Accessibility Tools
Fotos: Alessandro CostaIsadora CamargoO ex-aluno e ex-professor André Rebouças “voltou” à Escola Politécnica da UFRJ. Dessa vez, como protagonista da ópera “O Engenheiro”, que encerrou seu ciclo de apresentações na última quinta-feira (7), no Auditório Horta Barbosa, do Centro de Tecnologia. O espetáculo começou às 13h, e os futuros engenheiros do CT aproveitaram o intervalo do almoço para lotar a plateia. Marcos Fernandes, estudante de Engenharia Naval, saudou a iniciativa: “A arte devia vir mais pra cá”.
A ópera “O Engenheiro” é uma composição de Tim Rescala, com direção geral de Andrea Adour, Homero Velho e Lenine Santos. Foi encomendada pelo Projeto Sistema Nacional de Orquestras Sociais (Sinos), produzida e executada com o Projeto Ópera na UFRJ. A trama é um retrato do engenheiro baiano André Rebouças (1838 — 1898), homem negro e personagem histórico do movimento abolicionista brasileiro. Rebouças tinha relações próximas com a Família Real, e partiu junto com ela para o exílio após a proclamação da República, em 15 de novembro de 1889.
Na peça, os bastidores da queda do Império ambientam as contradições e posicionamentos do protagonista frente à política nacional. “Fiquei encantada, o André é um exemplo para nós, de engenheiro, de tudo o que ele fez. Representa a luta que temos hoje por igualdade, das vagas ocupadas por pessoas que antes não poderiam estar aqui”, comentou Maria Alice da Rocha, diretora adjunta da Escola Politécnica, na qual Rebouças foi aluno (na antiga Escola Militar) e professor .
Todo o espetáculo foi produzido e executado pela universidade. A realização foi dos professores e alunos da Escola de Música (dos cursos de
Regência e Canto), da Escola de Belas Artes (dos cursos de Indumentária e Cenografia) e da Escola de Comunicação (do curso de Direção Teatral), juntamente com os projetos Orquestra da UFRJ, Sistema Universitário de Apoio Teatral (SUAT) e a Companhia Folclórica. Todos unificados pelo Projeto Ópera na UFRJ, que desde 1994 cria produções culturais.
A iniciativa é ainda contemplada pelo Programa de Apoio às Artes (PROART-UFRJ), e envolve os pilares de ensino, pesquisa e extensão. “Alguns alunos são bolsistas, outros estão fazendo da Ópera seu projeto de conclusão de curso”, contou Fabrícia Medeiros, produtora da orquestra. “Que se fomentem mais projetos como este, é a cara do que a universidade precisa”, concluiu.
Inicialmente, a peça não se apresentaria no CT, e teria encerrado a montagem na semana anterior, em Petrópolis. Foi por insistência de Claudia Morgado, diretora da Politécnica, que a produção se reorganizou para essa última exibição. “Eu falei: Não, tem que fazer lá na Engenharia! Vai falar do André Rebouças e os engenheiros não vão assistir?”. O convite foi aceito de bom grado, uma vez que a UFRJ é a “casa da peça”, como coloca o diretor cênico José Henrique Moreira. “Se você reparou, há menção de pelo menos três edifícios que hoje são da UFRJ: o próprio Palácio Imperial, a Escola Politécnica, que hoje é o IFCS, e o Senado do Império, que é onde fica a Faculdade Nacional de Direito hoje. Então, por mais que ela não tenha sido composta para nós, caiu como uma luva, como se fosse uma ópera nossa da UFRJ”, concluiu Moreira.
