Accessibility Tools
Pesquisa colore Fundão
Fotos: Kelvin Melo
Um colorido diferente tomou conta do gramado no lado oposto ao CT, nesta semana. Alunos de pós-graduação da Escola de Belas Artes apresentaram trabalhos de pesquisa no local. A atividade fez parte do projeto “Desilha”, coordenado pela professora Livia Flores. Para ela, a saída do ateliê permite aos alunos pensar a arte e a cidade a partir do território do campus.


Técnicos-administrativos paralisam atividades durante as Olimpíadas
Silvana Sá
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Os técnico-administrativos aprovaram em assembleia, neste dia 21, com 300 pessoas, uma paralisação entre os dias 5 e 22 de agosto, exatamente durante as Olimpíadas. A justificativa é que os trabalhadores sofrerão com a falta de segurança e mobilidade durante os Jogos.
O pedido de recesso olímpico já havia sido feito por representantes do Sintufrj no Conselho Universitário, dia 14, mas o reitor Roberto Leher afirmou que a universidade manteria todas as atividades no período solicitado.
De acordo com nota divulgada pelo Sintufrj, a paralisação não afetará a rotina das atividades essenciais (ligadas à vida, patrimônio, segurança ou que, se não forem feitas, podem causar prejuízos legais à UFRJ). Rafael Coletto, dirigente do sindicato, completa: “Estamos orientando que as unidades se reúnam com os trabalhadores para definir que serviços serão mantidos”.
No mesmo dia da assembleia, o gabinete do reitor enviou ofício a todas as unidades para que organizassem o funcionamento em conjunto com os professores e os servidores técnico-administrativos. O documento informa possível recesso das atividades administrativas apenas no dia 19.
No dia 3 de agosto, uma nova assembleia do Sintufrj terá como pontos de pauta a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, o PL 257 (que prejudica o funcionalismo na renegociação da dívida dos estados) e a reforma da Previdência.
Leia mais: Técnicos-administrativos paralisam atividades durante as Olimpíadas
Suspensão revogada: laboratório da UFRJ fará análises nas Olimpíadas
O Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD) teve sua acreditação reafirmada para realizar análises de amostras de urina e sangue de atletas. A Agência Mundial Antidopagem (Wada) fez o anúncio nesta quarta-feira, 20 de julho, após avaliação técnica realizada nos dias 5, 6 e 7 deste mês.
A Wada havia suspendido o laboratório brasileiro em 24 de junho de maneira provisória. A decisão teria sido motivada por casos recentes de resultados falsos positivos em decorrência de erros técnicos.
Agora, o LBCD segue os preparativos para realizar cerca de seis mil análises durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, marca superior à dos Jogos de Londres, em 2012. Nas últimas semanas, o preparo logístico do LBCD para as competições seguiu sem alterações. Assim, está garantida a recepção de 89 colaboradores internacionais. Em agosto, cerca de 300 profissionais trabalharão em três turnos, para garantir resultados em até 24 horas.
“A reafirmação do credenciamento do LBCD confirma a qualidade científica internacional da UFRJ, expressa o reconhecimento da ciência brasileira e assegurará tranquilidade aos atletas que treinaram de modo disciplinado para as competições”, afirmou o reitor da UFRJ, Roberto Leher.
O diretor do LBCD, professor Francisco Radler, destacou o desafio para a organização das equipes e procedimentos.“Tínhamos confiança de que a credibilidade científica da UFRJ seria mais uma vez reconhecida. Portanto, não alteramos o planejamento de trabalho, face ao enorme desafio logístico que se sobrepõe ao técnico-científico”, disse.
Com 5 mil metros quadrados de área útil, 85 equipamentos de grande porte e 200 máquinas auxiliares distribuídas em três andares, o LBCD repetirá a estratégia dos Jogos anteriores, recebendo diretores voluntários de outros laboratórios acreditados pela Wada. A vinda de especialistas de diversos países, somada à infraestrutura de ponta, fará do LBCD o laboratório mais moderno do mundo, durante os Jogos.
Fundado em 1989, o antigo Labdop foi rebatizado como LBCD em 2014, quando passou por intensa modernização, com apoio dos Ministérios do Esporte e da Educação. O LBCD pertence ao Instituto de Química da UFRJ, é um dos oito laboratórios que integram o Laboratório de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (Ladetec), fundado em 1984. Foi o primeiro laboratório da América Latina e Caribe a receber acreditação para controle de dopagem.
