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Morte de Diego sem laudo

Kelvin Melo
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Mais de cinco meses depois, a morte do estudante Diego Vieira Machado continua sem explicação. O corpo de Diego foi encontrado nas imediações do alojamento, em 2 de julho, com ferimentos nos braços e na cabeça. Desde então, por falta de recursos, o Instituto Médico-Legal sequer conseguiu concluir todos os exames com o sangue, urina e vísceras recolhidos da vítima.

 

Segundo informações do Departamento Geral de Polícia Técnico-Científica, foi realizada a necropsia do corpo e um dos exames complementares, mas dois exames estão pendentes. “No momento, os resultados não podem ser divulgados para não prejudicar as investigações” da Delegacia de Homicídios da Capital, disse a assessoria da Polícia Civil, por e-mail. Em encontro com o secretário de Segurança do estado, Roberto Sá, no fim de novembro, entre outras demandas, a reitoria da UFRJ pediu atenção às investigações do assassinato do aluno.


Por um Campus seguro

Docente da Coppe sequestrado em estacionamento cobra ações contra violência

Elisa Monteiro e Kelvin Melo
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Foram quatro horas de terror vividas por um professor da Coppe. Ele foi sequestrado, dia 29, de um dos estacionamentos do Centro de Tecnologia. Passado o susto e já com investigação em andamento na polícia, o docente pede que a universidade tome providências para melhorar a segurança da ilha do Fundão: “De tudo, o que acho mais relevante é ter sido abordado dentro do estacionamento. Eu estava dentro das instalações físicas da universidade, não estava na rua. Ali não era a Polícia Militar que devia estar vigiando”.

No estacionamento onde ocorreu a abordagem dos bandidos, apenas dois dias depois do crime, a reportagem da Adufrj não encontrou nenhum segurança. No meio da área, em uma improvisada torre, apenas uma cadeira vazia. Nas guaritas dos acessos às vagas, ninguém: “A segurança interna, sim, é da administração”, reforça o professor.

“Temos o nosso dever de casa”, desabafou. “Aqui, qualquer um entra e sai sem controle”. Ele completa: “Não adianta você colocar vigilante tomando conta de três computadores, quando a vida de uma pessoa vale muito mais”. O docente acredita que “está faltando inteligência” para usar da melhor forma os recursos para segurança. Além de reivindicar medidas concretas da Administração Central, o professor sugere a realização de uma campanha por mais segurança no campus. “Estou propondo que cada um traga uma cartolina para reportar a agressão que sofreu aqui. Todo mundo tem um caso”.

IFCS aprova ações de combate ao machismo

Texto e foto: Silvana Sá

As mulheres do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais aprovaram na Congregação da Unidade um documento que tipifica assédio moral e sexual. O assunto foi debatido em um recente encontro promovido pelo Coletivo de Mulheres do IFCS, formado, sobretudo, por estudantes do instituto. O movimento surgiu nas redes sociais a partir da hashtag #meuamigosecreto, na qual mulheres denunciavam casos de violência verbal, sexual e psicológica, e logo se tornou um grupo organizado politicamente na unidade.

Barbara Grillo, integrante do coletivo, explicou que o documento aprovado na Congregação da unidade foi uma forma de responder aos casos de assédio envolvendo, na maior parte das vezes, alunas e professores. “Estávamos com uma situação que não sabíamos como lidar. A gente tem que procurar formas de dar respostas e responsabilizar os agressores. Esse documento é um tipo de resposta que a gente conseguiu produzir”.

Por conta da mobilização das alunas, a direção do instituto criou um “Mecanismo de Assessoramento”, com professoras que buscaram, ao lado das estudantes, elaborar diretrizes para prevenir e combater o assédio moral e sexual no IFCS. “Nosso objetivo foi desnaturalizar as práticas machistas cotidianas. A injustiça e a violência contra alunas, terceirizadas e até contra algumas professoras nos fez tentar mostrar aos ‘donos do mundo’ que o mundo não comporta mais ‘donos’”, disse a professora Carla Rodrigues, integrante do “Mecanismo”.

Tatiana Roque, presidente da Adufrj, participou do debate e saudou a iniciativa do grupo. Para ela, é mais que urgente discutir o machismo na Academia. “É preciso que este movimento se espalhe pela universidade. Há um despreparo da comunidade acadêmica para lidar com o tema”.

A própria forma de homens e mulheres progredirem na carreira docente, segundo Tatiana, já indica as dificuldades que as professoras enfrentam para se igualarem na Academia. “Existe uma divisão do trabalho na universidade muito sutil, mas muito presente, que coloca homens e mulheres em atividades específicas mesmo quando a gente acha que faz o mesmo trabalho”. Como exemplo, ela citou um estudo da Unicamp que aponta a prevalência de homens na classe de Titular, mesmo em carreiras consideradas femininas. Este mesmo estudo apontou uma tendência de homens exercerem cargos máximos, como reitoria, pró-reitorias e diretorias de unidades. “As mulheres são as coordenadoras de graduação, aquelas que cuidam dos alunos”.

Outra convidada para o debate foi a professora da Faculdade Nacional de Direito, Luciana Boiteux. Para ela, a iniciativa do Coletivo de Mulheres do IFCS é muito importante porque pode ajudar a criar uma nova cultura de relações entre homens e mulheres no ambiente universitário. “As estruturas da universidade são marcadas por pessoas com grande poder. É um lugar de hierarquias. Aí entra a necessidade de ações para aplicação de regras de convívio”.