A chapa 2, com 7.266 votos, venceu a eleição do DCE Mário Prata. A chapa 3 ficou em segundo lugar, com 2.784 votos, seguida pela chapa 4 (619). Houve ainda 36 votos brancos e nulos. A chapa vencedora ocupará três cadeiras no Consuni contra uma da chapa 3
A professora Cristina Riche, ouvidora-geral da UFRJ entre 2007 e 2021, foi agraciada com a Medalha Minerva do Mérito Acadêmico, no último Consuni. A relatora do processo e decana do Centro de Letras e Artes, professora Cristina Tranjan, fez um parecer afetuoso, aprovado por aclamação. “Ambas crescemos no seio da colônia árabe no Rio de Janeiro e temos famílias cujos relacionamentos se entrelaçam”, disse. “Você foi luz dos olhos de tantas pessoas cujos problemas pareciam sem solução”. Decano eleito do CFCH, o professor Vantuil Pereira também saudou a ex--ouvidora. “Mais que um reconhecimento, a medalha é um agradecimento”.
Mudanças na avaliação docente
O Consuni do dia 30 aprovou uma mudança na avaliação docente para fins de promoção, progressão funcional e estágio probatório. As notas dos docentes cujos períodos aquisitivos coincidam com o ensino remoto da UFRJ (de março de 2020 a abril de 2022) deverão ser multiplicadas por um fator de correção de 1,5 ponto. Além disso, haverá possibilidade de aprovação na avaliação mesmo se as atividades dos grupos II ou III (Pesquisa ou Extensão) ficarem zeradas durante o ensino remoto. As mudanças foram propostas pela Comissão Permanente de Pessoal Docente para não penalizar os professores em suas avaliações nos períodos remotos.
APROVADA POLÍTICA DE INTERNACIONALIZAÇÃO
A UFRJ aprovou sua política para ampliar a cooperação em projetos culturais, de pesquisa e extensão com universidades e instituições de pesquisas de todo o mundo. A nova resolução modifica a estrutura deliberativa da área de internacionalização. A formalização era exigida pela Capes. As unidades acadêmicas, órgãos suplementares e campi avançados também deverão formar coordenações de internacionalização. A resolução prevê, ainda, que a UFRJ destine investimentos anuais para a área até que atinja 1% de sua dotação orçamentária. A universidade deverá garantir alojamento e alimentação para visitantes internacionais.
Adeus ao professor Fernando Martins
O Consuni manifestou pesar pelo falecimento do professor Fernando Sérgio Viana Martins, da Faculdade de Medicina. Nascido em 1952 em Campos dos Goytacases, ele ingressou como aluno ainda nos anos 70. Depois da residência médica no Serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, assumiu como professor da Medicina, em 1983. A moção destacou algumas importantes iniciativas do professor, uma delas, a concepção e implantação, em 1997, do Centro de Informação em Saúde para Viajantes da UFRJ, primeiro centro exclusivamente dedicado à medicina de viagem no Brasil.
Cerca de cem pessoas acompanharam a atividade organizada pela AdUFRJ, com participação de Andes, Sintufrj, Attufrj e DCE, contra os cortes na Educação, dia 27, no campus da Praia Vermelha. Presidente da AdUFRJ, o professor João Torres destacou a participação da entidade nas recentes mobilizações contra os cortes orçamentários nas universidades e na Ciência. O docente reiterou a necessidade da unidade de todos os setores na defesa da UFRJ e pelo fora Bolsonaro
Diretoria da AdUFRJO inverno, que chegou esta semana, trouxe ares de esperança. Esta edição do Jornal da AdUFRJ espraia esses ares por suas páginas, embalada pela nova canção de Chico Buarque — Que tal um samba? Para espantar o tempo feio. Para remediar o estrago. E põe estrago nisso. Na mesma semana em que o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro foi preso — e logo solto, com denúncias de interferência na Polícia Federal, que investiga o escândalo do desvio de verbas do MEC sob o comando do gabinete paralelo de pastores no ministério —, a sociedade se mobilizou contra os cortes orçamentários que atingem as universidades públicas e a Ciência em nosso país. É a resistência contra o atraso. É a esperança contra o ódio.
