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WhatsApp Image 2024 11 12 at 15.46.32 7Fotos: Fernando SouzaPersonagens conhecidos e muito queridos em suas unidades, dois professores e 26 técnicos-administrativos com 50 anos de universidade foram homenageados nesta segunda (11). Todos receberam da reitoria uma medalha comemorativa pela longeva dedicação à UFRJ.
“A UFRJ não é o seu patrimônio físico. A UFRJ é feita pelos seres humanos que aqui trabalham e se dedicam no seu dia a dia”, disse o reitor Roberto Medronho. “A excelência no ensino, pesquisa, extensão e assistência em saúde é por conta do nosso trabalho”, completou.
A alegre cerimônia lotou o auditório G-122 da Coppe. A cada nome chamado para ganhar a honraria, explodiam palmas e gritos de incentivo dos amigos e familiares.
Uma das mais celebradas foi a assistente social Vânia Dias, lotada no Hospital Universitário, que recebeu a medalha acompanhada dos netinhos Antônio e Alice. “Essa medalha é tudo. A emoção me define hoje”, disse à reportagem.
Vânia chegou à UFRJ em janeiro de 1974, primeiro para trabalhar como assistente administrativa na Escola de Educação Física e Desportos. O meio século na universidade transformou sua vida e a dos familiares. “Venho de uma infância muito pobre. Sou bisneta de um casal que foi escravizado. Minha avó e minha mãe foram empregadas domésticas”, contou a hoje doutora pela Escola de Serviço Social.

GRATIDÃO
O evento de segunda-feira encerrou a programação da UFRJ em homenagem aos servidores. A pró-reitora de Pessoal, Neuza Luzia, distribuiu agradecimentos aos colegas. “As histórias que vocês escreveram, que vocês viveram, se confundem com a história da UFRJ. E muito nos orgulha expressar nossa gratidão pelos 50 anos de compromisso com nossa universidade”, afirmou.
Um compromisso tão grande que pode influenciar as próximas gerações de servidores da instituição. “Vocês são um exemplo para os que estão iniciando a carreira aqui agora”, disse a vice-reitora Cássia Turci. “Obrigada por tudo”, concluiu.

HOMENAGEADOS

Foram homenageados os professores Joaquim Inácio de Nonno (Escola de Música) e Eliana Barreto Bergter (Instituto de Microbiologia). Entre os técnicos, receberam a medalha: Celso Pereira, Cláudio Nunes Pereira e Waldir Dias de Oliveira (Instituto de Biofísica), Dilza Torres Melo de Alvim e Paulo da Costa Lima Filho (FAU), Ilton Antônio da Silva de Oliveira (IPUB), José Carlos da Silva Paz e Fátima Morgado Britto (CCS), Marcílio Lourenço de Araújo (IPPMG), Paulo César Villa Real (IQ), Sérgio Iório (Coppe), Alfredo Heleno de Oliveira (Prefeitura), Carlos Alberto Celestino e Marilene Ferreira dos Santos (PR-1), Edna do Desterro (Odontologia), Edson Jorge da Rocha (Instituto Tércio Pacitti), Francisco Carlos Santana Costa (Maternidade Escola), Laureano Soares da Silva (Museu Nacional), Luiz Carlos Batista Freitas e Vânia Dias de Oliveira (HU), Maria de Fátima Stopelli Mendes (IFCS), Paulo Cézar Rangel e Reinaldo Barros (CCMN), Ronaldo Martins (Nutes), Severino de Andrade Amorim (PR-4), e William Barbosa da Silva (Letras).

