, República do Café com Leite”, completou. Da mesma forma, a Era Vargas, para o professor, garantia o poder da burguesia, na medida em que mesclava ditadura e direitos para os trabalhadores. O salário mínimo, criado por Getúlio, foi uma estratégia política e o maior exemplo disso. “Se a classe trabalhadora recebe, ela vai consumir. Então quem ganha? A burguesia! Essa era a cabeça que Getúlio tinha”, disse.
Capitalismo
Como era de se esperar, o autor de “Os sentidos de trabalho” criticou o sistema capitalista, que transforma o indivíduo em mercadoria e espalha a ordem neoliberal. “O Estado passa a ser regido por uma lógica privada que invade os espaços públicos”, afirmou.
Como a plateia era formada por técnicos-administrativos, professores e estudantes, o pesquisador enfatizou a importância da universidade para o país. “Esse espaço é uma oportunidade para refletir sobre o nosso papel na História”, disse. Além disso, ele analisou a onda de terceirização e privatização, fruto do neoliberalismo, dentro das instituições públicas de ensino superior. “A terceirização reduz o salário, elimina direitos e divide os trabalhadores”.
O pró-reitor Roberto Gambine e o superintendente Agnaldo Fernandes foram os responsáveis pela mediação do debate.
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