 

A docente deixou claro que situações que envolvam assédio não podem ser tratadas como conflitos comuns, que podem ser tratados no âmbito administrativo com ações de conciliação. “Assédio não é uma mera relação entre as pessoas, ela envolve poder. É uma relação desigual e, por isso, nesses casos, não cabe uma conciliação. O grande desafio é garantir à vítima espaços seguros e que lhe deem privacidade”.

PEC 55: menos R$ 1,2 bilhão para a UFRJ

Estudo mostra quanto a universidade teria deixado de receber, se as regras do teto de gastos já estivessem valendo há uma década

Silvana Sá
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A reitoria fez um estudo do impacto da Proposta de Emenda à Constituição 55, que impõe teto aos gastos primários do governo por 20 anos, no orçamento da UFRJ. A projeção foi feita entre 2007 e 2016, considerando apenas os valores executados pela universidade em cada período. A diferença é espantosa. Em uma década, a perda de financiamento seria da ordem de R$ 1,2 bilhão.

Se estivesse em vigor, a “PEC do Fim do Mundo” representaria, somente para este ano, um prejuízo de R$ 156,6 milhões. Também teria sido impossível expandir a universidade, com um orçamento reduzido a menos da metade entre 2011 e 2013.

“A PEC 55 coloca como teto o que foi executado no orçamento do ano anterior, ou seja, cria uma espécie de subteto e achata ainda mais o orçamento das universidades”, explica o reitor Roberto Leher.

A tabela abaixo mostra a progressão dos cortes. No ano inicial da aplicação dos efeitos da PEC, 2007, não há diferença no orçamento. Em 2008, a redução já é de R$ 2,4 milhões. O valor pula para R$ 34,9 milhões em 2009; R$ 64,8 milhões em 2010; e praticamente quadriplica em 2011.

  tabela pec

Contas da universidade voltam à pauta

O orçamento voltou à pauta do Conselho Universitário neste dia 8. Desta vez, o assunto foi abordado como uma prestação de contas de 2016. Sem caráter deliberativo, a discussão se resumiu à apresentação dos números e os conselheiros puderam, no máximo, esclarecer dúvidas daquilo que foi executado ao longo do ano.

A reitoria chamou atenção para o esforço de rever contratos e racionalizar seus gastos, o que diminuiu a dívida de 2015 de R$ 121,4 milhões para R$ 94,1 milhões. Também houve redução do déficit projetado para o fim deste ano. Ainda assim, o rombo é grande. Faltarão R$ 126,2 milhões para a universidade fechar 2016.

Os conselheiros destacaram a necessidade de a reitoria propor ações de redução do impacto, sobretudo da energia elétrica, nas contas da universidade. Houve, ainda, preocupações sobre o planejamento das despesas da administração e das unidades. “Temos um sistema que nos empurra a gastar o mais rápido possível o que recebemos. Isso diminui a qualidade do gasto”, disse o professor Ericsson Almendra.

A reitoria rechaçou que o rombo nas contas seja resultado de má gestão de recursos: “Se temos déficit, não é porque gastamos mais. É porque recebemos menos”, disse o pró-reitor de Planejamento, Roberto Gambine. 

 

Comunidade critica violência no Fundão


Texto e fotos: Valentina Leite
Estudante da ECO-UFRJ e estagiária da Adufrj

 

Insegurança. Esta é a palavra que melhor define o estado de quem trabalha, estuda ou circula pela Cidade Universitária. O recente sequestro de um professor da Coppe ampliou a sensação entre docentes, funcionários e alunos.

IMG 1117Pesquisador Ivo Gersberg diz que o clima de tensão é constante no campus


Ivo Gersberg, pesquisador em engenharia civil na Escola Politécnica, confirma que o clima de tensão é constante. “
É um problema muito sério um professor passar horas na mão de um bandido. Isso não pode acontecer. Esse trauma deixa uma marca”, afirma. “Precisamos falar sobre segurança! Mexer na ferida. Do jeito que está, não pode ficar. Não podemos viver assim”.

O pesquisador diz que prefere se deslocar para o CT de moto. “Já tive experiências desagradáveis em ônibus”, conta. “No caso do carro, uma professora quase foi assaltada há alguns dias aqui no estacionamento”.


Já o professor José Ricardo de Almeida, do Instituto de Geociências, conta que usa o carro para ir trabalhar. Desistiu do ônibus quando foi assaltado há alguns anos, na linha 485. “
Fui abordado por três homens armados. É uma situação terrível”, diz. Apesar de se sentir mais seguro de carro, fica receoso quando sai tarde da noite do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza, onde dá suas aulas, e precisa andar pelo estacionamento.

IMG 1114 1Para o professor José Ricardo de Almeida, não houve melhoras no sistema de segurança
Para ele, não houve melhora no sistema de segurança ao longo dos anos. “Eu trabalho aqui desde 1994 e sempre me senti inseguro. Em relação a isso, nada mudou”, comenta. José Ricardo acredita que o policiamento no campus funciona de maneira sazonal. “Só vejo polícia circulando quando acontece algo”.


A professora Marta Tapia, da Engenharia Naval e Oceânica, trabalha há 30 anos no Fundão e enxerga uma evolução recente da segurança. “
Antes, entrava qualquer um aqui. Agora, pelo menos no Centro de Tecnologia, temos câmeras, um patrimônio mais bem cuidado e preservado”, opina. Ela nunca sofreu nenhuma situação de risco, mas ouve histórias diárias de seus alunos. “Tem assalto às 9h no ônibus. Isso é absurdo”, critica. Para evitar problemas, ela toma algumas precauções, como não carregar itens de valor. 

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