(Fonte: Assessoria da UFRJ)
Leia mais: Suspensão revogada: laboratório da UFRJ fará análises nas Olimpíadas
Reitoria diz que democratização do acesso às universidades está em xeque
Gargalo entre demanda e atendimento e verbas contingenciadas dificultam assistência estudantil
Texto e fotos: Tatiana Lima
A assistência estudantil representa hoje o tema de maior tensão política nas universidades brasileiras. As medidas de democratização do acesso, como a lei das cotas de 2012, mudaram o perfil do alunado. Mas, enquanto as instituições apontam a necessidade de mais recursos para atender à nova demanda, o governo interino de Michel Temer propõe um freio nos gastos públicos. Para discutir a situação, a reitoria da UFRJ realizou uma audiência pública, dia 19, no Salão Pedro Calmon, no campus da Praia Vermelha.
As verbas federais destinadas ao programa nacional da área (PNAES) vêm decrescendo ano após ano, afirmou o reitor Roberto Leher. Ele teme que a iniciativa seja ainda mais reduzida, ou até extinta, em virtude da política econômica adotada pelo Executivo federal. “Dúvidas e críticas e mobilizações que os estudantes fazem corretamente evidenciam a fragilidade dessa situação. Precisamos recuperar os recursos do PNAES. E, sobretudo, precisamos institucionalizá-lo como política de Estado. Ele está normatizado por decreto. É frágil”, disse o reitor.
Vera Salim, Roberto Leher e a vice-reitora Denise Nascimento
Para atender os alunos de baixa renda, a UFRJ esperava receber, na divisão orçamentária com as outras instituições federais de ensino superior, R$ 50 milhões, em 2016. Porém, somente R$ 46 milhões foram liberados. E boa parte ainda foi contingenciada. Sobraram R$ 34,7 milhões. Um pequeno alívio veio de duas emendas parlamentares para o orçamento de assistência estudantil, num total de R$ 4,3 milhões: “Agora em julho, há a promessa do MEC aos reitores de que o governo iria reexaminar o contingenciamento. Aguardamos se isso vai se confirmar ou não. O secretário da Educação Superior nos informou que a disposição do ministério é liberar 100% do custeio e manter os recursos do PNAES”, ressaltou Leher.
Um dos maiores problemas da assistência estudantil é a falta de alojamentos, segundo apresentação da superintendente da área, Vera Salim. Hoje, a UFRJ oferece vagas para apenas 0,63% do total de alunos da graduação.
Estudantes cobram
Os estudantes presentes à audiência pública defenderam critérios mais sensíveis para a assistência ao quadro de estudantes LGBTs, aumento dos valores de bolsas, abertura de bandejões, alojamentos e creches e a realização de uma nova audiência pública no campus do Fundão.
“Quando falamos de política de assistência estudantil, estamos falando de direitos sociais. Dentro do alojamento, temos alunos brilhantes que produzem conhecimento e ciência nessa universidade. Mas somos olhados como coitados. Não somos coitados!”, ressaltou Cacau Farias, aluna de jornalismo.
Adufrj também participou da audiência
Diretor da Adufrj, Fernando Santoro também cobrou melhor planejamento interno à UFRJ
“A questão da assistência estudantil é prioritária. Temos agora uma universidade muito mais colorida, plural e rica. Por isso mesmo, muito mais atuante. Assistência estudantil, com alojamento, bandejão e outras medidas, é o que vai permitir que se mantenha essa riqueza aqui”, defendeu Fernando Santoro, diretor da Adufrj. Segundo ele, o planejamento e a busca por soluções internas precisam guiar a tarefa.
“Não podemos deixar que aconteça mais o que ocorre há muitos anos nessa universidade: constroem-se esqueletos, abandonam-se esqueletos, gasta-se dinheiro pra consertar o esqueleto e depois se gasta de novo para demolir o esqueleto”, observou em referência a grandes obras inacabadas na UFRJ. “Temos de ter um planejamento amplo para soluções de longo prazo e não só as que tampem pequenos buracos. Não podemos apenas jogar culpa na situação externa, que é grave, pois temos nossas responsabilidades internas nas decisões”.
Leia mais: Professores, alunos e funcionários discutem assistência estudantil
CPI criminaliza trabalho de antropólogos
Para atacar direitos de indígenas e quilombolas, CPI controlada por ruralistas solicita a quebra dos sigilos fiscal e bancário de Associação Brasileira de Antropologia (ABA). Diretoria da Adufrj repudia ação da CPI
A bancada ruralista do Congresso Nacional utiliza uma nova tática para ameaçar os direitos de povos indígenas e quilombolas: criminalizar o trabalho dos antropólogos brasileiros.