DEPOIMENTOS

WhatsApp Image 2024 11 12 at 15.46.32 9Eliana
Bergter

77 anos, 52 de UFRJ
Professora do Instituto de Microbiologia

Entrei em 1972 como auxiliar de ensino. Fui fazendo a carreira, passei a titular e sou emérita desde abril deste ano. A UFRJ representa a fase mais feliz da minha vida. Esses 50 anos foram maravilhosos, porque faço tudo de que gosto: dar aula para a graduação, para a pós, fazer pesquisa. Tenho estudantes desde a iniciação científica até o pós-doutorado. O importante é estar aqui e continuar passando o que eu aprendi para meus alunos. Para os professores que estão começando, minha mensagem é que procurem fazer aquilo que vocês gostem. Vão fazer muito bem e aquilo será um exemplo para as outras pessoas.

 

WhatsApp Image 2024 11 12 at 15.46.32 10Vânia Dias
de Oliveira

71 anos, 50 de UFRJ
Assistente social

Cheguei a esta universidade em janeiro de 1974, como assistente administrativa, na Escola de Educação Física. Em 1977, fui para o Hospital Universitário como auxiliar de documentação médica. Em julho de 1980, me graduei no Serviço Social. Em setembro de 1981, fiz prova e passei para assistente social no Hospital Universitário. Sou de uma época de uma universidade extremamente elitista, branca, herdeira do colonialismo. Foram muitos os desafios para uma menina preta trabalhar aqui dentro. Hoje, quando olho a UFRJ um pouquinho mais diversa, eu queria ter mais 50 anos para ver meus netos aqui dentro.

 

CORRIDA DO SERVIDOR

Parte da programação em homenagem aos servidores da UFRJ, um evento esportivo agitou a Cidade Universitária, na manhã de domingo (10). Aproximadamente 300 pessoas — incluindo público externo — se inscreveram para as provas de caminhada (2,5 km) e corrida (5 km).

WhatsApp Image 2024 11 12 at 15.46.32 8

WhatsApp Image 2024 11 12 at 15.46.32 3Fotos: Fernando SouzaA Faculdade de Educação da UFRJ prestou uma comovente homenagem a uma de suas mais influentes docentes na tarde de sexta-feira (8). A professora Maria de Lourdes Fávero, de 88 anos, agora dá nome à sala do arquivo do Programa de Estudos e Documentação Educação e Sociedade (Proedes) da FE no campus Praia Vermelha.
Nada mais justo. A docente está diretamente ligada à história do Programa, do qual é fundadora e pesquisadora honorária. Foi ela que coordenou os trabalhos de investigação sobre os documentos da antiga Faculdade Nacional de Filosofia, a FNFi, entre 1987 e 1990, que deram origem ao Proedes. Instalado oficialmente em 1994, o programa é hoje um centro nacional de referência no campo da História da Educação.
“Não fosse a sensibilidade e o conhecimento dela, essa documentação poderia ter ido para o lixo. Ela é um exemplo para todos nós”, lembrou a professora Ana Lúcia Fernandes, ex-diretora da AdUFRJ e coordenadora do Proedes. “O Proedes surgiu pelas mãos da Lurdinha, como carinhosamente a chamamos”.
A homenagem reuniu dezenas de docentes, funcionários, dirigentes e ex-dirigentes da FE. “As pessoas que estão aqui são a história da Faculdade de Educação. Esse encontro expressa essa história, e só temos a agradecer à professora Lurdinha”, destacou a diretora da FE, Ana Paula Moura. A vice-reitora Cassia Turci ficou impressionada com a homenagem. “É muito bonito ver tanta gente reunida para homenagear alguém tão especial”. Estavam lá, entre outros, o ex-diretor da FE Marcelo Corrêa e Castro, as ex-diretoras Maria Muanis, Marlene Carvalho e Ana Maria Monteiro, e os professores Roberto Leher, ex-reitor da UFRJ, e Hélio Mattos, chefe de ganinete da reitoria.
Em seu agradecimento, a professora Lurdinha lembrou de todo o trabalho de investigação que resultou na criação do Proedes. “Classificamos cerca de 20 mil documentos, encontrados sem nenhuma conservação ou organização e com grandes falhas. Por exemplo, livros de atas de reuniões da Congregação retirados pelos militares nos IPMs realizados após o golpe de 1964 e nunca devolvidos”, recordou a docente.WhatsApp Image 2024 11 12 at 15.46.32 5
Lurdinha também fez questão de saudar a memória do professor Jader Britto, falecido em setembro passado, que com ela organizou o Dicionário de Educadores no Brasil, uma obra de referência com a marca do Proedes. “Foi dele a lembrança do dicionário ser uma das propostas de Anísio Teixeira, com quem Jader trabalhou muitos anos no Inep”, disse ela.
Muito emocionada, Lurdinha inaugurou a placa com seu nome ao lado do marido Osmar, dos filhos Marcos, André e Ana Beatriz e da neta Mariana.
Criada em 1939, no âmbito da então Universidade do Brasil, a FNFi incorporou cursos da antiga Universidade do Distrito Federal e se destinou, entre outros, a preparar universitários para o magistério e realizar pesquisas em diversos campos. Com sua extinção, entre 1967 e 1968, suas atividades foram desmembradas em diferentes unidades da estrutura da UFRJ: a Escola de Comunicação, as faculdades de Educação e de Letras, e os institutos de Biologia, de Física, de Geociências, de Filosofia e Ciências Sociais, de Matemática, de Psicologia e de Química, além do Colégio de Aplicação.
Atualmente, o Proedes guarda 38 coleções e arquivos relacionados à temática da Educação. Estão lá, por exemplo, os arquivos institucionais da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação e da Universidade do Distrito Federal, além dos da FNFi. Entre as coleções temáticas, encontram-se as do Acordo MEC-USAID e os da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. O acervo tem ainda coleções de educadores como Anísio Teixeira, Antonio Carneiro Leão e Darcy Ribeiro.
Durante o ano passado, as consultas ao acervo ficaram suspensas por causa de uma infestação de cupins, o que inviabilizou o manejo do mobiliário onde está depositada a maior parte da documentação do Proedes. Graças ao empenho da equipe e de obras realizadas no final de 2023, o espaço foi reaberto este ano.

