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WhatsApp Image 2023 10 26 at 20.34.41As professoras Mayra Goulart e Nedir do Espirito Santo, presidenta e vice-presidenta da AdUFRJ, se reuniram na segunda-feira (23) com Lucas Nascimento e Pedro Henrique, representantes do Enegrecer, coletivo nacional de juventude negra, para traçar estratégias conjuntas de mobilização para as atividades do mês da consciência negra, em novembro.
A proposta é que o calendário comece em 5 de novembro, com os ciclos informativos sobre ensino de história negra nas escolas, organizados pela professora Débora Augusto Franco, primeira docente negra do curso de Psicologia da Uerj. Em 11 de novembro, está prevista a instalação de um estande da AdUFRJ, em parceria com o Observatório do Conhecimento e o coletivo Enegrecer, na tradicional Feira das Yabás, em Madureira.
O calendário se encerra no dia 25 de novembro, com o lançamento do Circuito de Pequenas Áfricas, na Casa ABAN, em Madureira, a primeira residência estudantil dedicada a estudantes negros na cidade. “Esse circuito começar por Madureira tem um simbolismo muito forte, pois é uma região com forte presença do movimento negro”, destacou a professora Nedir do Espirito Santo.
A Casa ABAN vai receber inicialmente dez estudantes universitários negros de graduação ou pós-graduação que residam fora da cidade do Rio de Janeiro. O coletivo Enegrecer organizou uma vaquinha para comprar móveis, eletrodomésticos e utensílios para a casa.
O coletivo e a AdUFRJ também discutiram parcerias para além do mês da consciência negra, como a estruturação de oficinas antirracistas e inclusivas para docentes. “Nossa ideia é debater nessas oficinas o preconceito não só contra os negros, mas também contra outros grupos, como os evangélicos”, adiantou a professora Mayra Goulart.
Lucas Nascimento, da direção geral do Enegrecer, explicou que o coletivo constituído na Bahia, em 2009, está presente em todas as regiões do país. “Estamos em 20 estados, do Rio Grande do Sul ao Amazonas, atuando não só nos territórios, mas também no movimento estudantil e no movimento social”, disse Lucas. Integrante da coordenação estadual do coletivo, Pedro Henrique lembrou que o Enegrecer tem aprofundado conexões com outros atores da sociedade civil. “A parceria com a AdUFRJ surge nesse contexto. O coletivo e o sindicato entendem que podem caminhar juntos na ampliação de direitos dos estudantes negros e no debate antirracista”.

WhatsApp Image 2023 10 26 at 20.34.41 8Foto: Alessandro CostaOlhares atentos e curiosos de crianças e adolescentes de várias idades marcaram a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que teve como tema “Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável: Tecnologias Sociais e Inovação”. As atividades na UFRJ se concentraram no Centro de Tecnologia entre os dias 18 e 20. A programação, organizada pela Pró-reitoria de Extensão, foi voltada especialmente para estudantes da educação básica.

WhatsApp Image 2023 10 26 at 20.34.41 2Depois de 35 ônibus, um trem e uma estação do BRT queimados na Zona Oeste da cidade e do recolhimento de linhas de ônibus em diversas regiões — por ameaças de novos incêndios —, a reitoria da UFRJ publicou nota ainda no dia dos ataques (23) recomendando o adiamento das avaliações programadas para a terça-feira (24) e o abono de faltas. Nos casos em que os docentes decidiram aplicar avaliações, a reitoria assegurou o direito da realização de segundas chamadas para moradores das áreas atingidas. Baseadas nessas recomendações, algumas unidades funcionaram normalmente, enquanto outras, como o CAp, a Escola de Serviço Social e o Instituto de Psicologia, fecharam as portas no dia 24.
Na semana anterior aos ataques da milícia, a AdUFRJ foi até o Consuni e entregou uma carta ao reitor Roberto Medronho cobrando ações efetivas para proteger a comunidade acadêmica, com protocolos administrativos e de segurança que não prejudiquem professores, estudantes e técnicos em momentos de conflitos armados. O documento (veja íntegra abaixo) foi motivado pela falta de orientação mais incisiva da administração central à comunidade acadêmica, transferindo aos docentes a responsabilidade da decisão sobre a continuidade das atividades acadêmicas durante os seis dias de intensos confrontos entre policiais e o crime organizado na Maré, complexo de favelas vizinho ao campus do Fundão. Além da carta da AdUFRJ, houve também manifestação do grupo de estudantes “A UFRJ é Nossa” requisitando a criação de um GT para a discussão do tema.
A violência e a incerteza deixaram muitos professores sem saber como proceder justamente na semana de provas da universidade. Na ocasião da entrega da carta, Medronho anunciou a criação de um grupo de trabalho para tratar do tema.
A primeira reunião do GT acontece no dia 30, às 15h. AdUFRJ, Sintufrj, DCE e APG têm assento. O grupo será coordenado pelo professor Michel Misse, um dos maiores especialistas em violência urbana do Brasil.
De acordo com o docente, o grupo focará na comunidade acadêmica e nos campi da UFRJ. “O objetivo do GT é voltado exclusivamente para a segurança de alunos, servidores e professores”, afirma. “Teremos um conjunto de protocolos que darão orientação em situações de crise de segurança pública”, explica Misse. “Além disso, vamos procurar dar sugestões de segurança dentro dos vários campi da UFRJ”.
A criação do GT, para Michel Misse, é imprescindível. “É uma medida necessária. Estava faltando a UFRJ estabelecer protocolos que orientem a comunidade acadêmica”.
Para ele, os ataques dos milicianos geraram repercussões negativas em toda a cidade, mas foram excepcionais. “Estamos mais preocupados com aquilo que acontece todos os dias nas diversas favelas cariocas. É claro que, se houver um protocolo interno estabelecido, ele poderá ser amplamente aplicado também em momentos excepcionais”.