Uma Comissão Parlamentar de Inquérito foi criada para investigar a atuação da Fundação Nacional do Índio e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária na demarcação de terras de povos tradicionais. E, nos últimos dias, sem espaço para o contraditório, simplesmente decidiu quebrar os sigilos fiscal e bancário de diversas organizações. Dentre elas, da Associação Brasileira de Antropologia, fundada na década de 1950 nas dependências do Museu Nacional. A CPI também decidiu quebrar o sigilo bancário do presidente da associação, professor Antonio Carlos de Souza Lima, professor Titular de Etnologia do Museu Nacional, ligado ao Fórum de Ciência e Cultura.
O requerimento de instalação da CPI cita que haveria um conluio entre os Departamentos de Antropologia das Universidades, os profissionais da antropologia, os órgãos do Executivo – notadamente a Funai e o Incra – as ONGs e o Ministério Público Federal, resultando em delimitações abusivas e arbitrárias, favoráveis aos povos tradicionais.
“Rigorosamente tudo o que está sendo dito é inverídico e distorce o fato de que os antropólogos e a Associação Brasileira de Antropologia trabalharam todos esses anos apenas seguindo as diretrizes dadas pela Constituição Brasileira de 1988 e em legislação posterior, que reconhece o Brasil como um país pluriétnico. E os direitos de indígenas e quilombolas à terra que tradicionalmente ocupam”, afirma o professor Antonio Carlos.
Ele critica o funcionamento enviesado da CPI, para a qual foi convidado a depor em duas ocasiões: “Em 1º de dezembro, estava em um congresso internacional e não pude comparecer; no dia 8 de dezembro, passei a tarde inteira na Câmara, num gabinete, tendo sabido depois que o depoente priorizado no dia pelos parlamentares que dominam a CPI, um antropólogo que se desligou da Associação durante um processo disciplinar instaurado para sua expulsão por descumprimento das normas de nosso Código de Ética, desferiu diversos ataques à ABA. Não tivemos qualquer direito de nos fazer ouvir. Depois, não fui mais chamado”, conta. “Já entramos com um mandado de segurança contra esta solicitação da CPI (de quebra dos sigilos bancário e fiscal)”.
Nota do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia - PPGSA, do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, divulgada neste dia 15, também critica a medida da CPI: “A suspeição colocada contra uma entidade que atua há varias décadas como a principal instância de representação da comunidade antropológica brasileira atinge a toda uma categoria de profissionais cujo trabalho, balizado por métodos, padrões e técnicas de pesquisa internacionalmente reconhecidos, tem sido marcado pela obtenção de resultados que muitas vezes contrariam interesses de grupos econômicos e políticos hoje amplamente representados no Congresso Nacional e na referida CPI”, diz um trecho.
Apoios importantes
O professor tem recebido, com enorme satisfação, diversas notas de apoio: uma delas do Conselho Universitário da UFRJ, no último dia 14 (veja no link) e a da Adufrj (abaixo).
Ele faz um alerta: “Isso não é uma questão superficial. Não é uma briguinha de Academia”, diz, sobre as divergências com os antropólogos a serviço dos ruralistas. “Há graves consequências para os indígenas e quilombolas, para o meio ambiente e para as ciências no Brasil”, completou.
SOLIDARIEDADE À ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA
A Adufrj manifesta seu repúdio à quebra dos sigilos fiscal e bancário da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), determinada pela CPI criada para “investigar” a atuação da Funai e do Incra na demarcação de terras indígenas e de remanescentes de quilombos.
A ação desta CPI – conduzida pela bancada ruralista na Câmara – tem se caracterizado por tentar criminalizar instituições da sociedade civil que trabalham na defesa dos povos indígenas e quilombolas, com a atenção voltada a direitos territoriais e étnicos.
A ofensiva contra a ABA – organização criada em 1953 no Museu Nacional da UFRJ – atinge, de forma inaceitável, as atividades acadêmicas de antropólogos que trabalham com as populações citadas. O próprio presidente da ABA, Antônio Carlos de Souza Lima, professor da UFRJ, tornou-se alvo da referida CPI.
As ações intimidatórias dirigidas contra a ABA se inserem na atmosfera antidemocrática que vem envolvendo as decisões na vida econômica, política e institucional do país.
A Adufrj manifesta seu apoio integral à Associação Brasileira de Antropologia em nome da liberdade acadêmica, da defesa dos direitos territoriais e éticos das comunidades remanescentes, e dos valores da democracia como referências para a construção de um Brasil mais justo.
A Diretoria