WhatsApp Image 2024 10 17 at 21.36.28 7Foto: Renan FernandesRenan Fernandes

Uma livraria movida por um lema: mais livros e menos farmácias. A aconchegante Casa 11 é um sebo em Laranjeiras em que o lucro não é o objetivo. Muito além de vender livros, a missão é espalhar o amor pela literatura, a promoção da cultura e de iniciativas que promovam a inclusão por meio da leitura. Aberta em 2023, a pequena livraria é mantida por 129 sócios, entre eles 29 médicos e professores da UFRJ.
A professora Ana Lucia Fernandes, da Faculdade de Educação, é uma das sócias da Casa 11. A docente destacou o papel social de valorização da cidadania que o espaço desempenha. “A livraria virou um ponto de referência no bairro, as pessoas passam por aqui, trazem os filhos. Queremos ser uma referência cultural, estreitar laços com a população e os territórios que existem aqui no entorno”, disse.
“Mais que vender livros, queremos ser um centro onde diferentes iniciativas são integradas”, defendeu a professora.
A vontade de transformar a livraria em polo cultural do bairro alcançou as vizinhas favelas Cerro Corá e Guararapes. Em parceria com o coletivo Potencializa, a Casa 11 criou o projeto Madrinha Literária, que oferece livros para as crianças que visitam a livraria. Alguns sócios também se juntaram para pagar um mediador que trabalha na única biblioteca do Guararapes.
Priscilla do Nascimento, professora da rede municipal de educação e moradora do Guararapes, é a idealizadora do Potencializa e também faz parte do coletivo Cerro Corá Moradores em Movimento. Ela comentou a primeira visita das crianças à livraria. “A livraria tem algo mágico e gerou um encantamento no olhar das crianças assim que entraram. Elas desenharam, compuseram uma música e saíram felizes com livros”.
“Essa parceria é uma forma de aproximar a favela do asfalto. Tem a ver com o direito à cidade. É uma mudança de referencial, de saída do território para explorar outros locais”, concluiu.
A livraria promove encontros de discussão e mediação de leitura. “Começamos lendo Antonio Candido sobre o direito à leitura. As pessoas devem ter direito à comida, à habitação, mas o direito à leitura também é fundamental”, explicou Ana Mallet, médica do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho e idealizadora da iniciativa. “O sebo é um espaço muito mais democrático porque os livros estão muito caros. Aqui temos livros a partir de R$ 10”.
A maior parte do acervo do sebo foi doado pela professora Carla Rodrigues, do IFCS. A livraria aceita doações, compra livros novos e tem um espaço dedicado às obras ali lançadas.
O professor aposentado do CAp Américo Freire é coautor da biografia de Frei Betto e foi convidado para uma conversa. “Fiquei contente com o convite. É um espaço fundamental para o bairro, para trocar ideias e falar de livros. O Rio está perdendo as livrarias de rua e essa iniciativa é excelente”. Ele comentou sobre a diferença entre os lançamentos em grandes livrarias e as rodas de conversa na Casa 11. “Aqui é mais intimista, é olho no olho, como um show de jazz”.