Jogo rápido com Roberto Medronho
‘Não nos intimidarão’

Algumas universidades suspenderam as atividades após os ataques da milícia. A UFRJ não suspendeu e foi acusada de não se articular com outras instituições do Rio. Como o senhor responde a esta crítica?
Roberto Medronho:
Quem está articulando esse movimento com as demais reitorias sou eu. A Uerj também não suspendeu, somente no seu campus da Zona Oeste. Se a UFRJ tivesse campus na Zona Oeste, nós também teríamos suspendido aulas. Nós temos 65 mil alunos. No grupo dos reitores, todos concordaram comigo que é preciso uma ação conjunta, como forma de pressionar o Governo do Estado para que essas operações não se repitam, com risco aos moradores e às nossas comunidades acadêmicas.

Por que a UFRJ não parou?
Temos que ser um exemplo de cidadania e não nos rendermos aos bandidos que querem provocar o terror na sociedade. Não podemos ficar reféns deles. Não nos intimidarão. Por isso determinamos o abono de faltas e segundas chamadas. O reitor não é um ditador e apoiou as unidades que decidiram suspender as atividades. Ninguém melhor que as direções de cada unidade para conhecer a realidade de cada local. Precisamos enfrentar coletivamente esse problema como cidadãos. A universidade pública não se curvará ao crime. Não vamos nos acovardar.

NOTA DA DIRETORIA DA ADUFRJ

Ao Magnífico Reitor
Roberto Medronho

Ao cumprimentarmos respeitosamente Vossa Magnificência, gostaríamos de informar que inúmeros docentes de nossa instituição procuraram nossa representação sindical nos últimos dias com relatos de prejuízos nas suas atividades de ensino, tendo em vista informes liberados de última hora recomendando a não realização de avaliações em dias previamente programados.
Compreendemos toda complexidade dos episódios de violência no Complexo da Maré e em outras comunidades do Rio de Janeiro e sinalizamos nossa preocupação com a vida de alunos, professores e servidores que vivem nessas regiões ou atravessam áreas de conflito no deslocamento para o campus da Cidade Universitária. Igualmente assinalamos nosso compromisso com o processo de ensino-aprendizagem na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Entretanto, consideramos injusto e juridicamente complexo transferir a decisão sobre a execução ou não de atividades didáticas para as mãos dos docentes, através de mensagens que apenas recomendam que atividades devem ser mantidas, ao invés de deliberar, explicitamente, o que deve ser feito. Se a reitoria, baseada nas informações de que dispõe, decide que é inseguro que tenhamos atividades acadêmicas, que tome a decisão de suspendê-las, prorrogando o término do período letivo para não prejudicar o semestre. Se decide que as condições são suficientes para o aumento da segurança, mas não para paralisar as atividades, que também se pronuncie. O que não podemos admitir é que mensagens ambíguas resultem em insegurança jurídica e em um estresse adicional aos nossos docentes e estudantes.
Assim, a AdUFRJ solicita que a reitoria da UFRJ se posicione explicitamente e com antecedência mínima sobre estes acontecimentos e proveja aos docentes instruções administrativas assertivas e necessárias para minimizar o prejuízo aos docentes e alunos de nossa instituição.