Nossa matéria da página 4 mostra como as entidades científicas vêm se mobilizando contra os cortes, com novos atos conjuntos em defesa da academia e da produção científica brasileiras. A AdUFRJ tem se engajado firmemente nessa cruzada. Na quarta-feira (22), o sindicato realizou uma assembleia híbrida, onde os temas dominantes foram os cortes no orçamento e as condições de trabalho na volta às atividades presenciais. A construção de um consenso em torno da prioridade no enfrentamento aos ataques perpetrados pelo governo de destruição de Bolsonaro contra as universidades públicas marcou o encontro. Confira na matéria da página 3.
Uma agenda de atividades vai pautar os próximos passos dessa mobilização em defesa do país. Na próxima segunda-feira (27), o campus da Praia Vermelha vai abrigar uma atividade de ocupação das universidades federais, proposta pelo Andes. E em julho, em data ainda a ser definida, a AdUFRJ vai promover um ato de resistência em conjunto com as demais entidades representativas da universidade — Sintufrj, DCE, APG e Attufrj. A reitoria terá espaço para expor a dramática situação orçamentária da UFRJ, cujas verbas só cobrem os custos de manutenção até agosto. Reitorias de outras universidades públicas serão convidadas a participar do ato.
O primeiro ato dessa agenda será na rua, junto à população. Neste sábado (25), professores da UFRJ estarão na Praça Olímpica do Parque Madureira para aproximar a universidade da sociedade, denunciar os cortes e mostrar como a Ciência está presente em nosso dia a dia (veja abaixo a programação). Organizadora do evento, a professora Nedir do Espirito Santo, do Instituto de Matemática e diretora da AdUFRJ, acredita que as atividades lúdicas envolvendo diversas áreas do conhecimento possam valorizar o papel das universidades na sociedade, sobretudo em tempos de negacionismo. “Queremos mostrar que nós, professores, trabalhamos não apenas para a formação técnico-científica, exigida pelo mundo do trabalho, mas também realizamos ações educativas de interação com a população contribuindo para a construção do cidadão”.
Dois belos exemplos do trabalho da UFRJ em defesa da vida e do país são temas de duas matérias desta edição. Na página 6, abordamos a futura instalação de um centro de transplantes de alta complexidade no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. A conquista reforça a referência em excelência da unidade de saúde da UFRJ. E, na página 7, mostramos o trabalho do Laboratório de Biologia Molecular de Vírus, que diagnosticou o primeiro caso da varíola dos macacos confirmado no Rio de Janeiro. Com foco em pesquisa e prevenção, o laboratório é uma referência nessa área.
Por falar em conquista, a semana foi particularmente agitada na AdUFRJ. Dezenas de professores aposentados vieram à sede do sindicato para garantir o pagamento de atrasados da já extinta Gratificação de Estímulo à Docência (GED). Após 18 anos de disputa judicial, a vitória trouxe de volta à AdUFRJ antigos mestres para assinar termos de procuração que serão levados à Justiça para a última fase processual antes do pagamento. Aposentada da Faculdade de Educação desde 1996, a professora Antônia Petrowa Esteves assinou o termo na AdUFRJ na tarde do dia 21 e fez questão de avisar os amigos da sua época de magistério sobre o ganho judicial. “É um direito que a gente deveria ter conseguido há mais tempo. Foi uma batalha longa dos advogados”, afirmou.
Os ares de esperança vêm também dos Andes. Em robusto artigo na página 5, o cientista político Josué Medeiros analisa o significado da vitória de Gustavo Petro e Francia Marques nas eleições colombianas. Pela primeira vez na história, a Colômbia terá um governo progressista. Josué acredita que o simbólico êxito da esquerda no país andino possa chegar ao Brasil: “Em nenhuma outra nação da América do Sul a violência política é tão aberta e institucionalizada como lá. E se foi possível derrotar a direita autoritária colombiana, também será possível derrotar Bolsonaro aqui”.
Que os bons ventos da cordilheira soprem com força neste nosso inverno de esperança. E que chegue logo a primavera.