LITERATURA QUE CURA
Durante 18 anos, Ana Mallet manteve com outros 16 sócios a livraria Largo das Letras, em Santa Teresa. Após a pandemia da covid-19, a livraria fechou em 2022. Foi durante uma caminhada próximo de casa, em Laranjeiras, que a médica viu o anúncio de aluguel de uma pequena loja em uma galeria e pensou em retomar o sonho.
A Medicina e a Literatura dividem espaço no coração de Ana, que tem doutorado em Cardiologia na UFRJ e um pós-doutorado em Literatura Comparada na Uerj. A médica é coordenadora do projeto de extensão Arte na Veia, que pintou paredes do HUCFF com frases de Saramago e Conceição Evaristo. Ana crê que a literatura pode ajudar a formar médicos mais empáticos.
“Existem trabalhos que mostram que a empatia de um aluno de Medicina cai durante a formação. A gente trabalha com os colegas tentando mostrar que a literatura é importante para ampliar os horizontes, para conhecer coisas novas, para aproximar médico e paciente”.
Em pouco mais de um ano de vida, a Casa 11 já dobrou de tamanho. No entanto, os sonhos dos sócios seguem não cabendo entre as quatro paredes da livraria. Em junho, organizaram a primeira edição da Flila, a Festa Literária de Laranjeiras, que reuniu mais de 2.000 pessoas.
A professora Maria do Socorro de Carvalho, do Instituto de Microbiologia, foi uma das últimas sócias a embarcar no projeto. Conhecida pela organização, é chamada pelos colegas na Casa 11 de “superintendente Socorro”. “Crescemos muito desde a inauguração. A expansão foi uma conquista, a organização da Flila foi um trabalho enorme, mas é muito recompensador”, celebrou. “Para mim esse é um espaço terapêutico. Aqui a gente foge daquela estrutura rígida da UFRJ e tem contato com leituras e debates que vão além do nosso campo de trabalho”, explicou a docente.