Atenciosamente,
Professora Nedir do Espirito Santo
Vice-Presidenta

WhatsApp Image 2023 10 26 at 20.34.41 6Foto: João LaetO Instituto de Economia será comandado pelos professores Carlos Frederico Leão Rocha e Marina Szapiro nos próximos quatro anos. Os docentes assumiram a direção e vice-direção da unidade. A cerimônia de posse foi concorrida e lotou o Salão Pedro Calmon, do histórico Palácio Universitário da UFRJ. No início do século XX, o mesmo palácio dava lugar ao Manicômio Nacional, onde ficou internado por duas vezes Lima Barreto. Em seu discurso, Carlos Frederico citou uma das memórias do consagrado escritor. “‘Um maluco vendo-me passar com um livro debaixo do braço, quando ia para o refeitório, disse: — Isto aqui está virando colégio.’ Então, ei-lo”, afirmou o novo diretor, aplaudido calorosamente pelos colegas.
Leão Rocha se dirigiu especialmente aos estudantes e afirmou que o primeiro compromisso de sua gestão é “criar o ambiente adequado para a permanência presencial” do corpo social do instituto. “Somos responsáveis pela orientação de uma geração que, durante o seu processo de formação, viveu uma pandemia”, disse. “Vivemos o equivalente a uma guerra mundial e temos o repto de criar mecanismos de coordenação que possibilitem a recuperação da coesão social anterior aos anos de isolamento”.
Vice-diretora, a professora Marina Szapiro se emocionou ao lembrar dos 31 anos que frequenta os corredores do Palácio Universitário, os primeiros deles como estudante de graduação, mestrado e doutorado. “Quando entrei nesse instituto, em 1992, nunca imaginei que passaria tanto tempo por aqui. Agradeço aos meus pais que, como bons ex-alunos, escolheram por mim a UFRJ”, brincou.
A docente atua como professora do IE desde 2010. “Nessas três décadas pude perceber que essa instituição é formada e gerida por pessoas, e são essas pessoas que fazem com que esse continue sendo um centro de excelência”.
A cerimônia teve a participação também do professor Fábio Freitas, ex-diretor do Instituto, do decano do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas, professor Flávio Martins, e do reitor da UFRJ, professor Roberto Medronho.

WhatsApp Image 2023 10 26 at 20.34.41 5Fotos: Fernando Souza‘Vai pegar fogo se você não fizer nada”. Escrita em um cartaz colado pelos estudantes no terceiro andar, a frase pode resumir a visita da caravana da reitoria para constatar in loco o péssimo estado de conservação do histórico prédio que abriga os institutos de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) e de História (IH) da UFRJ, no Largo de São Francisco, Centro do Rio, na terça-feira (24). Depois de intensa mobilização de seu corpo social nas três últimas semanas, incluindo um indicativo de suspensão das aulas por falta de condições de segurança, o IFCS recebeu a comitiva liderada pelo reitor Roberto Medronho para expor as mazelas que fazem parte do dia a dia de professores, alunos e funcionários.
“Algumas situações aqui exigem a atuação como a de um médico de UTI, e nisso eu tenho experiência. Ou você intervém imediatamente, ou a vida pode se perder”, avaliou o reitor, que visitou dependências dos quatro andares do prédio, como a sala 306, onde um ventilador despencou do teto há duas semanas durante uma aula, quase atingindo uma aluna, e a biblioteca, na qual obras raras estão sob risco com as infiltrações. Enquanto Medronho vistoriava as salas, uma equipe de eletricistas da Prefeitura Universitária iniciava a revisão dos 136 aparelhos de ar-condicionado do IFCS, checando quais poderiam ser ligados em segurança. O calor nas salas de aula é uma das principais reclamações de alunos e professores.
A vistoria marcou também a primeira etapa do projeto Reitoria Itinerante, que pretende estabelecer um diálogo mais direto com o corpo social de cada unidade da UFRJ. O simbolismo da escolha do IFCS para inaugurar o projeto, aliado à disposição do reitor em resolver os graves problemas da secular edificação, não apenas serviu como resposta à frase do cartaz do terceiro andar, como também arrefeceu o ímpeto de alunos e professores por uma paralisação das atividades. Em assembleia na quarta-feira (25), o corpo social do IFCS deliberou por uma nova assembleia de avaliação no dia 8 de novembro, data para a qual estava indicada a suspensão das aulas.