WhatsApp Image 2024 10 17 at 21.36.28 3Foto: Lab. de Ecofisiologia Vegetal - UFRJComeça no ano que vem um ambicioso projeto de restauração ecológica da Cidade Universitária. Uma das frentes do trabalho será recuperar as restingas típicas das ilhas originais que formaram o atual campus. Os ecossistemas foram praticamente destruídos com o aterramento do arquipélago, no início da década de 1950.
“Teremos 20 espécies sendo reintroduzidas de restingas. Imagina dar um passeio na praia no fim da tarde, com bromélias e cactos floridos, tendo ao fundo a beleza cênica que é a Baía de Guanabara”, diz a professora Dulce Mantuano (foto), do Instituto de Biologia, coordenadora da iniciativa.
Por enquanto, a equipe de professores, técnicos e estudantes realiza alguns testes. “Estamos fazendo ensaios de plantio para ver as melhores técnicas”. A ideia é restaurar a vegetação nativa em todas as praias existentes atrás do alojamento estudantil e no trecho que vai dos fundos da Educação Física até a parte da frente do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem).
As mudas virão de uma parceria com o horto municipal Carlos Toledo Rizzini. “E vamos produzir algumas aqui, as mais raras, no horto da prefeitura universitária”, completa Dulce.
Outra frente de atuação será a criação de uma área para a chamada Mata Atlântica de Baixada. “Existe uma Mata Atlântica na encosta. É o caso da Floresta da Tijuca, do Maciço da Pedra Branca. Mas a de Baixada, que possui uma flora única, está praticamente extinta”, explica Dulce. Hoje, além de alguns poucos viveiros, as espécies deste ecossistema só podem ser encontradas em remanescentes pequenos e ameaçados, no Rio. Por exemplo, na Floresta do Camboatá, em Deodoro.
Esta parte da empreitada, com a introdução de 80 espécies, ficará localizada atrás da Faculdade de Letras. “Vimos a oportunidade de criar este ponto de ocorrência para algumas espécies nativas para que elas não sumam completamente”, diz a professora.
Por último, o projeto também vai fortalecer os manguezais existentes ao longo do Canal do Cunha. “Aqui não haverá introdução de novas espécies. Queremos fazer um enriquecimento genético desses manguezais para que eles não sejam tão frágeis. Quando há chuvas fortes com ventos, o evento climático derruba as plantas mais fracas”, afirma Dulce.
A recuperação das restingas e manguezais será acompanhada pelo professor Eduardo Almeida, também do Instituto de Biologia. “Meu papel principal é acompanhar mudanças nas populações de crustáceos, principalmente caranguejos semiterrestres, como o guaiamum, o uçá e os pequenos chama-maré”, explica.
Hoje, em função da poluição da Baía de Guanabara, especialmente do lado oeste, onde fica a Cidade Universitária, há uma pequena diversidade de caranguejos. “Temos até nove espécies, mas só três ou quatro são abundantes”, diz Eduardo. A expectativa é que o projeto melhore este cenário. “O lado oeste vai continuar recebendo águas poluídas , mas, pontualmente, essas ações podem aumentar a quantidade e a diversidade de caranguejos, de praia e de mangue”, completa.
A Prefeitura Universitária é parceira da pesquisa. “Nosso horto vai abrigar as etapas da pesquisa e da escolha das espécies a serem plantadas”, afirma a coordenadora de Operações Urbano-Ambientais, Vera do Carmo. “O projeto é de grande relevância para a implantação do Plano Diretor Ambiental Paisagístico para a Cidade Universitária”, informa Beatriz Emilião, diretora da Divisão de Paisagismo.
Com financiamento da Petrobras, o projeto deve ser concluído até 2030.