QUADRO DRAMÁTICO
Antes da vistoria, uma reunião aberta entre a comitiva da reitoria e professores e alunos expôs não apenas a grave situação estrutural do IFCS, mas também o dramático quadro orçamentário e de pessoal da UFRJ. “Já não estamos pagando a Light e não temos verbas para pagar transporte e empresas terceirizadas. Vamos manter o pagamento da vigilância e da limpeza, sem isso não conseguimos funcionar. Mas estamos fazendo escolhas de Sofia. Pagamos alimentação ou transporte? Vamos fechar o ano com um déficit de R$ 120 milhões”, resumiu o reitor.
“Além de não termos dinheiro, estamos passando por mudanças na lei de licitações e é preciso que nosso pessoal seja treinado para isso. Só temos três pregoeiros para toda a UFRJ”, disse a professora Cláudia Cruz, pró-reitora de Gestão e Governança (PR-6). Afora os problemas orçamentários e de pessoal, o IFCS enfrenta outro entrave. Como é um prédio tombado, ele precisa ter autorização do Iphan para qualquer obra. Presente à reunião, a arquiteta Adriana Mendes, do Iphan, disse que os projetos básicos para a recuperação da parte elétrica e de prevenção de incêndio já foram aprovados pelo órgão, que analisa agora os projetos executivos.WhatsApp Image 2023 10 26 at 20.34.41 4
“Temos poucos funcionários no Iphan e muitos bens tombados para cuidar. Mas temos nos empenhado em agilizar os projetos do IFCS. Nosso sonho é um projeto de restauro total do prédio, mas a prioridade agora é a reforma elétrica e o sistema de prevenção a incêndios. Também sou fiscal do Museu Nacional. Ninguém quer ver aqui nada parecido com o que aconteceu lá”, disse Adriana Mendes.
Alguns relatos de docentes foram os mais contundentes. “Nós estamos vindo para cá com medo. Estamos tirando nossos equipamentos daqui pelo risco de incêndios. Vamos ter que ir para as aulas online? Queremos uma solução imediata, tem sido muito estressante para a nossa comunidade trabalhar sob essas condições”, disse a professora Julia O’Donnell, do Departamento de Antropologia Social.
A professora Thays Monticelli, do Departamento de Sociologia, completou: “Nós damos aulas de manhã, à tarde e à noite para Licenciatura e Bacharelado, e o sentimento é geral: as pessoas não se sentem seguras aqui”.
A presidenta da AdUFRJ, Mayra Goulart, representou o sindicato na vistoria, ao lado da diretora Veronica Damasceno. Como professora do IFCS, Mayra conhece bem esse dia a dia de insegurança. “Nossas condições de trabalho estão prejudicando nossa saúde. O medo de o prédio pegar fogo é real para todos nós. Temos que buscar formas de aumentar o orçamento da universidade. Estamos tentando marcar uma visita da bancada federal fluminense à UFRJ para que conheçam as nossas condições e se sensibilizem para atuar na recomposição do nosso orçamento”, disse Mayra.

AÇÕES CONCRETAS
Além da revisão dos aparelhos de ar-condicionado, outras ações concretas brotaram da vistoria. O diretor do Escritório Técnico Universitário (ETU), Roberto Machado Corrêa, informou que uma vistoria do IFCS foi feita por sua equipe na segunda-feira (23), e que o laudo será divulgado em breve. “Isso é uma prioridade. Há risco de incêndio e isso envolve a vida das pessoas”, destacou ele.
Por determinação do reitor, uma verba de R$ 70 mil será direcionada ao IFCS para a compra prioritária de placas de sinalização para rota de fuga de incêndio. Os recursos são do orçamento participativo e, embora não tenham sido empenhados em tempo hábil pelo CFCH, serão encaminhados ao IFCS. De acordo com o superintendente da pró-reitoria de Finanças, George Pereira da Gama Júnior, os R$ 70 mil são compostos por R$ 32 mil do IFCS e R$ 38 mil do IH.
Os estudantes esperam por mais ações concretas. Representante do DCE, a estudante Catarina Medina, que cursa Ciências Sociais no instituto, acompanhou a vistoria ao lado de Medronho e fez questão de mostrar o estado lúgubre do banheiro feminino do terceiro andar, com infiltrações no teto e umidade nas paredes. “Estamos unidos em defesa do IFCS. Vem sendo muito difícil ter aulas aqui e queremos que a reitoria dê prioridade às reformas”, afirmou Catarina.

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