WhatsApp Image 2024 10 17 at 21.36.28 6ASCOM NUCLEAREstudantes e professoras do Programa de Engenharia Nuclear (PEN) da Coppe contam desde maio com o primeiro espaço da UFRJ voltado ao cuidado de crianças pequenas. É o Núcleo de Apoio Parental (NAP). A sigla não é por acaso. Nap é a tradução de “soneca” ou “cochilo”, em inglês. O local funciona na sala G-200, no Centro de Tecnologia, e se tornou realidade graças à delicadeza e ao importante apoio da professora Inayá Lima, coordenadora do PEN.
“Depois da pandemia tivemos um boom de alunas grávidas na pós-graduação e elas me pediram que houvesse um espaço para que elas pudessem amamentar, enquanto realizam suas atividades na universidade”, explica a docente. “Eu me sensibilizei e então montamos o espaço. Tudo que temos são doações minhas, das estudantes, de professores”, conta. “Aqui temos água, temos geladeira onde é possível armazenar leite e outros alimentos para as crianças, trocador, pomadas, berço, poltrona para amamentação”, diz a professora, enquanto apresenta, orgulhosa, o espaço à reportagem.
É a primeira iniciativa da Coppe voltada ao cuidado parental. “Temos cinco mães na pós-graduação utilizando o espaço. As próprias alunas limpam, ajudam na manutenção”, explica a docente. A preocupação com a saúde física e mental das crianças também pesou para a escolha do local. “Nesta sala, as janelas podem ser abertas para maior ventilação, caso haja muitas crianças num determinado horário, e porque é voltada para a área verde”, diz. “É importante que elas tenham essa vista do jardim”.
A professora aposta na ampliação do espaço e, futuramente, na interação com outros cursos, inclusive da graduação. “Fico emocionada com essa realização. É um legado que vai ficar para outras gestões e poderá ser ampliado para a graduação também”, avalia. “Quem sabe para outros cursos da universidade?”, sugere a docente.
Uma das alunas que solicitou apoio da professora Inayá e ajudou a montar a empreitada foi a doutoranda Thaís Hauradour. Ela saiu de Manaus para o Rio de Janeiro no início de 2020 junto com o companheiro, também doutorando do PEN, quando foram aprovados para o mestrado. Eles não possuem rede de apoio na cidade. Os dois se revezam no cuidado da filha em casa e na universidade. Para Thaís, o espaço fez total diferença no seu dia a dia.
“Quando cheguei aqui na UFRJ, fiquei um pouco assustada, pois a universidade não tem estrutura para receber mães. Não há trocador nos banheiros, por exemplo”, relata a jovem pesquisadora. “Quando fiquei grávida, essa falta de apoio ficou mais aguda. Várias vezes a gente trocou a minha filha bebê em pé, no corredor, num banquinho improvisado”, lembra. A filha, agora com um ano e meio, pode aproveitar o espaço. Ela já mamou muitas vezes, comeu, brincou bastante e tirou bons cochilos, conta a mãe.
Thaís celebra ter feito parte dessa iniciativa. “Foi muito gratificante correr atrás para que esse espaço se tornasse realidade. É um legado; e num programa onde a maioria ainda é formada por homens”, aponta. “É um pequeno espaço, mas é um grande feito na direção do acolhimento”, destaca. “Nós estamos no CT, onde vemos mais homens do que mulheres. Por que isso acontece? Às vezes, é porque falta alguma coisa. Então, este espaço nos mostra que não somos invisíveis”, desabafa. “Queremos que seja expandido para que a universidade receba de braços abertos aquelas mães que não têm rede de apoio”.
Quem também festejou a inauguração do Núcleo de Apoio Parental foi Nathali Ricardo Barbosa de Lima, pós-doutoranda do PEN. Seu bebê de um ano e cinco meses é frequentador do espaço. “Eu achei uma iniciativa ótima, mas queria, na verdade, que ela tivesse acontecido antes”, conta. “Infelizmente, eu só amamentei meu filho até os seus nove meses. Se esse espaço existisse antes, eu provavelmente estaria amamentando até hoje”, lamenta a pesquisadora. “A ausência desse local impactou diretamente na amamentação dele. É uma repercussão para a saúde global do meu filho, inclusive”, observa. “Além disso, se o espaço fosse uma realidade há mais tempo, eu teria conseguido voltar antes para a minha pesquisa”.
Ela usa o NAP nos momentos em que não consegue deixar o bebê com a avó. “Moro em Teresópolis e ainda tenho essa opção de deixar com minha mãe às vezes, mas muita gente não tem qualquer rede de suporte”, observa. “O espaço, então, se faz muito necessário. Se a UFRJ investisse mais nisso, não só para estudantes, mas também para professores, seria muito bom para todos. Hoje sei que posso levar meu filho comigo para algumas atividades que antes não teria muitas vezes nem como participar”, conta. “A comunidade acadêmica precisa se conscientizar sobre o que as mães precisam para seguir suas carreiras. É importante que as pessoas saibam o quanto ainda é necessário avançar nessa área do apoio parental”, conclui.

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